tag:blogger.com,1999:blog-35566338192287903352009-11-09T16:29:46.777-08:00DESCONSTRUINDOEliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.comBlogger83125tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-44886532418429681832009-11-09T12:30:00.000-08:002009-11-09T15:29:43.602-08:00Resenha: Brainworms I - Bittencourt Project<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.mrmoe.com.br/mmhome/images-blog/bittencourt-project-brainworms-I.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 313px; height: 316px;" src="http://www.mrmoe.com.br/mmhome/images-blog/bittencourt-project-brainworms-I.jpg" border="0" alt="" /></a><div style="text-align: justify;">Certa vez emprestei um CD a um amigo e após ele me devolver lhe perguntei se ele havia gostado do álbum. Sua resposta foi algo como “me pergunte daqui a quatro meses”. O argumento dele era que as primeiras impressões sobre algum trabalho musical sempre são falsas e que algo só pode ser considerado “bom” se perdurar por algum tempo; se perdurar após o período normal de “oba-oba”.<br /><br />Este princípio é absolutamente verdadeiro, e é exatamente por causa disto que estou escrevendo uma resenha de “Brainworms I” após mais de um ano de seu lançamento. Lembro que as primeiras impressões que tive do primeiro álbum solo de Rafael Bittencourt foram as piores possíveis. “que distorção cansativa de guitarra!”, “que falta de continuidade entre as músicas!”, “que bateria mais simples!”, etc. Há 11 meses, contudo, é o álbum que mais escuto, mesmo já tendo o ouvido <span style="font-style:italic;">trocentas</span> vezes. “Brainworms I” foi lançado na mesma data que “Fragile Equality” (<span style="font-weight:bold;">Almah</span>) e, após as primeiras semanas de lançados, todos achavam “Fragile Equality” sensacional e falavam pouco de “Brainworms I”; hoje ninguém lembra que <span style="font-weight:bold;">Almah</span> alguma vez existiu (especialmente depois da volta do <span style="font-weight:bold;">Angra</span>), mas você ainda encontra muitas pessoas comentando positivamente “Brainworms I”.<br /><span class="fullpost"><br />Antes de falar sobre a musicalidade do CD, vale a pena mencionar a incrível capacidade de Rafael de abordar temas inteligentes no conteúdo lírico de suas composições. "Brainworms" [cuja tradução em português seria algo como “minhocas cerebrais”], conforme palavras do próprio Rafael, são aquelas melodias que “grudam” na nossa cabeça. Mas diferente do que você esperaria de um convencional músico brasileiro de Heavy Metal, Rafael escolheu este título por estar lendo sobre o assunto, não por ter o ouvido sobre ele no <span style="font-style:italic;">Fantástico</span>, na MTV ou no <span style="font-style:italic;">Globo Repórter</span>. A inteligência por traz das composições é um grande diferencial nas composições de Rafael (talvez esta seja a razão de <span style="font-weight:bold;">Angra</span> ser uma de minhas bandas favoritas).<br /><br />As letras das músicas de “Brainworms I” caminham superficialmente pelas áreas mais nobres de estudo como Filosofia, Religião e Psicologia, e ainda abordam várias questões “existenciais” pertinentes ao ser humano como depressão, desespero, amor, ódio, alívio, pesar, medo, etc. Enfim, quanto ao conteúdo lírico, inteligência não falta.<br /><br />Musicalmente falando o álbum é mais surpreendente que as ótimas impressões sobre o conteúdo lírico. “Criatividade” e “liberdade” são palavras que melhorem definem a musicalidade deste álbum. Afinal, é impossível não chamar de criativo um álbum que reúne <span style="font-style:italic;">Heavy Metal</span>; Rock <span style="font-style:italic;">oitentista</span>; levadas meio <span style="font-style:italic;">Death Melódico</span>; o fenomenal <span style="font-style:italic;">Tango-Punk </span>de “Torment of Fate”; batucadas a la Olodum; triângulos nordestinos; viola caipira e, por fim, música <span style="font-style:italic;">Country</span>. <br /><br />É interessantíssimo perceber a “unidade na diversidade” deste álbum. Se eu te passar a primeira música (Dedicate my Soul) e logo depois a última (Nacib Véio!) você dificilmente acreditará que são músicas de um mesmo álbum. A primeira, um Metal dinâmico e intenso; a última, uma espécie Metal-Contry cantando em um português cheio de gírias ("<span style="font-style:italic;">é nóis!</span>"). <br /><br />No meio do turbilhão de estilos, ritmos e melodias de “Brainworms I” encontramos a bela e emocionante “Holding Back de Fire”; a empolgante e viciante (eu não consigo escutá-la apenas uma vez, aperto o <span style="font-style:italic;">repeat</span> sempre) “Tormento of Fate”. Aliás, esta música é tão boa que merece uma consideração especial:<br /><br /><blockquote><span style="font-weight:bold;">Our fate has to be changed <br />titichu titichu titichu</span> (esse titichu é legal demais!)<br /><span style="font-weight:bold;">Live or die! You have to decide...</span></blockquote><br />É realmente viciante! <br /><br />Prosseguindo temos o romance (depressivo?) de “The Dark Side of Love”; o classic-rock de “Nightfly”; o Metal Progressivo de “The Underworld” (a faixa que mais nos lembra o <span style="font-weight:bold;">Angra</span>); o progressivo sereno de “Faded” (é incrível nesta faixa a maneira como ela nos conduz aos poucos a um ápice. É como se estivéssemos lendo uma trama que vai se desenrolando aos poucos); o clima fazendeiro de “Santa Tereza” (quem foi o louco do Angra que votou para esta música ficar fora do álbum “Holy Land”?); “O Pastor” que é uma versão meio <span style="font-style:italic;">Death Melódico</span> da música originalmente composta pelo grupo português <span style="font-weight:bold;">Madredeus</span>; “Comendo Melancia” e “Primeiro Amor” são instrumentais, a primeira do tipo que se toca em <span style="font-style:italic;">workshops</span> para promover guitarras, pedaleiras ou amplificadores; a segunda um belo arranjo de cordas, bem brasileiro!<br /><br />O álbum termina com a já mencionada “Nacib Véio!” que é, eu diria, bastante engraçada, apesar de sua letra trágica. Talvez esta não tenha sido a intenção de Rafael ao compô-la, mas a combinação entre a melodia (alegre e divertida) e a letra (uma perfeita desgraça) nesta música faz uma perfeita analogia com a condição de vida geral do povo brasileiro que, a despeito de todas as dificuldades sócio-econômicas de desigualdade, falta de oportunidade na vida, líderes corruptos, etc., ainda assim é feliz, alegre e radiante.<br /><br />Enfim, “Brainworms I” é incrível! Você provavelmente não vai gostar dele nas primeiras vezes que o ouvir, mas, quando se assustar, verá que não consegue viver sem escutá-lo por muito tempo. <br /><br />Parabéns a Rafael Bittencourt pela excelente (em todos os sentidos!) composição. Esperamos com ansiedade pelo “Brainworms II”.<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-4488653241842968183?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com1tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-67102934773014694852009-10-31T05:24:00.000-07:002009-10-31T06:14:14.655-07:00Sentido Protestante?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SuwuT2SBOnI/AAAAAAAAAdU/g68lg9zJS8I/s1600-h/martin-luther-theses.gif"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 233px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SuwuT2SBOnI/AAAAAAAAAdU/g68lg9zJS8I/s320/martin-luther-theses.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398740971833866866" /></a><div style="text-align: justify;">Duas semanas atrás eu ouvi uma conversa interessante entre duas colegas de trabalho que se sentam próximas a mim. Como comemoramos hoje (31 de Outubro de 2009) 492 anos de reforma protestante, decidi escrever um texto usando como base este diálogo que eu ouvi. Vamos ao diálogo (por motivos óbvios os nomes abaixo são fictícios):<br /><br /><span style="font-style:italic;">– Clara! Olha só (mostra a ela um ingresso para um show do Hillsong United).<br />– Paloma! Você é doida? Este show não vai ser lá em São Paulo?<br />– Sim... mas United é a banda da minha vida! Nossa, fala que se não fosse um show de uma banda que você ama muito você não iria?<br />– Talvez. Mas quem são esses caras? Eles são bons?<br />– Nooooooossa! Demais!</span><br /><span class="fullpost"><br />[diálogo infrutífero sobre o quão boas são as músicas do Hillsong United]<br /><br /><span style="font-style:italic;">– Nossa Clara, e sabe o que é mais legal? Eles são cristãos!<br />– Ora, mas eu também sou cristã. Sou católica.<br />– Não... tipo assim... cristãos no sentido “protestante” do termo.<br />– Humm</span><br /><br />Após ouvir este deplorável diálogo, me perguntei: o que vem a ser este “sentido protestante” do termo “cristão"? Talvez você, evangélico, não esteja acostumado com o termo, afinal, os evangélicos atualmente detestam ser denominados por ele. Até mesmo o termo “crente” não é usado mais pelos evangélicos, que buscam se afastar de qualquer conotação forte que estes termos trazem.<br /><br />Mas a história deste termo “protestante” é muito bonita e deveria ser lembrada com orgulho pelos evangélicos! Completam-se hoje 492 anos desde que tudo começou. Para você que não conhece a história, abaixo vai um resumo:<br /><br />No ano de 1516 um frade da ordem agostiniana chamado Martinho Lutero começou a se indignar com o quadro de hipocrisia e falsidade da liderança da Igreja na época. O estopim para a culminação da Reforma Protestante da Igreja foi a venda das indulgencias. Visando arrecadar mais dinheiro dos fiéis, a Igreja começou a vender cartas de salvação para quem quisesse comprar. As pessoas poderiam comprar cartas de indulgências para si mesmas, ou para seus parentes já mortos, que estavam sofrendo penitências no purgatório. <br /><br />Após um ano de pregações contra as indulgências, na noite de 31 de Outubro de 1517, Lutero pregou na porta da igreja do Castelo em Wittenberg uma carta contendo <span style="font-weight:bold;">95 teses</span> sobre a Igreja e a cobrança de indulgências. <br /><br />As teses eram confrontadores e extremamente desconcertantes à liderança da Igreja na época. Alguns exemplos: “<span style="font-style:italic;">doar aos pobres ou emprestar ao necessitado é melhor que comprar indulgências</span>” (tese 43) e “<span style="font-style:italic;">por que o Papa não esvazia o purgatório por santo amor ao invés de o fazer por meio do miserável dinheiro?</span>” (tese 82). <br /><br />O povo leu estas teses e as vendas de indulgências romanas caíram drasticamente. Após uma série de eventos, Lutero e sua Teologia foram censurados e condenados pela Igreja Romana em um evento chamado “Dieta de Worms”. Vários camponeses locais protestaram em relação às decisões da dieta, e começaram a partir dali a praticar sua religiosidade à parte da Igreja Romana. Tais pessoas foram chamadas de forma pejorativa de “os protestantes”. Foi deste grupo que vieram todos os grupos de evangélicos. Todos os evangélicos deveriam ser, portanto, a rigor do termo, “protestantes”. <br /><br />Foi por esta razão que minha amiga Paloma disse que os integrantes do grupo Hillsong United eram cristãos no “sentido protestante do termo”. <br /><br />Mas, aproveitando o diálogo exposto e o aniversário da Reforma de Lutero, pergunto: acaso os evangélicos são, de fato, protestantes? <br /><br />Não! Não são mais. Simplesmente não se é livre dentro de uma igreja evangélica para discordar ou fazer uma auto-crítica da igreja. Você não é livre para dizer “não concordo!” quando o pastor pergunta “amém?”. Se você ousar dizer isto, você não será livre para expor suas razões e será abafado pela voz de quem está com o microfone. Digo por experiência própria que isto é totalmente verdadeiro. Já passei por várias experiências assim. <br /><br />Da mesma forma que a Igreja Romana não permitia que nenhum de seus frades fizessem auto-críticas (como Lutero fez), a Igreja Evangélica não permite que seus membros façam auto-críticas. Aliás, as semelhanças entre a Igreja Evangélica atual e a Igreja Romana do século XVI são maiores ainda! Qualquer pessoa com bom senso percebe que a ganância evangélica por dinheiro é a mesma da Igreja Romana da época de Lutero. Antigamente vendia-se salvação, hoje se vende prosperidade. Da mesma forma, no passado a palavra do Papa era infalível e inerrante, hoje os mesmos <span style="font-style:italic;">status</span> são atribuídos ao o que o pastor fala em púlpito. Antigamente a Igreja Romana promovia encenações nas praças sobre o julgamento final e o inferno para assustar as pessoas e forçá-las a comprar indulgências, hoje promove-se shows evangélicos e cruzadas proféticas com o mesmo interesse de arrecadar “doações para o ministério” e as imagens do inferno continuam sendo presentes nos cultos evangélicos (as vezes costuma-se falar mais do inferno e do diabo nos cultos do que sobre Jesus e o paraíso).<br /><br />Lembrando da coragem de Lutero e de como surgiu o movimento evangélico (contexto de auto-crítica) percebo que os evangélicos deixaram de ser protestantes a muito tempo. O “sentido protestante do termo” não cabe mais aos evangélicos, pois aos mesmos não é garantida a liberdade de poder protestar contra seus líderes que praticam e ensinam o que não é correto.<br /><br />Em seu livro "Dogmatismo e Tolerância" (Loyola, 2004), Rubem Alvez conta uma história de sua infância sobre quando ele se sentiu protestante pela primeira vez. É interessante, vejam:<br /><br /><blockquote>Num belo dia, sem aviso prévio, a professora entrou em classe acompanhada de um padre com batinha preta. "Quem é que vai para a confissão e a comunhão?", perguntou ele com voz taquaral clerical. A meninada toda levantou a mão. Menos eu e o Estelino, que era espírita. Todo mundo olhou espantado para a gente, enquanto o sangue subia ao rosto e os nossos olhos se enterravam no chão. Miseravelmente diferente, sem saber por que, enquanto os outros cochichavam risos contra minha singularidade. E o padre e sua batina foram crescendo, crescendo sem parar, e o menino indefeso foi sentido a dor do estigma. Eu era diferente. Nunca me esqueci.<br /><br />Mas aí aconteceu uma coisa gozada, que a psicanálise deve explicar. A vergonha de ser diferente virou orgulho de ser diferente. Foi então que eu, sem saber, me senti protestante pela primeira vez. De fato, o protestantismo tem muito a ver com a coragem para assumir a própria individualidade.</blockquote><br />Tenho orgulho de dizer que sou protestante. “Evangélico não! Protestante” diz o título de uma <a href="http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=522088&tidex5398013041945663102&start=1">comunidade no Orkut</a>. Sinto algo mais ou menos assim. Sei que muitos olham para mim com aversão, outros com pena. Mas com Lutero também foi desta forma, portanto, nós (“os críticos recalcados e invejosos que não fazem nada”, como nos chamou Silas Malafaia) estamos no caminho certo: o caminho do protesto, o caminho da contra-mão, o caminho do Evangelho!<br /><br />Parabéns Reforma! Parabéns protestantes!<br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-6710293477301469485?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com6tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-87074384742747366372009-10-29T16:43:00.000-07:002009-11-02T09:20:59.270-08:00Sorteio – "Oração: Cartas a Malcolm" (C. S. Lewis)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://img5.imageshack.us/img5/8232/abcio.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 218px; height: 320px;" src="http://img5.imageshack.us/img5/8232/abcio.jpg" border="0" alt="" /></a><div style="text-align: justify;">A <a href="http://www.editoravida.com.br">Editora Vida</a> acaba de lançar mais uma obra de C. S. Lewis em português e o blog DESCONSTRUINDO vai sortear entre os leitores do blog uma cópia desta magnífica obra onde o grande mestre de Oxford fala sobre o diálogo entre o homem e seu Criador. Leia abaixo a sinopse do livro e, mais abaixo, como participar do sorteio. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Sinopse</span>:<br /><span style="font-style:italic;">Oração: cartas a Malcolm</span> de C. S. Lewis é uma abordagem franca e honesta sobre a oração. Publicação póstuma, ainda assim permaneceu na lista dos mais vendidos por muito tempo.<br /><span class="fullpost"><br /><span style="font-style:italic;">Oração: cartas a Malcolm</span> é um livro belamente concretizado e profundamente emocionante que trata dos temores e das fraquezas do homem. Em forma de cartas afetuosas e descontraídas a um amigo muito chegado, C. S. Lewis medita em várias questões relativas ao diálogo íntimo entre homem e Deus. Pondera sobre aspectos práticos e metafóricos da oração. Indaga sobre nossa real necessidade de falar com Deus e sobre a forma ideal de oração. Busca saber qual dos nossos muitos eus mostramos a Deus enquanto oramos. E muito mais. A carta final contém pensamentos instigantes sobre “cristãos liberais”, alma e ressurreição.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Como Participar?</span><br />Para participar é muito fácil. São dois passos a seguir:<br /><br />1º - Você deve se tornar um “seguidor” deste blog. Para tal, procure na coluna direita a esta postagem o campo SEGUIDORES, clique em “Seguir”, <span style="font-style:italic;">logue</span> com sua conta Google (a mesma que você usa para acessar Orkut ou Gmail) ou conta Yahoo e confirme que deseja “seguir publicamente” o blog.<br /><br />2º - Envie um e-mail para “<span style="font-weight:bold;">sorteio@elielvieira.org</span>” no seguinte modelo.<br /><br />Assunto do email: “<span style="font-weight:bold;">Sorteio # 1</span>”<br />Corpo do email: seus dados<br /><br />Confira na imagem abaixo (clique para ampliar).<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SuoqLBLfDII/AAAAAAAAAcw/ma2f3rpJ4m4/s1600-h/email.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 239px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SuoqLBLfDII/AAAAAAAAAcw/ma2f3rpJ4m4/s400/email.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398173472140496002" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">Quando acontecerá o sorteio?</span><br />Dia 20 de Novembro. O vencedor será avisado no mesmo dia. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Por que devo seguir o blog para participar do sorteio?</span><br />Por duas razões: (1) evita que a mesma pessoa crie dezenas de contas de e-mail e fraude o sorteio e (2) ajuda a promover o blog DESCONSTRUINDO.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">O que acontece se eu for sorteado e não estiver segundo o blog?</span><br />Simples: você não vai ganhar o livro e outra pessoa será sorteada. Portanto, antes de enviar qualquer e-mail, torne-se um seguidor do blog, não demora 10 segundos para isso.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Qual será a periodicidade dos sorteios aqui?</span><br />Não definida. Provavelmente, no começo, os sorteios serão mensais.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Posso divulgar este sorteio em meu blog?</span><br />Sim, claro.<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-8707438474274736637?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com1tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-50245612644395950622009-10-21T13:35:00.000-07:002009-10-21T13:43:09.001-07:00Filosofia do Pé de Manga<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/St9yRJXDFsI/AAAAAAAAAcg/hDmPKtquhu4/s1600-h/BXK5316_0125001800.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/St9yRJXDFsI/AAAAAAAAAcg/hDmPKtquhu4/s320/BXK5316_0125001800.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395156517509076674" /></a><div style="text-align: justify;">Gosto muito de trazer à memória meus tempos de infância. Tempos felizes e alegres, sem preocupações. Tempos em que tocava a campainha das casas das pessoas e sair correndo; tempos em que colocava sapos nas caixas de correio das pessoas; tempos em que jogava bola na rua; e, para funcionar como analogia para este texto, tempos dos pés de manga! <br /><br />Aqui em Minas Gerais são três as frutas mais apreciadas pela criançada: goiaba, jabuticaba e manga. Não falo das metrópoles em Minas, mas das regiões periféricas e do interior. Se você visitar uma fazenda em Minas Gerais certamente você encontrará lá goiabeiras, jabuticabeiras e mangueiras. Mas as mangas são diferentes. Elas são as únicas frutas que são mais gostosas se comidas no próprio pé. Goiabas e jabuticabas não! Você pode comprá-las em qualquer quitanda e elas terão o mesmo gosto. <br /><span class="fullpost"><br />Outra característica interessante nas mangas é que o modo de des-frutar delas é absoluto por aqueles que a degustam. Eu quero dizer com isto que, se você gosta de chupar manga se lambuzando, você não vai gostar de comê-la picada; se você gostar de comê-las picadas, você vai detestar se lambuzar; se você gosta de subir no pé para colher as mangas que quiser, você não vai gostar que façam isso para você, e vice e versa.<br /><br />E uma das lembranças mais prazerosas que tenho de minha infância e adolescência são as mangas e seus pés!<br /><br />Subir ao pé, escolher as mangas, chupá-las lá em cima e depois jogar o caroço (ainda todo lambrecado) na cabeça de algum amigo seu lá embaixo. Dá saudades!<br /><br />Enfim, todo estas lembranças dos pés de manga e as peripécias de minha infância me trouxeram um insight filosófico. As semelhanças são inúmeras! Para visualizar isto, pense nas possibilidades de aprendizado e conhecimento sobre a fé como se fossem um grande pé de manga, totalmente recheado de frutas.<br /><br />Da mesma forma como as pessoas se divergem da forma como vão escolher suas mangas, as pessoas se divergem na hora escolher o que estudar (se estudar). Algumas pessoas são mais conservadoras, e preferem comprar suas mangas na quitanda (não querem se dar o trabalho de ir ao pé apanhá-las por si mesmas); assim como existem aquelas pessoas que não desejam ir ao pé de manga das possibilidades de conhecimento para pegar suas mangas. Já outras pessoas preferem ir ao pé e tacar pedras lá debaixo tentando acertar as mangas que elas acham que são boas, não conseguem aí catam as mangas que estão no chão (certamente, as piores); assim como existem também aqueles que apenas vislumbram as possibilidades conhecimento, mas tentam achar atalhos para consegui-lo e acabam apanhando apenas porcarias. E também existem os mais moleques, que sobem ao pé, vão às galhas mais altas e mais perigosas, apalpam todas as mangas, mordem umas, chupam outras, etc.; assim como existem os moleques filosóficos, que sobem ao pé das possibilidades de conhecimento e fazem o que querem quando estão lá, sem se importarem com os outros.<br /><br />Quando se chupa manga, alguns são mais conservadores e comem-na em fatias; outros se lambuzam, enchem os dentes de linhas, roem o suco da manga até o caroço ficar liso, etc! Quando se busca conhecimento, alguns são mais conservadores e sistemáticos, outros não estão nem aí, são apenas crianças desbravadoras do conhecimento!<br /><br />Fisicamente eu não agüento mais subir a pés de mangas e ficar lá em cima por horas chupando mangas e tenho saudades desta época. Mas ainda sou apreciador de mangas como era quando criança: não suporto manga fatiada! Coisa de fresco!<br /><br />Filosoficamente, porém, sou uma eterna criança. Subo ao pé das possibilidades de conhecimento, apalpo várias mangas, escolho as melhores, desfruto delas por horas e, como bom moleque pirralho que ainda sou, depois de desfrutar ao máximo das mangas do conhecimento, eu jogo os caroços na cabeça dos preguiçosos para despertá-los!<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-5024561264439595062?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com3tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-47665779849464034432009-10-12T18:21:00.000-07:002009-10-12T18:39:21.403-07:00Quem Lê Muito Conversa Pouco. Por que?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/StPZ2taI4yI/AAAAAAAAAcQ/AkIC5sdDK6E/s1600-h/silencio.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/StPZ2taI4yI/AAAAAAAAAcQ/AkIC5sdDK6E/s320/silencio.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5391892712818008866" /></a><div style="text-align: justify;">Minha namorada tem reclamado comigo ultimamente dizendo que eu sou uma pessoa que fala muito pouco. Na verdade eu nunca escondi isto de ninguém (claro, afinal, não há como esconder de uma pessoa próxima uma coisa dessas) e isto na verdade este jeito de ser nunca me incomodou. <br /><br />Pensei em escrever um texto sobre por que acho que a leitura e a escrita (ou seja, o exercício intelectual) conduz uma pessoa a uma vida mais “calada”, mas, após pensar um pouco, decidi reproduzir aqui o que um escritor que aprecio já chegou a escrever antes de mim (e com propriedade).<br /><br />Seu nome é Philip Yancey. Ele é um dos escritores cristãos mais respeitados do mundo atualmente. Abaixo, apenas reproduzi integralmente algumas palavras encontradas no décimo capítulo do seu livro <span style="font-style:italic;">Alma Sobrevivente: sou cristão apesar da igreja</span> (Mundo Cristão, 2004):<br /><span class="fullpost"><br />-<br /><br /><span style="font-style:italic;">A partir de cartas que recebo e dos comentários que ouço em festas e lançamentos de livros, chego à conclusão de que as pessoas têm uma visão romântica da vida de um escritor. Estas pessoas nunca estiveram ao lado de um escritor que fica parado 15 minutos diante de um dicionário de sinônimos em busca de uma única palavra. Devido ao próprio trabalho, os escritores levam uma vida solitária. Trabalhamos sozinhos, fugindo de qualquer distração, e criamos nossa própria realidade particular, explorando-a e domesticando-a até que chega o momento quando o editor começa a instigar outras pessoas a trabalharem conosco – momento em que, naturalmente, estamos felizes, construindo outra realidade falsa. Na maior parte das vezes, o mundo que criamos é muito mais interessante do que aquela triste realidade na qual vivemos. <br /><br />Às vezes tenho a impressão de que a minha vida de escritor se sobressai à minha vida real. Fico pensando: “Se eu não escrevesse, será que eu chegaria mesmo a existir?”. Como posso saber o que penso ou sinto sem abrir meu computador e começar a escrever sobre aquilo? Lembro-me de um dia em que trabalhava em uma pequena história numa manhã bem cedo. Por três horas, esforcei-me para desenvolver personagens tridimensionais, tirando todos os clichês de seus diálogos. Iniciante na ficção, estava ficando com uma terrível dor de cabeça por causa do esforço. Naturalmente, usava isto como desculpa para parar de escrever, atravessar a rua e tomar um café. Imagine a minha surpresa ao descobrir que todas as pessoas da cafeteria eram pessoas bidimensionais, que falavam usando clichês! Nenhuma daquelas pessoas parecia-me tão interessante quanto as pessoas que povoavam minha história. Corri de volta para a segurança de minha falsa realidade que me esperava (e somente a mim) no meu escritório no porão.</span><br /><br />- <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Comentários gerais sobre estas palavras de Philip Yancey</span>: leituras como esta acima geram em algumas pessoas um grande desconforto. Tem pessoas que tem pavor de viver da forma como Yancey diz que vive. Outras pessoas (como eu), porém, sentem alívio. É bom saber que não sou somente eu quem acho que a solidão de uma falsa realidade é mais muito mais agradável do que a esta vida estranha que vivemos. <br /><br />Quem lê e escreve muito se sente estranho neste mundo. Também, como poderia ser diferente? Enquanto lê ou escreve você idealiza o mundo da forma como quiser: pessoas sem defeito, igrejas sem defeitos, mundo sem defeitos... porém, quando se volta ao mundo real e se depara com a realidade... é realmente frustrante. <br /><br />Imagine que decepção eu sinto quando tenho de parar de ler “<span style="font-style:italic;">O Senhor dos Anéis</span>” e me preparar para uma aula de Matemática Financeira. Imagine como é frustrante passar horas escrevendo um capítulo para um livro sobre a racionalidade da crença em Deus em resposta a acusações ateístas e depois, no domingo seguinte, ir a um culto e ver a triste verdade de que a realidade é completamente distante da idealização que você escreveu no papel! <br /><br />Quem lê muito ou tem o hábito de escrever fala pouco, pois não há muito o que falar! Aquilo que nos interessa quase sempre não interessa às pessoas de fora. No fim, só nos resta a nós amar a nós mesmos, e as folhas de papel que hora trazem coisas interessantes para nós lermos, hora aceitam sem reclamar aquilo que falamos com elas através da escrita.<br /><br />Enfim, é difícil explicar estas coisas. Mas não se assustem achando que sou infeliz em minha vida. Pelo menos no meu caso eu jamais me incomodei com esta solidão que o hábito da leitura traz, pelo contrário, raramente me encontro triste ou decepcionado. Como Yancey disse, nós podemos criar uma realidade falsa e viver nela sempre que desejarmos!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/StPaDFbdPAI/AAAAAAAAAcY/JO9FErRt2u8/s1600-h/cam.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 139px; height: 200px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/StPaDFbdPAI/AAAAAAAAAcY/JO9FErRt2u8/s200/cam.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5391892925424417794" /></a><span style="font-weight:bold;">Comentário específico à minha namorada</span>: jamais pense que falo pouco por não te considerar. Muito pelo contrário, eu te considero meu maior poema. Você é o poema mais lindo já escrito! Viver com você é mais excitante do que ler qualquer conto de fadas! Aliás, eu sempre penso em você como uma linda princesa, e em nosso amor como algo poético tão como os romances de Shakespeare. Na verdade, somente seu olhar e seu beijo fazem o sapo Eliel se sentir (pelo menos por alguns instantes) um príncipe. A realidade é incrivelmente chata, mas você é tão perfeita que quase penso que você é irreal. Enfim, as palavras de Philip Yancey usadas neste texto foram retiradas de um livro que você me deu de aniversário. Elas me ajudaram a perceber que não é tão estranho assim ser uma pessoa solitária e calada... então agora agüenta!, a culpa é sua (risos).<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-4766577984946403443?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com10tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-76469426782405350622009-10-05T12:45:00.000-07:002009-10-05T12:58:31.952-07:00A Indiferença de Deus em Relação às Heresias<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SspOjfNdvyI/AAAAAAAAAb0/7tdL7Pel4ls/s1600-h/inquisition-11.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 250px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SspOjfNdvyI/AAAAAAAAAb0/7tdL7Pel4ls/s320/inquisition-11.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5389206275682582306" /></a><div style="text-align: justify;">Quanto mais eu estudo e leio, mais me torno menos “xiita” e mudo de opinião em relação a alguns assuntos de fé. Atualmente os estudos bíblicos têm me conduzido à conclusão de que o temor que as pessoas nutrem em relação às “heresias” é de certa forma descabido, e que aqueles que se preocupam em eliminar as heresias, como se esta preocupação fosse a mais importante de todas, estão profundamente equivocadas. Pretendo neste texto abordar esta questão.<br /><br />Recentemente <a href="/2009/09/resposta_robson_cota_sobre_os_catolicos.html">escrevi uma resposta</a> a uma pessoa que argumentava, dentre outras coisas, que é a “verdade” que deveria gerir a união dos cristãos. Sendo assim, meu interlocutor argumentou, o ecumenismo não deveria ser considerada uma prática bíblica, pois o ecumenismo é uma prática que tolera heresias e Deus abomina “heresias”.<br /><span class="fullpost"><br />Porém, este tipo de pensamento não condiz com a realidade. Uma vez que Deus se revela apenas sutilmente a nós através de suas obras criadas, e se revela plenamente <span style="font-weight:bold;">somente</span> através da revelação pessoal pela fé, se as coisas são assim como a Teologia diz que são, será que Deus vai ficar tão irritado assim com aqueles que não conseguirem compreender de forma 100% perfeita todas as minúcias dos assuntos “espirituais”? Em outras palavras, será que Deus vai ficar irritado com uma pessoa caso ela não consiga realizar a impossível tarefa de compreender e conhecer Deus da forma plenamente correta?<br /><br />Vamos colocar uma analogia para exemplificar um caso: um pai ficaria muito irritado com seu filho se ele falasse inglês errado sem nunca ter tido aula de inglês? Indo um pouco além: um pai tem dois filhos (um que estuda inglês a 8 anos e outro que nunca estudou). Será que é justo ele cobrar o mesmo conhecimento da língua de ambos os filhos?<br /><br />Enquanto refletia sobre isto li um salmo muito interessante: o salmo 15, de Davi.<br /><br />Davi começa este salmo perguntando: quem pode habitar na tenda de Deus? É uma pergunta retórica, panfletária. É o ponta-pé inicial do salmo de Davi. O salmista pergunta, em outras palavras, quais são as práticas e posturas que Deus espera que nós tenhamos. Quem é aquele que agrada a Deus? E as respostas apontadas por Davi são:<br /><br />1 – quem anda com integridade;<br />2 – quem pratica a justiça;<br />3 – quem fala a verdade;<br />4 – quem não é fofoqueiro (no original “quem não deixa a língua correr”);<br />5 – quem não lesa seu irmão;<br />6 – quem não insulta seu próximo;<br />7 – quem despreza as coisas ímpias;<br />8 – quem honra os que temem a Deus;<br />9 – quem não jura em nome dos outros;<br />10 – quem cumpre o que diz;<br />11 – quem não cobra juros quando empresa dinheiro a alguém;<br />12 – quem não aceita suborno contra o inocente.<br /><br />Davi listou 12 características que uma pessoa deve ter, afim de que ela possa “habitar” na casa de Deus e, a não ser que eu não tenha entendido este salmo direito, nada é falado sobre “acreditar estritamente na verdade” ou “estar correto em tudo o que pensa acerca de Deus”. <br /><br />Alguém pode argumentar que o item número 4 da lista acima está relacionado à questão das heresias, afinal, uma pessoa que acredita e prega uma “heresia”, está pregando e acreditando em não-verdades, logo estaria contradizendo este item. Porém, uma leitura sincera do texto não nos passa esta impressão. O que este trecho diz é que devemos falar a verdade, sermos honestos e jamais mentirosos. <br /><br />Enquanto escrevia este texto, lembrei-me de uma passagem que havia lido há algum tempo sobre as coisas que aborreciam a Deus, nos provérbios da Bíblia. A passagem é Provérbios 6:16-19. De acordo com este texto, existem seis coisas que o Senhor odeia, e uma sétima que Ele abomina:<br /><br />1 – olhos altivos;<br />2 – língua mentirosa;<br />3 – mãos que derramam sangue inocente;<br />4 – coração que trama projetos iníquos;<br />5 – pés que se apressam para correr para o mal;<br />6 – testemunha falsa que profere mentiras;<br />7 – aquele que semeia contenda entre irmãos.