Recentemente Richard Dawkins se negou a participar de um debate sobre a existência de Deus a convite do filósofo William Lane Craig. Suas justificativas foram as mais nebulosas e estranhas possíveis: “eu não debato com cristãos que não sejam bispos, cardiais ou arcebispos”, “eu não debato com criacionistas” e “eu não debato com debatedores profissionais”. Ele disse tudo isto apesar de já ter debatido com John Lennox (que não é sacerdote de nenhum tipo e também é criacionista), com David Quinn (que é criacionista) e com Alister McGrath (que também não é sacerdote de nenhuma espécie).



A conclusão que podemos chegar é que Richard Dawkins (o “brilhante”, o rei, o máximo!) fugiu covardemente feito uma galinha garnisé da possibilidade de enfrentar William Lane Craig em um debate e, obviamente, nós cristãos estamos rindo de orelha a orelha diante de tamanha “mariquisse”. Mas, por favor, que não venham aqui demagogos ateus dizendo que teriam uma atitude diferente caso o inverso ocorresse (se fosse Craig quem tivesse negado participar de um debate com Dawkins).

Outra coisa óbvia também ocorreu: os seguidores de Dawkins sentiram-se afrontados com as acusações de que seu mestre seria covarde. Vendo alguns comentários na Comunidade Virtual “Richard Dawkins Brasil”, percebemos que alguns tomaram as críticas e as gozações contra Dawkins como se estas tivessem sido proferidas contra a mãe deles, ou contra eles próprios.

O tipo de reação no intuito de defender o “mestre” é imediato: vamos justificar a atitude de nosso mestre. Ele não poderia estar errado, não é? Afinal, ele sempre está certo!

A estratégia inconsciente dos defensores do “brilhante” foi óbvia: “vamos atacar William Lane Craig e qualquer coisa que dê credibilidade a ele!”. E então começaram as acusações: “Craig é falacioso”, “Craig é um teólogo retardado mental”, “Craig é um mestre em falácias”, “Craig é uma maquina de falar besteira”, “Craig é um desonesto falacioso” e também alguns espantalhos como “Craig tentou provar que Cristo ressuscitou dos mortos usando como evidência a tumba vazia” e “Craig usou uma matemática pós-apocalíptica altamente obscura para provar matematicamente a existência de Deus”. Um dos debatedores lá disse que Craig, no debate com Ehrman, contrariou “todas as teorias sobre informação, complexidade e estatística e até definições lógicas e metafísicas sensatas”. Obviamente eu não recebi nenhuma resposta deste filhote de Dawkins quando eu lhe perguntei quais eram estas "teorias sobre informação, complexidade e estatística" e quais eram estas "definições lógicas e metafísica sensatas” e como tudo isto junto compete para a conclusão de que Deus é um ser de existência improvável.

Depois da última vez em que postei no tópico, vários comentários foram postados por aqueles que ficaram extremamente ofendidos com a acusação de Dawkins (o “brilhante”, o rei, o máximo!) ter fugido covardemente da possibilidade de debater com William Lane Craig. Este texto é uma resposta às últimas questões levantadas naquele tópico.

Começo respondendo ao César Augusto – alguém que pouquíssimo contribuiu para o debate. De acordo com ele a atitude de Dawkins não é covardia, é “bom senso”, afinal, Craig é um “mentiroso profissional”. Deixando de lado o fator ad hominem que por si só tornaria seu argumento digno de não-análise, responder a ele é muito fácil: no mesmo tópico, quando me despedi dos debatedores dizendo que me ausentaria por alguns dias em virtude de uma viagem eu fui acusado (pelo próprio César) de ter “fugido”. Mas, será que eu poderia me defender da acusação de fuga com a seguinte frase: “Eu não fugi do debate! Afinal, qualquer pessoa com bom senso não aceita debater com mentirosos profissionais”? Claro que não! Se eu entrei publicamente em um debate sobre um assunto X, eu não posso fugir de quaisquer possibilidades dentro deste debate afirmando que meus oponentes são “mentirosos profissionais”. Da mesma forma, se Dawkins faz parte de um debate público sobre a questão da existência de Deus (e ele faz), o mesmo não pode justificar uma fuga dizendo que o seu oponente é um mentiroso profissional (como César tentou justificar seu mestre) nem dizendo que não vai debater porque seu adversário é apenas um “debatedor profissional” (como ele fez).

