Quarta-feira, 15 de Abril de 2009

Resenha: Alma Sobrevivente – Philip Yancey

Datas de aniversário são sempre prazerosas. Mais prazerosas ainda quando somos presenteados com livros. E este prazer se torna perfeitamente bom quando somos presenteados com livros excelentes como “Alma Sobrevivente”, de Philip Yancey – obrigado Camila, você acertou em cheio!

Sobre a qualidade do autor nem é necessário comentar. Yancey é profundo e simples; explorador e pragmático; direto e indireto. Seus livros instigam nossa inteligência a observar aspectos tão óbvios que antes não havíamos percebido. Não raramente pensamos “Puxa! Isso é tão óbvio, mas nunca havia percebido!” quando lemos suas obras.

O autor escreve muito sobre a dor e o sofrimento e em “Alma Sobrevivente” Yancey “ataca” aquilo que causou muita dor a ele: a Igreja Evangélica. Porém, seu ataque nada teve de ofensas ou apontamento de erros grossos cometidos por pastores. Sua crítica foi magistral: Philip Yancey apresentou em seu livro seus mentores espirituais, as pessoas que o influenciaram a ser o que ele é hoje.

Diferentemente de nós que apresentamos todas as qualidades de uma pessoa e ocultamos seus defeitos quando queremos elogiá-la, Yancey apresenta todos os defeitos de seus mentores: um pastor negro que nutria simpatias pelo hinduísmo e que tinha uma fraqueza com mulheres; um padre que sofria para frear seus desejos homossexuais; um escritor russo que escrevia seus livros rapidamente para conseguir dinheiro para pagar as dívidas que ele contraía pelo vício do jogo; um hindu que observou o cristininso, pensou se convinha se tornar cristão e no final das contas não quis; fumantes; pessoas que tinham problemas familiares; solitárias, etc.

Com exceção de Martin Luther King, Gandhi e Dostoievski, nenhum dos nomes dos mentores de Yancey me era familiar. Isso de certa forma me desanimou quando peguei o livro para lê-lo pela primeira vez. Mas, a cada página, os personagens anônimos me encantavam. Me identifiquei com muitos deles e, após a leitura de “Alma Sobrevivente”, uma wish-list com cerca de 10 livros escritos pelos mentores de Yancey surgiu.

Não há explicação sobre o título do livro. Como foi dito, Yancey não ataca a Igreja de forma direta em nenhuma parte do livro. Alguns erros ou equívocos cometidos por pastores ou por cristãos são citados, mas ataque mesmo não vemos nenhum. Talvez Yancey quisesse que nós refletíssemos sobre os exemplos dados, sobre nossos mentores, sobre a situação da Igreja, sobre nossa vida pessoal e, após toda esta reflexão, chegássemos a nossa própria conclusão.

É um excelente livro, sem dúvidas. Muito recomendado a aqueles que já não suportam os modismos evangélicos (como eu), bem como para quem ama a igreja evangélica como ela está.

Eliel F. Vieira
eliel@elielvieira.org


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