<br /><br />Novamente, nada sobre as “heresias” é mencionado.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SspORHyutHI/AAAAAAAAAbs/4J4crqAw5Lw/s1600-h/imagem+-+post+jesus.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 211px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SspORHyutHI/AAAAAAAAAbs/4J4crqAw5Lw/s320/imagem+-+post+jesus.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5389205960158786674" /></a>Alguém pode, no entanto, argumentar: mas Jesus não criticou avidamente os mestres da lei, que escravizavam a mente das pessoas? Jesus não criticou a religiosidade judaica? Jesus não chegou um dia ao Templo e chamou os lá presentes de “raça de víboras”? (Mt 12:22-37) E os apóstolos? Eles não eram implacáveis em relação às heresias? Paulo não disse que deveríamos considerar como anátema a todo aquele que pregasse um evangelho diferente daquele que ele estava pregando? (Gl 1:6-10) Mais ainda: você mesmo, Eliel, não é um crítico ávido contra aquilo que você considera heresia?<br /><br />Sim, a resposta a todas as perguntas acima é “sim”. Porém, devemos ter muito cuidado aqui. Jesus ou os apóstolos jamais usaram o termo “heresia” e, como veremos a seguir, tanto Jesus quanto os apóstolos faziam uma distinção importante entre os “erros teológicos” que as pessoas acreditavam, de forma que eles não procediam da mesma forma para com todas as pessoas.<br /><br />Tomemos como exemplo Jesus. Jesus era implacável para com os mestres judaicos da lei, já na infância ele discutia com os doutores sobre a lei de Moisés (Lucas 2:41-52). O mesmo Jesus, porém, parecia ser indiferente em relação às distorções teológicas do povão, das pessoas simples. Veja por exemplo a atitude amorosa que Jesus teve para com a mulher adúltera (Jo 8-1-11), ou para com os samaritanos (Jo 4:7-24) e, claro, até mesmo para com aqueles que o torturaram (Lc 23:34).<br /><br />A parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37) é um clássico. Os samaritanos eram um povo profundamente odiado pelos judeus (e vice e versa). Os samaritanos não eram apenas “hereges” aos olhos dos judeus, eles eram considerados “inimigos de Deus”, inimigos da nação judaica, pessoas depravadas e sem qualquer coisa boa. Os judeus possuíam profunda repulsa pelos samaritanos como por nenhum outro povo. Trazendo para o nosso contexto evangélico atual, um samaritano seria tão repulsivo quanto um travesti que fosse todos os domingos “fazer ponto” próximo à porta da igreja (e este exemplo ainda é fraco, se comparado a toda repulsa que os judeus tinham pelos samaritanos). Então, conforme a história da parábola, um homem estava caído no chão após ter sido assaltado e maltratado por ladrões. Passaram pelo mesmo caminho um doutor da lei e um levita, e ambos não o ajudaram, seguindo seu caminho. Então passou pelo caminho um samaritano, a mais herege e repulsiva pessoa do mundo, e o que ele fez? Ele tratou da pessoa necessitada, tomou-a pelos braços, tratou dos seus machucados, levou a uma hospedaria e deixou ainda algum dinheiro extra com o dono do lugar para que ele cuidasse do necessitado.<br /><br />Jesus, então, pergunta: qual deles agiu conforme a ordenança de amor ao próximo?<br /><br />Se trouxéssemos esta parábola para os dias atuais, ela seria mais ou menos assim: havia uma pessoa caída no chão, após ter sido assaltada por traficantes. Passaram por ela um pastor e um ministro de louvor, e nenhum deles o ajudou. Então veio um espírita, ou um mulçumano, ou um travesti, ou um ateu, e o ajudou. Quem, pergunta Jesus a nós, praticou o mandamento de amor ao próximo? Quem foi “cristão”?<br /><br />A verdade é que Jesus distinguia os “erros teológicos” das pessoas. Jesus era implacável para com os hipócritas, mas era compassivo para com os humildes. Jesus sabia que todas as pessoas eram pecadoras e ele, ao que parece, até relevava esse fato (claro, afinal ele pagou o preços dos pecados da humanidade). Existe até um versículo que diz que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4:6). <br /><br />Meu argumento aqui é o seguinte: quando o erro teológico é intencional, descarado e tem como objetivo alcançar benefício próprio (como a Teologia da Prosperidade, ou como o proselitismo denominacional, ou como o “não me critique” dos pastores e dos líderes espirituais em geral, ou como o “eu tenho a verdade e você precisa aceita-la ou queimará no inferno seu incrédulo” dos cristãos em geral), nestes casos, o erro é grave e, se Jesus estivesse aqui para criticar este erro, Ele o faria grossa e implacavelmente; quando o erro teológico não é intencional, é sincero, provem de falta de conhecimento bíblico ou de uma interpretação equivocada (porém sincera) do Evangelho, e ele não tem objetivo de trazer benefícios ao “herege”, nestes casos, se Jesus estivesse aqui para criticar este erro, ele o faria de forma mansa, humilde e compassiva.<br /><br />É por isso que eu digo: Deus terá muito mais misericórdia para com um homossexual do que para com um pastor comprometido com a Teologia da Prosperidade.<br /><br />Por fim, concluo dizendo que a <span style="font-weight:bold;">prática da fé</span> é muito mais valorizada por Deus do que o <span style="font-weight:bold;">testemunho da fé</span>. Deus dá muito mais valor a uma pessoa que alimenta um faminto do que a aqueles que discutem se a salvação é pela graça ou pelas obras. Um “herege” espírita que alimenta os pobres agrada muito mais a Deus do que um evangélico dono da verdade que é indiferente à fome do seu próximo.<br /><br />Temos, portanto, uma inversão de valores muito grande em nossa concepção de “heresia”, e qual vem a ser a importância dela a Deus. Um ateu pode agradar muito mais a Deus do que nós, cristãos, e isto me preocupa, me preocupa muito: <span style="font-weight:bold;">não há espaço para conforto na fé cristã</span>.<br /><br />Não há outro caminho, a fé deve ser uma prática, não um ideal.<br /><br />Concluo meu texto aqui. Pode ser que eu esteja errado e tenha dito um monte de heresias. Mas, se foi assim, não o fiz deliberadamente, sabendo que o que escrevi foi uma heresia. Escrevi conforme a maneira pela qual eu entendo o Evangelho, nada mais. E não tenho medo algum de ser julgado por Deus pelo que eu escrevi, pois sei que Ele valoriza a sinceridade acima de todas as coisas.<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-7646942678240535062?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com5tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-620420794188331532009-10-01T17:08:00.000-07:002009-10-01T17:15:04.118-07:00Resenha: A Verdade Sobre o Cristianismo - Dinesh D’Souza<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SsVFBpds95I/AAAAAAAAAbk/ixBqmj6uzWU/s1600-h/verdade.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 202px; height: 295px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SsVFBpds95I/AAAAAAAAAbk/ixBqmj6uzWU/s320/verdade.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5387788423831287698" /></a><div style="text-align: justify;">A literatura apologética cristã não evoluiu muito dos anos 2000 para cá. Quando pegamos algum livro, encontramos nele os mesmo argumentos que são anunciados a décadas em palavras diferentes. Especialmente depois de <span style="font-style:italic;">Deus, um delírio</span>, pouca coisa original foi lançada pelos cristãos em resposta.<br /><br /><span style="font-style:italic;">A Verdade Sobre o Cristianismo</span> é um diferencial em relação a este quadro. D’Souza conseguiu fazer uma apologia criativa da fé, abordando temas ainda não abordados e levantando questões interessantes para que os ateus respondam (ou tentem responder). Seu raciocínio é bem perspicaz, lógico, concatenado e bem embasado com um chão histórico fundamentado, criado pelo autor antes da argumentação.<br /><span class="fullpost"><br />Suas maiores façanhas, eu diria, foram as argumentações sobre a importância que o cristianismo representou ao longo da história no surgimento de tudo o que conhecemos como louvável hoje em dia, como o Estado Laico; a exposição da falácia ateísta de que a fé inibe o conhecimento científico, bem como a mentira de que os ateus estão preocupados com a aquisição do mesmo; algumas informações interessantes sobre o famoso caso Galileu e a Inquisição, tão citados pelos ateus; a contra-argumentação ao argumento de Dawkins do “Relojoeiro Cego”; os benefícios darwinianos que a fé traz às pessoas e as conseqüências que o ateísmo têm trago à sociedade; a interessante convergência entre as idéias de Kant e a argumentação teísta e, por fim, sobre a imaterialidade da alma.<br /><br />Mas calma! O livro não é perfeito e totalmente inovador. A afirmação da contra-capa de que <span style="font-style:italic;">A Verdade Sobre o Cristianismo</span> é o sucessor atual de <span style="font-style:italic;">Cristianismo Puro e Simples</span> (C. S. Lewis) não é nem de longe verdadeira. O livro é bom, inovador em muitos aspectos, sim! Porém, possui alguns pontos fracos:<br /><br />- Apesar de inovador, vários vícios de livros apologéticos – como não expor com total sinceridade os argumentos dos ateus – são encontrados neste livro. Apesar de na maioria dos casos D’Souza analisar honestamente os argumentos ateístas, em alguns casos isso claramente não acontece.<br />- D’Souza pretendeu refutar Dawkins, Harris, Hitchens e Dennett (principalmente Dawkins) em seu livro, porém, o principal argumento de Dawkins (argumento da improbabilidade de Deus) sequer foi citado.<br />- O autor faz uso de vários argumentos elaborados por outras pessoas e não dá os créditos a elas. O capítulo 11, por exemplo, contém o argumento cosmológico <span style="font-style:italic;">kalam</span> elaborado por William Lane Craig – D’Souza usa a mesma seqüência lógica de Craig, com as mesmas palavras – e o nome do filósofo sequer é mencionado! <br />- A resposta ao “Problema do Mal” é fraca, muito fraca.<br /><br />Ainda há outra coisa que não gostei, mas foi um erro da editora, não do autor. A tradução <span style="font-style:italic;">A Verdade Sobre o Cristianismo</span> não exprime o sentido original do título em inglês: <span style="font-style:italic;">What’s So Great About Christianity</span>. Uma tradução mais aproximada seria <span style="font-style:italic;">O que há de tão maravilhoso com a fé crista</span>. <br /><br />Enfim, o livro possui seus defeitos – como todos os livros também – mas, no fim das contas, é um livro que vale a pena ler. Bons questionamentos e argumentações são encontrados ali. Um fator que me interessou muito neste livro foi a abordagem conciliatória do autor entre a teoria da evolução e a fé cristã, mostrando a compatibilidade existente entre elas. Além, claro, de o autor ter mostrado como a teoria proposta por Darwin acarreta mais problemas aos ateus do que aos cristãos.<br /><br />Um livro bom! Se você se interessa por questões apologéticas certamente vai gostar!<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-62042079418833153?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com5tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-83695933713948895752009-09-16T14:15:00.000-07:002009-09-16T14:29:49.175-07:00Resposta a Glauber Ataíde: Verdades, Mentiras, Comunismo e Cristianismo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SrFYtm7Iw6I/AAAAAAAAAbU/pPE6kF62WuE/s1600-h/philosophybrain.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 266px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SrFYtm7Iw6I/AAAAAAAAAbU/pPE6kF62WuE/s320/philosophybrain.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5382180570250396578" /></a><div style="text-align: justify;">Tenho conversado muito ultimamente com <a href="http://glauberataide.blogspot.com">Glauber Ataíde</a>, um amigo virtual que conheço há alguns anos, cuja inteligência sempre me foi de alguma forma útil. As conversas que tenho com ele quase sempre são bem agradáveis, mas, claro, como em qualquer tipo de relação entre duas pessoas, existem divergências de opiniões sobre determinados assuntos.<br /><br />Antes de apresentar minha resposta a Glauber sobre a questão debatida na manhã/tarde de 16/09/09, vou contextualizar você, leitor, sobre quem é Glauber Ataíde, sobre o que conversamos e o que começou a última discussão que tivemos. <br /><br />Conheci Glauber quando ele ainda era cristão, apologista, daqueles que entram em discussões e debates no intuito de defender a fé. O prosseguindo das leituras de Glauber o conduziu para uma posição que não sei mais qual é. Talvez ele ainda seja cristão, talvez não. Fato é que seus interesses intelectuais não repousam mais sobre assuntos relacionados à religião, à Bíblia, à Teologia, etc. Mas é facilmente notável que, apesar de todo o ceticismo de seus interesses intelectuais, Glauber não perdeu sua espiritualidade. Ele é apenas um questionador e, como a fé não dá margem para ser questionada (não penso assim, mas talvez esta seja a visão dele), a fé deixou de ser objeto de seu estudo. <br /><span class="fullpost"><br />Como ex-apologista, freudiano e comunista, Glauber sente uma completa repulsa por aqueles apologistas que consideram o freudismo ou o marxismo como meras fraudes, apenas porque Freud e Marx eram ateus. Tenho quase certeza que a percepção de posturas como esta foram um dos motivos que contribuíram para que Glauber buscasse se afastar de tudo aquilo que antes ele defendia. Glauber tem vergonha de ser relacionado com o tipo de impostura intelectual utilizada por muitos cristãos. E eu o entendo. Para dizer a verdade eu mesmo tenho grande vergonha de dizer que sou evangélico dentro de um círculo de pensadores.<br /><br />Enfim, chega de introduções. Para quem quiser conhecer mais sobre Glauber e seus pensamentos, <a href="http://glauberataide.blogspot.com">faça uma visita a seu blog</a> e leia o rico conteúdo que lá se encontra.<br /><br />Pois bem, o debate que tivemos recentemente se focou exatamente nesta questão de algumas pessoas, por já terem a “verdade”, desconsiderarem os pensamentos “rivais” apenas porque são rivais. O exemplo usado por Glauber foi o de o dono de um blog apologético ter o censurado por ser freudiano e comunista. Glauber o perguntou se ele havia lido Freud ou Marx e o dono do blog disse a ele que não havia motivos para desperdiçar seu tempo com este tipo de leitura. Glauber chamou esta postura de “Filosofia Tabajara”.<br /><br />E foi aqui que fiz um comentário que gerou o debate que tivemos. Glauber não mencionou em seu <a href="http://glauberataide.blogspot.com/2009/09/eu-ja-sei-verdade-pra-que-perder-tempo.html">texto</a>, mas eu deixei claro a ele em nosso diálogo que eu não defendo este tipo de postura dos cristãos que o censuraram. O ponto que eu defendi foi outro: o mesmo Glauber que reclama dos cristãos que estabelecem julgamentos sobre Freud sem antes lerem-no, age da mesma forma em outros momentos. O exemplo usado por mim foi o da relação do <span style="font-style:italic;">Companheiro</span> Glauber e as publicações <span style="font-style:italic;">burguesas</span>. <br /><br />Recentemente algo interessante aconteceu. Glauber postou um <span style="font-style:italic;">link</span> de uma matéria sobre Hugo Chavez publicada no sítio eletrônico do PCdoB. Eu, em resposta, perguntei a ele se ele defendia Chavez fazendo algum trocadilho com sarcasmo. A resposta de Glauber foi na verdade um pergunta: “<span style="font-style:italic;">qual são suas fontes sobre Chavez?</span>”. Então eu o disse que era a revista VEJA, tão odiada pelos comunistas. Glauber, então, limitou-se a dizer que “<span style="font-style:italic;">a VEJA não vê nada</span>”. <br /><br />Ora! É exatamente isto o que estou falando. Glauber agiu exatamente como o apologista que se negou a considerar Freud e Marx sem ter os lido. Vamos lá: Glauber é comunista. Como todo bom comunista, Glauber acredita que o capitalismo é um sistema selvagem que escraviza o proletariado, que a mídia é vendida aos “golpistas de direita”, e, claro, que toda informação anticomunista divulgada por meios de comunicação como Globo e VEJA são nada mais do que tentativas “burguesas” de continuar manipulando a mente das pessoas para que elas não enxerguem a condição social em que vivem.<br /><br />Sendo assim, o que se espera de uma mídia golpista de direita? Ora, espera-se que ela fale mal mesmo dos comunistas, dos <span style="font-style:italic;">companheiros</span>, das lutas sindicais, de Cuba, de Chavez, das FARC, etc. Porém, como eu mostrei a Glauber, este pensamento impede que um comunista (por mais honesto intelectualmente que ele seja) reconheça que veículos de comunicação como Globo e VEJA digam algo anticomunista que seja verdadeiro, mesmo que o que seja apresentado seja <span style="font-weight:bold;">de fato</span> verdadeiro.<br /><br />Imaginemos um exemplo hipotético: imaginemos que um dos filhos de Hugo Chavez comece a discordar de seu pai e comece a armar um motim contra seu pai. Chavez descobre a trama e então decide forjar a morte de seu filho por envenenamento. A trama é bem organizada e ninguém desconfiou que Chavez envenenou e assassinou seu filho. Porém, entre os conselheiros de Chavez, encontra-se uma pessoa infiltrada da revista VEJA e ele envia todas as informações para o Brasil para serem divulgadas. Trata-se de um acontecimento puramente hipotético. Eu não estou dizendo que Chavez é o tipo de pessoa que faria uma coisa destas. Eu nem sei se Chavez tem filhos. É apenas uma história fictícia para exemplificar meu ponto.<br /><br />A revista VEJA então é lançada. Matéria de capa: “Chavez envenena e assassina seu filho!”. Você leitor, principalmente se for comunista, o que você pensaria após dar uma primeira olhada na revista? Eu tenho quase certeza que o pensamento seria algo como “<span style="font-style:italic;">Lá vem a mídia golpista, ta vendo? Olha que absurdo eles inventaram desta vez! Estão fazendo de tudo para levar a opinião pública contra Chavez e nem respeitam o luto da família!</span>”. Aí apareceria Chavez na TV para seu pronunciamento semanal e, como se esperaria de qualquer patife que assassinasse seu filho, ele estaria em prantos, dizendo que ele era um bom filho e que as mensagens da “mídia golpista” servem apenas para mostrar que ele sempre esteve certo, etc.<br /><br />Agora, quem pode dizer que coisas semelhantes em proporção menor já não ocorreram? Que tremenda coincidência o fato das fontes confiáveis serem sempre comunistas e, ainda, que as fontes que apresentam críticas ao mesmo são sempre burguesas, não!?<br /><br />Portanto, Glauber, acredito que você – como comunista, não em relação a tudo – age exatamente da mesma maneira que o apologista agiu com você quando o censurou porque você é leitor de Freud e Marx. Os caminhos são os mesmos:<br /><br />- Sou cristão -> Marx e Freud negaram minha fé -> não há nada que preste nos autores ateus -> não devo levar o que eles escreveram a sério.<br />- Sou comunista -> VEJA é contra minha ideologia -> não há nada que presta em escritos burgueses -> não devo levar o que a VEJA escreve a sério.<br /><br />O caminho é praticamente o mesmo.<br /><br />Agora, algumas coisas devem ser deixadas bem claras aqui:<br /><br />Primeiro, eu não defendi (nem no debate, nem deste texto) a postura daqueles que estabelecem opiniões sobre alguém sem ler e analisar o que este alguém disse. O que eu fiz foi questionar o que você disse à luz de uma “prática” que eu enxergo entre os comunistas em geral. Talvez você seja uma exceção, não sei. Talvez você fizesse questão de comprar a revista VEJA com a notícia de que o Chavez matou seu filho, e ainda pensando que eles poderiam estar falando a verdade. Mas, até onde eu conheço o comunismo e seus adeptos, eles (partindo de seus pressupostos) não analisariam a matéria da VEJA antes de dar seu veredicto de que ela é falsa.<br /><br />O meu ponto é que, partindo de nossos pressupostos, a análise de alguns escritos contrários soará infrutífera. Você, como comunista, acha que a leitura da VEJA é algo completamente infrutífero. O apologista, como cristão, acha que a leitura de Freud é algo infrutífero pelos motivos dele. A questão é: por que você estaria correto e ele não?<br /><br />Eu não defendi, Glauber, a posição do apologista. Eu questionei sua crítica a ele à luz de uma prática comum à maioria dos comunistas, sendo você mesmo um comunista.<br /><br />Segundo, nosso debate não foi sobre capitalismo vs. Comunismo ou sobre livre-mercado vs. Estado maior. Não! Nós já tivemos este debate outro dia e, admito, parte dos meus pensamentos sobre o marxismo estava viciada. Seus argumentos até me deixaram mais a vontade para pesquisar sobre o assunto, ler os originais, etc. Coisa que, aliás, pretendo começar a fazer. <br /><br />Terceiro, nosso debate não foi religioso. Seu texto deixa transparecer (pelo menos esta foi a impressão que tive) que nossa discussão foi relacionada à religião, e não foi! Aliás, mais especificamente agora sobre o texto que você escreveu, eu encontrei umas informações viciadas ali. Não houve estagnação do pensamento filosófico e científico entre o século V e o século XVI (período de mil anos ao qual você se refere). A Igreja, na verdade, representou até um papel de proteção à Filosofia após a invasão dos bárbaros em Roma no século V. Diga, se a Igreja não tivesse tomado conta da Filosofia logo após as invasões bárbaras, o que teríamos de Filosofia hoje?<br /><br />Claro, perseguições e retaliações aconteceram e isto é lamentável. Mas, como argumenta Rubem Alves em seu esplêndido livro “Filosofia da Ciência”, não foi o sentimento religioso que foi a causa da intolerância para com quem pensava diferente, foi o dogmatismo científico. Alves argumenta que o mesmo dogmatismo científico existente hoje existia no passado, a diferença é que ele se encontrava em outro lugar. E, se houve estagnação de pensamento por parte da Igreja, a libertação desta opressão de pensamento surgiu de dentro dela mesma, através de Lutero.<br /><br />Enfim, podemos voltar à questão, caso queira. Neste debate eu estou apenas perguntando, e minha pergunta, para lhe refrescar a memória, é: por que um comunista está justificado se desconsiderar uma matéria da revista VEJA antes de a ler e um apologista não está justificado em desconsiderar uma obra ateísta sem a ler?<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-8369593371394889575?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com7tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-2251544337541713482009-09-15T14:55:00.000-07:002009-09-15T15:02:08.325-07:00Uma Experiência Interessante: Sobre a Música Cristã (Antiga e Contemporânea)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.pertoesta.com.br/wp-content/uploads/2009/02/louvor-adoracao-1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 345px; height: 258px;" src="http://www.pertoesta.com.br/wp-content/uploads/2009/02/louvor-adoracao-1.jpg" border="0" alt="" /></a><div style="text-align: justify;">Todos que me conhecem sabem que sou, assumidamente, um crítico fervoroso dos (des)caminhos adotados pela músicos evangélicos atuais Como já disse em outros textos presentes neste blog, falta à música cristã atual a simplicidade e a beleza que podemos encontrar, por exemplo, nos salmos. Estou tão desiludido a este ponto que atualmente acredito que exista uma relação intrínseca entre “música evangélica atual” e “ruindade”, apesar, claro, de existirem algumas poucas (e boas) exceções.<br /><br />Algumas pessoas, no entanto, dizem que o que eu tenho na verdade é preconceito. Minha namorada, por exemplo, por mais de uma vez já me disse que eu sou “muito crítico” e que analiso as coisas com conceitos pré-estabelecidos. Segundo a opinião <span style="font-style:italic;">subliminar </span>dela, eu considero a música evangélica atual ruim não porque ela seja necessariamente ruim, mas simplesmente porque ela é “atual”. Do mesmo modo, eu consideraria as músicas velhas “boas”, não por serem “boas” de fato, mas por serem antigas e por não serem do gosto da maioria das pessoas.<br /><span class="fullpost"><br />Esses comentários são feitos entre nós em conversas esporádicas sobre a questão da musicalidade evangélica, e, confesso, o que ela disse até tem um pouco de lógica. Eu, de fato, tendo a gostar mais das coisas que a maioria das pessoas não gosta. O porquê exatamente eu não consegui identificar ainda, mas eu sinceramente tenho a tendência de rejeitar tudo o que é “popular” (a não ser música popular brasileira que, para dizer a verdade, já não é mais popular), especialmente tudo o que os jovens da minha idade de hoje em dia acham “legal”. E isso não é apenas em relação à música, mas filmes, livros, hábitos, enfim, se me deparo com duas coisas para serem analisadas eu naturalmente tendo meu gosto para aquilo que não é “legal” para o gosto da maioria.<br /><br />Então, sabendo deste meu “defeito”, estava até pensando: será que eu tenho pré-conceitos sobre a música evangélica? Será que eu não gosto delas apenas porque elas são “atuais”? <br /><br />No último domingo (13/09/09) aconteceu algo muito interessante na igreja onde eu freqüento que me ajudou a responder a esta questão. Antes de contar o que aconteceu, devo situar você no contexto do culto desta igreja. Na igreja onde eu freqüento o “período de louvor” é curto – geralmente três músicas – e não há outros instrumentos além de violão e (algumas vezes) guitarra, além da voz dos que cantam. Não há bateria, baixo nem teclado, apenas violão e voz. Lá, também, a maioria das músicas tocadas é “atual” (músicas de cantores e grupos evangélicos como Fernandinho, A-pá-sentar, uns plágios do Hillsong United, etc) e músicas velhas nunca foram tocadas lá (pelo menos não nestes quase um ano que estou lá). Porém, as músicas são executadas apenas em violão-voz, o que,dificultaria muito a diferenciação entre estilos atuais e antigos (as batidas de bateria são as diferenças mais identificáveis entre músicas de diferentes eras).<br /><br />No último domingo (13/09/09), após a pregação, algo diferente aconteceu. O pessoal do “louvor” começou a tocar uma música que ainda não tinha ouvido lá. Aliás, eu nunca a tinha ouvido em minha vida, e a letra, para meu espanto, era belíssima. Leia a letra da música:<br /><br /><blockquote>Ó meu Criador,<br />Quando grande amor Tu tens por nós<br />Ao ponto de morrer na cruz para nos salvar.<br />O homem não quer reconhecer.<br /><br />Ó Jesus, quase ninguém fala de Ti,<br />Meu Senhor.<br />Parece que te esqueceram<br />Não querem mais saber de Ti<br />Nem de Ti ouvir falar.<br /><br />Mas, Jesus, falo de Ti<br />Mesmo não sendo ouvido.<br />O Teu amor é muito grande<br />Tu sabes que eu preciso de Ti<br />Eu sou Teu, sim, sou só Teu.</blockquote><br />Como eu nunca tinha visto uma música velha sendo executada lá e, ainda, sabendo que o povo lá gosta mesmo é das músicas evangélicas atuais, pensei: “<span style="font-style:italic;">Puxa! Até que enfim algum cantor evangélico compôs algo que presta!</span>”.<br /><br />Então, após a execução da música, virei para minha namorada e perguntei a ela: “<span style="font-style:italic;">Está música é de quem?</span>”.<br /><br />Sua resposta: “<span style="font-style:italic;">Ela nunca foi gravada. É de um compositor antigo aqui da Igreja, o irmão Jackson</span>”.<br /><br />Estava explicado! A música era velha, eu apenas não a havia identificado porque, até onde eu sabia, apenas músicas evangélicas recentes eram tocadas na igreja. Mas como fui me iludir! Uma música tão bela assim ter sido composta pelos grupos evangélicos (ou seriam EU-vangélicos?) atuais era bom demais para ser verdade.<br /><br />Esta experiência serviu para mostrar que, ao contrário do que minha namorada dizia e que eu estava quase me convencendo ser absolutamente verdade, eu não acho que as músicas atuais evangélicas sejam ruins apenas porque são atuais. Não! Eu acho que elas são ruins porque elas de fato são ruins! Eu achei linha a letra da música diferente que eu ouvi no domingo, mesmo pensando que ela era uma música atual, gospel, ou sei lá como se chama. <br /><br />Acho que esta experiência é uma forte evidência de que eu e todos os críticos da música evangélica atual estamos certos em criticar a falta de criatividade, beleza e simplicidade das músicas evangélicas atuais. É triste ver o caminho que os evangélicos decidiram tomar. Pelo menos ainda temos as músicas velhas...<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-225154433754171348?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com4tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-62889150134162808272009-09-11T01:52:00.000-07:002009-09-11T02:02:36.304-07:00As Desventuras de Malafaia<div style="text-align: justify;">Primeiro vídeo produzido pelo blog <span style="font-weight:bold;">DESCONSTRUINDO</span>. <br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/cND8StbV4UE&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/cND8StbV4UE&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><span class="fullpost"><br />Divulguem!<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-6288915013416280827?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com19tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-39750987841493964242009-09-07T10:20:00.000-07:002009-09-07T10:28:40.433-07:00Resenha: Em Defesa da Fé - Lee Strobel<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqVCl5HpWII/AAAAAAAAAbM/5EUEisgxEqM/s1600-h/222221_4.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 215px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqVCl5HpWII/AAAAAAAAAbM/5EUEisgxEqM/s320/222221_4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378778548719409282" /></a><div style="text-align: justify;">Lançado no Brasil em 2002 pela Editora Vida, o livro <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa da Fé</span></span> é mais uma boa ferramenta para aquelas pessoas que se interessam em debates e leituras apologéticas. Escrito pelo jornalista ex-ateu Lee Strobel, <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa da Fé</span></span> é muito característico e particular em sua estrutura, não sendo apenas mais uma obra apologética dentre as inúmeras existentes. <br /><br />O livro, bem dizer, não foi todo escrito por Strobel. Seguindo a linha do primeiro livro do autor – <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa de Cristo</span></span> – <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa da Fé</span></span> foi criado a partir de entrevistas que Strobel fez com alguns dos mais famosos apologistas cristãos da atualidade. Mas isto não tira os méritos do autor na obra. Muito pelo contrário, conseguimos perceber claramente a grande habilidade de Strobel em trabalhar com as palavras e em elaborar perguntas perspicazes na busca de conseguir as melhores respostas.<br /><span class="fullpost"><br />A proposta de Strobel em <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa da Fé</span></span> é responder às objeções que as pessoas têm em relação à fé cristã. Para cada objeção, um apologista foi entrevistado por Strobel. <br /><br />Não vou mentir: o livro tem seus pontos fracos. A meu ver as entrevistas de Walter L. Bradley (sobre a teoria da evolução) e Norman Geisler (sobre as passagens da Bíblia nas quais Deus teria mandado matar pessoas inocentes) são pontos fracos da obra. Walter Bradley concentra suas críticas contra a teoria da evolução em argumentações sobre ignorância (a ciência não sabe como <span style="font-weight:bold;">X</span> aconteceu, logo <span style="font-weight:bold;">X</span> tem de ter acontecido pela interferência de um <span style="font-style:italic;">Designer</span>) e Geilser, já comprometido como pressuposto de que a Bíblia é porque é um livro 100% inerrante, tentou prover respostas para as passagens “polêmicas” da Bíblia, claramente adequando-as ao seu pressuposto. Muitas das respostas de Geisler não me convenceram e, certamente, não vão convencer os ateus que lerem esta obra.<br /><br />Porém, mesmo nestas entrevistas que considerei “ponto fraco” do livro, algumas boas respostas foram dadas por estes apologistas entrevistados. Além disto, o livro tem seus pontos fortes.<br /><br />Os destaques são as entrevistas de Peter John Kreeft sobre o famoso problema do mal (suas respostas foram muito boas), William Lane Craig sobre a possibilidade de ocorrências de milagres (Craig, novamente, mostrando toda sua habilidade retórica), Ravi Zacharias (com reservas, algumas de suas respostas não me agradaram) sobre a particularidade cristã em relação às demais religiões e J. P. Moreland sobre o problema do inferno. A entrevista de Moreland, penso, a melhor de todas as entrevistas do livro. <br /><br />Os textos escritos exclusivamente por Strobel – a introdução e a conclusão de cada capítulo e do livro – são textos muito bons, apesar de serem muito de escrita bem “apaixonada”, de caráter bem evangelístico, o que pode não agradar aos leitores ateus que venham a ler esta obra.<br /><br />Enfim, tenho minhas reservas em relação a esta obra (como tenho com praticamente todos os livros que leio), mas, no fim, é uma boa ferramenta para quem gosta de ler sobre questões apologéticas. É importante destacar que <span style="font-weight:bold;"><span style="font-style:italic;">Em Defesa da Fé</span></span> é um livro mais introdutório à prática apologética que, penso, trará pouca novidade a você que já está acostumado a ler obras apologéticas mais extensas. Apesar de trazer poucas novidades, muitas questões interessantes são abordadas, e é um livro que valeu a pena ler – apesar de não saber se virei a tirá-lo da prateleira outra vez.<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-3975098784149396424?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com4tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-91419740868531580892009-09-06T18:13:00.000-07:002009-09-06T18:30:39.869-07:00Resposta a Robson Cota: Sobre os Católicos e o Ecumenismo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqRiNvUlpPI/AAAAAAAAAa0/qSLu8j4K6ws/s1600-h/Cristo.JPG"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 204px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqRiNvUlpPI/AAAAAAAAAa0/qSLu8j4K6ws/s320/Cristo.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378531843167855858" /></a><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight:bold;">Mensagem 1:</span> Você tolera o ecumenismo?<br /><br />Acha mesmo que os católicos servem ao mesmo Deus que os cristãos? Acha mesmo que eles clamam ao mesmo Jesus que é o Filho de Deus e encarnou?<br /><br />Cristão é aquele que entregou sua vida a Cristo e segue a verdade dEle. Você acha que os católicos se enquadram nessa categoria?