Sobre a questão de Craig ser apenas um debatedor profissional, duas considerações precisam ser feitas. A primeira é que Craig não é apenas isto, como Dawkins fez parecer em suas palavras (“e não debato com pessoas que apenas se dizem famosos por serem debatedores profissionais. Eles têm que ter mais do que isso”). William Lane Craig possui dois doutorados e várias congratulações nas mais conceituadas universidades do mundo (curriculum). A segunda consideração é sobre a afirmação feita pelo André de que é possível se vencer um debate sem ter a razão e, sendo assim, a questão não se resume meramente a “vencer o debate”. Isto está perfeitamente certo. Dawkins, por exemplo, já venceu e já perdeu debates discutindo a mesma questão. Se “vencer debates” fosse conclusivo para alguma coisa, Dawkins estaria correto e enganado sobre a mesma questão - o que seria uma contradição. Todavia, o fato de “vencer debates” não ser algo conclusivo como justificação epistemológica para dada questão não torna os debates infrutíferos ou eventos obsoletos. Debates, pelo contrario, são muito elucidativos. É nos debates que vemos as verdadeiras faces dos escritores que, nos livros, dispõem de tempo suficiente para maquiar as lacunas de suas argumentações. Eu não consigo imaginar alguém que esteja correto sobre um tema sempre perder debates contra os que estão enganados. E, também, o fato de ser possível vencer um debate sem ter a razão sobre um tema não significa que, se alguém venceu um debate, este alguém necessariamente não esteja com a razão. Craig pode ter tido mais do que retórica nos debates que venceu – ele pode ter tido a razão; ele poderia estar certo. Mas, se vocês afirmam que Craig vence os debates apenas por causa de sua retórica, cabe a vocês o ônus de provar por que ele está errado, e onde ele errou.

A seguir vem o Alan, pessoa que – em razão do tratamento altamente depreciativo e desrespeitoso que ele teve para comigo alguns meses atrás durante um debate – eu desejaria não o responder, mas decidi mudar de idéia por causa da questão pertinente que ele levantou. O argumento dele é que “só há debates entre iguais”. Se você está em um “nível superior”, porque se dar ao trabalho de debater com quem está lá embaixo – se você não tem nada a ganhar (e tudo a perder) e ele tudo a ganhar (e nada a perder), porque se arriscar? A questão, Alan, é que William Lane Craig não convidou Richard Dawkins para participar de um debate “Darwinismo x Criacionismo” como você supôs. O convite de William Lane Craig a Richard Dawkins foi para que debatessem sobre a questão da existência de Deus. Ilustrando (para o caso de você não ter entendido): Craig convidou Dawkins para um debate concernente às argumentações existentes no livro “Deus, um delírio”, não para as argumentações existentes em “The Greatest Show on Earth”. O primeiro livro citado é sobre a questão da existência de Deus; o segundo, sobre a as evidências a favor da teoria da evolução. O próprio Dawkins deixa claro no início de “The Greatest Show on Earth” que o livro não é anti-religioso (ele inclusive cita diversos bispos que assinaram um documento junto com ele no que se refere ao ensino do evolucionismo na Inglaterra). O próprio Dawkins faz questão de diferenciar os enfoques de suas argumentações: argumentações contra a existência de Deus e contra a religião são uma coisa; argumentações defendendo a existência de evidências a favor da evolução são outra. Craig convidou Dawkins a defender suas posições ateístas em um debate, portanto, não se trataria de um debate “Darwinismo x Criacionismo”, mas de um debate “Deus existe?” ou “A existência de Deus é provável ou improvável?” e, para este caso, não existe nenhuma evidência observável de que o ateísmo esteja “acima” do teísmo – muito pelo contrário, uma vez que o ateísmo não consegue prover nenhuma argumentação positiva para seu caso, além de sustentar a maioria das argumentações negativas em ataques a espantalhos.

E por último vem Eli Vieira. Eu não gostaria de entrar em um debate com você, Eli, além daquele que já estamos participando (para o qual, estou esperando uma resposta sua desde o mês de Maio de 2009). Mas, vamos lá, pontos interessantes foram levantados.

