Sábado, 10 de Novembro de 2007

Os Ateus e o Evidencialismo

O texto abaixo é uma resposta que dei em um debate na comunidade do Orkut “QI” sobre as evidências (e a falta delas) quanto a existência (ou inexistência) de Deus:


Primeiro: os dois lados (teístas e ateístas) afirmam que o ônus da prova cabe aos rivais. Os ateus dizem que o ônus da prova cabe aos teístas (pois esses afirmam que Deus existe) e os teístas afirmam que o ônus da prova cai sobre os ateístas (pois esses afirmam que Deus não existe). Ou seja, não há ônus da prova nesse caso em que ambos fazem afirmações diretas.

Alíás... que prova? Não existem provas que Deus existe como também não existem provas que Deus não existe. Os ateus são pessoas tão religiosas quanto qualquer cristão, pois afirmam ter certeza sobre algo que não pode ser provado (fé).

Os agnósticos são mais moderados... são aqueles que dizem "não acredito em Deus, mas não tenho certeza, tanto a existência como a inexistência são possíveis". Os agnósticos são divididos em 2 grupos: os radicais e moderados. Os radicais são os agnósticos que acreditam que a verdade é impossível de ser conhecida e os moderados são aqueles que acreditam que ela pode ser conhecida.

A posição filosófica mais pertinente entre ateus e agnósticos é o evidencialismo. Em suma, eles afirmam que a ausência de evidências é uma evidência da ausência. Ou seja, para eles, a ausência de evidências que garantem a existência de Deus é evidência da ausência da existência de Deus.

Essa posição é incoerente. Primeiro porque ela é auto-refutável. Caso o evidencialismo seja verdadeiro, o ateísmo também é negado por ele: Pois, da mesma forma, a ausência de evidências que garantem que Deus não existe, seria a evidência da ausência de que Deus não existe.

Outra razão é que, o fato de não haver evidências, não é garantia absoluta de que uma sentença seja falsa. Por exemplo: Suponha que alguém lhe diga que existe um mosquito dentro de determinado local. O fato de você não conseguir enxergar o mosquito ou não ver o cocozinho dele é uma prova de que aquele mosquito não está ali? Não. Seu senso perceptivo não é tão detalhado ao ponto de conseguir captar um mosquito em um local muito grande. Se a mesma pergunta da existência do mosquito fosse apresentada em um local menor, o mosquito não fugiria de seu campo de percepção visual e você teria, então, uma evidência direta de que existe um mosquito no local.

Qual a conclusão? A falta de evidências para uma situação onde não existem evidências diretas, ou que estas evidências são impossíveis de serem alcanças pela percepção humana, não é uma evidência de que a sentença proposta seja incorreta, pois, se assim fosse, o ateísmo também não seria uma saída para a questão.

Quem quizer acompanhar o debate, o link é:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1324700&tid=2537175108225458680&na=2&nst=155

Eliel Vieira

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