<br /><br />A união que prega a Bíblia é a união promovida pela VERDADE. Só a verdade une. Em nenhuma passagem há alguma sugestão do tipo "se não pode com eles, junte-se a eles". Ecumenismo não é ensinado na Palavra de Deus.<br /><br />Não estou dizendo que não há salvação fora dos protestantes, nem fazendo apologia a denominações. Mas para que teimar em encontrar cristianismo em um lugar que é óbvio que não tem?<br /><span class="fullpost"><br />E tem outra: a pregação não é por sabedoria de Palavras, mas é poder do Espírito. Os católicos podem falar tudo o que é verdade sobre Filipenses, mas isso será sabedoria de Palavras ou poder do espírito? Não digo que você é melhor do que eles e por isso não deve se misturar, só digo para não chamar "bom" o que Deus já disse que é "mau".<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mensagem 2:</span> Oi, amigo, vi sua carta lá pro Malafaia, gostei da iniciativa. Tanto que, já que você parece ser um defensor da fé, fui ao seu blog, vi o seu outro post sobre ecumenismo, e comentei.<br /><br />Você vendo o comentário pode achar que eu sou mais um fanático fundamentalista belicista, e que por isso eu seja farisaico, já que parece que eu ainda não tenha "amor" ao ponto de me unir com os católicos.<br /><br />Vendo o seu relato sobre o bom estudo que tiveram sobre Filipenses, não duvido nada de que tenha sido proveitoso. Se você gostou, não deve deixar de voltar, porque de qualquer maneira é a Palavra de Deus. Mas, amigo, não é porque uma religião se diz cristã que ela é cristã de fato.<br /><br />Se você os chama de "irmãos católicos", automaticamente admite que eles estão no mesmo corpo de Cristo que você, que eles vivem a mesma vida transformada que você. Não estou dizendo que os cristãos devem ser exclusivistas, mas eles não devem aceitar que as heresias invadam o corpo de Cristo. Isso eu sei que você compreende, já que fez aquela carta.<br /><br />Se você admite que eles são seus "irmãos em Cristo", então eles não precisam mais ser evangelizados! Se você admite que não há nenhum problema com eles, que eles somente representam uma corrente teológica diferente, então não há mais verdade nas palavras de Jesus. Se você olhar o NT atentamente, observará que Paulo, João, Pedro, Judas gastam metade do tempo só falando para vigiar contra as falsas doutrinas, os falsos mestres. Ou seja, Deus não tolera heresias.<br /><br />O ecumenismo é perigoso, pois leva-nos a tolerar as heresias. Nós não devemos entrar em guerra verbal contra eles, devemos respeitá-los, mas nunca lhes negar o evangelho. O ecumenismo é uma estratégia muito eficaz do inimigo para minar a igreja de Cristo por dentro. Porque a igreja se sustenta pela verdade que ela carrega. Se admitirmos que há outras verdades, então pra quê lutamos por Cristo?<br /><br />Olha, realmente, como você disse no seu post, há aqueles crentes que se acham super-santos, e ignoram qualquer outra opinião diferente. Isso é lamentável. Um efeito colateral do cristianismo é achar que somos melhores que os outros. Mas esse efeito colateral só atinge aqueles que não compreenderam a mensagem do evangelho, que é a de que todos carecem da glória de Deus, e que Deus nos dá a graça da salvação não porque somos bons, ou porque somos melhores que o vizinho, mas por favor imerecido. Porém, o erro de alguns não é motivo para aceitar o outro erro dos católicos.<br /><br />Então, o fato de ser bem recebido por católicos na igreja de Lourdes (passo lá perto todos os dias) não deve ser motivo achar que eles professam o amor de Cristo. O amor que é tanto apregoado na Bíblia não é o amor PP (permissivo e pernicioso), é um amor pelas almas perdidas tão grande, tão grande, que nós devemos defender a fé ferrenhamente, para que as almas não seja perdidas pelos enganos do inimigo. Então, se você os ama, deve amá-los como pecadores que precisam de Jesus, não amá-los para se juntar a eles em comunhão, tolerando as suas heresias.<br /><br />Paz e Abraço!<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">RESPOSTA:</span><br /><br />Caro Robson,<br /><br />Primeiramente, obrigado pelos seus comentários. Apesar de ser alguém que discordou e criticou um texto meu, apreciei seus comentários. Aliás, eu (ao contrário do Silas Malafaia) fico muito feliz quando recebo comentários de pessoas que discordam de meus textos. Isto mostra que o meu texto intrigou as pessoas, que o texto instigou as pessoas a pensar. Mas vamos aos seus comentários. <br /><br />Nota-se, pela quantidade de comentários e de recados que você me enviou, que você realmente ficou muito incomodado com o fato de eu aderir ao ecumenismo. Sua primeira mensagem chegou a conter até um pouco de revolta. Isso ficou muito visível nas palavras usadas. Você perguntou se eu “tolero” o ecumenismo, como se isso fosse um terrível mal, como se fosse algo que todo cristão devesse se evitar. Na outra mensagem enviada você foi mais comedido, como que tentando evitar a imagem “fundamentalista” presente em sua primeira mensagem. <br /><br />Enfim, eu concordo com algumas de suas preocupações levantadas, mas discordo de outras. Ao longo desta resposta vou tentar responder a você satisfatoriamente. <br /><br />Para começar, devo dizer que você tem um conceito MUITO errado do que é ecumenismo (perceba que o Lourival, que comentou no mesmo <a href="/2009/09/impressoes_de_um_sabado_ecumenico.html">texto</a> que você, faz a mesma confusão que você fez). Você claramente confunde <span style="font-weight:bold;">ecumenismo</span> com <span style="font-weight:bold;">sincretismo</span>. Você diz que “<span style="font-style:italic;">em nenhuma passagem há alguma sugestão do tipo ‘se não pode com eles, junte-se a eles’</span>” e “<span style="font-style:italic;">o ecumenismo é perigoso, pois leva-nos a tolerar as heresias</span>”. Ora, vejamos se isto é verdadeiro. Vamos pegar meu exemplo: eu participei de uma reunião ecumênica com católicos e, contrariando suas preocupações, em momento algum, eu comecei a acreditar que a mãe de Jesus merece adoração ou que os santos do passado fazem intercessão entre nós e Deus. É o sincretismo que prega que devemos acomodar nossas crenças com as crenças de outros grupos para que haja uma união, o ecumenismo prega (do contrário) que, em vista de objetivos comuns, devemos deixar as diferenças teológicas periféricas de lado. O que Constantino fez no século IV foi <span style="font-weight:bold;">sincretismo</span>, ele maquiou a fé cristã para que ela se acomodasse com as religiões pagãs de sua época e, assim, conquistasse mais adeptos; o que os teólogos da prosperidade fazem quando associam a fé cristã com princípios capitalistas é <span style="font-weight:bold;">sincretismo</span>, pois eles relacionam a fé com as heresias, para objetivo da fé (???). Agora, católicos e evangélicos deixarem suas diferenças teológicas de lado por um instante, em vista de um objetivo comum, não é sincretismo, é <span style="font-weight:bold;">ecumenismo</span>. No ecumenismo não há relação entre fé e heresia, há relacionamento entre pessoas de fés diferentes, com ambos mantendo sua mesma fé, deixado para discutir suas diferenças em momentos apropriados.<br /><br />No estudo sobre Filipenses que participei, nem os católicos deixaram de acreditar que o Papa é o representante de Cristo na Terra, nem os evangélicos presentes passaram a acreditar nisto. Estávamos lá para estudar a carta de Paulo aos Filipenses, só isto. E, em vista deste objetivo comum, as diferenças teológicas que eram irrelevantes ao estudo da carta de Paulo aos Filipenses, foram deixadas de lado. Um exemplo parecido aconteceu quando o Pr. Silas Malafaia – falando contra o PLC 122/2006 – disse que nós somos um país onde 93% da população é cristã. Ora, o Malafaia não concorda com algumas práticas dos católicos, mas, em vista de um objetivo que é comum tanto a católicos quanto a protestantes, as diferenças teológicas foram deixadas de lado, e ele corretamente reconheceu que somos um país com 93% de cristãos.<br /><br />Conseguiu compreender, Robson, o que é ecumenismo?<br /><br />Se você tiver familiares que não são cristãos evangélicos vai ser mais fácil ainda entender o ecumenismo. Pois toda família que possui diferentes vertentes religiosas, é uma família ecumênica. Usando como exemplo a minha família, a minha avó é católica e – independente disto – eu a amo e respeito. Sempre que acontece alguma festividade na igreja evangélica que nós a convidamos a ir, ela vai, e vice-versa. Eu jamais vou deixar de amá-la pelo fato dela não partilhar da mesma opinião teológica que a minha sobre Maria. Eu vou continuar a amando e se um dia ela me chamar para estudar a Bíblia com ela, eu jamais negaria seu convite. Até mesmo os críticos do ecumenismo não negariam participar de um estudo bíblico com um familiar católico ou espírita se esse o convidasse. Porém, se o convite vem de um católico ou de um espírita desconhecido, os críticos evangélicos do ecumenismo não iriam, e eu não entendo por qual razão. Será que devemos amar e respeitar apenas os católicos que são nossos parentes?<br /><br />De forma alguma!<br /><br />Portanto, acredito que respondi e desfiz seu mal entendido sobre ecumenismo e sincretismo. São coisas totalmente diferentes. Eu nego o sincretismo, mas abraço o ecumenismo. Eu não preciso abandonar os princípios que eu acredito ser verdadeiro se eu quiser sentar na mesma mesa que um católico (ou espírita, islã, hindu, budista, ou qualquer coisa) para estudar a Bíblia ou realizar qualquer tarefa. A mim me parece ser uma tremenda falta de convicção sobre aquilo que se acredita se uma pessoa evitar conversar abertamente com alguém de uma religião diferente por ter medo de deixar de acreditar em seus princípios. <br /><br />Mas, vamos prosseguir em comentar sobre seus comentários.<br /><br />Você diz que “<span style="font-style:italic;">A união que prega a Bíblia é a união promovida pela VERDADE. Só a verdade une</span>” e posteriormente diz que “<span style="font-style:italic;">Se você olhar o NT atentamente, observará que Paulo, João, Pedro, Judas gastam metade do tempo só falando para vigiar contra as falsas doutrinas, os falsos mestres. Ou seja, Deus não tolera heresias</span>”. Ora, eu discordo profundamente de você. Primeiramente, o que une as pessoas é o <span style="font-weight:bold;">amor</span> e a <span style="font-weight:bold;">tolerância</span> e não a “verdade”. Ser intolerante nunca foi uma virtude e nenhuma pessoa jamais gostou de se deparar com uma pessoa intolerante ao expor alguma opinião sua. Sobre a segunda citação sua mencionada neste parágrafo, o fato de Paulo, João e Pedro terem gastado “metade de seu tempo” pregando contra as “falsas doutrinas” não significa que Deus não tolera heresias. Primeiro porque João, Paulo e Pedro eram pecadores tanto quanto nós somos, e eles poderiam muito bem ter enfatizado algum ponto que Jesus não enfatizou muito. Aliás, isto claramente aconteceu. Jesus jamais repreenderia algum gentio que quisesse segui-lo, mas que não quisesse se circuncidar, e vários apóstolos assim agiram (ler a controvérsia que gerou o Concílio de Jerusalém, em Atos); Jesus jamais diria que era proibido às mulheres abrir a boca na congregação, mas Paulo deu esta ordem em uma de suas cartas. Em segundo lugar, a questão da “heresia”, ao que me parece quando leio a Bíblia, era indiferente a Jesus. Cristo nunca entrou em discussões teológicas profundas durante seu ministério. Ele, do contrário, jamais (pode até reler os evangelhos com isto em mente se quiser) falou contra qualquer das religiões existentes de sua época, apenas contra a sua própria: o judaísmo. Jesus constantemente falava contra as práticas hipócritas do judaísmo (como manter o exterior limpo e cultivar sujeira no interior), mas jamais falou contra as religiões romanas, nem contra as religiões egípcias, nem contra as religiões babilônicas, nem contra as filosofias gregas. A questão da “heresia”, portanto, em minha opinião, era indiferente a Jesus. Nosso mestre sabia que as pessoas discordam em várias questões, pois cada pessoa é um universo particular de pensamentos, experiências e opiniões. A um árabe não é tão fácil se tornar cristão como é fácil a um americano, pois, ao árabe, aceitar a fé cristã é abraçar a fé das pessoas que mataram seus antepassados. Em terceiro lugar, os apóstolos falavam contra as heresias, sim, mas falavam apenas contra as heresias judaicas e as heresias gnósticas, ou seja, heresias “internas” ao próprio pensamento judaico-cristão. Paulo, por exemplo, não tinham problema algum em se relacionar com a filosofia dos gregos ou com os romanos. Existem até tradições que afirmam que Paulo manteve correspondências com o filósofo estóico Sêneca (apesar de isto ser pouco provável).<br /><br />A seguir, Robson, você diz que eu não devo “<span style="font-style:italic;">chamar ‘bom’ o que Deus já disse que é ‘mau’</span>”. Eu gostaria de saber onde foi que Deus disse que o ecumenismo é essencialmente mal. Na Bíblia, tal afirmação certamente não está, uma vez que lá somos incentivados até a “<span style="font-style:italic;">provar de tudo e reter o que é bom</span>” (I Ts 5:21).<br /><br />Prosseguindo, você questiona a “cristandade” da Igreja Católica Romana. Você pergunta: “<span style="font-style:italic;">para que teimar em encontrar cristianismo em um lugar que é óbvio que não tem?</span>”. Mais adiante: “s<span style="font-style:italic;">e você os chama de ‘irmãos católicos’, automaticamente admite que eles estão no mesmo corpo de Cristo que você, que eles vivem a mesma vida transformada que você. (...) Se você admite que eles são seus "irmãos em Cristo</span>", então eles não precisam mais ser evangelizados!”. Bem, aqui chegamos a um ponto crucial de discordância entre eu e você: a “cristandade” dos católicos. Para você, claramente, eles não são cristãos (engraçado é que para os católicos fundamentalistas, nós evangélicos é que somos aqueles que não são cristãos). Eu discordo de você. Confesso que demorou muito para que eu chegasse a esta conclusão, mas hoje eu enxergo um católico da mesma forma como eu enxergo um evangélico. <br /><br />Vamos começar por definir o termo “cristão”, afinal, se não se tivermos bem definido o que queremos dizer com “cristão”, logo não vamos chegar a lugar nenhum. “Cristão”, para mim, é aquele que reconhece que Deus, na forma de Jesus Cristo, nasceu em carne e pagou o preço que a humanidade deveria ter pago por causa do pecado, com o intuito de redimir a humanidade. Os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez em Antioquia (Atos 11:36), e eles foram chamados assim, pois aqueles discípulos acreditavam em um tal de Jesus Cristo, que era, nas palavras de Paulo, escândalo para os judeus e loucura para os gentios (I Co 1:23). <br /><br />Ora, mas se a definição de cristão é esta mencionada acima, então os católicos são sim cristãos. Independente de suas crenças periféricas que não condizerem com a Bíblia, eles acreditam que Jesus Cristo é o filho de Deus que nasceu para redimir a humanidade, e este é o núcleo da fé cristã. Você pode ler, Robson, qualquer credo, encíclica papal ou documento oficial católico, jamais um documento católico questionou o fato de Jesus ser o filho de Deus. Os católicos reconhecem que Jesus é o filho de Deus e, assim, eles são cristãos.<br /><br />C. S. Lewis concorda comigo. Em suas palavras:<br /><br /><blockquote>Ora, se permitirmos que as pessoas comecem a espiritualizar e refinar, ou, como elas diriam, “aprofundar” o sentido da palavra “cristão”, este termo também vai rapidamente se tornar inútil. (...) Não cabe a nós dizer quem, no sentido mais profundo, está próximo do espírito de Cristo, pois não temos o dom de sondar os corações humanos. (...) Quando um sujeito segue uma vida indigna da doutrina cristã que professa, é muito mais claro dizer que se trata de um mau cristão do que chama-lo de não-cristão.</blockquote><br />Os evangélicos não estão nem aí para a preocupação de definição logo e levantam coro: <span style="font-style:italic;">Ah, mas eles são idólatras! Eles acreditam que a palavra do Papa jamais erra! Eles acreditam em outros mediadores entre Deus e os homens!</span><br /><br />Minha resposta a isto é simples: se estas coisas são capazes de tirar a “cristandade” dos católicos, não tirariam também a “cristandade” dos evangélicos? Os católicos são idólatras, e os evangélicos também. Dá nojo ver os ídolos evangélicos da música gospel, ou os pastores das mega-igrejas, isso sem falar das idolatrias denominacionais que são muito comuns. Os católicos acreditam que a palavra do Papa é a palavra de Deus, mas os evangélicos também. Ouse questionar seu pastor dentro da Igreja, Robson, e veja o que acontece. Os católicos acreditam em outros mediadores da graça de Deus, e, para variar um pouco, os evangélicos também. Quantas pessoas não acreditam que em culto de pastor <span style="font-weight:bold;">X</span> os milagres acontecem, como se fosse este pastor <span style="font-weight:bold;">X</span> fizesse algo que os outros não fazem? <br /><br />Robson, eu critiquei os católicos muito em minha adolescência, mas, no fim, percebi que os evangélicos cometem as mesmas coisas que os católicos praticam que eu considero “heresia”. E, se não os devo considerar cristãos porque existem erros em sua liturgia ou Teologia, porque deveria considerar os evangélicos como cristãos, uma vez que eles cometem os mesmo erros? É como eu sempre digo: se acreditar honestamente em algo errado fizesse Deus amar menos as pessoas, os evangélicos seriam os primeiros no ranking dos odiados por Deus. Os católicos erram? Sim, mas não há entre os cristãos aqueles que demonstram mais o amor “ágape” do que os católicos. Se por um lado os católicos erram “teologicamente”, eles de outro lado, realizam muitíssimas obras sociais em suas comunidades. Já do lado protestante, enquanto os evangélicos também erram “teologicamente” em muitas questões, eles estão pouco se lixando para as pessoas que estão morrendo de fome diariamente em nossas cidades e pregam a Teologia da Prosperidade, preocupando-se mais com seus umbigos do que com o amor ao próximo.<br /><br />Lembre-se: a salvação é pela fé, mas atinge-se a fé apenas pelas obras, pois a fé sem obras é morta (Tg 2:17). Portanto, Robson, “heresia” mesmo não é errar o alvo quando se vai acreditar em algo espiritual, mas não praticar aquilo que se acredita ser verdadeiro. Cristo manifesta isto claramente na parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37). De acordo com esta parábola, um homem ia descendo de Jerusalém a Jericó e foi pego e maltratado por assaltantes. Aí passaram por ele sacerdotes, levitas e outros integrantes da “fé verdadeira” judaica. Se esta parábola tivesse sido escrita por Jesus nos dias de hoje, ele usaria “pastores e ministros de louvor” ao invés de “sacerdotes e levitas”. Enfim, as pessoas da “fé verdadeira” passaram e não fizeram nada para ajudar ao homem caído. Aí passou um samaritano – os samaritanos eram odiados pelos judeus, era os maiores hereges, os maiores inimigos da fé, no contexto da época – e o samaritano ajudou o homem caído. Então Jesus perguntou: qual dos três praticou o mandamento de Deus de amor ao próximo?<br /><br />Isto é evidente demais! Como os evangélicos não conseguiram perceber isto?<br /><br />Quem tem valor para Deus: aquele que bate no peito orgulhoso por ter a “fé verdadeira”, ou aquele que, independente de ter alguns errinhos em sua crença (ou, como o contexto de “samaritano” nos diz, ser um profundo herege), mas que pratica os mandamentos de amor de Deus na medida em que pode?<br /><br />Portanto, questões doutrinárias são pontos secundários e, os católicos, por acreditarem e aceitarem o núcleo da fé cristã – Jesus Cristo, filho de Deus – e, ainda mais, por terem uma “prática cristã” muito mais efetiva e freqüente que os evangélicos, são sim, em minha opinião, cristãos, participantes do corpo de Cristo, e meus irmãos na fé. <br /><br />Por fim, Robson, você chegou a mencionar em um de seus comentários os links de algumas pessoas que discordam do ecumenismo, dentre eles, um link do blog do Ciro Sanches Zibordi. Eu já li o livro “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” do Ciro Sanches. Eu concordei com muitas afirmações de Ciro neste livro em relação à hipocrisia evangélica, mas em absoluto eu não concordei com suas opiniões sobre o Ecumenismo, sobre a Filosofia (seu comentário sobre Filosofia e Lógica chega a ser patético, capaz de ser refutado por um estudante do ensino médio que teve a disciplina “Filosofia” na grade) e sobre o Rock n’ Roll. Mencionei isso apenas para te dizer que eu não aceito sua menção ao Ciro não por pré-conceito, mas por ter conceito formado sobre a opinião dele sobre o ecumenismo.<br /><br />E, claro, se existem aqueles que discordam do ecumenismo, existem aqueles que concordam. Algumas sugestões, para você ler depois, de ecumenistas são:<br /><br /><span style="font-weight:bold;">- C. S. Lewis:</span> que além de ter sido “evangelizado” pelo seu amigo católico Tolkien, disse em “Cristianismo Puro e Simples que “<span style="font-style:italic;">O leitor deve saber desde já que não oferecerei ajuda a ninguém que esteja hesitante entre duas denominações cristãs. Não sou eu que vou lhe dizer se você deve seguir a Igreja Anglicana, a Católica Romana, a Metodista ou a Presbiteriana. Essa omissão é intencional (mesmo na lista que acabei de elaborar, a ordem é alfabética)</span>”.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">- Philip Yancey:</span> leia seu livro “Alma Sobrevivente”, onde ele diz quais foram seus mentores espirituais ao longo de sua vida. Não apenas católicos estão lá (como C. K. Chesterton, Annie Dillard e o padre Henri Nouwen), mas como também o hindu Mahatma Gandhi.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">- Ana Paula Valadão:</span> veja vídeo abaixo:<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/44pJ3wesIF0&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/44pJ3wesIF0&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Vou terminar minha resposta aqui. Caso algum ponto levantado por você não tenha sido comentado por mim, poste um comentário logo abaixo e eu te respondo.<br /><br />Novamente, obrigado pelos seus comentários sobre meus textos. <br /><br />Um abraço!<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-9141974086853158089?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com10tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-86801868929090919792009-09-06T09:35:00.000-07:002009-09-06T09:50:19.225-07:00Existe Sentido Para Nossa Existência?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqPnoe2QVqI/AAAAAAAAAac/syOA2YF9ZNU/s1600-h/despair_3.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 244px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqPnoe2QVqI/AAAAAAAAAac/syOA2YF9ZNU/s320/despair_3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378397062671914658" /></a><div style="text-align: justify;">Uma das questões mais abordadas nos debates entre cristãos e ateus é sobre o sentido da existência de todas as coisas. Tudo o que aconteceu, acontece ou acontecerá neste universo, possui um sentido objetivo de ser? Existe algo que norteia objetivamente nossas ações e decisões? Ou não? Devemos responder sobre nossos atos? Se sim, a quem ou a o que devemos responder? Se não, por que no final das contas agimos como se tivéssemos que sim?<br /><br />O debate é geralmente travado entre cristãos e ateus. Claro, vários representantes de outras “vertentes” também se interessam com este debate, mas, geralmente, cristãos e ateus são os protagonistas deste debate. De um lado, os cristãos dizem que se existe algo que possamos identificar como “sentido” na existência, Deus necessariamente deve existir; do outro lado, os ateus se dividem em duas posições sobre a mesma questão: (a) que os valores morais e o “sentido” existem, mas que a existência destas coisas não implica necessariamente na existência de Deus; e (b) que não existem valores morais objetivos e nem sentido para o universo uma vez que não existe nenhum Deus ou ser que regulamente sobre estas coisas.<br /><span class="fullpost"><br />O ateu Sam Harris parece pertencer ao primeiro grupo (aqueles que acreditam que existe sentido para a existência, mas que isto não implica necessariamente na existência de Deus). Em suas palavras:<br /><br /><blockquote><span style="font-weight:bold;">1) Ateus acreditam que a vida não tem sentido –</span> Pelo contrário: são os religiosos que se preocupam freqüentemente com a falta de sentido na vida e imaginam que ela só pode ser redimida pela promessa da felicidade eterna além da vida. Ateus tendem a ser bastante seguros quanto ao valor da vida. A vida é imbuída de sentido ao ser vivida de modo real e completo. Nossas relações com aqueles que amamos têm sentido agora; não precisam durar para sempre para tê-lo. Ateus tendem a achar que este medo da insignificância é... bem... insignificante. (<a href="http://ateus.net/artigos/ateismo/10_mitos_e_10_verdades_sobre_ateismo.php">fonte</a>)</blockquote><br />A segunda posição ateísta, defendida por ateus como Bertrand Russell e Nietszche, é também aceita por – para usarmos um exemplo tupiniquim – André Díspore Cancian, fundador e mantenedor do site <a href="http://www.ateus.net">Ateus.net</a>, um dos maiores portais ateístas brasileiros na rede. Para André,<br /><br /><blockquote>Quanto à moral, sou um amoralista; isso não significa que sou amoral, mas somente que defendo a inexistência de valores universais (...). Na prática, minha moral é a simples crueza de um egoísmo racional e utilitarista. Adotei a tática que me parece mais eficiente e prática para promover meu bem-estar, que consiste nesta máxima: tudo de melhor para mim e tão-somente. E para os outros? Para os outros apenas faço e desejo o bem se, em troca, me forem úteis também de algum modo; diretamente, indiretamente ou apenas potencialmente (...). No meu ponto de vista, tudo isso que estamos vivendo não passa de um resultado mecânico de fatores físicos impessoais que culminaram, através de entidades informacionais auto-replicantes – no nosso caso, o DNA –, em nossa existência enquanto máquinas, portanto sem livre-arbítrio, conscientes de si mesmas e tendo, por sua própria natureza, o objetivo da perpetuação, que por sua vez não tem objetivo algum (...). Por isso, não penso em nossa vida como uma grande maldição, mas apenas como um grande vazio onde tudo é efêmero e sem significado; mas, por isso mesmo, livre. Não poderia negar, todavia, que minha visão pessoal a respeito da realidade é um tanto funesta; mas este é meu posicionamento individual, e não tenho a menor intenção de generalizar minhas conclusões e impressões pessoais e impô-las a outrem. Apenas me espanta que a vida seja tão insignificante, tão lúgubre, durante a qual guardamos tão poucas memórias dignas de um espontâneo sorriso solitário, entre quatro paredes. (<a href="http://ateus.net/autor/">fonte</a>)</blockquote><br />A pergunta base aqui, portanto, é a seguinte: o universo possui sentido? <br /><br />Para os cristãos (também para as demais religiões teístas e o hinduísmo), existe sim um sentido para a existência. Mesmo que não consigamos responder à questão “por que estamos aqui”, todos, no fundo, sabem que existe algum objetivo para nossa existência. No seio teísta, portanto, não há discordância alguma sobre a questão da existência de sentido para as coisas. Para aqueles que acreditam em Deus, existimos porque em algum tempo um ser infinito, absoluto e princípio explicativo de todas as coisas decidiu criar o que conhecemos como “universo”. Também, os crentes em Deus concordam que Deus nos criou para que nos relacionássemos com Ele.<br /><br />Este texto, portanto, não vai focar a opinião cristã sobre a questão da existência de sentido para nossa existência. Até mesmo os ateus concordam que, se Deus existe, certamente existe um sentido para tudo o que é existente relacionado a Ele. A questão aqui é: se Deus não existe, existe sentido para as coisas existentes?<br /><br />Como já foi dito, as opiniões ateístas se concentram em variações de dois extremos: a) que os valores morais e o “sentido” existem, mas que a existência destas coisas não implica necessariamente na existência de Deus; e (b) que não existem valores morais objetivos e nem sentido para o universo uma vez que não existe nenhum Deus ou ser que regulamente sobre estas coisas.<br /><br />Obviamente, as duas posições não podem estar corretas ao mesmo tempo. Podemos dizer que ambas são possíveis em um “mundo possível”, mas não podemos dizer que ambas podem existir ao mesmo tempo em um mesmo “mundo possível”. Ou o universo possui ou ele não possui sentido de ser. Nenhum relativismo pode ser aplicado aqui sem que negue a lei lógica da não-contradição.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqPn99WRSdI/AAAAAAAAAak/2OfgCWhYwyQ/s1600-h/frankenstein4.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SqPn99WRSdI/AAAAAAAAAak/2OfgCWhYwyQ/s320/frankenstein4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378397431636511186" /></a>Na belíssima obra de Mary Shelley, Victor Frankenstein – um jovem muito curioso que decidiu estudar ciências biológicas e que, como resultado de sua curiosidade e de seus estudos, criou um ser vivo monstruoso que destruiu toda sua vida posteriormente – disse algo que pode nos ajudar na tarefa de responder à questão-chave deste texto. Ele disse:<br /><br /><blockquote>“Para examinarmos as causas da vida, devemos começar pela morte”</blockquote><br />Claro que Victor Frankenstein não estava ali dissertando sobre o sentido da vida, ou sobre a existência de valores morais objetivos que regulamentam nossa existência. Mas, a frase de Frankenstein pode muito bem ser aplicada como base para nossa resposta sobre a questão do sentido para o universo. <br /><br />O universo tem sentido? Usando o princípio proposto por Frankenstein, devemos observar a “morte” – o fim de todas as coisas – antes de responder. Só saberemos se o universo tem algo sentido de ser se seu fim apresentar algum sentido objetivo que dependa de nossas ações presentes, de forma que, caso nossas práticas não condigam com o suposto sentido para o qual ele existe, ele não atinja este sentido.<br /><br />Vou explicar esta questão com um exemplo mais prático: todo o mundo está preocupado com o desperdício de água. Campanhas e mais campanhas educativas são promovidas para reeducar as pessoas em relação ao uso consciente da água. Por que? Ora, porque a água é um recuso natural limitado que, se não usamos com prudência, não teremos no futuro. Se os reservatórios de água fossem ilimitados e jamais houvesse alguma ameaça de não se ter água no futuro, não haveria preocupações, nem racionamento, nem campanhas educativas sobre consumo consciente. As campanhas sobre consumo de água possuem, portanto, sentido de ser: as pessoas olharam para a “morte”, ou seja, olharam para o futuro da Terra sem água disponível e perceberam: precisamos mudar nossos hábitos, senão nossos filhos não terão o que beber no futuro.<br /><br />Nossos filhos terão ou não água disponível no futuro se nós regulamentarmos com prudência nosso consumo. Nossas ações do presente vão interferir no futuro, portanto, a preocupação com o consumo de água possui um sentido. Imagine agora dois quadros ilusórios: (i) que nossos recursos fossem ilimitados independente de nossos atos; e (ii) que não tivéssemos recursos independentemente de nossos atos. Ora, em ambos os casos as campanhas relacionadas ao bom uso da água não teriam sentido algum. No caso (i) se consumíssemos 2 litros ou 2 milhões de litros de água por dia, não alteraríamos em nada a quantidade de água no futuro, pois ela seria um recurso ilimitado. Um exemplo para o caso (ii) seria, por exemplo, nossas ações em relação a espécies animais já extintas. Ora, nenhum cuidado (ou falta de cuidado) nosso em relação à natureza jamais fará com que um dinossauro (ou qualquer espécie já extinta) volte a existir.<br /><br />Sendo assim, se quisermos saber se há sentido para algo, devemos olhar para o fim deste algo. Nossa existência neste universo possui sentido, uma vez que não existe Deus? Para sabermos a resposta devemos olhar para o fim do universo – sem Deus – e ver se, à luz deste fim, nossa existência possui algum sentido ou não. <br /><br />E é aqui que os ateus se enrolam. Analisando esta questão, William Lane Craig diz:<br /><br /><blockquote>Os seres humanos são apenas subprodutos acidentais da natureza que se desenvolveram em tempos relativamente recentes, a partir de uma partícula de poeira infinitesimal perdida em algum lugar de um universo hostil e sem mente, fadado a perecer, individual e coletivamente, em um período de tempo muito curto. (CRAIG, W. in: <span style="font-weight:bold;">Ensaios Apologéticos</span> - Editora Hagons, p. 159) </blockquote><br />Ora, se não há Deus, não apenas os seres humanos, mas também o próprio universo se trata de apenas um acidente sem valor e sem propósito que, a despeito do que fizermos ou não fizermos, está condenado a um fim, onde tudo que existiu (seja bom, seja mal, vai desaparecer). Em um mundo sem Deus, o universo não tem sentido objetivo, aliás, nem mesmo a existência tem sentido. Se todas as pessoas forem más, a raça humana e o universo vão desaparecer algum dia e, se todas as pessoas forem as melhores possíveis, também. Em um mundo sem Deus, tanto os “Gandhi” quanto os “Hitler” que passaram por aqui terão o mesmo fim. Estuprar uma criança ou alimentá-la não faz diferença em mundo sem Deus, afinal, qualquer que seja sua atitude, ela não influirá no “fim” que o universo está predestinado a ter.<br /><br />As palavras de André Cancián, citadas mais acima, são duras e secas, mas profundamente verdadeiras. Se não existe algo que fundamente e “regulamente” aquilo que chamamos de “moralmente correto”, por que raios deveríamos acreditar que tais padrões morais existem? Por que estupro é algo moralmente incorreto na visão de mundo ateísta? “Por que é algo que prejudica o violentado”, alguém pode responder. Mas, porque “não prejudicar o próximo” é algo moralmente correto? O que fundamenta esta moralidade? O que a regulamenta, caso alguém não a pratique? E, além do mais, por que deveria eu me preocupar com meus atos uma vez que não há nada que eu possa fazer para alterar meu destino (que é desaparecer e não levar seque um mínimo pensamento comigo para a morte) e nem o destino do universo (implodir em si mesmo – o <span style="font-style:italic;">big crunch</span>, como dizem alguns cosmólogos – e destruir tudo o que existiu, seja bom, seja ruim).<br /><br />Se Deus não existe, nada do que fizermos é objetivamente correto ou errado. Nada é bom ou ruim relacionado ao “todo” do universo. Como disse Cancián, a vida é um grande vazio, onde tudo é efêmero, sem significado, sem sentido.