Tentando minar a credibilidade de Craig você começa “refutando” as argumentações do filósofo em relação à historicidade da ressurreição de Jesus. Você apresentou algumas hipóteses que, de acordo com você (e apenas por você), são mais “parcimoniosas” do que a ressurreição. Todas elas, obviamente, explicam a tumba vazia de Jesus (que era seu objetivo, uma vez que, para você, Craig tentou “provar que Deus existe por causa do túmulo vazio). Mas nenhuma das alternativas “parcimoniosas” expostas por você diz algo sobre as aparições post-mortem de Jesus nem a origem surpreendente da fé dos discípulos – que enfrentaram a ira dos imperadores de Roma (como Nero, que incendiou Roma e pôs a culpa nos cristãos) em nome de sua convicção de tinham visto Jesus ressurreto.

Em nome de tal fé, muitos abandonaram suas famílias, suas terras e a tradição de seu povo. Não há lógica acreditar que os discípulos, sabendo que seu principal líder estava morto, abandonaram tudo o que tinham e tenham ido de cara contra o maior poder do mundo da época em nome de algo que sabiam, deliberadamente, ser uma mentira. Apenas uma convicção forte de que tinham visto algo milagroso e incrível (como a ressurreição) os faria agir da forma como agiram. Este fator nos diz que é bastante provável que os discípulos experimentaram visões de Jesus ressuscitado. Se isto aconteceu ou não, não podemos inferir apenas com o fato deles terem visto Jesus ressuscitado – mas que ao menos eles acreditaram com extrema convicção de que viram Jesus ressuscitado, a mim não parece ter dúvidas. Qualquer teoria sobre Jesus deve dar conta destas possibilidades – e não apenas do fato do túmulo vazio.

Você levantou uma questão interessante sobre minha fé me cegar quanto a isto (quanto a levar outras possibilidades em conta, além da hipótese da ressurreição). Será que o mesmo não acontece com você, Eli? Responda a si mesmo se você chegou a considerar alguma vez a possibilidade de a ressurreição ser a hipótese que melhor explica os fatos que cercam a história de Jesus.

Responda-me: em um mundo possível no qual uma pessoa tivesse ressuscitado sobrenaturalmente há dois mil anos atrás, que tipo de evidências as pessoas do presente poderiam encontrar sobre este fato a não ser as mesmas evidências que dispomos em mãos hoje? Neste mundo possível, provavelmente encontraríamos relatos sobre tal evento (relatos que, como a Bíblia, não são concordantes em aspectos periféricos da questão, mas no que se refere à questão da ressurreição, são unânimes); encontraríamos uma seqüência de eventos históricos que são melhor explicados pela hipótese da ressurreição (como a origem da fé cristã, no contexto e na forma como ela surgiu) do que pelas demais; e também encontraríamos – como em qualquer análise sobre o passado – graus de incerteza sobre o que aconteceu. Portanto, Eli, não deixamos de ter nada do que, em um mundo possível no qual uma ressurreição tivesse ocorrido no passado distante, teríamos em mão.

Mas, se a possibilidade de existência do sobrenatural for descartada de antemão por aquele que analisa uma hipótese, não importa a quantidade de evidências que se tenha, a conclusão será a mesma. Nas palavras de C. S. Lewis:

Se nossa filosofia de vida exclui o sobrenatural, sempre afirmaremos isso. O que aprendemos pela experiência depende do tipo de filosofia que adotamos em nossa experiência. É inútil, portanto, apelar para a experiência antes de estabelecer, da melhor forma possível, nossa posição filosófica. Se o milagroso não pode ser provado ou refutado pela experiência imediata, menos ainda o será pela História. Muitos acreditam ser possível saber se um milagre de fato ocorreu no passado investigando as evidências 'de acordo com as regras comuns da pesquisa histórica'. Essas regras, todavia, não poderão ser aplicadas até que determinemos se é possível acontecer milagres e, em caso afirmativo, quão prováveis eles são. Pois, se forem impossíveis, não há evidência histórica capaz de nos convencer. [...] Desse modo, o resultado da pesquisa histórica depende do ponto de vista filosófico que adotamos, antes mesmo de analisar as evidências. [...] Os que partem do pressuposto de que milagres simplesmente não acontecem perderão seu tempo investigando os textos. Sabemos de antemão a que resultados chegarão, pois já negaram tal possibilidade no início.