<br /><br />Agora, porém, pergunte a si mesmo: existe sentido para as coisas? A vida vale algo? Existe sentido em travar debates sobre a existência de Deus? Por quê? Por que devemos ser seres racionais? O que você ganha sendo uma pessoa racional em relação a aquele que não é? Em relação ao fim, quem agiu melhor: alguém que depositou toda sua vida no estudo da ciência ou aquela que ficou em casa jogando vídeo-game?O universo tem sentido? Em que sentido vale à pena amar? Qual é o sentido da vida? Por que vale a pena conhecermos a nós mesmos?<br /><br />Estas são as perguntas pelo ser humano desde que ele se entende como humano. Elas têm levado as pessoas ao longo dos séculos a acreditar que existe algo que fundamenta o sentido de nossa existência, o que chamamos Deus. Porém, diferentemente do que Feuerbach propôs no século XIX e que Sam Harris sugeriu timidamente na citação no início deste texto, o fato de desejarmos Deus e de este desejo estar intimamente relacionado com a questão do sentido do universo não significa que criamos Deus para satisfazer este desejo de “sentido”. O fato de eu ter desejado amar uma pessoa quando era adolescente não torna o amor que sinto atualmente pela minha namorada irreal. Algumas vezes, sim, criamos objetos e pensamentos a partir de nossos desejos, mas o fato de desejarmos um objeto não torna a existência deste objeto irreal. Em termos lógicos:<br /><br />O fato de <span style="font-weight:bold;">P -> Q</span> de maneira alguma significa que <span style="font-weight:bold;">Q -> P</span>.<br /><br />As perguntas sobre sentido ainda persistem para o ateu. Ele precisa responder a todas estas questões e prover algo que fundamente o sentimento de “sentido” que temos em relação à nossa existência e ao universo antes de dizer, pretensiosamente, que não existe Deus. Na ausência de uma explicação convincente por parte dos ateus em relação ao sentido do universo, sinto-me completamente nos meus direitos racionais em continuar acreditando que a explicação “Deus” é a melhor que temos em relação à fundamentação do sentido e dos valores morais no universo. <br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-8680186892909091979?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com3tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-39426837049045657612009-09-02T16:22:00.000-07:002009-09-02T16:44:58.093-07:00Impressões de um Sábado Ecumênico<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp8DS-2j0AI/AAAAAAAAAaU/AGvyhV2WgEg/s1600-h/a.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp8DS-2j0AI/AAAAAAAAAaU/AGvyhV2WgEg/s320/a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377020104748027906" /></a><div style="text-align: justify;">No último sábado (29/08/2009), na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Belo Horizonte, aconteceu um estudo bíblico promovido pela editora/livraria Paulus chamado “Entendendo a Carta aos Filipenses”. O presente texto traz algumas impressões que tive sobre a realização deste estudo.<br /><br />Fiquei sabendo sobre este estudo um mês antes dele acontecer, enquanto ia para a faculdade. O horário, a princípio, me pareceu desanimador: de 9:00 hrs às 17:00 hrs. Passar um sábado inteiro sentado numa cadeira dura estudando uma carta de Paulo que eu já tinha lido quase uma dezena de vezes não era lá algo muito empolgante. Mas, estudar nunca é demais, então fiz minha inscrição e aguardei a chegada do dia 29/08 com certo desdém, sem ter certeza se ia ou não ao estudo. Como minha namorada ganhou uma promoção para passar um final de semana em um SPA e, como este final de semana coincidia com o sábado do estudo, resolvi ir. <br /><br />Enfim o último sábado de Agosto amanheceu e, ainda assim relutante por causa da preguiça, me aprontei para ir ao local do estudo. Cheguei à Paróquia de Lourdes às 8:45 hrs e a primeira impressão que tive não me agradou muito: cerca de 20 pessoas, das quais umas 12 aparentavam ter mais de 45 anos de idade (a maioria dos presentes eram mulheres). Antes de começar o estudo, um <span style="font-style:italic;">corinho</span> bem “brega” foi cantado <span style="font-style:italic;">a capella</span> pelas <span style="font-style:italic;">irmãs</span>. Aqueles corinhos que, enquanto cantados, as pessoas se abraçam e se cumprimentam. No começo me senti um peixe fora d’água naquele ambiente, mas, a alegria estampada no rosto dos presentes enquanto cantavam e se abraçavam me comoveu: as pessoas que estavam ali estavam realmente felizes e ansiosas não apenas em aprender mais sobre a Bíblia, mas para passar um dia entre amigos, em comunhão.<br /><span class="fullpost"><br />Algo muito interessante veio a seguir: as pessoas foram convidadas a ir ao centro da sala, dizer o nome, de onde vinham e qual <span style="font-style:italic;">comunidade</span> elas freqüentavam. “Como sou o único peixe diferente aqui, vou ser humilde e me apresentar com as mais breves palavras possíveis”, pensei.<br /><br />A <span style="font-style:italic;">irmã</span> que estava conduzindo o estudo respondeu “Nós é que estamos aqui para aprender com você, Eliel. Você é muito bem vindo” quando eu disse em minha apresentação que era “Batista” e que estava lá para aprender com eles.<br /><br />Como fui um dos primeiros a se apresentar, meus temores em razão do fato de eu ser protestante em meio a tantos católicos se mostraram não ser justificáveis: outros protestantes estavam presentes, e outros chegaram após o estudo já ter começado. Na parte da tarde – após todos os participantes terem chegado – éramos 28 pessoas lá, 19 católicos e 9 protestantes (um interessante detalhe é que dos 9 protestantes, 8 eram batistas). Estávamos, portanto, em um ambiente completamente ecumênico, onde as divergências teológicas periféricas ficaram de lado enquanto nos identificávamos sob um único pensamento comum: <span style="font-weight:bold;">Jesus Cristo, o filho de Deus</span>. Naquela reunião não éramos católicos, nem batistas, nem pentecostais, nem carismáticos, éramos simplesmente cristãos.<br /><br />O interessante é que não era esperado pelos organizadores do estudo que tantos protestantes (32% dos presentes) estivessem presentes no local, especialmente por ele acontecer em uma paróquia católica. Mediante tal surpresa, a <span style="font-style:italic;">irmã</span> que ministrou o estudo sugeriu que todos nós almoçássemos na Faculdade Evangélica de Teológica Isabela Hendrix em nome do amor e da união de cristãos de diferente confissão teológica.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp8DJWeJSYI/AAAAAAAAAaM/lymAfLCuFQw/s1600-h/b.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 215px; height: 215px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp8DJWeJSYI/AAAAAAAAAaM/lymAfLCuFQw/s320/b.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377019939289385346" /></a>Enfim, o ambiente em que estávamos era dos melhores e foi com este clima de respeito mútuo e de unidade que o estudo sobre a carta de Paulo aos filipenses aconteceu. Na parte da tarde, por volta das 14:00 hrs, para melhorar ainda mais o clima em que estávamos, o coral e a orquestra da Paróquia de Lourdes começaram a ensaiar, e o som de grandes obras clássicas do passado invadiu a sala onde estávamos sem pedir licença. Maravilhoso!<br /><br />Digo com orgulho e com vergonha de que esta foi apenas a segunda ou terceira vez no ano de 2009 que saí de uma reunião cristã pensando “puxa, valeu mesmo a pena ter vindo aqui!”. Primeiramente, descobri que não conhecia praticamente nada sobre a carta de Paulo aos Filipenses – que já havia lido antes quase 10 vezes – antes deste curso. Realmente, aprendi bastante. O orgulho sentido após sair do estudo foi devido as muito boas impressões que pude extrair daquela reunião ecumênica, onde ninguém se julgava superior em nada aos demais presentes; lá não havia santos, apenas simples pecadores; gente comum, em todos os sentidos iguais, necessitados da mesma Graça de Deus; pessoas que estavam ali buscando apenas conhecer mais sobre o mesmo Deus e por em práticas a comunhão entre irmãos. <br /><br />Já a vergonha sentida, foi por saber que reuniões como esta que participei são apenas exceções, e que após ter saído dali, havia voltado à minha vidinha de assistir os cultos dos “super-santos”, aqueles “apaixonados por Jesus” que estão absolutamente certos em tudo em que acreditam; que estão tão sempre certos que acham perda de tempo ouvir aqueles que discordam deles; aqueles que acham que estes que discordam não passam de idólatras pecadores filhos de Satanás que vão queimar nos quintos dos infernos. <br /><br />Enfim, gostei bastante do estudo sobre a carta de Paulo aos Filipenses organizado pelos meus irmãos católicos. Deus abençoe o ecumenismo!<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-3942683704904565761?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com16tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-3156907173633437182009-09-01T13:20:00.000-07:002009-09-02T16:49:49.004-07:00Carta ao Pr. Silas Malafaia: Sobre o seu Comprometimento com a Teologia de Satanás<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2MYm1PwbI/AAAAAAAAAaE/D73DJUru0pk/s1600-h/20080516122329_307ea.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2MYm1PwbI/AAAAAAAAAaE/D73DJUru0pk/s320/20080516122329_307ea.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5376607884518867378" /></a><div style="text-align: justify;">Caro Pastor Silas Malafaia,<br /><br />Antes de dizer qualquer coisa, devo ser sincero e dizer que o “caro” na saudação acima foi apenas por educação, uma vez que não vejo atualmente algo que possa identificar como louvável em você ou em suas recentes atitudes. <br /><br />Apesar de bastante crítico, sou uma pessoa calma, que não briga e que raramente fica nervosa com alguma coisa. Também, apesar de já ter escrito dezenas de críticas contra posturas evangélicas que considero – para dizer pouco – prejudiciais à fé, em todos meus textos eu jamais escrevi uma carta criticando uma pessoa de forma direta. Jamais havia considerado alguém (ou uma ação de alguém) tão prejudicial ao ponto de sobre este alguém (ou sobre sua atitude) escrever um texto especificamente, mas você conseguiu esta façanha. Você foi o primeiro a realmente me deixar nervoso, irritado ao ponto de sentir nojo de alguns ensinamentos que você tem proferido.<br /><br />Em homenagem à sua façanha, estou te escrevendo esta carta. Mas, por favor, não a interprete mal. Apesar de sentir nojo de algumas coisas (lê-se "quase todas") que você diz, eu o respeito como pessoa e como pensador. Afinal de contas somos todos nós criaturas do mesmo Deus, dotados da mesma capacidade racional e, claro, sujeito aos mesmos erros e enganos. Talvez no fim das contas eu esteja errado, e você certo. Mas, se assim for, te dou a oportunidade através desta carta de defender suas práticas e seus ensinamentos. Estou aberto a ouvir e analisar tudo o que disser, desde que diga com amor, e fazendo bom uso da razão simples. Apenas não venha com frases do tipo “<span style="font-style:italic;">sou profeta de Deus e você me respeite</span>” ou “<span style="font-style:italic;">oro para que Deus te perdoe pelas suas blasfêmias</span>” ou “<span style="font-style:italic;">não toque no ungido do Senhor</span>”. Nada destas ladainhas de pastor que não quer ser criticado me interessam. <br /><span class="fullpost"><br />Para dizer a verdade, não estou nem interessado em travar debates sobre prática X ou Y, pois tais debates seriam infrutíferos, uma vez que você é mestre em manipular passagens bíblicas a seu favor como você já demonstrou diversas vezes em seus programas. Estou apenas me expondo aqui, com sinceridade, analisando suas práticas e ensinamentos à partir da maneira como as coisas "espirituais" soam a mim. Que Deus seja testemunha de que em nenhum momento desta carta eu disse algo que não esteja de acordo com a maneira como eu entendo e concebo a Palavra do Evangelho. <br /><br />A prática principal vinda de você que me enoja é a famosa <span style="font-style:italic;">Teologia de Mamom</span>. Sinceramente, deixe-me lhe perguntar: você não tem vergonha na cara de defender hoje tudo o que você pregou fervorosamente contra no passado, quando ainda era um defensor da pureza e simplicidade do Evangelho? O que aconteceu com você Silas? Como um pastor pôde se vender a tudo aquilo que uma década atrás criticava? Será que foi por causa do bigode? Será que se uma pessoa cultivar um bigode por muito tempo, quando ela o raspar, a ética irá junto pelo ralo? Ou será que você só raspou o bigode para tirar a imagem “pesada” que você tinha e assim ficar mais apresentável e bonitinho na hora que arrancar dinheiro do povo? Se for isso eu entendo, afinal, marketing é tudo! Já que você considera proveitoso gastar milhões de reais com um programa de TV que, em sua metade, consiste apenas de petições de esmolas aos tele-espectadores, sim, você precisa se aparentar bem.<br /><br />É muito engraçado até. Na primeira parte do programa vemos um Silas nervoso, enraivecido, crítico em relação a aquilo que ele considera errado e muito gritador em sua pregação. Depois, aparece um cenário claro, com uma musiquinha calma e tranqüila de fundo e aí aparece o Silas, mansinho, calminho, voz tranqüila, quase sussurrando, parecendo um vovô sereno. Objetivo? Claro, pedir dinheiro. Para tal empreitada o bigode realmente atrapalhava, eu entendo. E para esmolar as justificativas são sempre as mesmas: estamos passando por dificuldades, o programa precisa de recursos para se manter, blá, blá, blá, temos uma cruzada profética, blá, blá, blá, etc. <br /><br />Porém, ao que parece, precisa-se de algo mais para atrair a boa vontade das pessoas em doar seus custosos recursos ao "ministério": as promessas de prosperidade. <br /><br />“<span style="font-style:italic;">Oh sim! Semeie irmão! Semeie na obra do Senhor</span> (lê-se, na conta do pastor), <span style="font-style:italic;">precisamos de pessoas liberais para doar para a obra! Deus não precisa do seu dinheiro, mas eu preciso! Doe aqui 900 reais e eu te dou de presente uma Bíblia da Vitória Financeira! Olha só, tá vendo que grande negócio? Além de ser abençoado com uma unção financeira especial você ainda vai ganhar uma Bíblia novinha, tá vendo? Mas claro, meu irmão, além de semear você precisa exigir de Deus sua vitória, pois se você doar apenas por amor você é um trouxa </span>(<a href="http://www.youtube.com/watch?v=2EGQHRrJpCg">fonte</a>)! <span style="font-style:italic;">Ô Aleluia, glória a Deus! Doe e receba a unção financeira especial para a sua vida!</span>”<br /><br />Quando eu escuto estas babaquices, caro Silas, em vão eu me pergunto: onde raios a Bíblia fala sobre “unção financeira especial”? Este termo existe na Bíblia? Onde a Bíblia ensina a “doar com liberalidade” com o objetivo de receber “bênçãos financeiras” de Deus? A sua Bíblia diz estas coisas? Pelo menos a minha não, afinal, a Bíblia que eu leio não é a Bíblia da “Vitória Financeira”, é uma Bíblia normal e comum.<br /><br />E aqui temos, você, caro Silas, como um dos pastores mais assistidos do Brasil, levantando a bandeira de uma prática funesta, nojenta e totalmente anti-bíblica (para não dizer satânica). Quando foi que Jesus prometeu riquezas para seu povo? Quando foi que Jesus disse que devemos ofertar esperando que nosso empregadinho “Deus” nos encha de dinheiro? Quando foi, aliás, que Jesus incentivou alguma pessoa a buscar riquezas como objetivo principal de sua vida? O que Jesus disse ao jovem rico: que ele semeasse um pouco na obra do Senhor (afinal, Jesus nem jumentinho próprio tinha) para que ele ficasse mais rico ou para que ele doasse TUDO e entregasse o dinheiro aos pobres? Como conciliar as promessas de vitória e prosperidade inventadas por vocês com passagens como "<span style="font-style:italic;">no fundo tereis aflições</span>" (Jo 16:33), "<span style="font-style:italic;">o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males</span>" (ITm 6:10) ou "<span style="font-style:italic;">é mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus</span>" (Mc 10)?<br /><br />Diga-me, caro Silas, se Jesus estivesse no seu lugar, ele pediria as pessoas para doar ao Ministério ou diria as pessoas que vendessem seus bens e doassem aos pobres? Jesus iria mandar imprimir uma Bíblia de “Vitória Financeira”? Aliás, Jesus teria um programa de TV ou estaria nas ruas chorando com os que choram? Sobre as ofertas, será que viuvinha ofertou exigindo vitória financeira de Deus? Ou ela ofertou com amor? Se foi com amor, será que Jesus foi até ela e a chamou de trouxa, como você fez certa vez em rede nacional? A propósito Silas, minha mãe é trouxa? Pois ela nunca exigiu riquezas da parte de Deus e sempre ofertou com amor.<br /><br />Quem estiver lendo esta carta pode se perguntar: mas isso foi a tanto tempo, porque você ficou nervoso com o Silas justamente agora? <br /><br />Bem, foi após ver este vídeo:<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/czNw4WozK50&hl=pt-br&fs=1&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/czNw4WozK50&hl=pt-br&fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2MIUiPo8I/AAAAAAAAAZ8/VrVNDU9-OJE/s1600-h/smalafaia.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2MIUiPo8I/AAAAAAAAAZ8/VrVNDU9-OJE/s320/smalafaia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5376607604729422786" /></a>Que cena mais ridícula, Silas. Você está apelando para a "numerologia gospel" agora? Então se estamos em 2009, devemos doar 900 reais para sua conta e esperar que até antes de 1º de Janeiro de 2010 vamos ser abençoados com uma “unção financeira especial”? Ora, de onde tal idiotice saiu? Foi da Bíblia? Onde eu encontro isso? Será que Jesus no ano 29 d.C. pediu ofertas de 29 denários em nome do seu ministério, prometendo assim, em troca, vitória financeira antes do dia 1º de Janeiro do ano 30 d.C. a quem ofertasse? Da boca de Jesus tal asneira não sairia. Então Silas, se seus ensinamentos não estão comprometidos nem com a Bíblia nem com a mensagem de Jesus estão com o que?<br /><br />Pense um pouco: quem na Bíblia prometeu riquezas a Jesus quando este estava jejuando no deserto? <br /><br />Diga-me, caro Silas, acaso você já parou para pensar na salada anti-bíblica que você está injetando na mente das pessoas? Como uma pessoa que há poucos anos atrás pregava contra a <span style="font-style:italic;">Teologia de Mamom</span> pode ter mudado assim? Como uma pessoa como você pôde se vender a princípios de Satanás, Silas?<br /><br />Talvez tenha sido rude demais nesta carta, mas é desta forma, inconformado e profundamente irritado, que me fico toda vez que ligo a TV e vejo você falando asneiras anti-bíblicas e jogando na privada todos os princípios de humildade e amor ao próximo ensinados por Jesus. <br /><br />"<span style="font-style:italic;">Negar os princípios de amor ao próximo?</span>", você pode se perguntar. Sim Silas. Toda vez que você exige prosperidade de Deus, ou, aliás, toda vez que você sequer pensa que Deus deseja que você seja rico enquanto tem pessoas lá fora morrendo de fome, você nega o princípio de amor ao próximo. Não sei quanto a você Silas, mas eu fico com vergonha e até triste por ter o que comer do bom e do melhor em casa enquanto tem crianças no nordeste que comem farinha misturado com terra. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2KHQzp71I/AAAAAAAAAZ0/qy1p2K8qtBc/s1600-h/wanting_a_meal.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 246px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Sp2KHQzp71I/AAAAAAAAAZ0/qy1p2K8qtBc/s320/wanting_a_meal.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5376605387525582674" /></a>Olhe para a imagem ao lado. Sabe do que se trata? Ela foi tirada por Kevin Carter em 1993 no Sudão. A foto retrata uma criança a beira da morte, certamente por inanição e, próximo a ela, um abutre a espreita que seu "almoço" morresse rapidamente para comê-la. Kevin Carter se suicidou cerca de um ano depois que sua foto foi publicada. Ao que tudo indica, ele não conseguiu viver com as lembranças do que ele viu no Sudão. Enquanto isso, aqui na América, Silas Malafaia, Edir Macedo, Ministério A-pá-sentar na Cabeça e outros idiotas da "prosperidade" pregam que Jesus "prometeu" riquezas para crentes e não estão nem aí para as milhões de crianças que estão morrendo de fome no mundo. <br /><br />Silas, sabia que durante o tempo de seu programa "evangelístico" de TV cerca de 700 crianças morrem de fome no mundo? Puxa, como isso deve entristecer e enraivecer o coração de Jesus! <br /><br />Esta carta foi um desabafo. Se fui grosso demais ou não, fica a cargo de Deus decidir. Não sou o melhor dos cristãos, sou um grande pecador, mas hipócrita eu não sou. Acredito que Deus aprecia mais a sinceridade do que a falsidade, e Ele sabe que eu fui sincero em cada palavra que eu escrevi, como também sabe que elas estão totalmente de acordo com a maneira pela qual eu entendo o Evangelho. <br /><br />Será que você pode dizer a mesma coisa Silas?<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-315690717363343718?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com112tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-3913131144063638652009-08-26T15:40:00.000-07:002009-08-27T04:43:45.844-07:00Sobre a Redução da Jornada de Trabalho<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpW7eMXQtfI/AAAAAAAAAZk/MbiG8gRqYCc/s1600-h/Hard+Working+Man+graphic.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 229px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpW7eMXQtfI/AAAAAAAAAZk/MbiG8gRqYCc/s320/Hard+Working+Man+graphic.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5374407857725814258" /></a><div style="text-align: justify;">Na última terça-feira tive um demorado debate virtual com meu amigo <a href="http://glauberataide.blogspot.com">Glauber Ataíde</a> sobre política e economia. Ele, comunista e filiado ao PC do B e eu, social democrata, ainda em busca de um partido político que seja compatível com minhas idéias (PPS, PSB e PV são algumas possibilidades).<br /><br />O debate correu por uma série de questões pertinentes e, uma delas, foi a questão da jornada de trabalho. Como um bom comunista, Glauber argumentou que a jornada de trabalho em nosso país é muito alta e que todo trabalhador é, por esta e outras razões, explorado pelo sistema capitalista “burguês”. <br /><br />Coincidentemente, está atualmente em discussão no legislativo uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) sobre a redução da jornada de trabalho no país, de 44 horas semanais, para 40 horas semanais. A PEC ainda está em processo de trâmite em Brasília e precisa ser votada na Câmara e no Senado antes de entrar em vigor. Neste período de debates, opiniões das mais variadas surgem. <br /><span class="fullpost"><br />Hoje (quarta-feira, 26 de Agosto) pela manhã Glauber e eu tivemos mais uma discussão, desta vez menor, mais específica e via Twitter. O motivo foi exatamente esta PEC. Glauber postou em seu Twitter um <a href="http://tinyurl.com/ncgoma">texto escrito por Marcio Porchmann</a>, economista e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicadas (IPEA). Para o economista, a jornada não apenas deve ser reduzida, mas deveria ser reduzida para 12 horas semanais! Algumas preocupações apresentadas pelo economista são válidas e dignas de reflexão:<br /><br /><blockquote>“Estamos cada vez mais ignorantes. De cada dez jovens com 18 a 24 anos de idade, apenas um está estudando”, diz Pochmann, criticando a ida cedo ao mercado de trabalho por causa da falta de condições da família em manter os jovens na escola.<br /><br />Pelos cálculos do economista, existem estudante com jornada de 16 horas, isso levando em conta as oito horas no emprego, quatro na faculdade e quatro para o deslocamento. “É uma jornada de trabalho igual a dos operários do século XIX. Como é que alguém vai ter tempo de ainda abrir um livro? Estudar e trabalhar não combina.”</blockquote><br />Pois bem. Realmente as preocupações levantadas pelo economista são relevantes. Eu mesmo, por exemplo, por todo ano de 2008 acordava às 6:00 da manhã para ir trabalhar e ia dormir à 00:30 depois que chegava da faculdade, de segunda a sexta – e aos sábados ainda estudava de 7:40 às 13:00. E confesso ainda que só podia me dar ao luxo de levantar às 6:00, pois meu pai de dava carona de moto ao trabalho, senão teria de acordar às 5:30 ou antes. <br /><br />Certamente, um país que pretende melhorar seus índices de educação e de capacitação de mão de obra precisa rever algumas posturas em relação à jornada de trabalho. E, acredito, isto está acontecendo como, por exemplo, com o debate que está ocorrendo atualmente.<br /><br />Mas nem tudo são flores. Existem vários problemas aparentes caso se diminua bruscamente a jornada de trabalho. Como eu argumentei com Glauber, o mais evidente deles é o aumento da inflação. Menos horas trabalhadas geralmente corresponde a menos produção, e menos produção corresponde a aumento de preço no mercado. <br /><br />Glauber discordou de mim (sem explicar onde minha crítica peca), mas pensemos em um caso prático: você possui uma empresa que produz shampoo que contém 50 funcionários. Ou seja, o total de horas trabalhadas é de 2200 por semana. Como bom capitalista, você tem exatamente a quantidade exata de funcionários que você precisa para produzir a demanda que o mercado te pede (afinal, se o que os comunistas dizem sobre o patrão visar apenas o lucro for verdadeiro, ele jamais vai empregar empregados além da conta do que ele precisa). São necessários 2200 horas para produzir X de produção, e você tem 50 funcionários trabalhando 44 horas para atingir X. Se fosse necessários menos horas, você certamente teria menos funcionários.<br /><br />Então a PEC referente à redução da jornada de trabalho é aprovada. Seus 50 funcionários que antes trabalhavam 2200 horas semanais agora vão poder trabalhar apenas 2000, ou seja, para chegar ao número de 2200 horas semanais necessárias para se chegar a X, você vai precisar contratar mais 4 funcionários. Obviamente, você, como patrão, não vai querer tirar do seu bolso este custo de 4 salários (mais os benefícios, tributos e contribuições) e vai aumentar o preço do seu produto para compensar as despesas. <br /><br />O mesmo ocorrendo em todas as empresas do país = pressão inflacionária. <br /><br />Glauber não explicou porque, mas afirmou categoricamente que a redução da jornada de trabalho não aumentaria os preços dos produtos. De acordo com ele, “<span style="font-style:italic;">o avanço tecnológico permite sim essa redução de jornada, mantendo a produção</span>”. Pergunto ao meu amigo Glauber, acaso já temos tecnologia suficiente para tal? Se sim, porque os maldosos e vilões “patrões” ainda empregam seus funcionários, uma vez que com o “avanço tecnológico” não é necessário manter o número de funcionários que estão trabalhando? Não são os próprios comunistas que dizem que os patrões visam apenas o lucro, e só o lucro? Ora, mas se eles mantêm um contingente de funcionários sem precisar, não estariam eles agindo bem e olhando além do "lucro"?<br /><br />Ante uma aprovação desta PEC, um patrão se viria com as seguintes opções: (a) diminuir sua produção e manter o mesmo número de funcionários; ou (b) contratar mais funcionários e repassar o custo adicional para o preço final do produto. Em qualquer das opções escolhidas haverá contribuição para o aumento da inflação. Usando palavras do próprio Glauber, isto é “ABC da economia”: diminuição da produção ou aumento dos preços pressiona o aumento da inflação.<br /><br />Nos jornais de hoje, especialistas em várias áreas comentaram sobre esta PEC: <br /><br />Michel Aburachid, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), disse ao Jornal do Comércio que “<span style="font-style:italic;">se a mudança for aprovada será, literalmente, o fim das confecções em Minas Gerais</span>”. Uma vez que a indústria do vestuário está perdendo mercado internacional (e até nacional) por causa da indústria chinesa (na China a carga horária semanal é de 60 horas) e da queda do Dólar ante ao Real, uma diminuição da carga horária seria altamente prejudicial ao setor. <br /><br />E olha que estamos falando em uma redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas. Imagine o caos que este país ia virar se alguma idéia louca como a de Marcio Porchmann fosse aprovada!<br /><br />Mas, falando de forma mais geral sobre este PEC, apesar do risco de inflação, acho que seria uma mudança proveitosa, sim. Se for bem organizada, será uma boa mudança. Antes de qualquer coisa, um trabalhador feliz e satisfeito produz em 40 horas muito mais do que um trabalhador indisposto em 44. Obviamente, nenhuma alternativa é aprovada sem antes se calcular os riscos (especialmente quando o risco é de inflação) e o governo possui algumas boas ferramentas que podem ajudar a conter o aumento de preço por parte dos produtores. Uma delas seria, talvez, diminuir a carga tributária aos setores que gerarem mais empregos em razão da diminuição da jornada de trabalho. Assim, o empregador veria seu custo com funcionários aumentar, porém, em contra-partida, teria alívios fiscais que compensariam este custo. Enfim, a PEC precisa ser debatida, o que não se pode é aprová-la irresponsavelmente sem pensar nas conseqüências negativas que ela pode trazer, nem descarta-la sem pensar no que ela pode trazer de bom à população, aos empregadores e ao Estado.<br /><br />O importante é ter ciência de que, em economia, não existem respostas prontas e pré-fabricas, como os comunistas às vezes passam a impressão que é. Sempre existe "se" ou "mas" quando se pensa em alguma possibilidade econômica. Reduzir a jornada de trabalho é bom? Alivia a "carga" do trabalhador? Dá mais tempo para ele ficar em casa descansando? Sim, mas quais serão as consequências disto a curto prazo? E a longo prazo? Quem serão os mais prejudicados? Devemos pensar em todas estas questões antes de dar um veredicto, não postular sonhos como se fossem realidade.<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-391313114406363865?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com1tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-20415480570966096662009-08-24T16:34:00.000-07:002009-08-24T17:15:41.385-07:00William Lane Craig responde: Inerrância e Ressurreição<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMroX3mQoI/AAAAAAAAAZc/yFxLakiC1S8/s1600-h/william-lane-craig.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 299px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMroX3mQoI/AAAAAAAAAZc/yFxLakiC1S8/s320/william-lane-craig.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373686752985105026" /></a><div style="text-align: justify;">- - - - - - - - - - - - - - - - <br /><br />Texto escrito pelo filósofo William Lane Craig. <br /><br />Traduzido para o português por Eliel Vieira (eliel@elielvieira.org)<br /><br />Para a versão original em inglês, <a href="http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=5757">clique aqui</a>.<br /><br />- - - - - - - - - - - - - - - - <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Questão:</span><br /><br />Estava lendo um debate entre William Lane Craig e Bart Ehrman (para ler a tradução deste debate <a href="/2009/08/18_existem_evidencias_historicas_para.html">clique aqui</a>) e não gostei do que li. Craig se recusou a responder se a Bíblia é ou não um livro inerrante quando foi perguntado sobre isso por um membro da platéia. Ele simplesmente deixou a questão de lado e respondeu que aquela não era a questão que eles estavam debatendo.<br /><br />1 – O que existe fora do <span style="font-style:italic;">cânon</span> que sustenta a morte Jesus, seu sepultamento, ressurreição física e ascensão aos céus?<br /><span class="fullpost"><br />2 – A mensagem de Jesus foi espalhada oralmente até que os evangelhos fossem escritos. Como sabemos que a mensagem não foi corrompida com lendas? Como Jesus ser sepultado por José de Arimatéia.<br /><br />3 – E sobre outros realizadores de milagres das tradições pagãs como “Honi, o desenhista de círculos”, “Hanina ben Dosa” e “Apolônio de Tiana”. O fato destes pagãs terem praticado atos milagrosos similares aos de Jesus não enfraquece a credibilidade de Jesus como um realizador de milagres?<br /><br />4 – E sobre as aparentes discrepâncias nos diferentes relatos sobre Jesus? Por favor, me dê uma resposta diferente de “tratam-se apenas de detalhes secundários e estas discrepâncias não contradizem o coração da questão”. Se formos a uma universidade e declararmos que a Bíblia é um livro inerrante, não deveríamos ser capazes de prover respostas a estas questões? Eu cito o sr. Ehrman em seu debate vs Craig na página 13:<br /><br /><blockquote>“Em qual dia Jesus morreu e em qual horário? Ele morreu um dia antes do pão da Páscoa ser comido, como João explicitamente diz, ou ele morreu depois dele ser comido, como Marcos explicitamente diz? Ele morreu ao meio dia, como é dito em João, ou às 9 da manhã, como dito em Marcos? Jesus carregou sua cruz sozinho por todo o caminho ou Simão de Cirene a carregou? Isto depende de qual evangelho você lê. Os dois ladrões zombaram de Jesus a cruz ou apenas um deles zombou enquanto o outro o defendeu? Isto depende de qual evangelho você lê. O véu do templo se rasgou ao meio antes de Jesus morrer ou depois? Depende de qual evangelho você lê. Ou então pegue os relatos sobre a ressurreição. Quem foi à tumba no terceiro dia? Maria foi lá sozinha ou ela foi com outras mulheres? Se Maria foi lá com outras mulheres, quantas outras foram lá, quem eram elas e quais eram seus nomes? A pedra que lacrava o sepulcro rolou antes delas chegarem ou não? O que elas viram na tumba? Elas viram um homem, elas viram dois homens, ou elas viram um anjo? Depende do relato que você lê. O que elas disseram aos discípulos? Era para os discípulos permanecerem em Jerusalém e ver Jesus lá ou era para eles saírem e verem Jesus em Galiléia? As mulheres falaram com alguém ou não? Depende do relato que você lê. As mulheres falaram com alguém ou não? Depende do evangelho que você lê. Os discípulos nunca abandonaram Jerusalém ou eles a deixaram imediatamente rumo à Galiléia? Todas as respostas dependem de qual relato você lê”.</blockquote><br />Bem, qualquer ajuda será bem vinda. Por favor, não me responda indicando livros ou <span style="font-style:italic;">websites</span> como os que eu estou lendo destes debates: <span style="font-style:italic;">Evidences that Demands a Veredict</span> [Evidências que Demandam um Veredicto] de McDowell e <span style="font-style:italic;">Em Defesa de Cristo</span> (Editora Vida) de Strobell.<br /><br />Posso receber uma resposta direta para cada uma destas questões do maior centro de apologética cristã do mundo?<br /><br />Obrigado,<br /><br />Grant<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Resposta do Dr. Craig:</span><br /><br />Você quer saber se pode receber respostas diretas a suas questões? Pode apostar! Leia:<br /><br />Primeiro, para constar, você foi muito tendencioso quando disse que eu “simplesmente deixei de lado” a questão da inerrância bíblica em meu debate com Bart Ehrman sobre se existem evidências históricas para a ressurreição de Jesus. Uma maneira mais simpática e, eu acho, mais correta de colocar isto seria dizer, “Craig se recusou a permitir que Ehrman desencarquilhasse o debate para uma discussão sobre inerrância bíblica e manteve o debate nos trilhos”. Ou uma maneira mais correta ainda de se analisar a situação seria: “Ehrman tentou conduzir Craig a uma afirmação sobre a inerrância bíblica, assim ele poderia impugnar a objetividade de Craig e, por conseqüência, sua integridade como um historiador; mas Craig, sabendo que seu caso para a ressurreição de Jesus não pressupunha a inerrância bíblica, se recusou a morder a isca”.<br /><br />Como eu expliquei em minha “Questão da Semana” sobre <span style="font-style:italic;">What Price Biblical Errancy</span> [Qual é o preço da “Errância” Bíblica], Ehrman, quando era um cristão, tinha um sistema teológico muito falho no qual a inerrância bíblica ocupava o centro de suas crenças, então, assim que ele se convenceu de um único erro nas Escrituras, toda sua fé cristã entrou em colapso. Como resultado, a doutrina da inerrância bíblica soa absolutamente anormal ao seu pensamento. Mas o caso para a ressurreição de Jesus que eu propus no debate não pressupõe de forma alguma a inerrância dos documentos, desta forma, a doutrina da inerrância se torna irrelevante à medida que a convicção na ressurreição prossegue.<br /><br />Agora, vamos às suas questões:<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">1 – O que existe fora do cânon que sustenta a morte Jesus, seu sepultamento, ressurreição física e ascensão aos céus?</span><br /><br />Na verdade, existem muitas fontes extra-canônicas que sustentam a morte de Jesus, seu sepultamento e sua ressurreição, fontes que sobre as quais, eu suponho, você nunca pensou. Você está imaginando fontes extra-canônicas posteriores como Josefo e Tácito. Mas as fontes extra-canônicas realmente interessantes são as mais antigas, ou seja, as fontes utilizadas pelos escritores no Novo Testamento. Agora, antes que você proteste você precisa refletir e perceber que estas fontes não estão, elas mesmas, no <span style="font-style:italic;">cânon</span>, mas elas encontram-se mais próximas aos eventos do que os livros canônicos. Estas fontes são, portanto, o centro do estudo histórico sobre Jesus atualmente, não as fontes extra-canônicas posteriores. Sinceramente, se você está focado em quais fontes posteriores existem sobre Jesus, você realmente está “comendo mosca”.<br /> <br />Quais são estas fontes? A história da Paixão usada por Marcos, a fórmula citada por Paulo em I Co 15: 3-5, a fonte especial de Mateus chamada M, a fonte especial de Lucas chamada L, e assim por diante. Algumas destas fontes são incrivelmente antigas (o que ajuda a responder a sua segunda questão). A história da paixão pré-Marcos provavelmente data dos anos 30 e está baseada em testemunhos oculares, e a fórmula pré-Paulina em I Co 15:3-5 foi datada para algum período dentro de poucos anos ou até mesmo <span style="font-style:italic;">meses </span>após a morte de Jesus. Eu acho que você consegue perceber porque estas fontes são as que realmente importam, não alguns relatos posteriores como o de Josefo.<br /><br />Agora, estas fontes em conjunto provêm testemunhos abundantes e independentes para a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. Referências posteriores a Jesus pelo historiador romano Tácito, o historiador judeu Josefo, o escritor sírio Mara bar Serapion, escritos rabínicos, e escritores extra-bíblicos que confirmam o que os documentos do Novo Testamento nos dizem sobre Jesus não nos dão nada absolutamente novo. Você pode encontrar estas fontes citadas e discutidas no livro de R. T. France <span style="font-style:italic;">The Evidence for Jesus</span> [A Evidência de Jesus] ou no livro de Robert Van Voorst <span style="font-style:italic;">Jesus outside the New Testament</span> [Jesus fora do Novo Testamento]. O que é chave para o historiador, entretanto, não serão estas fontes posteriores, mas os documentos do Novo Testamento e suas fontes.<br /><br />O que me leva a perguntá-lo: por que você está mais interessado nas fontes extra-canônicas do que nos próprios documentos primários? Sua questão não revela o preconceito de que os documentos do Novo Testamento não são historicamente confiáveis? Mas, se existem fontes fora do Novo Testamento que falam sobre Jesus, ah, esta é um evidência real!<br /><br />Você precisa ter em mente que originalmente não existia nenhum livro chamado “O Novo Testamento”. Existiam apenas estes documentos separados circulando no primeiro século, relatos como o evangelho de Lucas, o evangelho de João, os Atos dos Apóstolos, a carta de Paulo a Corinto, Grécia, etc. Apenas alguns séculos depois a Igreja reuniu oficialmente estes documentos sob uma capa única, que veio a ser conhecida como o Novo Testamento. A Igreja reuniu apenas as fontes antigas, próximas a Jesus e aos apóstolos e deixou de fora os relatos posteriores, secundários, como os evangelhos apócrifos forjados, que todos sabiam ser meras fraudes. Então, desta forma, as melhores fontes históricas são as que foram reunidas no Novo Testamento. Pessoas que insistem que as evidências podem ser encontradas apenas em escritos fora do Novo Testamento não compreendem o que elas estão buscando. Elas estão reclamando que nós ignoramos as fontes primárias sobre Jesus em favor de fontes posteriores, secundárias, e menos confiáveis, o que não confere com a metodologia histórica.<br /><br />A verdadeira questão é: quão confiáveis são os documentos sobre a morte de Jesus que foram reunidos no Novo Testamento? Isto nos leva a sua segunda questão.<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">2 - A mensagem de Jesus foi espalhada oralmente até que os evangelhos fossem escritos. Como sabemos que a mensagem não foi corrompida por lendas? Como Jesus ser sepultado por José de Arimatéia.</span><br /><br />Em meu artigo <a href="http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=5207">Who Was Jesus</a> [<span style="font-style:italic;">Quem foi Jesus</span>] neste site, eu discuto cinco razões do porque nós podemos confiar na credibilidade dos evangelhos:<br /><br />1. Não havia tempo suficiente para que influências legendárias eliminassem o coração dos fatos históricos.<br />2. Os evangelhos não são análogos aos contos folclóricos ou às “lendas urbanas” contemporâneas à época.<br />3. A transmissão judaica de tradições sagradas era altamente desenvolvida e confiável.<br />4. Existiam constrangimentos significantes na adulteração de tradições sobre Jesus, como a presença de testemunhas oculares e a supervisão dos apóstolos.<br />5. Os escritores dos evangelhos possuem um registro de confiabilidade histórica.<br /><br />Eu não vou repetir aqui o que eu disse lá.<br /><br />Completando estas considerações gerais, estudiosos enunciaram certos “critérios de autencidade” para ajudar a detectar informações historicamente confiáveis sobre Jesus até mesmo em um documento que possa não ser em geral confiável. O que estes critérios realmente se importam são declarações sobre o efeito de certos tipos de evidência sobre a probabilidade de várias afirmações ou eventos narrados nas fontes. Para algum afirmação ou evento <span style="font-weight:bold;">S</span>, evidência de certo tipo <span style="font-weight:bold;">E</span>, e nosso conhecimento prévio <span style="font-weight:bold;">B</span>, os critérios vão estabelecer – se todas as variáveis tiverem valores equivalentes – que, Pr (S/E&B) > Pr (S/B). Em outras palavras, sendo todos os valores iguais, a probabilidade de algum evento ou afirmação é maior dado, por exemplo, sua atestação independente e antiga do que se sem esta atestação. <br /><br />Quais são os fatores que podem servir a favor de E aumentando a probabilidade de algum evento ou afirmação <span style="font-weight:bold;">S</span>? A seguir alguns dos mais importantes:<br /><br />1. <span style="font-style:italic;">Congruência Histórica</span>: <span style="font-weight:bold;">S</span> se enquadra com o conhecimento dos fatos históricos concernentes ao contexto no qual <span style="font-weight:bold;">S</span> supostamente ocorreu.<br />2. <span style="font-style:italic;">Atestação antiga e independente</span>: <span style="font-weight:bold;">S</span> aparece em fontes múltiplas e próximas ao tempo no qual <span style="font-weight:bold;">S</span> supostamente aconteceu e que não dependem umas das outras nem de uma fonte comum.<br />3. <span style="font-style:italic;">Embaraço</span>: <span style="font-weight:bold;">S</span> é incômodo ou contra-produtivo às pessoas que servem como fontes informativas de <span style="font-weight:bold;">S</span>.<br />4. <span style="font-style:italic;">Dissimilaridade</span>: <span style="font-weight:bold;">S</span> provavelmente não se trata de pensamentos e tradições judaicas antecedentes e/ou pensamentos e tradições cristãs subseqüentes. <br />5. <span style="font-style:italic;">Semitismo</span>: Vestígios de <span style="font-weight:bold;">S</span> são encontrados nas narrativas aramaicas ou hebraicas.<br />6. <span style="font-style:italic;">Coerência</span>: <span style="font-weight:bold;">S</span> é consistente com fatos já estabelecidos sobre Jesus.<br /><br />Observe que estes critérios não pressupõem a confiabilidade geral dos evangelhos. Eles se focam mais em um evento particular e dão evidência para pensar que este elemento específico da vida de Jesus é histórico, a despeito da confiabilidade geral do documento no qual este evento particular é relatado. Estes mesmos critérios são assim aplicados aos relatos de Jesus encontrados nos evangelhos apócrifos, ou escritos rabinos, ou até mesmo no Corão. Claro, se os evangelhos puderem ser demonstrados como documentos confiáveis, melhor ainda! Mas os critérios não dependem de nenhuma pressuposição deste tipo. Eles servem para encontrar vestígios do miolo histórico até mesmo no meio do lixo histórico. Assim, nós não precisamos nos inquietar em defender a confiabilidade geral dos evangelhos ou cada afirmação atribuída a Jesus nos evangelhos (muito menos sua inerrância!).<br /><br />Agora, especificamente sobre o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia, este é um dos fatos mais estabelecidos sobre Jesus. O espaço não me permite percorrer todos os detalhes da evidência sobre o sepultamento. Mas permita-me mencionar alguns pontos:<br /><br />Primeiro, <span style="font-style:italic;">o sepultamento de Jesus é atestado multiplamente por fontes antigas e independentes</span>. O relato do sepultamento de Jesus em uma tumba por José de Arimatéia faz parte da fonte de Marcos em relação à história da Paixão. Além disso, a fórmula citada por Paulo em I Co 15:3-5 se refere ao sepultamento de Jesus:<br /><br /><blockquote>... que Jesus morreu pelos nossos pecados de acordo com as Escrituras, <br />e que ele foi sepultado, <br />e que ele foi ressuscitado ao terceiro dia de acordo com as Escrituras, <br />e que ele apareceu a Cefas, então aos Doze.</blockquote><br />Mas, podemos pensar, este sepultamento mencionado na fórmula paulina se trata do mesmo sepultamento por José de Arimatéia? A resposta a esta questão se torna clara ao compararmos a fórmula paulina às narrativas dos evangelhos e os sermões presentes nos Atos dos Apóstolos.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMok_YNt4I/AAAAAAAAAZM/yc9qV7lMJFA/s1600-h/q1.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 304px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMok_YNt4I/AAAAAAAAAZM/yc9qV7lMJFA/s320/q1.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373683396336531330" /></a><br />Esta notável correspondência entre tradições independentes é uma prova convincente de que a fórmula paulina é um sumário em forma de tópicos dos eventos básicos sobre a paixão e ressurreição de Jesus, incluindo seu sepultamento na tumba. Nós, assim, temos evidências de duas das fontes independentes e antigas do Novo Testamento para o sepultamento de Jesus em uma tumba. <br /><br />Mas isto não é tudo! Mais testemunhos independentes sobre o sepultamento de Jesus por José também são encontrados nas fontes por trás de Mateus e Lucas e o evangelho de João, para não mencionar o evangelho extra-bíblico de Pedro. As diferenças entre o relato de Marcos os relatos de Mateus e Lucas sugerem que os estes relatos posteriores (Mateus e Lucas) tiveram outras fontes além da fonte de Marcos. Estas diferenças existentes não são explicadas plausivelmente como os relatos de Mateus e Lucas sendo meras alterações do relato de Marcos, em razão de sua natureza irregular e variável, a inexplicável omissão de eventos como o interrogatório de Pilatos no centurião, e concordâncias em histórias presentes em Mateus e Lucas em contraste com Marcos. Além disso, Nós temos outro testemunho independente para o sepultamento no evangelho de João. Finalmente, nós temos o muito antigo sermão apostólico no livro de Atos, que muito provavelmente não foi uma criação de Lucas, mas uma antiga pregação dos apóstolos. Este sermão também faz menção ao sepultamento de Jesus em uma tumba. Assim, nós temos um número notável de fontes independentes para o sepultamento de Jesus, algumas destas fontes extraordinariamente antigas e próximas aos acontecimentos.<br /><br />Segundo, <span style="font-style:italic;">como um membro do Sinédrio Judaico que condenou Jesus, José de Arimatéia dificilmente é uma invenção cristã</span>. José é descrito como um homem rico, um membro do Sinédrio Judaico. O Sinédrio era uma espécie de alta corte judaica constituída de setenta dos líderes do judaísmo, que presidiam em Jerusalém. Existia uma hostilidade compreensível na igreja primitiva em relação aos membros do Sinédrio. Aos olhos dos cristãos, eles arquitetaram a condenação judicial de Jesus. Os sermões de Atos, por exemplo, chegam a dizer que os líderes judaicos crucificaram Jesus (Atos 2.23, 36; 4.10)! Dado este <span style="font-style:italic;">status</span> que os membros do Sinédrio tinham – todos eles, de acordo com Marcos, votaram a favor da condenação de Jesus –, José é a última pessoa que alguém esperaria que cuidasse de Jesus. Assim, nas palavras do estudioso do Novo Testamento Raymond Brown, o sepultamento de Jesus por José é “muito provável”, uma vez que é “quase inexplicável” porque os cristãos inventariam uma história sobre um membro do Sinédrio fazendo um bem a Jesus.<br /><br />Por estas e outras razões, a maioria dos críticos do Novo Testamento concorda que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia em uma tumba. Uma vez que até Ehrman afirma isto, juntamente com a maioria dos estudiosos, por que você não?<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">3 – E sobre outros realizadores de milagres das tradições pagãs como “Honi, o desenhista de círculos”, “Hanina ben Dosa” e “Apolônio de Tiana”. O fato destes pagãos terem praticado atos milagrosos similares aos de Jesus não enfraquece a credibilidade de Jesus como um realizador de milagres?</span><br /><br />Antes de qualquer coisa, estes personagens não são pagãos. Honi e Hanina ben Dosa eram santos judaicos que também tinham a fama de realizar milagres. Longe de enfraquecer a historicidade dos relatos dos evangelhos, a existência de tais figuras suporta a credibilidade dos relatos do ministério de Jesus como um realizador de milagres, uma vez que fica evidente que tais atividades estavam “em casa” no contexto judaico do primeiro século e não foram atribuídas a Jesus como resultado de alguma influência dos chamados “homens divinos” da mitologia pagã.<br /><br />As histórias dos milagres de Jesus são tão representadas nas tradições dos evangelhos que seria uma ilusão considerá-las não fundamentadas na vida de Jesus. Assim, o consenso dos estudiosos do Novo Testamento é que Jesus praticou um ministério de realização de <span style="font-style:italic;">milagres</span> – entretanto alguém pode querer interpretar ou explicar estes atos. No fim de seu longo e detalhado estudo dos milagres de Jesus, John Meier conclui,<br /><br /><blockquote>A atestação principal da figura de Jesus como curador de enfermidades físicas e doenças é assim mais forte do que a atestação de sua atividade como exorcista... Em resumo, o afirmação de que Jesus atuou e foi visto como um exorcista e curador durante seu ministério junto às pessoas <span style="font-weight:bold;">possui tanta corroboração histórica quanto qualquer outra afirmação que nós possamos fazer sobre o Jesus da história</span> (MEIER, A Marginal Jew, 2: 969-70, grifo meu).</blockquote><br />Os milagres de Jesus, como seus exorcismos, eram realizados para demonstrar a vinda iminente do Reino de Deus. Desta forma, eles funcionaram de forma fundamentalmente diferente do que as maravilhas realizadas pelos mágicos helênicos ou santos judaicos. Além disso, os milagres de Jesus diferem dos de Honi e Hanina uma vez que Jesus nunca orou para que um milagre fosse realizado; ele pode primeiro ter expressado agradecimento ao Pai, mas então ele efetivava os milagres por si mesmo. E ele os realiza em seu próprio nome, não no de Deus. Além disso, nem Honi nem Hanina exerceu um ministério profético, fez reivindicações messiânicas, ou trouxe qualquer ensinamento junto com seus milagres. Assim, Jesus é mais do que apenas um santo carismático judeu.<br /><br />Quando a Apolônio de Tiana, trata-se de uma figura construída em parte por Philostratus séculos depois como um deliberado contra-ponto à cristandade. A Igreja havia alcançado um papel de bastante influência naquela época, então Philostratus construiu Apolônio como uma alternativa pagã a Jesus. De que forma isto prejudica a confiabilidade histórica dos relatos dos evangelhos sobre os milagres de Jesus?<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">4 – E sobre as aparentes contradições nos diferentes relatos sobre Jesus?</span> <br /><br />Aqui está sua resposta direta, Grant: <span style="font-style:italic;">não importa</span>. Eu poderia aceitar que todas estas aparentes discrepâncias são insolúveis, e isto não afetaria meu argumento histórico em nada. Não acredita em mim? Então deixe Bart Ehrman dizer por si mesmo. Ele pensa que estas aparentes contradições citadas por ele prejudicam a credibilidade histórica dos fatos sobre os quais meu argumento está baseado? Não! Ele diz,<br /><br /><blockquote>A ressurreição de Jesus se encontra no coração da fé cristã. Infelizmente, esta é uma tradição sobre Jesus que os historiadores têm dificuldade de lidar. Como eu disse, existem algumas coisas que nós podemos dizer com certeza sobre Jesus após sua morte. Nós podemos dizer que relativa certeza, por exemplo, que ele foi sepultado...<br /><br />Alguns estudiosos têm argumentado que é mais plausível que Jesus tenha, na verdade, sido depositado em uma tumba comum, o que aconteceu em algumas vezes, ou foi, como aconteceu a muitas outras pessoas crucificadas, simplesmente deixado para ser comido por animais (o que também geralmente acontecia a pessoas crucificadas durante o Império Romano). Mas os relatos são bastante unânimes em dizer (os relatos primitivos que temos são unânimes em dizer) que Jesus foi, na verdade, sepultado por seu seguidor, José de Arimatéia e, assim, é relativamente certo que foi isto o que aconteceu.<br /><br />Nós também temos sólidas tradições que indicam que as mulheres encontraram esta tumba vazia três dias depois. Isto é atestado em todas as fontes dos evangelhos, antigas e posteriores, e assim este fato parece ser um ponto de partida histórico. Assim, eu acho que nós podemos dizer que após a morte de Jesus, com alguma (provavelmente com alguma) certeza, ele foi sepultado, possivelmente por seu seguidor, José de Arimatéia, e que três dias depois ele pareceu não estar em sua tumba (“From Jesus to Constantine: a History of Early Christianity” Lecture 4: “Oral and Written Traditions about Jesus” [The Teaching Company,2003]).</blockquote><br />O mesmo acontece em dobro – bem, muitas vezes mais do que o dobro – em relação à crucificação de Jesus. Este evento é reconhecido como um dos mais sólidos e estabelecidos fatos sobre a história de Jesus, negado apenas por malucos e por mulçumanos. Ainda que as cinco primeiras discrepâncias citadas por Ehrman estejam totalmente conectadas, elas não estão com as narrativas sobre o sepultamento e a tumba vazia, mas com os relatos da crucificação! Então você vai negar que Jesus de Nazaré foi crucificado pelas autoridades romanas durante a Páscoa judaica no ano 30 d.C. em razão destas diferenças nas narrativas? Se sim, Grant, você não apenas vai marginalizar a si mesmo intelectualmente, mas também vai mostrar que você não está buscando sinceramente a verdade.<br /><br />Viu agora, Grant, porque eu me recusei a entrar em uma disputa sobre quantos anjos estavam junto à tumba? Uma vez que a historicidade da tumba vazia é posta, a disputa sobre a quantidade de anjos lá presentes simplesmente não importa.<br /><br />Você diz que aqueles que vão à universidade compromissados com a inerrância bíblica devem ser aptos a explicar estas discrepâncias. Não mesmo, Grant! Por que pensar que o treinador Holmquist deve ser capaz de explicar estas discrepâncias? Por que pensar que até mesmo alguém no departamento de Novo Testamento deve ser capaz de explicá-las? Talvez simplesmente não existam informações históricas disponíveis para resolver todas as discrepâncias. Parece a mim que você deve achar que a crença na inerrância bíblica é conseguida através de indução lógica, neste caso, você realmente precisa, de fato, ler minha “Questão da Semana” <span style="font-style:italic;">What Price Bíblical Inerrancy</span>?<br /><br />Eu acho que o que você realmente quer dizer é que aqueles matriculados em tal universidade devem ter o interesse em explicar estas discrepâncias e, portanto, não devem “fugir” delas, como você me acusou de ter agido. Sim, eu concordaria com você que nós que acreditamos na inerrância devem ter o interesse em explicar tais discrepâncias. Mas existe tempo e lugar para tudo. Um debate sobre a historicidade da ressurreição de Jesus, onde o tempo é limitado e os fatos centrais sobre o caso são aceitos pela maioria dos estudiosos da área, não é lugar para se divertir discutindo tal questão. Esta questão da inerrância pode ser levantada e é levantada em tempos apropriados.<br /><br />Então, vamos observar estas discrepâncias por alguns instantes:<br /><br /><span style="font-style:italic;">Data e hora da crucificação</span>: Todas as fontes concordam que Jesus foi crucificado na sexta-feira. O que está se discutido é se a Páscoa era celebrada na quinta-feira ou na sexta-feira. Os evangelhos sinóticos parecem sugerir que a Última Ceia de Jesus com seus discípulos na quinta-feira à noite era a refeição da Páscoa. João concorda que Jesus compartilhou a Última Ceia com seus discípulos na quinta-feira à noite antes da traição de Judas e de sua prisão. Mas João diz que os líderes judeus queriam eliminar Jesus antes que as festividades pascais começassem na sexta-feira à noite. Então, a Páscoa começava na quinta ou na sexta? A disputa se concentra toda nesta questão! (espero que isto coloque a questão em sua perspectiva correta a você).<br /><br />Uma possibilidade é que João tenha movido a Páscoa para sexta para que a morte de Jesus se coincidisse com sacrifício pascal do cordeiro no Templo. Mas, talvez não: uma vez que existiam diferentes calendários em uso na Palestina do primeiro século, os sacrifícios podem ter sido realizados em mais de um dia. Os fariseus e as pessoas da Galiléia contavam os dias como começando no nascer do sol e terminando no próximo nascer do sol. Mas os saduceus e as pessoas da Judéia contavam os dias como começando no pôr-do-sol e terminando no próximo pôr-do-sol. <br /><br />Em nossa era moderna, nós adotamos o que eu acho ser a convenção mais estranha sobre a contagem dos dias: começando no meio da noite à meia-noite e terminando na próxima madrugada. Bem, esta diferença na contagem dos dias desorienta completamente a datação de certos eventos, como você pode ver no comparativo abaixo:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMp1Aetk6I/AAAAAAAAAZU/bw4zKHUweQM/s1600-h/qow_ex1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 268px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SpMp1Aetk6I/AAAAAAAAAZU/bw4zKHUweQM/s320/qow_ex1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373684771021755298" /></a><br />O cordeiro da Páscoa era sacrificado no 14º dia do mês de Nisan. De acordo com a contagem galiléia, o 14º dia de Nisan começa às 6:00 da manhã, no dia que chamamos quinta-feira. Mas para os habitantes da Judéia, o 14º dia de Nisan começa 12 horas depois, às 6:00 da noite na nossa quinta-feira. Então, enquanto os galileus, seguidores das tradições judaicas, sacrificam o cordeiro da Páscoa na tarde do 14º dia de Nisan, em qual dia eles o fazem? Quinta-feria. E quando os habitantes da Judéia ofereceram seu cordeiro em sacrifício na tarde do 14º dia de Nisan, que dia era? Sexta-feira! Quando a noite caía eles comiam o cordeiro, por sua contagem, no 15º dia de Nisan. Assim, a fim de atender à demanda de galileus-fariseus e habitantes da judéia-saduceus na Páscoa, o sacerdócio do Templo tinha que realizar os sacrifícios da Páscoa tanto na quinta-feira como na sexta-feira. Jesus, como era galileu e como sabia de sua iminente prisão, escolheu celebrar a Páscoa na noite de quinta-feira, ao passo que os sacerdotes e escribas responsáveis pela prisão de Jesus celebraram a Páscoa pelo calendário da Judéia, como João diz. Embora não tenhamos nenhuma evidência de que os sacrifícios da Páscoa eram realizados em ambos os dias, tal solução é muito plausível. A população em Jerusalém se aglomerava em torno de 125 mil pessoas durante as festividades. Seria logisticamente impossível para os sacerdotes do templo sacrificar cordeiros suficientes para tantas pessoas entre 3:00 e 6:00 em uma tarde. Os sacrifícios deveriam ser realizados em mais de um dia, o que torna perfeitamente possível que Jesus e seus discípulos tenham celebrado a Páscoa na quinta-feira à noite, antes da prisão de Jesus.<br /><br />O mesmo pode ser dito sobre o tempo da crucificação de Jesus: Marcos diz que a crucificação aconteceu à terceira hora, isto é, 9:00 da manhã, mas João diz que Jesus foi condenado “na sexta hora”, ou seja, por volta das 9:00. Novamente, talvez João mudou o tempo para depois. Mas, talvez não: nos evangelhos sinóticos e nos <span style="font-style:italic;">Atos dos Apóstolos</span> as únicas horas do dia que são mencionadas (com apenas uma exceção) são a terceira, a sexta e a nona hora. Em uma época em que não se existia relógios, obviamente, números arredondados ou quartos de dia eram usados para identificar um tempo. A terceira hora poderia se referir a qualquer tempo entre 9:00 da manhã e o meio-dia.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Jesus carregou sua cruz por todo o caminho?</span> – Não, Simão de Cirene provavelmente foi um personagem histórico, cujo papel João simplesmente escolheu omitir em sua narrativa. Simão provavelmente se impressionou com a ação dos soldados quando Jesus estava tão fraco para carregar a cruz por todo o percurso do Gólgota.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Os ladrões zombaram de Jesus?</span> – Marcos simplesmente diz que aqueles que estavam crucificados com Jesus zombaram dele. Nenhum detalhe é dado. Mas Lucas nos diz como um destes bandidos expressou fé em Jesus. Você pode desconsiderar a história contada por Lucas como uma mera alteração piedosa da narrativa da crucificação. Mas como podemos saber que Lucas não está trabalhando ali com uma fonte independente que se lembra do arrependimento de um dos ladrões, ao passo que Marcos deixou isto passar batido? Não vejo motivos para acreditar que temos uma contradição aqui.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Quando véu do Templo se rasgou?</span> – Esta suposta discrepância é puramente imaginária, uma vez que Marcos e Lucas mencionam este fato relativo à cortina do templo sem a intenção de especificar o tempo exato em que ocorreu. Lucas ficaria impressionado se ele lesse as acusações modernas de que ele contradisse Marcos ao reunir os sinais sobrenaturais que ocorreram durante o momento da morte de Jesus.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Quem foi à tumba?</span> – Um grupo de mulheres, incluindo Maria Madalena que sempre é mencionada. João a prioriza em seu relato para conseguir um efeito dramático, mas ele sabe sobre as outras mulheres, como é evidente nas palavras de Maria, “Eles retiraram os Senhor da tumba e nós não sabemos onde o colocaram” (João 20.2, compare com 20.13). Nós não sabemos todos os nomes das outras mulheres presentes, mas entre elas estavam outra Maria, mãe de Tiago, José e Salomé. O fato de terem sido mulheres, além de homens, aparecerem nas narrativas como descobridoras da tumba vazia, é, a propósito, um dos fatos mais convincentes, que leva a maioria dos estudiosos a aceitar a historicidade da narrativa.<br /><br /><span style="font-style:italic;">A pedra que lacrava o sepulcro não estava mais lacrando a tumba antes delas chegarem lá? O que elas viram?</span> – Sim, a pedra não estava mais lacrando a sepultura quando elas chegaram lá; não há discrepância alguma aqui. Elas viram um ou dois anjos. O “homem jovem” citado por Marcos é claramente uma figura angélica, como pode ser evidenciado por seu traje branco, sua mensagem reveladora e a reação de medo e tremor das mulheres a ele. Além disso, os antigos interpretes de Marcos (Mateus e Lucas) entenderam que o jovem homem era um anjo.<br /><br /><span style="font-style:italic;">O que foi dito a elas?</span> – Foi dito a elas para que fossem à Galiléia, onde elas veriam Jesus. Como a narrativa de Lucas não menciona nenhuma aparição na Galiléia, ele altera o relato de Marcos da mensagem do anjo para seus propósitos literários. A tradição das aparições na Galiléia é muito antiga e virtualmente aceitada universalmente.<br /><br /><span style="font-style:italic;">As mulheres falaram com alguém?</span> – Claro, elas contaram! Quando Marcos diz que elas não disseram nada para ninguém, ele obviamente quis dizer que elas <span style="font-style:italic;">correram rapidamente até os discípulos</span>. Marcos pressupõe as aparições na Galiléia, então, obviamente, ele não quis dizer que as mulheres falharam em sua missão de transmitir a mensagem do anjo aos discípulos. A discrepância é puramente imaginária.<br /><br /><span style="font-style:italic;">Os discípulos deixaram Jerusalém rumo a Galiléia?</span> – Claro, como a resposta acima indica. Lucas apenas escolheu não narrar nenhuma das aparições na Galiléia porque seu propósito era mostrar como o Evangelho se estabeleceu na mais santa das cidades dos judeus, Jerusalém.<br /><br />Assim, algumas destas supostas discrepâncias são fáceis de responder e elas são exatamente o que esperamos encontrar em relatos independentes sobre o mesmo evento. Outras discrepâncias são mais difíceis de responder, mas no fim das contas elas não trazem grandes conseqüências. Historiadores esperam encontrar inconsistências como estas até mesmo nas fontes históricas mais sólidas. Nenhum historiador simplesmente joga fora uma fonte porque ela possui alguma inconsistência. Além disso, as inconsistências sobre as quais Ehrman está falando não estão dentro de uma fonte sozinha; elas estão entre fontes <span style="font-style:italic;">independentes</span> comparadas. Mas não é uma conclusão lógica dizer que porque duas fontes independentes comparadas apresentam inconsistências, <span style="font-style:italic;">ambas</span> as fontes são falsas. Na pior das hipóteses, uma delas é falsa, caso as inconsistências não possam ser harmonizadas.<br /><br />O problema em se focar em discrepâncias é que nós deixamos de vigiar a floresta por causa de algumas árvores. O fato mais importante é que os evangelhos são incrivelmente harmoniosos no que eles relatam. As discrepâncias entre eles são em detalhes secundários. <span style="font-style:italic;">Todos</span> os quatro evangelhos concordam que:<br /><br />Jesus de Nazaré foi crucificado em Jerusalém pelas autoridades romanas durante as festividades da Páscoa, tendo sido preso e acusado de blasfêmia pelos líderes judaicos e então caluniado pelo crime de traição perante o governador Pilatos. Depois de várias horas ele morreu e foi sepultado na tarde da sexta-feira por José de Arimatéia em uma tumba, que foi selada com uma pedra. Algumas mulheres seguidoras de Jesus, incluindo Maria Madalena, observaram seu sepultamento, visitaram sua tumba no domingo pela manhã e a encontraram vazia. Então, Jesus apareceu vivo aos seus discípulos, incluindo Pedro, que então começaram a ser proclamadores da mensagem de Sua ressurreição.<br /><br />Todos os evangelhos atestam estes fatos. Vários outros detalhes podem ser fornecidos ao se adicionar fatos que são atestados por três das quatro fontes. Portanto, não se engane por causa das pequenas discrepâncias. Caso contrário, você terá de ser cético também em relação a todas as outras narrativas históricas seculares que contém inconsistências como estas, o que é absolutamente irracional.<br /><br />- - - - - - - - - - - - - - - - <br /><br />Texto traduzido por:<br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-2041548057096609666?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com2tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-56198844255903302612009-08-21T14:13:00.000-07:002009-08-24T17:37:26.897-07:00Sexta Política #1: E Agora PT?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/PT_171.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 340px; height: 360px;" src="http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/PT_171.jpg" border="0" alt="" /></a><div style="text-align: justify;">Muitos políticos tiveram o que comemorar ao fim desta semana. Do lado governista, como já se esperava, todas as 11 acusações contra Sarney no Conselho de Ética do Senado foram arquivadas, terminando assim, em pizza, todo o barulho que tem sido levantando desde Junho contra o presidente da Casa. Do lado da oposição, o senador Arthur Virgílio também teve todas as acusações contra ele arquivadas. <br /><br />Desta pizza sobe um cheiro forte de “acordão”. Em outras palavras, eu não te acuso e em troca você não me acusa. PMDB e PSDB realmente têm o que comemorar. Talvez, aliás, já estejam ensaiando suas ações em conjunto, afinal, caso Serra ganhe as eleições presidenciais no próximo ano, certamente o PMDB (partido mais chuchu do país) marchará junto com os tucanos na próxima administração. <br /><br />Mas a pizza não agradou ao paladar de todos, não mesmo. O PT foi o mais prejudicado nesta história. Primeiro, por se ver na encruzilhada de, ou negar o apelo ético de suas raízes e apoiar José Sarney, ou, manter-se fiel ao lema do partido e propor a continuação das investigações contra o presidente da Casa – o que, obviamente, minaria a <span style="font-style:italic;">governabilidade </span>de Lula, já que o PT está escravo ao PMDB há muito.