A questão não é, portanto, se argumentação de Craig foi pífia (como você já a definiu uma vez) ou não. Sendo pífia ou sendo majestosa, se a possibilidade de existência de milagres não puder ser levada em consideração pelos pressupostos existentes, no fim das contas dá no mesmo. Como mostrei, dispomos em nossas mãos do mesmo tipo de evidência que as pessoas teriam em um mundo possível onde um evento de ressurreição tivesse acontecido no passado. A questão é o tipo de pressuposto que você tem quando analisa a questão da ressurreição e, também, se tal pressuposto impede de antemão que a possibilidade de ressurreição seja verdadeira. No caso do pressuposto naturalista dos ateus (que É pressuposto, pois não há nenhuma justificação epistemológica para ele), tal pressuposto impede de antemão que a hipótese de Jesus ter ressuscitado sobrenaturalmente de dentre os mortos seja levada a sério. Ela não deixa de ser levada a sério por falta de evidências ou por incoerência interna – ela deixa de ser levada a sério, pois o pressuposto naturalista de vocês impede que ela sequer seja considerada. Portanto, mesmo que a argumentação de Craig esteja majestosa e ainda que ela esteja em perfeita concordância com o que aconteceu a dois mil anos atrás, mesmo assim seu pressuposto impedirá que você acredite no que é verdadeiro. Como chamo isto? Desonestidade intelectual.

A questão da existência de evidências para a existência de Deus entra no mesmo caso das evidências para a ressurreição. Dispomos da mesma quantidade de evidências que as pessoas em um mundo possível teriam sobre a existência de um Deus que não quer as pessoas o sigam por obrigação, mas por gratidão. A questão é se seu pressuposto exclui ou não a possibilidade da existência de Deus de antemão – o que o naturalismo metafísico obviamente faz. Eu apenas gostaria de fazer um comentário sobre sua frase “O questionamento do meu ateísmo é diretamente proporcional ao número de evidências que você apresenta para a existência do seu deus”. É uma excelente resposta retórica! Parabéns! Com sua permissão eu gostaria de passar a fazer uso dela em meu cotidiano: quando algum ateu vier a mim e perguntar se eu já questionei minha fé em Deus, vou responder-lhe “O questionamento da minha crença em Deus é diretamente proporcional ao número de evidências que você apresenta para a inexistência do mesmo”. É perfeito! Muito obrigado pela dica!

Agora, vou citar e trocar as palavras de uma frase sua: “O Eliel não pode ser cético porque aceita a existência de uma entidade gigantesca que ele chama de Deus sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência)”.

- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que qualquer evento da história do universo DEVE ser ter uma causa natural que o explique sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que a mãe dele o ama sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que o evidencialismo é uma estrutura epistemológica válida sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que o único tipo de substância (no sentido metafísico do temo) existente no universo é a matéria sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita na existência do mundo externo sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita na existência de valores morais objetivos (como “a violência contra mulher” é errado) que devem ser seguidos pelas pessoas sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).

Eli, todos nós temos crenças não verificáveis universalmente e não conclusivamente evidenciáveis. Como eu argumentei na minha tetráplica a você, “racional” trata-se mais de uma proposição que não contradiz a experiência do que aquela que pode ser evidenciada pela mesma, portanto, se seus termos estão corretos, você também não é cético. Você acredita em muitas coisas à parte de sua evidenciação.

A seguir você diz que: “Não há modo justificável de separar uma categoria distinta para um deus para dizer que não é necessário evidência para afirmar sua existência”. Sua frase peca já internamente, pois existem muitas questões em nossa existência que aceitamos à parte de evidências e que, a despeito desta lacuna de evidências, não nos achamos irracionais em acreditar. Acontece que Deus, se existe, Ele está sim em uma categoria completamente distinta das demais, simplesmente pelo fato de que Ele seria sobrenatural, e as demais que tentam explicá-lo naturais. Se Deus existe, Ele está além e aquém de todos nossos limites de investigação. Você mesmo disse, Eli, que a hipótese da existência de Deus “não é tratável cientificamente”. Ora, o que isto significa? Significa que, existindo Deus ou não, a ciência nada dirá sobre Ele. O que isto significa? Significa que a não existência de evidências conclusivas sobre a existência de Deus na natureza não compete, pelo mínimo que seja, a favor da “improbabilidade” da existência de Deus. Ou seja, existindo um Deus sobrenatural, a coisa mais normal a se acontecer e que nós apenas especulemos sobre Ele – sem nenhuma evidência conclusiva de sua existência na natureza. Como disse Ludwig Wittgenstein, “se as palavras humanas não são capazes de descrever o aroma do café, como poderiam ter sucesso a respeito de algo tão sutil quanto Deus?”.