<br /><span class="fullpost"><br />Diante desta encruzilhada, a direção nacional do partido optou por negar a ética pela qual o partido tanto brigou e recomendou aos parlamentares petistas na Comissão de Ética a votarem pelo arquivamento de todos os processos contra Sarney. Alguns petistas, como o senador Aloísio Mercadante (SP) e Flávio Arns (PR), se mostraram profundamente contrários à postura da direção executiva nacional do partido e há sinais evidentes de racha no partido. <br /><br />Mas não é apenas isso. Além de tomar para si o peso da opinião pública e de ver a possibilidade do partido se desmantelar e não seguir unido para as importantes eleições do próximo ano, o partido sofreu esta semana a baixa de Marina Silva (AC), ex-ministra do Meio Ambiente e militante do PT há mais de 30 anos, que está de malas prontas para o PV, que pretende lança-la candidata à presidência da república no próximo ano.<br /><br />Uma candidata nova e da importância de Marina Silva é um enorme perigo às pretenções petistas de eleger Dilma Roussef ano que vem. No mínimo, toda a empolgação de se ter uma candidata mulher à presidência vai ser dividido entre as duas. <br /><br />Pois é PT, e agora?<br /><br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-5619884425590330261?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com0tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-53455564092656209882009-08-20T06:54:00.001-07:002009-08-20T07:14:12.852-07:00Filosofia do Busão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/So1WEOhoiEI/AAAAAAAAAX0/JUSe3MjNhgE/s1600-h/onibus16a.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 292px; height: 280px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/So1WEOhoiEI/AAAAAAAAAX0/JUSe3MjNhgE/s320/onibus16a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5372044561141499970" /></a><div style="text-align: justify;">Sempre andei de ônibus. Como integrante daquilo que os demógrafos chamam de classe média baixa, me locomover usando este meio de transporte sempre foi algo usual em minha vida. Atualmente, faço uso deste meio de transporte 16 vezes por semana entre idas e vindas para a faculdade, casa da vovó e casa da namorada.<br /><br />Muito observador, passei a perceber algumas características existentes dentro de uma viagem de ônibus metropolitano que são perfeitamente análogas à nossa vida. <span style="font-style:italic;">Filosofia do Busão</span> não é um texto de especulação filosófica, antes, um chamado para que passemos a observar mais atentamente as coisas que nos cercam em nosso cotidiano.<br /><br />Uma das primeiras coisas que observei é em relação aos “bancos altos”. Não sei como os ônibus são projetados em sua cidade, mas aqui na região metropolitana de Belo Horizonte, alguns poucos assentos são montados em um patamar mais alto do que os demais. Eles se encontram exatamente acima das rodas e, por isso, são mais altos do chão em relação aos demais assentos.<br /><span class="fullpost"><br />Achei muito interessante observar que as pessoas sempre buscam sentar nestes bancos. Claro, se eles estiverem ocupados, uma pessoa vai se sentar em um banco comum, mas, se ela for a primeira pessoa a entrar no ônibus, provavelmente ela escolherá algum dos “bancos altos”. Isto eu já observei muitas vezes. Depois que observei esta curiosa preferência, passei a notar algumas ações engraçadas como, por exemplo, que quando alguém que estava sentado em um destes assentos mais elevados chega a seu destino e desce do ônibus, alguém se levanta do banco em que estava e ocupa o banco do alto que ficou vazio.<br /><br />Ora, o que os “bancos altos” têm de especial em relação aos demais assentos? Aqui em minha região, pelo menos, nada. O mesmo material é usado na construção de ambos os tipos de banco. Aliás, estou até um pouco equivocado em dizer “ambos os tipos de banco” uma vez que os assentos são rigorosamente iguais. O que faz uns bancos ficarem mais elevados em relação aos demais é a armação de ferragens que sustenta os bancos (nos bancos elevados esta armação é maior).<br /><br />Os psicanalistas que me ajudem, mas não seria esta busca pelos assentos mais elevados uma manifestação de algum impulso interior do ser humano de “estar por cima” dos demais que o cercam? Pode ser, pode não ser, mas o interessante é que viagem após viagem que eu faço usando este meio de locomoção, eu observo as mesmas coisas. Eu mesmo – quando percebo – estou sentado em algum destes bancos mais altos, tendo me guiado até eles por alguma razão que não sei dizer qual é. Mas, talvez eu esteja certo. Talvez as pessoas prefiram estes assentos mais elevados por se sentirem – ao menos por alguns minutos – em um patamar mais elevado do que os demais. <br /><br />Talvez minha segunda observação em relação aos “bancos altos” corrobore minha sugestão. Um dos poucos (talvez único) benefícios destes assentos é que eles proporcionam menos esforço físico para aquele que lá se sentam na hora de se levantar. Por estarem posicionados mais alto em relação ao chão, a pessoa que quiser se levantar precisará apenas virar um pouco o quadril, colocar os pés no chão e seguir em direção à porta, ao passo que, nos demais bancos, a pessoa que quiser se levantar terá de movimentar seu quadril e esticar suas pernas que estavam até então flexionadas, exigindo assim o esforço de vários músculos da perna e depositando todo seu peso no movimento de seus joelhos. Para sentar acontece o mesmo, afinal, o esforço é maior entre uma pessoa que precisa se agachar para sentar e outra que precisa apenas virar seu <span style="font-style:italic;">bumbum</span> e adequá-lo ao assento.<br /><br />Isto me diz, por que não, que as pessoas querem “estar por cima” em relação às demais que a cercam, e, também, não querem fazer esforço algum para atingir este objetivo. E também não querem, depois que já “estão por cima”, realizar tarefa desgastante alguma! <br /><br />Claro, talvez eu esteja enxergando pêlo em ovo, mas, o fato é que o anseio pelos bancos mais altos é evidente a mim 16 vezes por semana.<br /><br />Percebi também outras características dentro de uma viagem de ônibus. Uma delas é que as crianças sempre desejam se sentar próximo à janela, ao passo que os adultos são indiferentes a isto. Trata-se de uma conjectura, mas provavelmente os mesmos adultos que hoje são indiferentes à janela eram, na infância, semelhantes às crianças que brigam para se sentar lá. E talvez as mesmas crianças que hoje fazem questão de se sentar colados na janela sejam, amanhã, adultos indiferentes a isto.<br /><br />A explicação para este fenômeno é mais simples de se dar, porém mais triste. Os adultos perderam alguns sentimentos em relação ao mundo externo que, penso, são extremamente importantes para que sejamos mais do que sobreviventes neste mundo. Eles perderam a curiosidade, se conformando com as respostas pré-fabricadas que a mídia os dá; perderam o sentimento de contemplação das coisas existentes que, como afirmam alguns teólogos, nos aproxima mais da mente do Criador; perderam até mesmo o sentimento de identidade, pois, se você não reconhece o que está além de você, como pode saber o que você é? Explicando com uma analogia, se você é daltônico, como poderá distinguir o ponto em que o azul termina e o verde começa?<br /><br />Tenho uma sobrinha de dois anos, e é maravilhoso observar a curiosidade existente em suas ações. Ela quer tudo, observa tudo! Um simples botão de camiseta pode ser das coisas mais extasiantes a ela. Seu desejo por conhecer e compartilhar de si mesma com as coisas que a cercam é a característica mais marcante em todas as suas atituldes. Daqui uns dois ou três anos ela certamente vai brigar para se sentar ao lado da janela no ônibus.<br /><br />Dentro de um ônibus também podem surgir os mais variados tipos de pensamentos filosóficos. Eu diria até que os ônibus são os areópagos do tempo atual. Lá dentro você encontra pessoas de todos os tipos, culturas, raças e religiões. Claro que, as conversas sobre futebol são muito mais observáveis do que conversas sobre a relação entre “ser e existência”, por exemplo. Mas, ainda assim, podemos ouvir muita coisa produtiva. Há alguns meses, enquanto estava dentro do ônibus, um homem de aproximadamente 30 anos entrou no veículo após um aparente dia cansativo de trabalho e, como o ônibus já estava lotado, não conseguiu lugar para sentar. Ele então, cabisbaixo, começou a desabafar com as pessoas ao seu lado, exprimindo tudo o que incomodava:<br /><br />– Isto é a maior vergonha! Neste país <span style="font-style:italic;">a gente</span> paga <span style="font-style:italic;">pra</span> ser humilhado. <span style="font-style:italic;">A gente</span> paga <span style="font-style:italic;">pra</span> nascer, para <span style="font-style:italic;">pra</span> viver e paga até <span style="font-style:italic;">pra</span> morrer. <span style="font-style:italic;">A gente</span> não tem o direito nem de morrer em paz sem ter que dar dinheiro <span style="font-style:italic;">pros</span> ladrões do governo. <span style="font-style:italic;">A gente</span> trabalha o dia todo, dá boa parte do dinheiro <span style="font-style:italic;">pro</span> governo, come com o que sobra e o que <span style="font-style:italic;">a gente</span> recebe na volta pra casa? Um ônibus lotado, onde <span style="font-style:italic;">a gente</span> vai agüentar em pé até ele sair do engarrafamento! Enquanto isso os bacanas sustentados <span style="font-style:italic;">pela gente</span> estão lá andando de avião, carro importado e com motorista particular. <br /><br />Eu não tomei parte da discussão que se deu depois que o homem disse isso. Apenas observei e refleti na profundidade das palavras deste homem e na discussão que se seguiu a ela, apesar de ter perdido boa parte da discussão porque estava imerso em meu pensamento refletindo sobre o que tinha ouvido. <br /><br />Enfim, podemos enxergar muitas coisas sobre nós mesmos durante uma viagem de ônibus. Basta a nós parar um pouco e observar. E não apenas nos ônibus, podemos aprender sobre nós mesmos olhando para tudo o que nos cerca. Eu me arrisquei escrevendo uma <span style="font-style:italic;">Filosofia do Busão</span>, alguém se arrisca a escrever sobre outra coisa?<br /><br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-5345556409265620988?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com5tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-48905462972548070242009-08-17T13:27:00.000-07:002009-08-30T07:49:25.794-07:00Porque o lobby do movimento "Intelligent Design" agradece a Deus por Richard Dawkins<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Som_FXI226I/AAAAAAAAAXs/1fCn4j_q1_Y/s1600-h/richard_dawkins_narrowweb__300x452,0.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 212px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/Som_FXI226I/AAAAAAAAAXs/1fCn4j_q1_Y/s320/richard_dawkins_narrowweb__300x452,0.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5371034129447443362" /></a><div style="text-align: justify;">---------------------<br /><br />Artigo escrito por <span style="font-weight:bold;">Madeleine Bunting</span>. Publicado no <a href="http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2006/mar/27/religion.schools">The Guardian</a> em 27 de Março de 2006.<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira (eliel@elielvieira.org) em 17 de Agosto de 2009.<br /><br />---------------------<br /><br /><span style="font-style:italic;">Darwinistas anti-religiosos estão propagando uma falsa dicotomia entre fé e ciência que ajuda os criacionistas</span><br /><br />Na noite de quarta-feira, em um debate em Oxford, Richard Dawkins vai receber os aplausos por sua longa e produtiva carreira intelectual. Trata-se do 30º aniversário da sua muito influente obra <span style="font-style:italic;">O Gene Egoísta</span>. Um <span style="font-style:italic;">festschrift</span><span style="font-weight:bold;">[1]</span>, “How a Scientist Changed the Way We Think” [<span style="font-style:italic;">Como um Cientista Mudou a Maneira de Pensar</span>], foi publicado este mês, com contribuições de estrelas como Philip Pullman. <br /><br />Uma semana atrás foi a vez do filósofo norte-americano Daniel Dennett, segundo, atrás apenas de Dawkins, no ranking mundial dos darwinistas contemporâneos, ser homenageado com uma série de leituras e debates nos EUA em razão do lançamento de seu livro sobre a religião “Breaking the Spell” [<span style="font-style:italic;">Quebrando o Encanto</span>]. Ambos formam um bom time, um esbanjando generosos elogios ao outro na medida em que Dennett tenta comportar sua disciplina nas descobertas científicas de Dawkins.<br /><span class="fullpost"><br />O curioso, no meio destas celebrações, é a proeminência destes dois darwinistas para um grupo inesperado: o movimento Intelligent Desing americano. Huh? Dawkins, particularmente, se tornou a personalidade favorita deles. <br /><br />Como isto é possível? William Dembski (um dos líderes do movimento <span style="font-style:italic;">Intelling Design</span> americano) mencionou isto em um e-mail enviado a Dawkins: “Eu sei que você não acredita em Deus, mas eu gostaria de agradecê-lo pelo maravilhoso trabalho que você tem prestado para o teísmo e para o <span style="font-style:italic;">Intelligent Design</span> mais especificamente. Na verdade, eu costumo dizer aos meus colegas que você e seu trabalho são um dos maiores presentes de Deus ao movimento <span style="font-style:italic;">Intelligent Design</span>. Então, por favor, continue assim!”.<br /><br />Mas enquanto Dembski, Dawkins e Dennett estão brindando com <span style="font-style:italic;">champagne</span> por seus diferentes motivos, existem aqueles que não se agradam nem um pouco com esta festa. Michael Ruse, um proeminente filósofo darwinista (e agnóstico) americano, com alguns livros neste assunto, está irritado: “Dawkins e Dennett são realmente perigosos, moral e legalmente”. A essência do argumento de Ruse é que o darwinismo não conduz inevitavelmente ao ateísmo, e afirmar que ele conduz (como Dawkins faz) dá ao movimento <span style="font-style:italic;">Intelligent Design</span> uma brecha legal: “se o darwinismo equivale ao ateísmo, então ele não pode ser ensinado nas escolas americanas por causa da separação constitucional entre igreja e Estado. Isto dá aos criacionistas um caso legal. Dawkins e Dannett estão dando a estas pessoas uma grande ferramenta”. <br /><br />Não há lugar para satisfação, argumentou Ruse em um almoço semana passada em Londres. A decisão da corte contra o ensinamento do <span style="font-style:italic;">Intelligent Desing</span> em algumas escolas da Pensilvânia em Dezembro passado talvez tenha sido um golpe contra o <span style="font-style:italic;">lobby</span>, mas agora a estratégia do <span style="font-style:italic;">lobby</span> criacionista/<span style="font-style:italic;">intelligent-designer</span> é “mudar o discurso no nível acadêmico”. O Centro Nacional para Educação Científica acredita que pelo menos 20% das escolas americanas estão ensinando o criacionismo de alguma forma. A evolução está perdendo a batalha, disse Ruse, e isto é culpa de Dawkins e Dennett com seu ateísmo agressivo: eles são os melhores recrutas do criacionismo.<br /><br />Ruse chegou a um momento ousado de sua carreira. Ele prefaciou o ensaio sobre o <span style="font-style:italic;">festschrift</span> a Dawkins com a citação de Dembski mencionada acima e prosseguiu declarando que “senti intensamente irritado com Dawkins... é ruim demais brigar com um inimigo tendo que vigiar meu traseiro em razão dos meus amigos“. Os editores ficaram horrorizados e ordenaram que Ruse reescrevesse o prefácio de forma diferente – o que ele convenientemente fez.<br /><br />Mais ousado ainda, Ruse colocou na net uma troca de e-mails entre ele e Dennett na qual ele acusou seu adversário de ser um “desastre absoluto” e que se recusa a estudar a cristandade seriamente: “é um plano tolo e grotescamente imoral afirmar que os cristãos são simplesmente uma força do mal”. A resposta de Dennett consistiu apenas de uma única linha opaca: “Eu duvido que você acredite em tudo o que você disse”.<br /><br />Mas Ruse conseguiu um ponto. Por todos os Estados Unidos, a batalha sobre a evolução no ensino de ciência prossegue. Só no mês passado tivemos projetos de lei em Nova Iorque, Mississipi, Nevada e Kansas promovendo o <span style="font-style:italic;">Intelligent Desing</span>. Em Novembro passado o estado do Kansas promulgou uma nova definição de ciência que permite explicações sobrenaturais para os fenômenos naturais. Uma secretaria de educação do Kansas se rebelou mês passado, acusando a decisão do estado de “uma crença extremamente falsa de que a ciência evolucionária e o método científico são baseados em uma filosofia ateísta. Promover este falso conflito entre ciência e fé cria barreiras desnecessárias”. No centro de todas estas controvérsias locais está a firme crença de que o darwinismo conduz ao ateísmo, aliás, que o darwinismo é ateísmo. Por todos os Estados Unidos, um bruto e errôneo conflito está sendo criado entre ciência como ateísmo e religião.<br /><br />É importante que a Grã-Bretanha se mantenha longe desta armadilha na qual a América caiu, não apenas porque ela põe em perigo a boa ciência, mas porque existe um debate fascinante acontecendo sobre o que o método científico pode revelar sobre a fé, e o que os teólogos podem nos dizer sobre a ciência. Um barco de disciplinas, da biologia evolucionária e psicologia à antropologia, estão gerando novos <span style="font-style:italic;">insights</span> dentro deste fenômeno humano persistente: a crença religiosa. Nas melhores partes de seu livro, Dennett escreve sobre isto, como o faz também Lewis Wolpert em seu novo livro, Six Impossible Things Before Breakfest [<span style="font-style:italic;">Seis Coisas Impossíveis Antes do Café da Manhã</span>]. Wolpert argumenta que a origem da crença religiosa está ligada à nossa exclusiva capacidade de criar ferramentas; Dennett relaciona a origem do fenômeno religioso a um instinto de sobrevivência de atribuir personalidade a fenômenos. <br /><br />Ambos, Dennett e Wolpert, reconhecem que a religião pode ter provido vantagens evolutivas aos humanos. Existem boas evidências de que a fé melhora a saúde mental e o otimismo, e reduz o <span style="font-style:italic;">stress</span>; o <span style="font-style:italic;">shamanismo</span>, com seu efeito terapêutico, foi o melhor sistema de cuidado com a saúde por milhares de anos. Dennett menciona aqueles que argumentam que a fé melhora a cooperação interior aos grupos (embora não entre eles). Este argumento levanta a questão crucial se, em uma era de globalização e recursos limitados, a religião deixou para trás sua vantagem evolutiva.<br /><br />Este é o tipo de discussão que queremos ter em nosso país, mas nós ainda não estamos a salvo das falsas dicotomias do tipo americano entre fé e ciência (que trariam fortes conseqüências aos milhares de jovens mulçumanos que estudam ciência neste país). Na época em que Rowan Williams, o arcebispo de Cantuária, fez uma intervenção útil e inequívoca rejeitando o criacionismo, Charles Clarke, em uma conferência sobre fé no estado, se sustentava perigosamente no provérbio: “este é um bom debate para se ter nas escolas”. Mal percebia ele que estava usando uma linha chave do manual do lobby criacionista: “ensine a controvérsia”.<br /><br />Sejamos claros, Clarke está errado – alguns debates não são dignos de se ter. Ninguém argumentaria que seria um projeto útil pesquisar teorias sobre a terra plana, então, por que o <span style="font-style:italic;">Intelligent Design</span>? Mas se você concorda com isto, então você pode concordar também que alguns debates são tão corrompidos pelo preconceito e ignorância que não vale a pena tê-los. <br /><br />Todos os protagonistas em um debate possuem uma responsabilidade moral de assegurar que o ar quente que eles despendem gere luz, não apenas calor. Este é um ponto que escapa a Dawkins. Seu livro sobre religião, <span style="font-style:italic;">Deus, um delírio</span>, será lançado neste outono. Dembski e o movimento <span style="font-style:italic;">Intelligent Design</span> já devem estar ajoelhados, agradecendo a Deus.<br /><br />--------------------<br /><br />Notas:<br /><br />[1] - No mundo acadêmico, um "Festschrift" é um livro homenageando a um acadêmico respeitado. O termo, emprestado do alemão, poderia ser traduzido como uma "publicação de celebração”. Um "Festschrift" contém contribuições originais oferecidas ao homenageado por seus mais próximos colegas acadêmicos, geralmente incluindo seus passados estudantes de doutorado. Em geral é publicado por ocasião de algum aniversario. Um "Festschrift" pode variar desde um volume pequeno até uma obra de varios volumes. Frequentemente inclui contribuições importantes para bolsas de estudo ou para a ciencia. (Nota do tradutor)<br /><br />--------------------<br /><br />Traduzido para o português por:<br /><br />Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-4890546297254807024?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com3tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-43732459949811287742009-08-14T19:20:00.000-07:002009-08-14T20:13:08.834-07:00[1/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYdyNqcyFI/AAAAAAAAAWM/WmN8S54eWZ4/s1600-h/craig-ehrman-debate.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYdyNqcyFI/AAAAAAAAAWM/WmN8S54eWZ4/s320/craig-ehrman-debate.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370012354184267858" /></a><div style="text-align: justify;">Parte 1 de 8.<br /><br />--------------------<br /><br />Um debate entre <span style="font-weight:bold;">William Lane Craig</span> e <span style="font-weight:bold;">Bart D. Ehrman</span>. Para baixar o <span style="font-style:italic;">transcript</span> original deste debate (em inglês), <a href="http://www.megaupload.com/?d=58Z4RXQA">clique aqui</a>. <br /><br /><span style="font-style:italic;">College of the Holy Cross, Worcester, Massachusetts<br />28 de Março de 2006</span><br /><br />Traduzido para o português por Eliel Vieira (eliel@elielvieira.org).<br /><br />Este debate também está disponível em versão PDF, para baixá-la <a href="http://www.megaupload.com/?d=ND04FTCF">clique aqui</a>.<br /><br />--------------------<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Introdução</span><br /><br />Estudantes, faculdade, equipe, e visitantes, estou feliz em dar as boas vindas a vocês aqui no <span style="font-style:italic;">Hogan Campus Center</span> do <span style="font-style:italic;">College of the Holy Cross</span>. Meu nome é Charles Anderton e eu sou professor de economia aqui no <span style="font-style:italic;">Holy Cross</span>. Junto aos patrocinadores deste evento – o <span style="font-style:italic;">Center for Religion, Ethics and Culture</span> e o <span style="font-style:italic;">Campus Christian Fellowship</span> – eu calorosamente dou as boas vindas a todos vocês para o debate desta noite. A questão diante de nós hoje é de grande interesse para cristãos e para muitos não-cristãos: existem evidências históricas para a ressurreição de Jesus? Sustentando a resposta afirmativa teremos o Dr. William Lane Craig, pesquisador e professor de Filosofia no <span style="font-style:italic;">Talbot School of Theology</span> em La Mirada, Califórnia. Sustentando a resposta negativa teremos Dr. Bart Ehrman, notável professor e titular do departamento de Estudos da Religião na Universidade da Carolina do Norte.<br /><span class="fullpost"><br />Durante o debate, eu peço a vocês que respeitosamente considerem os pontos de vista dos debatedores. Por favor, evitem qualquer aplauso, comentário, ou manifestação de crítica ou apoio. Teremos uma sessão de “perguntas e respostas” em um momento específico do debate e então vocês terão então uma oportunidade de interagir com os debatedores. Por favor, saibam que o debate e a sessão “perguntas e respostas” serão filmados e gravados, portanto, peço também que desliguem seus celulares. <br /><br />O moderador do debate de hoje a noite será Dr. William Shea, Diretor do <span style="font-style:italic;">Center for Religion, Ethics and Culture</span> aqui do <span style="font-style:italic;">Holy Cross</span>. Dr. Shea recebeu seu Ph.D. em 1973 na Columbia University School of Philosophy. Ele estudou na Catholic University of America, University of South Florida e na Saint Loius University. Ele também atuou como presidente do <span style="font-style:italic;">College Theology Society</span>. Dr. Shea já publicou mais de 50 ensaios e artigos em jornais escolares e já escreveu e editou um bom número de livros como “<span style="font-style:italic;">Naturalism and the Supernatural</span>”, “<span style="font-style:italic;">The Struggle Over the Past: Religious Fundamentalism in the Modern World</span>”, “<span style="font-style:italic;">Knowlegde and Belief in America: Enlightenment Traditions and Modern Religions Thought</span>”, “<span style="font-style:italic;">Trying Times: Essays on Catholic Higher in the 20th Century</span>” e mais recentemente seu livro “<span style="font-style:italic;">Lion and the Lamb: Evangelicals and Catholics in America</span>”. Por favor, Dr. William Shea, seja bem vindo.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Observações do Moderador</span><br /><br />Boa Noite. O debate é uma antiga forma de discussão que combina elementos de informação, educação, esperança de convencimento alheio e entretenimento. Os filósofos gregos, os “sofistas”, eram excelentes nos debates, e os diálogos platônicos e as dialéticas aristotélicas eram formas literárias refinadas de debate. Os cristãos incorporaram a forma literária de debate e debateram sobre um grande número de questões teológicas e filosóficas. As universidades medievais eram lotadas com estudantes e professores que queriam debater. Alguns cristãos medievais pensavam que se eles simplesmente pudessem discursar bem para a comunidade judaica em um debate, as massas de judeus então se converteriam para o Evangelho cristão. Em um famoso debate no século XIII, um frade dominicano desafiou um notável rabino para um debate se Jesus era ou não o Messias. O rabino hesitou em aceitar debater, sabendo que se ele vencesse o debate apresentando boas razões do por que Jesus NÃO era o Messias, ele e seus companheiros judeus sairiam perdendo de qualquer forma, e foi exatamente isto o que ocorreu: o rabino venceu o debate, o frade perdeu, e então os cristãos queimaram as casas e os negócios dos judeus. Eu espero que após o debate de hoje a noite nenhum de vocês queime o <span style="font-style:italic;">Talbot Divinity School</span> ou a <span style="font-style:italic;">University of North Carolina</span>. <br /><br />Meu debate favorito aconteceu em Cincinnati, em 1834, quando Alexander Capmbell, o fundador da denominação protestante “The Disciples of Christ” [<span style="font-style:italic;">Os Discípulos de Cristo</span>] debateu com o bispo católico de Cincinnati, John Purcell, sobre a questão se a Igreja católica era o anti-Cristo e a Besta vinda do mar. O debate durou seis dias – seis horas em cada dia – e foi impresso em um volume de 500 páginas. Ambos os debatedores viveram por muitos anos após o debate e nenhum deles jamais cessou de falar sobre a questão. Você está a salvo hoje à noite. Eu mesmo tenho que me apressar, porque estamos aqui seguindo a risca a alguns parâmetros. E eles são: <br /><br />- Professor Victor Mathson irá marcar o tempo de cada debatedor.<br />- Cada debatedor terá 20 minutos para seu discurso de abertura.<br />- Cada debatedor terá 12 minutos para a primeira réplica.<br />- Cada debatedor terá 8 minutos para a segunda réplica.<br />- Cada debatedor terá 5 minutos para suas conclusões.<br />- Então vocês poderão aplaudi-los – não antes.<br />- Vocês poderão fazer perguntas para cada debatedor, durante um período de 30 minutos.<br />- Vocês poderão aplaudi-los novamente.<br />- Dr. Anderson fará um discurso final.<br />- Aplaudiremos novamente, e então iremos para nossas casas em paz, sem queimar nada durante o percurso.<br /><br />Os dois debatedores não conhecem um ao outro exceto pelo nome e pela reputação. Eles não fizeram nenhum treinamento um com o outro. Este é um debate sério; não um encontro da <span style="font-style:italic;">World Wrestling Federation</span>. Eles estão debatendo uma questão séria, a saber, que tipo de literatura se trata os livros que compõem o Novo Testamento e quais são suas utilidades. Ambos são estudiosos, escritores e oradores consagrados.<br /><br />William Lane Craig tem um doutorado em Filosofia pela <span style="font-style:italic;">University of Birmingham</span> e um doutorado em Teologia pela <span style="font-style:italic;">University of Munich</span>. Ele também estudou na <span style="font-style:italic;">Catholic University of Louvain</span> por sete anos. Craig tem atuado como professor pesquisador de Filosofia no <span style="font-style:italic;">Talbot School of Theology</span> pelos últimos dez anos, também já escreveu e editou mais de trinta livros, incluindo um intitulado “Assessing the NT Evidence of the Historicity of the Ressurrection of Jesus” [<span style="font-style:italic;">Avaliando as Evidências do Novo Testamento para a Historicidade da Ressurreição de Jesus</span>], e dois volumes de debates anteriores, um com Gerd Lüdemann da <span style="font-style:italic;">Göttingen University</span>, na Alemanha, e outro com John Dominic Crossan do <span style="font-style:italic;">DePaul University</span>.<br /><br />Barth Ehrman é um importante professor de estudos religiosos na <span style="font-style:italic;">University of Noth Carolina</span>. Ele recebeu seu doutorado no <span style="font-style:italic;">Princeton Theological Seminary</span> em 1985 e está na <span style="font-style:italic;">North Carolina</span> desde 1988. Ele já escreveu 19 livros. Entre meus favoritos estão suas introduções para o Novo Testamento e literatura cristã primitiva e seu recente livro sobre <span style="font-style:italic;">O Código DaVinci</span>.<br /><br />Dr. Craig fará o primeiro discurso de abertura, seguido por Dr. Ehrman.<br /><br /><br /><a href="/2009/08/28_existem_evidencias_historicas_para.html">Clique aqui para ler a parte 2</a> <br /><br />----------------<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div><br /></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-4373245994981128774?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com2tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-31758603269535244902009-08-14T18:59:00.000-07:002009-08-14T19:39:03.816-07:00[2/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYd7hr91hI/AAAAAAAAAWU/wqGTeQwZOcA/s1600-h/craig-ehrman-debate.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYd7hr91hI/AAAAAAAAAWU/wqGTeQwZOcA/s320/craig-ehrman-debate.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370012514178160146" /></a><div style="text-align: justify;">Parte 2 de 8. <br /><br />--------------------<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dr. Craig – Discurso de Abertura</span><br /><br />Boa noite! Eu gostaria de expressar o quão grato eu estou pelo convite para participar do debate de hoje à noite. Eu tenho estado muito ansioso para discutir as questões desta noite com o Dr. Ehrman. <br /><br />Enquanto me preparava para este debate eu tive uma surpresa. Fiquei espantado em descobrir como nossas histórias de vida são parecidas: uma vez pequenos adolescentes rebeldes com alguma familiaridade em relação ao cristianismo, as vidas de ambos foram transformadas por volta dos 15 ou 16 anos ao experimentarmos um renascimento espiritual através da fé pessoal em Jesus Cristo. Ansiosos por servi-lo, ambos freqüentamos o mesmo colégio em Illinois, <span style="font-style:italic;">Wheaton College</span>, onde também estudamos grego com mesmo professor. Após a graduação, ambos fomos atrás de nossos diplomas de doutorado.<br /><span class="fullpost"><br />Todavia, nossos caminhos se divergiram radicalmente. Eu recebi uma oportunidade do governo alemão para estudar a ressurreição de Jesus sobre direção de Wolfhart Pannenberg e Ferdinand Hahn na <span style="font-style:italic;">University of Munich</span> e na <span style="font-style:italic;">Cambridge University</span>. Como resultado dos meus estudos, fiquei mais convencido da credibilidade histórica deste evento. Claro, desde minha conversão, eu já acreditava na ressurreição de Jesus com base em minha experiência pessoal, e eu ainda penso que esta abordagem experimental sobre a ressurreição é uma maneira perfeitamente válida para saber que Cristo ressuscitou. Esta é a maneira pela qual a maioria dos cristãos atualmente sabe que Jesus está vivo. Mas, como resultado de meus estudos, eu percebi que uma extraordinária argumentação pode ser proposta para a ressurreição de Jesus de forma histórica também, e eu espero mostrar hoje à noite que a ressurreição de Jesus é a melhor explicação para certos fatos estabelecidos sobre Jesus.