Em seguida você “pisa na jaca” citando o site GodFinder.org. Deixando de lado o fato de que esta lista não possui nenhum vínculo acadêmico respeitável, e que qualquer pessoa sem tempo poderia criar uma lista assim e publicá-la na internet, é notável a desonestidade da mesma. Peguemos apenas os “deuses” brasileiros da lista: “Apolonia”, “Asima Si”, “Badb”, “Beru”, “Calounger”, “Ceiuci”, “Iae”, “Ina”, “Ituana”, “Janaina”, “Jandira”, “Jarina”, “Jubbu” “Jang Sangne”, “Kuat”, “Luandina”, “Mariana”, “Oshossi”, “Perimb”, “Por”, “Rainha Barba”, “Schetewuarha”, “Top’tine”, “Yansa” e “Yemanja”.

Dos nomes citados acima, conheço apenas “Janaina”, “Oshossi” e “Yemanja”. Os demais citados jamais ouvi qualquer menção sobre. Estes três supostos deuses, todavia, não são deuses de fato. Basta ser brasileiro e conhecer um pouco sobre Candomblé para saber disto! Estes são entidades sobrenaturais de, digamos, “menor importância”, mas que de acordo com sua religião merecem adoração. São tão “deuses” quanto os “anjos” são para o cristianismo – ou seja, não são deuses. “Ochossi” é um orixá da caça que vive nas florestas, filho de “Oxalá” (este sim, Deus, conforme o candomblé). “Yemanjá” é a mulher de “Oxalá” e também não é deusa, é uma entidade sobrenatural que reina sobre os mares. Um aspecto muito interessante é que “Janaina” é apenas outro nome atribuído para “Yemanjá” nos cultos afros, sendo assim, a mesma entidade – não entidades distintas. O Godfinder.org propõe que ambas são entidades distintas quando, na verdade, ambos são nomes de uma mesma entidade. Ainda dá para acreditar nesta lista?

Você a seguir diz que “ao mesmo tempo que fingem que não precisam de evidência, teístas como o Eliel e o William Lane Craig são famintos por evidência para existência de ressurreição e deus”. Ora, eu não sou faminto por nada disto e nunca deixei isto transparecer no que escrevo (no mínimo o ônus está com você para mostrar porque este é o caso). Ainda mais agora que descobri sua tática do “questiono minha crença apenas na proporção de que as evidências contrárias a ela virem”, não há necessidade alguma de evidência além das que já temos. Simplesmente nós cristãos não temos culpa se nós dispomos do mesmo tipo e quantidade de evidências que as pessoas em um mundo possível em que Deus existe e uma pessoa ressuscitou miraculosamente teriam. Também não temos culpa se vocês ateus são exigentes demais a ponto de demandar mais evidências além das que Deus sutilmente deixou na natureza.

Sobre o vídeo que você mostrou de Craig “refutando seu próprio Deus”, ele apenas mostra até onde chega a desonestidade ateísta quando eles têm um intuito de retirar a credibilidade de alguém que humilhou publicamente um dos 4 porquinhos do neo-ateísmo (Christopher Hitchens). Craig chegou a responder sobre esta questão (antes deste vídeo ateísta sair). Existem aplicações diferentes do termo “infinito”. No sentido mais comum, o matemático, “infinito” tem uma conotação quantitativa. Em relação a Deus, porém, o termo não possui aplicação quantitativa, como se propusesse o “quanto” Deus é, ou o “quanto” Ele pode fazer. A aplicação do termo “infinito” a Deus, é “qualitativa”. Nas palavras de Craig (fonte), “‘infinito’ é apenas um ‘termo guarda-chuva’ usado para cobrir todos os atributos superlativos de Deus. Se você retirar a abstração de todos os atributos, então não haverá nenhum atributo chamado ‘infinidade’. Nenhum dos atributos de Deus precisa envolver um número infinito de coisas”.