<br /><br />Infelizmente, Dr. Ehrman chegou a conclusões radicalmente diferentes a partir de seus estudos. Em seus livros mais recentes, ele dolorosamente descreve como ele veio a perder sua fé adolescente. Não estou certo, baseado nos escritos do Dr. Ehrman, se ele ainda acredita na ressurreição de Jesus ou não. Ele nunca negou isto. Entretanto ele negou que possam existir evidências históricas para a ressurreição de Jesus. Ele sustenta que <span style="font-style:italic;">não podem</span> existir evidências históricas para a ressurreição de Jesus. Agora, esta é uma afirmação muito ousada, e então, naturalmente, eu fiquei interessado em ver qual argumento que ele ofereceria para justificá-lo. Fiquei impressionado em descobrir que o argumento filosófico que ele proveu para sua afirmação é um velho argumento contra a identificação de milagres que eu estudei durante minha pesquisa de doutorado e que é considerado pela maioria dos filósofos atualmente como claramente falacioso. Então, para não passar com o carro na frente dos bois, esperarei até que ele apresente seu argumento antes de mostrar onde esta falácia mente. <br /><br />Por agora, eu quero esboçar brevemente como o argumento histórico para a ressurreição de Jesus se apresenta. Ao construir uma argumentação para a ressurreição de Jesus, é importante fazer uma distinção entre <span style="font-style:italic;">evidência </span>e a melhor <span style="font-style:italic;">explicação</span> para a evidência. Esta distinção é importante, pois na argumentação em questão a evidência é relativamente não-controversa. Como veremos, a evidência é aceita pela maioria dos estudiosos. Por outro lado, a explicação para a evidência é controversa. Que a ressurreição é a melhor explicação para a evidência é uma questão controversa. Embora Dr. Ehrman diga que não possa existir qualquer evidência histórica para a ressurreição, veremos que o que ele realmente quer dizer com suas palavras é que a ressurreição não pode ser a melhor explicação para a evidência, não que não exista evidência. <br /><br />Prossigo, então, para meu primeiro ponto, a saber:<br /><br /><span style="font-weight:bold;">(I) Existem quatro fatos históricos que precisam ser explicados por alguma hipótese histórica adequada:</span><br />- O sepultamento de Jesus.<br />- A descoberta de seu túmulo vazio.<br />- Suas aparições <span style="font-style:italic;">post-mortem</span>.<br />- A origem da crença dos discípulos em sua ressurreição.<br /><br />Agora, vamos analisar este primeiro ponto mais de perto. Eu quero compartilhar quatro fatos que são largamente aceitos pelos historiadores atualmente.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fato #1: Após sua crucificação Jesus foi sepultado por José de Arimatéia em uma tumba.</span> Os historiadores sustentam este fato baseando-se em evidencias como:<br /><br /><span style="font-style:italic;">1. O sepultamento de Jesus é atestado multiplamente por fontes primitivas independentes</span> – Nós temos quatro biografias de Jesus, por Mateus, Marcos, Lucas e João, que formam o Novo Testamento juntamente com várias cartas do apóstolo Paulo. O relato do sepultamento é uma parte do relato de Marcos sobre a história do sofrimento e morte de Jesus. Trata-se de uma fonte muito próxima aos acontecimentos que provavelmente é baseada no testemunho de um observador dos eventos e que, sobre a qual, o comentarista Rudolf Pesch data para algum momento entre sete anos após a crucificação. Além disso, Paulo cita uma fonte extremamente antiga para o sepultamento de Jesus que a maioria dos estudiosos data para algum momento entre cinco anos após a crucificação de Jesus. Testemunhos independentes sobre o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia são também fundamentados nas fontes por trás de Mateus e Lucas e o evangelho de João, para não citar o evangelho apócrifo de Pedro. Assim, nós temos pelo menos cinco notáveis fontes independentes sobre o sepultamento de Jesus, algumas extremamente próximas ao evento da crucificação.<br /><br /><span style="font-style:italic;">2. Como um membro do Sinédrio Judaico que condenou Jesus, José de Arimatéia provavelmente não é uma invenção cristã</span> – Existia uma hostilidade compreensível no início na igreja em relação aos líderes judeus. Aos olhos dos cristãos, eles planejaram a condenação judicial de Jesus. Assim, de acordo com o estudioso do Novo Testamento Raymond Brown, o sepultamento de Jesus por José é “muito provável”, uma vez que é “quase inexplicável” porque os cristãos inventariam uma história sobre um membro do Sinédrio Judaico que fez um bem a Jesus<span style="font-weight:bold;">[1]</span>.<br /><br />Por estas e outras razões, a maioria dos críticos do Novo Testamento concordam que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia em uma tumba. De acordo com John A. T. Robinson da <span style="font-style:italic;">Cambridge University</span>, o sepultamento de Jesus em sua tumba é “um dos mais antigos e melhor-atestados fatos sobre Jesus”<span style="font-weight:bold;">[2]</span>.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fato #2: No domingo após a crucificação, a tumba de Jesus foi encontrada vazia por um grupo de seguidoras de Jesus.</span> Entre as razões que levaram a maioria dos estudiosos a esta conclusão estão:<br /><br /><span style="font-style:italic;">1. A tumba vazia também é atestada multiplamente por fontes antigas independentes</span> – A fonte de Marcos não terminou com o sepultamento, mas com a história da tumba vazia, que está ligada à história do sepultamento verbal e gramaticalmente. Além disso, Mateus e João contêm fontes independentes sobre a tumba vazia; esta história também é mencionada nos sermões nos Atos dos Apóstolos (2.29; 13.36); e esta é implícita por Paulo em sua primeira carta à igreja de Corinto (I Co. 15.4). Assim, novamente nós temos múltiplas fontes antigas atestando o fato da tumba vazia. <br /><br /><span style="font-style:italic;">2. A tumba foi descoberta vazia por mulheres</span> – Na sociedade judaica patriarcal o testemunho de mulheres não possuía consideração. De fato, o historiador judeu Josefo disse que não era permitido às mulheres servirem como testemunhas em um tribunal judaico. À luz deste fato, quão extraordinário é o fato de terem sido mulheres quem descobriram a tumba vazia de Jesus. Qualquer invenção posterior certamente colocaria discípulos homens como Pedro e João como descobridores da tumba vazia. O fato de terem sido mulheres, mais do que homens, que descobriram a tumba vazia, é melhor explicado pelo fato de que elas <span style="font-style:italic;">eram</span> as principais testemunhas para o fato da tumba vazia, e os escritores dos evangelhos sinceramente relataram isto, para eles, a descoberta da tumba pelas mulheres foi um fato incomodo e embaraçoso.<br /><br />Eu poderia continuar, mas eu acho que foi dito o suficiente para indicar porque, nas palavras de Jacob Kremer, um especialista austríaco sobre a ressurreição, “a confiabilidade das narrativas bíblicas em relação à tumba vazia é sustentada firme-mente pela grande maioria dos exegetas”<span style="font-weight:bold;">[3]</span>.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fato #3: Em diferentes ocasiões e sobre várias circunstâncias diferentes indivíduos e grupos de pessoas experimentaram aparências de Jesus ressuscitado da morte.</span> Este é um fato que é virtualmente reconhecido universalmente pelos estudiosos, pelas seguintes razões:<br /><br /><span style="font-style:italic;">1. A lista de Paulo das testemunhas oculares das aparições do Jesus ressurreto garante que tais aparições ocorreram</span> – Paulo nos diz que Jesus apareceu para seu principal discípulo Pedro, então para o grupo dos apóstolos conhecido como “os doze”; então depois ele apareceu para um grupo de 500 discípulos de uma só vez, então para seu irmão mais novo Tiago, que até então era aparentemente um descrente, então para os discípulos. Finalmente, Paulo acrescenta, “ele apareceu também a mim”, quando Paulo era ainda um perseguidor de cristãos (I Co 15.5-8). Dado o momento no qual Paulo escreveu tais informações, bem como sua familiaridade com as pessoas envolvidas, estas aparições não podem ser desconsideradas como simples lendas. <br /><br /><span style="font-style:italic;">2. Os relatos das aparições nos evangelhos provêm múltiplas e independentes atestações das aparições</span> – Por exemplo, a aparição a Pedro é atestada por Lucas e Paulo; a aparição aos “doze” é atestada por Lucas, João e Paulo; e a aparição para as mulheres é atestada por Mateus e João. As narrativas das aparições alcançam tantas fontes independentes que não se pode racionalmente negar que os primeiros discípulos tiveram tais experiências. Assim, até mesmo o crítico cético do Novo Testamento Gerd Lüdemann conclui, “Pode ser tomado como historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus nas quais Jesus apareceu a eles como Cristo ressurreto”<span style="font-weight:bold;">[4]</span>.<br /><br />Finalmente,<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fato #4: Os discípulos de repente e sinceramente começaram a acreditar que Jesus havia ressuscitado dos mortos não obstante suas muitas predisposições para o contrário.</span> Pense na situação que os discípulos encararam após a crucificação de Jesus:<br /><br /><span style="font-style:italic;">1. Seu líder estava morto</span> – E as expectativas judaicas messiânicas não continham a idéia de um Messias que, ao invés de triunfar sobre os inimigos de Israel, seria vergonhosamente executado pelos seus inimigos como um criminoso. <br /><br /><span style="font-style:italic;">2. Crenças judaicas sobre o além-vida excluíam a possibilidade de qualquer pessoa ressuscitando da morte para a glória e imortalidade antes da ressurreição geral da morte no fim do mundo</span> – Todavia, os discípulos repentinamente começaram a crer tão fortemente que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos que eles se dispuseram a morrer pela verdade desta crença. Mas então surge a questão óbvia: O que no mundo fez-los acreditar em algo tão antijudeu e estranho? Luke Johnson, um estudioso do Novo Testamento na <span style="font-style:italic;">Emory University</span>, comenta, “Alguma espécie de experiência poderosa e transformativa é necessária para gerar o tipo de movimento como o do cristianismo primitivo”<span style="font-weight:bold;">[5]</span>. E também N. T. Wright, um eminente estudioso britânico, conclui, “Esta é a razão porque, como um historiador, eu não consigo explicar o surgimento do cristianismo primitivo a não ser por Jesus ressuscitando, deixando uma tumba vazia para trás”<span style="font-weight:bold;">[6]</span>.<br /><br />Em resumo, existem quatro fatos que são reconhecidos pela maioria dos estudiosos: o sepultamento de Jesus, a descoberta do túmulo vazio, suas aparições <span style="font-style:italic;">post-mortem</span>, e a origem da crença dos discípulos em sua ressurreição. <br /><br />Agora, em uma publicação mais antiga, Dr. Ehrman expressou ceticismo sobre estes fatos. Ele insistiu que não podemos afirmar esses fatos<span style="font-weight:bold;">[7]</span>. Por que não? Bem, ele apresentou duas razões:<br /><br />Primeiro, ele diz, historiadores não dizem que um milagre provavelmente ocorreu. Mas aqui ele estava obviamente confundindo a evidência para a ressurreição com a melhor explicação para a evidência. A ressurreição de Jesus é uma explicação miraculosa para a evidência existente. Mas a evidência em si não é milagrosa. Nenhum destes quatro fatos é de alguma forma sobrenatural ou inacessível para um historiador. Para prover uma analogia, você sabia que após o assassinato de Abraham Lincoln, houve uma conspiração para roubar seu corpo enquanto este estava sendo transportado por trem de volta a Illinois? Agora, os historiadores obviamente vão querer saber se esta conspiração falhou ou não. O corpo de Abraham Lincoln sumiu do trem? O corpo foi enterrado com sucesso em uma tumba em Springfield? Seus assessores próximos, como o Secretário de Guerra Stanton ou o Vice-Presidente Johnson, afirmaram ter visto aparições de Lincoln após sua morte? Estas são questões que qualquer historiador pode investigar. E o mesmo ocorre em relação aos quatro fatos sobre Jesus.<br /><br />Mas Professor Ehrman tinha uma segunda razão que justificasse seu pensamento de que historiadores não podem afirmar estes fatos: os relatos dos Evangelhos destes eventos são irremediavelmente contraditórios. Mas o problema com esta linha de argumentação é que ela assume três coisas: (i) que as inconsistências são mais insolúveis do que simplesmente aparentam; (ii) que as inconsistências negam a parte mais importante da narrativa mais do que em relação aos detalhes secundários e periféricos; e (iii) que todas as narrativas possuem a mesma confiabilidade histórica, desde que a presença de inconsistências numa fonte posterior e menos confiável não diminui em nada a credibilidade de uma fonte anterior e mais fidedigna. Na verdade, quando você olha para as supostas inconsistências, o que você descobre é que a maioria delas – como nomes e número de mulheres que visitaram a tumba – são simplesmente aparentes inconsistências, não inconsistências reais. Além do mais, as alegadas inconsistências encontram-se em detalhes secundários e circunstanciais da história e não têm absolutamente nenhum efeito sobre os quatro fatos que eu citei. <br /><br />Assim, a maioria dos historiadores não foi dissuadida por este tipo de objeção. E, na verdade, o Dr. Ehrman repensou sua posição nestas questões. Não obstante as inconsistências em detalhes, ele agora reconhece que nós temos “sólidas tradições”, não apenas para o sepultamento de Jesus, mas também para a descoberta da tumba vazia pelas mulheres e, portanto, ele diz, nós podemos concluir com “certa certeza” que Jesus foi de fato sepultado pode José de Arimatéia em uma tumba e que três dias depois a tumba foi encontrada vazia<span style="font-weight:bold;">[8]</span>.<br /><br />Quando eu descobri que Professor Ehrman mudou de opinião em relação a esta questão, minha admiração por sua honestidade cresceu. Pouquíssimos estudiosos, uma vez que já se declararam em relação a um assunto, possuem coragem para repensar sobre este assunto e admitir que estavam enganados. A mudança do Dr. Ehrman em sua opinião sobre estas questões é testemunha, não apenas para a força da evidência acerca destes quatro fatos, mas também para sua determinação de seguir a evidência não importa aonde ela o conduza. O que isto significa é que meu primeiro ponto não é uma questão de discordância no debate desta noite. O debate vai se concentrar em relação à resposta de Dr. Ehrman para meu segundo ponto, a saber: <br /><br /><span style="font-weight:bold;">(II) A melhor explicação para estes fatos é que Jesus ressuscitou dentre os mortos.</span><br />Esta, obviamente, foi a explicação que as testemunhas oculares deram aos acontecimentos, e eu não consigo pensar em uma explicação melhor. A hipótese da ressurreição passa por todos os critérios para ser uma melhor explicação, como poder explanatório, escopo explicativo, plausibilidade, e os demais critérios. Claro, através da história várias explicações naturalistas alternativas para a ressurreição têm sido propostas, como a hipótese de Conspiração, a hipótese da Aparente Morte, a hipótese de Alucinação, etc. No julgamento dos estudiosos contemporâneos, entretanto, nenhuma destas hipóteses naturalistas proveu uma explicação para os fatos. Nem mesmo o Dr. Ehrman sustenta alguma destas explicações naturalistas para os fatos. <br /><br />Então, podemos perguntar, por que Dr. Ehrman não aceita a ressurreição como a melhor explicação? A resposta é simples: a ressurreição é um milagre, e Dr. Ehrman recusa a possibilidade de se estabelecer um milagre. Ele escreve, “Uma vez que historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu, e um milagre desta natureza ser um evento altamente improvável, o historiador não pode dizer que a ressurreição ocorreu”<span style="font-weight:bold;">[9]</span>. Este argumento contra a identificação de um milagre é velho, já refutado no século XVIII por alguns eminentes estudiosos como William Paley e George Campbell, e é rejeitado como falacioso por muitos filósofos contemporâneos igualmente. Prometo dizer mais sobre isto depois; mas, por agora, permitam-me dizer que na ausência de alguma explicação naturalista para os fatos, a hesitação do Dr. Ehrman em abraçar a ressurreição de Jesus como a melhor explicação é desnecessária. Dr. Ehrman estaria completamente dentro de seus direitos racionais se ele abraçasse uma explicação miraculosa como a ressurreição – como nós também estaríamos.<br /><br />Concluindo, então, eu penso que existem boas evidencias históricas para a ressurreição de Jesus. Especificamente, eu expus dois pontos para a discussão desta noite:<br /><br /><span style="font-weight:bold;">(I) Existem quatro fatos históricos que precisam ser explicados por alguma hipótese histórica adequada:</span> o sepultamento de Jesus, a descoberta de seu túmulo vazio, suas aparições post-mortem, e a origem da crença dos discípulos em sua ressurreição; e<br /><span style="font-weight:bold;">(II) A melhor explicação para estes fatos é que Jesus ressuscitou dentre os mortos.</span><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Notas:</span><br /><br />[1] - Raymond E. Brown. The Death of Messiah, 2 vols. (Garden City, N.Y.: Doubleay, 1994), 2: 1240-1.<br />[2] - John A. T. Robinson, The Human Face of God (Philadelphia: Westminster, 1973), p. 131.<br />[3] - Jacob Kremer, Die Osterevangelien – Geschichten um Geschichte (Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1997), pp. 49-50.<br />[4] - Gerd Lüdermann, What Really Happened to Jesus?, trans. John Bowden (Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995), p. 8.<br />[5] - Luke Timothy Johnson, The Real Jesus (San Francisco: Harper San Francismo, 1996), p. 136.<br />[6] - N. T. Wright, “The New Unimproved Jesus”, Christianity Today (September 13, 1993), p. 26.<br />[7] - Bart Erhman, “The Historical Jesus”, (The Teaching Company, 2000), Part II, p. 50. <br />[8] - Bart Erhman, “From Jesus to Constantine: A History of Early Christianity”, Lecture 4: “Oral and Written Traditions about Jesus” (The Teaching Company, 2003).<br />[9] - Ehrman, “Historical Jesus”, Part II, p. 50.<br /><br /><br /><a href="/2009/08/27_existem_evidencias_historicas_para_14.html">Clique aqui para ler a parte 3 </a><br /><br />----------------<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div><br /></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-3175860326953524490?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com0tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-83613741890966415842009-08-14T18:38:00.000-07:002009-08-14T19:39:56.869-07:00[3/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYeJ0CFLQI/AAAAAAAAAWc/C8zVVyJP5R8/s1600-h/craig-ehrman-debate.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYeJ0CFLQI/AAAAAAAAAWc/C8zVVyJP5R8/s320/craig-ehrman-debate.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370012759620922626" /></a><div style="text-align: justify;">Parte 3 de 8. <br /><br />--------------------<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dr. Ehrman – Discurso de Abertura</span><br /><br />Eu gostaria de agradecer ao Bill por este impressionante discurso de abertura. Tenho ouvido por estes anos que Bill é um talentoso debatedor e orador, e agora eu vejo porque os evangélicos de quem ele fala são tão orgulhosos de suas habilidades.<br /><br />Em meu discurso de abertura aqui eu não vou lidar com todos os muitos e muitos pontos que Bill levantou. Eu vou, do contrário, explicar meu próprio argumento que, a propósito, não se trata exatamente do argumento que ele disse que eu faria, apesar de que existem alguns pontos em comum. Eu vou expor meu argumento e em meu próximo discurso eu vou mostrar porque, em minha opinião, a posição de Bill é tão problemática.<br /><span class="fullpost"><br />Eu quero dizer no início alguma coisa parecida com o que ele disse no começo de seu discurso. Eu acreditava absolutamente em tudo o que Bill apresentou aqui. Ele e eu freqüentamos a mesma escola cristã evangélica, <span style="font-style:italic;">Wheaton</span>, onde estas questões são ensinadas. Antes disso eu freqüentei uma escola ainda mais conservadora, o <span style="font-style:italic;">Moody Bible Institute</span>, onde “Bíblia” é nosso nome do meio. Lá aprendemos estas coisas ainda mais avidamente. Eu acreditava nelas com todo meu coração e alma. Preguei sobre estas conclusões e tentei convencer outras pessoas que elas eram verdadeiras. Mas então eu comecei a estudar estas questões, não apenas aceitando o que meus professores diziam, mas olhando profundamente para elas. Eu aprendi grego e comecei a estudar o Novo Testamento em sua língua original, aprendi hebraico para ler o Antigo Testamento, também aprendi latim, sírio, e cóptica para poder estudar os manuscritos e as tradições não-canônicas de Jesus em suas línguas originais. Eu mergulhei no mundo do primeiro século, lendo judeus não-cristãos, textos pagãos anteriores e contemporâneos ao Império Romano, e tentei analisar tudo o que foi escrito por um cristão durante os primeiros três séculos da Igreja. Me tornei um estudioso sobre tempos antigos, e por vinte e cindo anos eu tenho pesquisado nesta área, noite e dia. Eu não sou um filósofo como Bill; eu sou um historiador dedicado a encontrar a verdade histórica. Após anos de estudo, eu finalmente cheguei à conclusão de que tudo no qual eu pensava anteriormente sobre a evidência histórica para a ressurreição estava absolutamente errado.<br /><br />Vou começar explicando em termos simples o que os historiadores fazem. Historiadores tentam estabelecer com suas capacidades o que provavelmente aconteceu no passado. Nós não podemos saber realmente o que aconteceu no passado porque o passado já passou. Nós achamos que sabemos o que aconteceu em alguns acontecimentos do passado porque temos algumas boas evidências para o que aconteceu, mas em outros casos nós não sabemos, e em alguns casos nós apenas podemos jogar as mãos para o alto, nos entregar e desistir. <br /><br />É relativamente certo que Bill Clinton venceu a eleição presidencial americana em 1996. Poderá ser de alguma forma menos claro quem venceu a eleição seguinte. É perfeitamente claro que Shakespeare escreveu seus sonetos, mas existe um considerável debate sobre isto. Por que? Isto foi a centenas de anos atrás, e estudiosos surgem com opiniões alternativas. É provável que César atravessou o rio Rubicão, mas nós não temos muitas testemunhas oculares deste fato. Historiadores tentam estabelecer níveis de probabilidade sobre o que aconteceu no passado. Algumas coisas são absolutamente certas, algumas prováveis, outras possíveis, algumas são “talvez”, algumas não são prováveis.<br /><br />Que tipo de evidências os estudiosos procuram quando tentam estabelecer probabilidades sobre o passado? Bem, o melhor tipo de evidência, claro, consiste de relatos contemporâneos aos eventos; pessoas que viveram próximas ao tempo dos acontecimentos dos eventos. Em última análise, se você não tem uma fonte que se encontra próxima ao tempo de ocorrência dos eventos, então você não tem uma fonte fidedigna. Existem apenas dois tipos de fontes de informações para eventos passados: ou relatos baseados em testemunhas oculares, ou relatos que foram inventados. Estes são os únicos tipos de relatos que você tem do passado – ou coisas que aconteceram ou coisas que foram inventadas. Para determinar que relatos correspondem de fato com o que aconteceu, você necessita de narrativas contemporâneas aos acontecimentos, fontes que estão próximas ao tempo de ocorrência dos eventos, e ajuda se você tiver muitos destes relatos. Quanto mais, melhor! Você precisa de muitos relatos contemporâneos, e você precisa que eles sejam independentes uns dos outros. Não te ajudará nada ter diferentes relatos que sofreram influências uns dos outros; você precisa de relatos que atestam independentemente os resultados. Além disso, mesmo que você precise de relatos independentes uns dos outros, que não foram influenciados por outros relatos, você precisa de relatos que corroboram uns aos outros; relatos que são consistentes com aquilo que eles têm a dizer sobre o assunto em questão. Além de tudo isso, finamente, você necessita de fontes que não sejam tendenciosas acerca do assunto. Você necessita de relatos desinteressados. Você precisa de muitos deles, você precisa que eles sejam independentes uns dos outros, e você ainda precisa que eles sejam consistentes uns com os outros. <br /><br />O que nós temos sobre os evangelhos do Novo Testamento? Bem, infelizmente não estamos tão abastados quanto gostaríamos de estar. Nós gostaríamos de estar extremamente abastados porque os evangelhos nos contam sobre Jesus, e eles são nossas melhores fontes sobre Jesus. Mas o quão boas estas fontes são? Eu não estou questionando se elas são fontes teológicas válidas para assuntos religiosos. Mas quão boas historicamente elas são? Infelizmente, elas não são tão boas como nós gostaríamos que elas fossem. Os evangelhos foram escritos 35 ou 36 anos após a morte de Jesus – 35 ou 36 anos após sua morte, não por pessoas que foram testemunhas oculares, mas por pessoas que viveram depois. Os evangelhos foram escritos por pessoas altamente letradas, treinadas, fluentes em grego e que viveram em uma segunda ou terceira geração após a morte de Jesus. Eles não foram escritos pelos seguidores de Jesus que falavam aramaico. Eles foram escritos por pessoas que viveram 30, 40, 50, 60 depois. Onde estas pessoas conseguiram suas informações? Devo salientar que os evangelhos afirmam ter sido escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas, isto é apenas em sua Bíblia em português. Estes são os títulos dos evangelhos, mas quem quer que tenha escrito o evangelho de Mateus, não o chamou de Evangelho de Mateus. Quem quer que tenha escrito o evangelho de Mateus simplesmente escreveu este evangelho, e alguém depois disse que ele era o evangelho de acordo com Mateus. Alguém depois está dizendo a você quem o escreveu. Os títulos são adições posteriores. Os evangelhos não são relatos de testemunhas oculares. Então, de onde eles conseguiram suas informações?<br /><br />Após os dias de Jesus, as pessoas começaram a contar histórias sobre ele a fim de converter outras pessoas à fé. Eles estavam tentando converter judeus e gentios. Como você convence alguém a parar de adorar seu Deus para começar a adorar Jesus? Você precisa contar histórias sobre Jesus. Então você converte uma pessoa a partir daquilo que você diz. Esta pessoa converte outra que converte outra, e ao mesmo tempo as pessoas continuam contando suas histórias.<br /><br />A maneira como isto funciona é assim: eu sou um negociador em Éfeso e alguém vem à cidade e me conta histórias sobre Jesus; a partir destas histórias, eu me converto. Eu digo à minha mulher estas histórias. Ela se converte. Ela então conta as histórias à nossa vizinha do lado. Ela se converte. A vizinha conta as histórias a seu marido. Ele se converte. Ele viaja a Roma a negócios, e conta a algumas pessoas lá estas histórias. Eles se convertem. Estas pessoas que ouviram as histórias em Roma, onde eles as ouviram? Eles as ouviram de um homem que morava perto de mim. Bem, ele estava lá para ver as coisas acontecendo? Não. De onde ele ouviu as histórias, então? Ele as ouviu de sua mulher. De onde ela as ouviu? Ela estava lá? Não. Ela as ouviu de minha mulher. De onde minha mulher as ouviu? Ela as ouviu de mim. Bem, de onde eu as ouvi? Nem eu mesmo estava lá.<br /><br />Histórias estão em circulação ano após ano após ano, e em razão disto, as histórias são alteradas. Como sabemos que as histórias foram alteradas no processo de transmissão? Nós sabemos as histórias que foram alteradas quando existem numerosas diferenças em nossos relatos que não podem ser reconciliados uns com os outros. Você não precisa acreditar nisso porque eu estou falando; apenas confira por si mesmo. Eu digo a meus alunos que a razão de nós não percebemos que existem tantas diferenças nos evangelhos é porque nós os lemos verticalmente, isto é, do início ao fim. Você começa ler Marcos, o lê do início ao fim; então você lê Mateus, lê-lo do início ao fim, e Mateus soa muito parecido com Marcos; então você lê Lucas do início ao fim, e Lucas soa muito parecido com Mateus e Marcos; depois você lê João, um pouquinho diferente, mas soa igual com os demais. A razão é porque você os está lendo verticalmente. A maneira de enxergar as diferenças nos evangelhos é lê-los horizontalmente. Leia uma história em Mateus, então a mesma história em Marcos, e compare as duas histórias e veja o que perceberá. Você enxergará grandes diferenças. Apenas pegue o caso da morte de Jesus. Em qual dia Jesus morreu e em qual horário? Ele morreu um dia antes do pão da Páscoa ser comido, como João explicitamente diz, ou ele morreu depois dele ser comido, como Marcos explicitamente diz? Ele morreu ao meio dia, como é dito em João, ou às 9 da manhã, como dito em Marcos? Jesus carregou sua cruz sozinho por todo o caminho ou Simão de Cirene a carregou? Isto depende de qual evangelho você lê. Os dois ladrões zombaram de Jesus na cruz ou apenas um deles zombou dele enquanto o outro o defendeu? Isto depende de qual evangelho você lê. O véu do templo se rasgou ao meio antes de Jesus morrer ou depois? Depende de qual evangelho você lê.<br /><br />Ou então pegue os relatos sobre a ressurreição. Quem foi à tumba no terceiro dia? Maria foi lá sozinha ou ela foi com outras mulheres? Se Maria foi lá com outras mulheres, quantas outras foram lá, quem eram elas e quais eram seus nomes? A pedra que lacrava o sepulcro rolou antes delas chegarem lá ou não? O que elas viram na tumba? Elas viram um homem, elas viram dois homens, ou elas viram um anjo? Depende do relato que você lê. O que elas disseram aos discípulos? Era para os discípulos permanecerem em Jerusalém e ver Jesus lá ou era para eles saírem e verem Jesus em Galiléia? As mulheres falaram com alguém ou não? Depende do evangelho que você lê. Os discípulos nunca abandonaram Jerusalém ou eles a deixaram imediatamente rumo a Galiléia? Todas as respostas dependem de qual relato você lê.<br /><br />Você tem os mesmos problemas com todas as fontes e com todos os evangelhos. Eles não são relatos fidedignos. Os autores não foram testemunhas oculares; eles foram cristãos fluentes em grego que viveram 35 a 65 anos após os eventos que eles narraram. Os relatos que eles narraram são baseados em tradições orais que estavam em circulação por décadas. Ano após ano os cristãos tentaram converter as demais pessoas contando histórias sobre Jesus ter ressuscitado da morte. Estes escritores estão contando histórias que os cristãos estão repetindo por todos estes anos. Muitas histórias foram inventadas e a maioria das demais foi alterada. Por esta razão, estes relatos não são tão úteis como nós gostaríamos que eles fossem para propósitos históricos. Eles não são contemporâneos aos acontecimentos, eles não são desinteressados, e eles não são consistentes.<br /><br />Mas até mesmo se estas histórias fossem as melhores fontes no mundo, ainda permaneceria um obstáculo principal que nós simplesmente não podemos vencer se abordarmos a questão da ressurreição historicamente mais do que teologicamente. Tudo bem para mim se Bill quiser argumentar teologicamente que Deus ressuscitou Jesus ou até mesmo se ele quiser argumentar que Jesus ressuscitou a si mesmo da morte. Mas isto não pode ser uma reivindicação histórica, e não pela razão que ele impôs a mim como um velho argumento do século XVIII que já foi refutado. Historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu no passado. O problema dos historiadores é que eles não podem repetir um experimento. Hoje, se você quiser provar alguma coisa, é muito simples conseguir provas para muitas coisas na ciência natural; na ciência experimental nós temos provas. Se eu quisesse provar a você que barras de sabão flutuam, mas barras de metal afundam, tudo o que eu preciso fazer é pegar 50 litros de água e começar a jogar as barras. As barras de sabão vão sempre flutuar, as barras de metal sempre vão afundar, e depois de algum tempo teremos um nível do que podemos chamar de probabilidade, onde se eu colocar o ferro novamente, ele afundará novamente, e se eu colocar o sabão, ele flutuará novamente. Nós podemos repetir experiências naturais fazendo experimentos científicos. Mas nós não podemos repetir experimentos na histórica porque uma vez que eles acontecem, acabou.<br /><br />O que são milagres? Milagres não são impossíveis. Eu não vou dizer que eles são impossíveis. Você pode até pensar que eles são possíveis e, se você pensar assim, então você vai concordar com meu argumento mais do que eu mesmo. Eu estou dizendo que milagres são tão altamente improváveis que eles são a possibilidade mais remota em qualquer instância. Eles violam a maneira como a natureza normalmente trabalha. Eles são tão altamente improváveis, sua probabilidade é infinitesimalmente remota, que nós os chamamos milagres. Ninguém neste planeta pode andar sobre as águas. Quais são as chances de um de nós conseguir fazer isso? Bem, nenhum de nós pode, então vamos dizer que as chances são de uma em dez bilhões. Bem, alguém supostamente consegue. Isto dado que as chances são de uma em dez bilhões, mas, de fato, ninguém de nós consegue andar sobre as águas.<br /><br />E sobre a ressurreição de Jesus? Eu não estou dizendo que isto não aconteceu; mas, se a ressurreição aconteceu, isto seria um milagre. A reivindicação de que Jesus ressuscitou não trata apenas do corpo de Jesus voltar à vida; ele voltou à vida para não morrer novamente. Esta é uma violação do que naturalmente acontece, todos os dias, tempo após tempo, milhões de vezes por ano. Quais são as chances de uma ressurreição acontecer? Bem, isto seria um milagre. Em outras palavras, seria tão altamente improvável que nós mão podemos explicar este evento por meios naturais. Um teólogo pode dizer que a ressurreição aconteceu, e para argumentar com o teólogo nós devemos argumentar em terreno teológico porque não há bases históricas para argumentação. Historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu no passado, e por definição um milagre é a possibilidade mais remota a se considerar. Sendo assim, pela natureza do <span style="font-style:italic;">canons</span> da pesquisa histórica, nós não podemos reivindicar historicamente que um milagre provavelmente aconteceu. Por definição, a ressurreição provavelmente não aconteceu. E a história pode estabelecer apenas o que provavelmente ocorreu.<br /><br />Eu gostaria que pudéssemos estabelecer milagres, mas não podemos. Não é por culpa de ninguém. Simplesmente os <span style="font-style:italic;">canons</span> da pesquisa histórica não permitem que se estabeleça como provável a mai improvável de todas as ocorrências. Por esta razão, as quatro evidências levantadas por Bill são completamente irrelevantes. Não pode ser provavelmente histórico um evento que desafia a probabilidade, mesmo que o evento tenha ocorrido. A ressurreição deve ser considerada pela fé, não com base em provas. <br /><br />Permitam-me ilustrar um cenário alternativo do que poderia ter acontecido para explicar a tumba vazia. Eu não acredito no que vou dizer. Eu não acho que tenha acontecido desta forma, mas é mais provável que um milagre acontecendo, porque um milagre, por definição, é a possibilidade mais remota. Então, deixe-me dar mostrar a vocês uma teoria, apenas uma que eu inventei aqui. Eu poderia inventar vinte destas teorias que são implausíveis, mas que ainda assim são mais plausíveis que a ressurreição.<br /><br />Jesus foi sepultado por José de Arimatéia. Dois parentes de Jesus então ficaram irritados por um desconhecido líder judeu ter enterrado o corpo. No fim da noite, estes dois parentes roubaram a tumba, pegaram o corpo e o enterram eles mesmos. Mas os soldados romanos na vigília os viram carregando o corpo pela estrada, lutaram com eles e os mataram. Eles jogaram os três corpos em uma mesma caverna, onde depois de três dias estes corpos estavam impossíveis de seres reconhecidos. A tumba então está vazia. Pessoas vão à tumba e a encontram vazia, começam a pensar que Jesus ressuscitou dos mortos, e elas começam a pensar que o viram, pois eles sabem que Jesus ressuscitou, afinal a tumba está vazia.<br /><br />Este é um cenário improvável, mas você não pode objetá-lo como impossível de ter acontecido porque não é. Pessoas roubaram tumbas. Soldados mataram civis com um pretexto mínimo. Pessoas foram enterradas em uma mesma caverna e deixadas à podridão. Não é provável, mas este cenário é mais provável que um milagre, que é tão improvável que você deve apelar para uma intervenção sobrenatural para fazê-lo funcionar. Esta explicação alternativa que eu dei a vocês – que não é a que eu creio ser verdadeira – é pelo menos plausível, e é histórica, em oposição à explicação de Bill, que não é uma explicação histórica. A explicação de Bill é uma explicação teológica. <br /><br />A evidência de que o próprio Bill não vê sua explicação como histórica é que ele reivindica que sua conclusão é que Jesus foi ressuscitado da morte. Quem o ressuscitou? Bem, presumidamente Deus! Esta é uma reivindicação teológica sobre alguma coisa que aconteceu com Jesus. Trata-se de alguma coisa que Deus fez com Jesus. Mas historiadores não podem presumir crença ou descrença em Deus ao fazerem suas conclusões. Discussões sobre o que Deus fez são naturalmente teológicas, elas não são históricas. Historiadores, sinto em dizer, não têm acesso a Deus. Os <span style="font-style:italic;">canons</span> da pesquisa histórica são restritos apenas ao que acontecem aqui neste plano terreno. Eles não podem nem pressupõe nenhum tipo de crença sobre o mundo natural. Eu não estou dizendo que isto é bom ou mau. Simplesmente é a maneira pela qual a pesquisa histórica trabalha.<br /><br />Permitam-me lhes dar uma analogia. Não é ruim que não existam provas matemáticas para a evidência de uma polêmica antisemitista em <span style="font-style:italic;">O Mercador de Veneza</span>. Matemática é simplesmente irrelevante em relação a questões literárias. Da mesma forma, as pesquisas históricas não podem conduzir reivindicações teológicas sobre o que Deus fez.<br /><br />Em resumo, as fontes que temos não são tão boas quanto desejamos que elas fossem. As narrativas foram escritas muitas décadas após os fatos por pessoas que não estavam lá para vê-las acontecendo, que herdaram histórias que foram alteradas no processo de transmissão. Estes relatos que temos sobre a ressurreição de Jesus não são internamente consistentes; eles são cheios de discrepâncias, incluindo o relato da morte e ressurreição de Jesus. Mas existe o problema com o milagre. Não se trata do problema filosófico com o milagre discutido nos séculos XVII e XVIII. Trata-se de um problema histórico com o milagre, Historiadores não podem estabelecer milagres como ocorrência mais provável porque milagres, por sua natureza são as mais improváveis ocorrências. Obrigado!<br /><br /><br /><a href="/2009/08/37_existem_evidencias_historicas_para.html">Clique aqui para ler a parte 4</a><br /><br />----------------<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div><br /></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-8361374189096641584?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com1tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-19260961684473649322009-08-14T18:20:00.002-07:002009-08-14T19:40:24.703-07:00[4/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYeTywAqwI/AAAAAAAAAWk/klhpHYLbx40/s1600-h/craig-ehrman-debate.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYeTywAqwI/AAAAAAAAAWk/klhpHYLbx40/s320/craig-ehrman-debate.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370012931075386114" /></a><div style="text-align: justify;">Parte 4 de 8. <br /><br />--------------------<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dr. Craig – Primeira Refutação</span><br /><br />Bem, obrigado Bart, vejo que teremos um bom debate esta noite. Agora, vocês vão se recordar que eu estabeleci dois pontos para defender esta noite:<br /><br />I. Existem quatro fatos que alguma hipótese histórica precisa explicar.<br />II. A ressurreição de Jesus é a melhor explicação para estes fatos.<br /><br />Agora, eu gostaria de pular este primeiro ponto por causa do tempo e ir direto para o segundo porque ele é a chave onde Dr. Ehrman e eu discordamos.<br /><br />Dr. Ehrman sustenta que nós nunca podemos dizer que um milagre como a ressurreição provavelmente aconteceu porque milagres, por sua própria natureza, são intrinsecamente improváveis. Agora, a despeito do que ele disse, este argumento não é novo. Ele já foi proposto no século XVIII por David Hume em seu ensaio <span style="font-style:italic;">Of Miracles</span>. O argumento do Dr. Ehrman é apenas uma versão recauchutada do pensamento de David Hume. Agora, o que os filósofos contemporâneos pensam sobre o argumento de Hume contra a identificação de milagres? Bem, permitam-se apresentar-lhes outro Earman, John Earman, Professor de Filosofia da Ciência na <span style="font-style:italic;">University of Pittsburgh</span>.<br /><span class="fullpost"><br />**O Slide de Powerpoint mostra a capa do livro de John Earman, “Hume’s Abject Failure: The argument Against Miracle” [<span style="font-style:italic;">O Fiasco Desprezível de Hume: O argumento contra o milagre</span>]**<br /><br />Este Professor Earman não é um cristão; na verdade, ele é um agnóstico. Ele nem mesmo acredita na existência de Deus. Todavia, veja o que ele pensa sobre o argumento de Hume: não é apenas um fiasco, é um fiasco desprezível. Isto é para dizer que, ele é demonstradamente, irremediavelmente, desesperadamente falacioso.<br /><br />Permitam-me explicar por que.<br /><br />Quando falamos sobre a probabilidade de algum evento ou hipótese <span style="font-weight:bold;">A</span>, esta probabilidade é sempre relativa a um corpo de informações de um contexto <span style="font-weight:bold;">B</span>. Assim, nós dizemos sobre a probabilidade de <span style="font-weight:bold;">A</span> sobre <span style="font-weight:bold;">B</span>, ou de <span style="font-weight:bold;">A</span> em relação a <span style="font-weight:bold;">B</span>.<br /><br />**Slide de Powerpoint mostra a fórmula <span style="font-weight:bold;">Pr (A/B)</span>**<br /><br />Então, a fim de descobrirmos a probabilidade da ressurreição, tomemos <span style="font-weight:bold;">B</span> como o corpo de informações que nós temos à parte de qualquer evidência para a ressurreição. Tomemos <span style="font-weight:bold;">E</span> para a evidência específica da ressurreição de Jesus: a tumba vazia, as aparições post-mortem, etc. Finalmente, tomemos <span style="font-weight:bold;">R</span> como a ressurreição de Jesus. Agora, o que nós queremos descobrir é a probabilidade da ressurreição de Jesus dado o corpo de informações que nós temos e a evidência específica neste caso.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYRpvvIzwI/AAAAAAAAAVM/FQ__xA3EmuI/s1600-h/debate001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 244px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYRpvvIzwI/AAAAAAAAAVM/FQ__xA3EmuI/s400/debate001.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5369999014572379906" /></a><br /><br />Os teóricos em probabilidade desenvolveram uma fórmula muito complexa para calcular probabilidades como esta, e eu vou caminhar com vocês passo a passo, então vocês a entenderão.<br /><br />O primeiro fator que nós precisamos considerar é a probabilidade da ressurreição sobre o corpo de informações que nós temos, apenas:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSd4-WbiI/AAAAAAAAAVU/NFwHUkBZyJ0/s1600-h/debate002.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 244px; height: 103px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSd4-WbiI/AAAAAAAAAVU/NFwHUkBZyJ0/s400/debate002.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5369999910405303842" /></a><br /><br />Pr (R/B) é chamada de <span style="font-style:italic;">intrínseca probabilidade</span> da ressurreição. Ela nos diz o quão provável a ressurreição é dado o corpo de informações que temos. <br /><br />A seguir nós a multiplicamos pela probabilidade da evidência dado o corpo de informações que temos e a ressurreição:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSo1SPh5I/AAAAAAAAAVc/YXpBw-RwOSU/s1600-h/debate003.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 356px; height: 118px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSo1SPh5I/AAAAAAAAAVc/YXpBw-RwOSU/s400/debate003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370000098393556882" /></a><br /><br />Pr (E/B & R) é chamado de <span style="font-style:italic;">poder explanatório</span> da hipótese da ressurreição. Ela nos diz o quão provável a ressurreição torna a tumba vazia e os demais fatos. Estes dois fatores formam o numerador do cálculo.<br /><br />Agora, na linha de baixo, no denominador, apenas reproduza o denominador. Apenas mova tudo o que está no numerador para a linha de baixo:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSzSP_gRI/AAAAAAAAAVk/6JZPlkhGKcw/s1600-h/debate004.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 396px; height: 112px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYSzSP_gRI/AAAAAAAAAVk/6JZPlkhGKcw/s400/debate004.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370000277967438098" /></a><br /><br />Finalmente, nós adicionamos a este produto dois novos fatores: a intrínseca probabilidade que Jesus não ressuscitou de dentre os mortos e o poder explanatório da hipótese da não-ressurreição:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTDi2kl5I/AAAAAAAAAVs/QImRsd69DxQ/s1600-h/debate005.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 73px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTDi2kl5I/AAAAAAAAAVs/QImRsd69DxQ/s400/debate005.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370000557302126482" /></a><br /> <br />Basicamente, Pr (not-R/B) x Pr (E/B& not-R) representa a intrínseca probabilidade e o poder explanatório de todas as explicações naturalistas alternativas à ressurreição de Jesus. <br /><br />Assim, a probabilidade da ressurreição de Jesus relativa ao corpo de informações que temos e a específica evidência é equivalente nesse cálculo complicado.<br /><br />Agora nós estamos prontos para observar precisamente onde o erro do Dr. Ehrman mente. Então, em homenagem ao desprezível erro de Hume, eu lhes dou: o Erro Escandaloso de Ehrman. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTNfJ9oAI/AAAAAAAAAV0/-JZqbUr7HZQ/s1600-h/debate006.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTNfJ9oAI/AAAAAAAAAV0/-JZqbUr7HZQ/s400/debate006.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370000728108408834" /></a><br /><br />Ele diz: “Uma vez que historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu, e como um milagre é em sua natureza muito improvável, os historiadores não podem dizer que a ressurreição provavelmente aconteceu”. <br /><br />Em outras palavras, ao calcular a probabilidade da ressurreição de Jesus, o único fator que ele considera é a intrínseca probabilidade apenas [Pr (R/B)]. Ele simplesmente ignora todos os outros fatores. E isto é uma falácia aritmética. A probabilidade da ressurreição poderia ainda ser muito alta mesmo que a Pr (R/B) tivesse um valor muito baixo. Especificamente, Dr. Ehrman ignora os fatores cruciais das alternativas naturalistas para a ressurreição [Pr (not-R/B) x Pr (E/B & not-R)]. Se estes fatores possuem baixos valores, eles vão contrabalançar a qualquer intrínseca improbabilidade da hipótese da ressurreição. <br /><br />Nós podemos ver isto ao olhar para a forma dos cálculos de probabilidade. Eles têm esta forma:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTgRdvgLI/AAAAAAAAAV8/OeklmMS3Ok8/s1600-h/debate007.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 79px; height: 90px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYTgRdvgLI/AAAAAAAAAV8/OeklmMS3Ok8/s400/debate007.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370001050850787506" /></a> <br /><br />Eles têm esta forma, pois o numerador é reproduzido no denominador. Agora, observe que quanto mais próximo de zero o Y estiver, mais o valor deste cálculo se aproxima de 1, que na teoria de probabilidade representa “absoluta certeza”. Então, o que é realmente crucial aqui é a probabilidade de Y, que representa a intrínseca probabilidade e o poder explanatório das explicações naturalistas para a ressurreição de Jesus. Então, o Dr. Ehrman não pode simplesmente ignorar estas hipóteses inconsistentes. Se ele quiser explicar que a ressurreição é um evento improvável, ele precisa não apenas derrubar todas as evidências para a ressurreição, mas ele também precisa erigir um caso positivo em favor de alguma explicação naturalista alternativa à ressurreição. <br /><br />Mas isto não é tudo. Dr. Ehrman apenas assume que a probabilidade da ressurreição em relação ao corpo de informações que temos [Pr (R/B)] é muito pequeno. Mas aqui, eu penso, ele se confundiu. O que, afinal de contas, é a hipótese da ressurreição? É a hipótese de que Jesus ressuscitou <span style="font-style:italic;">sobrenaturalmente</span> da morte. Não é uma hipótese de que Jesus reviveu <span style="font-style:italic;">naturalmente</span> da morte. Que Jesus ressuscitou naturalmente da morte é fantasticamente improvável. Mas eu não vejo nenhuma boa razão para considerar como improvável o fato de Deus ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos.<br /><br />A fim de mostrar que esta hipótese é improvável, você teria de mostrar que a existência de Deus é improvável. Mas Dr. Ehrman disse que um historiador <span style="font-style:italic;">não pode</span> dizer nada sobre Deus. Portanto, ele não pode dizer que a existência de Deus é improvável. Mas se ele não pode dizer isto, ele também não pode dizer que a ressurreição de Jesus é improvável. Portanto, a posição do Dr. Ehrman é literalmente autocontraditória.<br /><br />Mas isto fica ainda pior. Existe outra versão da objeção do Dr. Ehrman que é ainda mais falaciosa que o “Erro Escandaloso de Ehrman”. Eu o chamo de “A Mancada do Ehrman”.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYT1s4akNI/AAAAAAAAAWE/Vqkwp3dxZ8w/s1600-h/debate008.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYT1s4akNI/AAAAAAAAAWE/Vqkwp3dxZ8w/s400/debate008.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370001418987671762" /></a><br /><br />Aqui está: “uma vez que historiadores podem estabelecer apenas o que <span style="font-style:italic;">provavelmente</span> aconteceu no passado, eles não podem mostrar que milagres aconteceram, uma vez que isto envolveria uma contradição – que o maior dos eventos improváveis é mais provável”.<br /><br />A verdade é que não existe em absoluto nenhuma contradição aqui porque estamos falando sobre <span style="font-style:italic;">duas probabilidades diferentes</span>: a probabilidade da ressurreição em relação ao corpo de informações que temos e a evidência [Pr (R/B & E)] e a probabilidade da ressurreição sobre o corpo de informações que temos apenas [Pr (R/B)]. Não é surpresa alguma que a primeira probabilidade possa ser muito alta enquanto a segunda possa ser muito baixa. Não existe absolutamente nenhuma contradição. Em suma, o fundamental argumento do Dr. Ehrman contra a hipótese da ressurreição é demonstradamente falacioso.<br /><br />Hume, porém, tinha uma desculpa para sua desprezível falácia: o cálculo de probabilidade não havia sido desenvolvido em seu tempo. Mas hoje os estudiosos do Novo Testamento não têm mais esta desculpa ao usar a seu favor um pensamento demonstradamente falacioso. Agora, Dr. Ehrman já mostrou que possui honestidade intelectual para mudar de opinião sob o poder da evidência empírica. Mas, neste caso, a mudança de sua opinião é matematicamente obrigatória, e eu espero que ele faça uso da mesma honestidade intelectual que o levou a mudar de opinião a respeito dos quatro fatos, que esta honestidade o conduza a repensar sua oposição à hipótese da ressurreição.<br /><br />Agora, em meus poucos minutos restantes, permitam-me voltar ao meu primeiro ponto e tratar a respeito das respostas de Ehrman.<br /><br />Ele disse existe uma espécie de lista que ele poderia oferecer para as fontes históricas e que os evangelhos não são fontes tão boas como gostaríamos que eles fossem. Permitam-me dizer que esta lista é tão idealista quanto irrelevante para o trabalho de um historiador. O único propósito para qual ela serve é para o efeito psicológico em criar uma barreira tão irrealisticamente alta para a qual os evangelhos parecem estar aquém, por comparação. Na verdade, entretanto, nenhuma fonte da história antiga corresponde a esta lista, e quatro em seis dos documentos do Novo Testamento, penso, cumprem as exigências desta lista completamente, e as outras duas parcialmente. Então a questão não é se os relatos que tão boas quanto gostaríamos que elas fossem, mas, elas são boas o suficiente para estabelecer estes quatro fatos? E elas certamente são.<br /><br />E sobre as inconsistências? Bem, vocês se lembram que eu disse que ele precisaria mostrar três coisas para levar a adiante este argumento? Primeiro, que as inconsistências são insolúveis. Segundo, que elas negam a parte mais importante da narrativa, mais do que os detalhes. E terceiro, que ele teria de mostrar que todos os documentos possuem a mesma confiabilidade histórica, uma vez que a presença de inconsistências em uma fonte posterior e menos confiável não diminui em nada a credibilidade de uma fonte anterior e mais fidedigna. Então, eu não acredito que ele realmente mostrou que estas inconsistências apontadas por ele invalidam as narrativas. <br /><br />A verdade é que, quando olhamos para os evangelhos, vemos que todos eles concordam que Jesus de Nazaré foi crucificado por autoridades romanas durante a Páscoa, após ser preso e condenado pelo crime de blasfêmia no Sinédrio Judaico e então levado ao governador romano sob a acusação de crime de traição. Ele morreu após algumas horas e foi enterrado na sexta feira à tarde por José de Arimatéia em uma tumba que foi selada com uma pedra. Certamente algumas seguidoras de Jesus, incluindo Maria Madalena, que é sempre mencionada, visitaram sua tumba no domingo pela manhã, encontrando-a vazia. Por conseguinte, Jesus apareceu vivo aos seus discípulos, incluindo Pedro, que então se tornaram proclamadores da mensagem da ressurreição.<br /><br />Todos os quatro evangelhos atestam todos estes fatos. Mais detalhes pode-riam ser mencionados simplesmente citando fatos relatados em três dos evangelhos, três em quatro. E, como eu digo, a questão relevante é que o próprio Dr. Ehrman agora admite, desde 2003, que a despeito das inconsistências dos relatos, que estes quatro fatos são históricos. N. T. Wright, na conclusão de sua massiva pesquisa sobre as narrativas da ressurreição, diz que a tumba vazia e as aparições <span style="font-style:italic;">post-mortem</span> possuem uma probabilidade histórica tão alta que poderiam ser chamadas de “virtualmente certezas”, como a morte de Augustus no ano 14 dC ou a queda de Jerusalém no ano 70 dC<span style="font-weight:bold;">[10]</span>. Isto é incrível!<br /><br />Então, eu acho que o debate não está sobre estes fatos. A questão aqui é qual é a melhor <span style="font-style:italic;">explicação</span> para estes fatos. E a objeção que o Professor Ehrman oferece não é uma objeção histórica. Ele não oferece um argumento histórico e sim um argumento filosófico, que é baseado em um mal entendido sobre as probabilidades envolvidas. Uma vez que já esclareci sobre este ponto, não vejo nenhuma razão em absoluto do por que alguém não pode inferir a partir da evidência histórica que Jesus de Nazaré ressuscitou dos mortos. <br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Notas:</span><br /><br />[10] - N. T. Wright, The Ressurrection of the Sono f God (Minneapolis, MInn.: Fortress Press, 2003), p. 710.<br /><br /><br /><a href="/2009/08/47_existem_evidencias_historicas_para.html">Clique aqui para ler a parte 5</a><br /><br />----------------<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div><br /></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-1926096168447364932?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com0tag:blogger.com,1999:blog-3556633819228790335.post-28952182682597282072009-08-14T18:20:00.000-07:002009-08-14T19:40:55.385-07:00[5/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYecppkWII/AAAAAAAAAWs/qR50nQHvgPw/s1600-h/craig-ehrman-debate.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_bNJQT9nNgU8/SoYecppkWII/AAAAAAAAAWs/qR50nQHvgPw/s320/craig-ehrman-debate.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370013083251267714" /></a><div style="text-align: justify;">Parte 5 de 8.<br /><br />--------------------<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dr Ehrman – Primeira Refutação</span><br /><br />Obrigado Bill por esta refutação incrível! Mas tenho de dizer que se você pensa que eu vou mudar de opinião apenas porque você tem uma prova matemática da existência de Deus, sinto muito, mas isto não vai acontecer! Então, me desculpe, eu tenho apenas doze minutos para minha refutação e preciso de três horas, como eu imagino que você também precise.<br /><br />Permitam-me dizer que eu respeito a fé pessoal de Bill de que Jesus ressuscitou de dentre os mortos, mas eu penso que sua reivindicação de que esta fé possa ser provada historicamente é falsa. Eu vou dividir minha resposta em quatro partes, apresentando aspectos duvidosos da apresentação de Bill, dando exemplos ao invés de tentar lidar com cada detalhe desta apresentação.<br /><span class="fullpost"><br />Primeiro, Bill faz uso duvidoso das menções de autoridades modernas. Bill freqüentemente cita estudiosos modernos como se de alguma forma estas citações constituíssem evidência para seu ponto de vista. Como o próprio Bill sabe, o fato da maioria dos estudiosos do Novo Testamento concordar com seus quatro pontos não prova que eles estão corretos. Por uma simples razão: a maioria dos estudiosos do Novo Testamento acredita no Novo Testamento, isto é, eles estão comprometidos com o texto, então eles obviamente vão concordar com os quatro pontos. Eu poderia mencionar aqui que a maioria dos historiadores não concorda com a conclusão de Bill. Isto torna suas conclusões falsas? Não. Isto simplesmente significa que suas conclusões não são persuasivas para a maioria dos historiadores. Tendo dito isto, estou surpreso com algumas das autoridades que Bill menciona, porque na realidade a maioria dos estudiosos críticos que pesquisa sobre a história de Jesus discorda da conclusão de Bill de que um historiador pode mostrar que o corpo de Jesus imergiu fisicamente de sua tumba. Bill pode até se surpreender com isto e a razão é o contexto onde ele trabalha – um seminário evangélico conservador. Neste ambiente, o que ele pronuncia não é nada mais do que todo mundo acredita. E é impressionante como até mesmo algumas das autoridades chave que ele citou não concordam com suas conclusões. Ele cita um bom número de estudiosos, que eu considero como amigos e conhecidos, e eu posso dizer a vocês, eles não concordam com seu ponto de vista. Isto o torna errado? Não, isto simplesmente significa que sua impressionante lista de citações é tendenciosa, parcial, e falha na tarefa de nos contar a história real, que é que ele representa a opinião minoritária no debate. <br /><br />Segundo, Bill faz uso duvidoso das fontes primitivas. Bill cita o apóstolo Paulo sobre José de Arimatéia ter enterrado Jesus, apenas para pegar um exemplo, como uma fonte datada apenas cinco anos após a morte de Jesus. Paulo não estava escrevendo cinco anos após a morte de Jesus; ele estava escrevendo vinte e cinco anos depois, e nunca mencionou José de Arimatéia. José de Arimatéia não é citado até que você chegue ao evangelho de Marcos, 35 ou 40 anos após o fato. Quando Paulo menciona que Jesus foi sepultado, ele quer dizer que ele foi sepultado em uma caverna comum, o que freqüentemente acontecia com criminosos crucificados. Paulo disse que ele foi sepultado; ele pode ter sido sepultado em uma caverna comum. Devo frisar que em alguns de seus trabalhos, Bill cita um grande número de frases minhas, e ele as tira fora de seu contexto, como mostrarei em alguns minutos, porque o que ele disse sobre eu ter mudado de idéia, eu não concordo. Mas em seus escritos ele menciona que Marcos trás uma narrativa mais simples sobre o sepultamento e que, por esta razão, seu relato se trata de uma narrativa não adulterada por alterações e então, segundo suas palavras, mais provável de ser histórica. Eu gostaria de saber se ele ainda pensa assim – que uma tradição não adulterada é mais provável de ser histórica. Porque se isto for verdade, então eu gostaria que ele nos dissesse se ele pensa que o relato de Mateus não é histórico, por ser a tradição mais adulterada de todas. Isto pode ser comparado com seu comentário alguns minutos atrás de que todas as tradições primitivas concordavam com alguma coisa, então que nós não deveríamos nos preocupar com as a tradições posteriores. Bem, então, nos diga Bill, você acha que as tradições posteriores não são históricas?<br /><br />Terceiro, Bill faz reivindicações e asserções duvidosas. Por exemplo, Bill diz que a história das mulheres indo à tumba jamais poderia ter sido inventada pelos primeiros cristãos. Devo frisar que Paulo jamais mencionou as mulheres indo à tumba, apenas os relatos posteriores de Marcos e demais evangelhos. Aqui o problema é um dentre outros típicos da posição de Bill. Seu argumento não analisa seriamente a natureza das fontes. Qualquer um que analisasse o evangelho de Marcos não teria nenhuma dificuldade de ver porque, 35 anos após o evento, ele ou qualquer outra pessoa em sua comunidade poderia ter inventado esta história. O evangelho de Marcos é cheio de reflexões teológicas sobre o sentido da vida acerca de Jesus; este é o evangelho de Marcos. Ele não é um relatório, é um evangelho. É uma proclamação das boas novas, como Marcos mesmo disse, da morte e ressurreição de Cristo. Um dos temas abordados por Marcos é que nenhuma pessoa durante o ministério de Jesus conseguiu entender quem ele era. Sua família não entendeu. Seus conterrâneos não entenderam. Os líderes de seu povo não entenderam. Nem mesmo seus discípulos entenderam Jesus – especialmente os discípulos! Para Marcos, apenas os estrangeiros tinham um palpite de quem Jesus era: uma mulher desconhecida que o ungiu, um centurião, etc. Quem entendeu quem ele era no final das contas? Nem a família de Jesus, nem os discípulos! Apenas um grupo de mulheres desconhecidas. Por outro lado a narrativa das mulheres à tumba se encaixa perfeitamente com os propósitos do evangelho de Marcos. Desta forma, elas não podem ser tomadas como uma espécie de evidência histórica para o fato. Elas claramente se encaixam na “agenda” do evangelho. O mesmo pode ser dito sobre José de Arimatéia. Qualquer um que não consiga pensar porque os cristãos podem ter inventado a idéia que Jesus tinha um seguidor secreto entre os líderes judeus está simplesmente em falta com a imaginação histórica.<br /><br />Quarto, Bill faz inferências duvidosas em seus argumentos. Bill infere que Paulo deve ter acreditado na tumba vazia uma vez que ele falou sobre as aparições de Cristo. Cristo apareceu, então a tumba vazia deve ser verdade. Este é um ponto de vista muito problemático. Para os antigos, como em oposição a pensadores pós-iluministas com Bill, uma aparição não requer necessariamente uma reanimação do corpo físico. De acordo com os evangelhos, Moisés e Elias apareceram a Jesus, Tiago e João. Você acredita que estes homens, Moisés e Elias, voltaram à vida? Aquele corpo de Moisés foi reconstituído, voltou da morte e então apareceu vindo dos céus? Ou aquilo foi uma visão apenas? Certamente foi uma visão; Moisés e Elias desapareceram imediatamente. As pessoas antigamente não tinham problema em acreditar que os corpos podem ser espirituais, não físicos. Evidências para isto podem ser encontradas abundantemente em todas as fontes antigas – judaicas, pagãs e cristãs. Fontes pagãs do oitavo século ao segundo século anterior a Cristo; de mitos pagãos a romances pagãos a poetas pagãos a filósofos pagãos, eles estão repletos de relatos de Deus aparecendo na forma humana aos seres humanos. Mas estas aparições são visões; não corpos humanos reais. O divino pagão Apolônio de Tiana aparece a seus seguidores após sua morte, mas trata-se de uma visão, não de uma reanimação de seu corpo. Com textos judeus da mesma forma: anjos, arcanjos e demônios aparecem às pessoas em imagem humana, mas eles não possuem corpos reais. <br /><br />Em resumo, Bill erra ao assumir que se os discípulos afirmaram ter visto Jesus vivo após sua morte, eles necessariamente acreditaram ou sabiam que se seu corpo físico havia ressuscitado. A presunção de Bill é moderna, não antiga. Os textos com os quais estamos lidando são textos antigos, não modernos. As pessoas de antigamente não tinham absolutamente nenhuma dificuldade de pensar que uma aparição divina não era física. Um corpo poderia ser sepultado e a pessoa poderia aparecer viva logo em seguida sem que seu corpo deixasse a tumba. Se Bill tem dúvidas quanto a isso, eu sugiro a ele que leia mais alguns textos antigos para que ele veja como eles tratam disto. Ele pode começar com os textos cristãos do século segundo, como Atos de João ou Apocalipse de Pedro ou o Segundo Tratato de Seth, ou ele pode considerar os argumentos propostos por Basílides, que foi discípulo de Pedro. Para as pessoas daquela época, aparências <span style="font-style:italic;">post-mortem</span> não eram sinônimos de reanimação de corpo.<br /><br />Além do mais, o corpo de Jesus ressuscitado podia fazer coisas que corpos comuns não podem fazer. Ele entra em salas que estão com as portas trancadas por dentro, ele ascende aos céus. Bill está seriamente argumentando com bases históricas que o corpo ressurreto de Jesus poderia fazer estas coisas? Trata-se de afirmações teológicas sobre Jesus, não de uma afirmação histórica. Historiadores não são aptos a estabelecer o que Deus faz. Este é o trabalho de um historiador. O mesmo acerca de sua conclusão de que Deus ressuscitou Jesus dos mortos. Trata-se de uma conclusão teológica, não histórica. Se ele quer juntar evidências matemáticas sobre o que Deus provavelmente fez no mundo, eu devo dizer que isto não vai convencer à maioria dos matemáticos e certamente não vai convencer a maioria dos historiadores. Historiadores não têm acesso a Deus. O historiador pode dizer que Jesus morreu na cruz, mas ele não pode dizer que Deus aceitou seu corpo como uma expiação. O historiador pode dizer que o apóstolo Paulo afirmou ter tido uma visão de Jesus após sua morte, mas ele não pode dizer que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos.<br /><br />A verdade é que: nós não sabemos se Jesus foi sepultado por José de Arimatéia. O que nós temos são relatos escritos décadas depois dos eventos por pessoas que ouviram histórias em circulação, e não é de maneira nenhuma difícil imaginar alguém inventando esta história. Nós não sabemos se a tumba de Jesus estava vazia três dias depois. Nós não sabemos se ele foi visto fisicamente pelos seus seguidores após sua morte. Bill vai dizer que eu contradisse a mim mesmo, mas eu gostaria de lembrar que mais cedo ele me elogiou por ter mudado de opinião!<br /><br />Eu tenho três questões conclusivas para Bill. Se Bill está reivindicando ser um historiador, então eu acho que é importante avaliar sua relação com os documentos históricos nos quais ele está apelando. Bill acha que os evangelhos dos quais ele está retirando suas informações possuem muitos erros? Se sim, ele poderia nos dizer dois ou três destes erros? Se não, como ele pode esperar que nós acreditemos que ele esta avaliando historicamente estas fontes? Por causa de seus pressupostos prévios, estes textos <span style="font-style:italic;">têm</span> de estar corretos.<br /><br />Segunda questão: Bill acredita que pode ser mostrado historicamente que Jesus realizava milagres, especialmente sua ressurreição, mas também os milagres de sua vida, sem dúvida. Eu gostaria que ele discutisse sobre as evidências em relação aos outros realizadores de milagres contemporâneos de Jesus aparte da tradição cristã. Estaria ele disposto a admitir a partir das mesmas bases históricas que estas pessoas realizaram milagres? Estou me referindo à tradição dos milagres realizados por “Apolônio de Tiana”, “Hanina ben Dosa”, “Honi, o desenhista de círculos”, “Vespasiano”. Estaria Bill disposto a reconhecer que Apolônio apareceu aos seus seguidores após sua morte ou que Otaviano ascendeu aos céus? Ou ele pode pegar qualquer outro milagreiro das tradições pagãs que ele escolher. <br /><br />Terceira, e finalmente, se apenas os milagres que Bill aceita como tendo acontecido são aqueles pertencentes à tradição judaico-cristã que ele próprio professa, eu gostaria que ele nos dissesse o que os faz ser históricos. Como a fé que ele adotou ainda na adolescência pode ser a única que tem credibilidade histórica? Foi simples coincidência o fato de ele ter nascido em uma família religiosa ou em uma cultura religiosa que pode ser demonstrada historicamente como a única religião verdadeira?<br /><br /><br /><a href="http://www.elielvieira.org/2009/08/57-existem-evidencias-historicas-para.html">Clique aqui para ler a parte 6</a><br /><br />----------------<br /><br />Traduzido por Eliel Vieira<br />eliel@elielvieira.org<br /><br /><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license"><img alt="Creative Commons License" style="border-width:0" src="http://creativecommons.org/images/public/somerights20.png"/gtlt/agtltbr/gtltspan_xmlnsdc/index.html"http://purl.org/dc/elements/1.1/" property="dc:title" href="http://purl.org/dc/dcmitype/Text" rel="dc:type">DESCONSTRUINDO</span> por <a property="cc:attributionName" href="http://elielvieira.org" rel="cc:attributionURL" xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#">Eliel Vieira</a> está licenciado sob <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/" rel="license">Creative Commons Attribution</a>.<br /><br/><br /></div><br /></span><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/3556633819228790335-2895218268259728207?l=www.elielvieira.org'/></div>Eliel Vieirahttp://www.blogger.com/profile/08732903402512477410elielzadoque@gmail.com0