O argumento ateísta do vídeo (Infinitos reais não existem / Deus é infinito / Logo, Deus não existe) é tão verdadeiro quanto o argumento abaixo:

O dono de um banco é uma pessoa muito rica;
Conheço um mendigo que tem um banco;
Logo, tal mendigo é rico


O argumento acima peca exatamente no mesmo ponto onde o argumento ateísta peca: ele não leva em conta as diferentes aplicações que os termos-chave do silogismo (“banco” e “infinito”) possuem aplicações diferentes nas premissas dos argumentos. Se duvidar de mim, apresente o silogismo ateísta a qualquer professor de Lógica bem intencionado (isto é, não ateu e nem cristão) e pergunte a ela se a argumentação é válida.

Por fim (para não me estender mais do que me estendi), meu amigo Eduardo Vaz pediu que você citasse uma falácia do Craig, e sua resposta foi “Falácia da falsa dicotomia quando ele diz que o universo ou foi criado ou existiu para sempre”. Eu tenho que confessar que fiquei muito desapontado com suas posturas “vamos atacar espantalhos!” neste tópico. Você fez isso quando “analisou” a argumentação de Craig sobre a ressurreição, e também fez o mesmo agora. William Craig JAMAIS propôs tal “falsa dicotomia”. A argumentação de Craig é que “ou o universo teve um início ou ele sempre existiu” (não há falsa dicotomia aqui, as coisas ou sempre existiram ou tiveram um início), a seguir ele mostra que temos boas razões para acreditar que ele teve um início. A partir daqui começa outra argumentação, na qual Craig mostra que temos boas razões para acreditar que o início do universo é mais bem explicado como efeito de uma causa e, a partir daqui, que esta causa é Deus. Não há nada de “ou o universo sempre existiu ou ele foi criado”. Você novamente atacou um espantalho.

Depois disso o debate seguiu para outras questões e os seguidores do “brilhante” conseguiram o que queriam: tirar o foco da fuga covarde de seu mestre. Não tenho, portanto, motivo algum para voltar ao tópico em questão. Quem quiser postar comentários aqui será bem vindo. Quem quiser escrever réplicas, idem. Um abraço a todos os participantes da comunidade do “brilhante” covarde!


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org
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DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.


20 comentários:

Excelente, Eliel, parabéns pelo post! Seu blog continua, como sempre, de alto nível.

Parabéns Eliel, fico satisfeito ao ver pessoas como você respondendo de forma simples (e ao mesmo tempo vigorosa)àqueles que (sinceramente necessitam) de uma resposta à razão da esperança que há em nós.

Eliel
Eu não queria que a coisa precisasse chegar onde chegou... Venho tendo que lidar com o quanto certas pessoas na comunidade Dawkins ( vc sabe quais pessoas ) são maliciosas e altivas. Que pena!!! Querendo ser sábios, acontece o que a Bíblia previamente nos ensina: SÃO PEGOS EM SUA PROPRIA SABEDORIA...E no livro de provérbios temos uma advertencia: A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito a queda provérbios 16:18. Sabias palavras ao ver que o feitiço veio contra o feiticeiro ... Cara, vc sabe do amor , consideração , e relevância que damos a alguns dos ateus que são da comunidade DAWKINS , mas que pena Eliel, ter que ver alguns deles se mostrando somente agora. Alguns ali já foram grossos e mal educados comigo, tendo o Bentinho, MODERADOR DA MESMA que intrometer e dizer: Gente o Eduardo Vaz é um cara educado e amigo, por favor peguem leve.....mas relevei isso , por acreditar que eram frases de pessoas que de fato não representavam o que de melhor tinha entre os ateus da Comunidade Dawkins...Voce sabe Eliel, quantas vezes em nossos papos , eu falei com vc: Cara, cuidado com o sinismo para com eles, com o sarcasmo ... Nossa visão de mundo é a visão do amor, do dar a face, do ir mais uma milha ....Cara, mas sabe de uma coisa? Eu fiquei muito feliz com a leitura dessa sua replica.. Feliz pq vc conseguiu resumir a indignação que vem crescendo em meu coração, e de forma clara, mostrou luz na coisa toda. O que eu sempre venho querendo mostrar ali na comunidade é que existe um outro lado também com suas questões bem esclarecedoras e racionais. No mínimo deveriam olhar para o que dizemos e ir ás fontes dizendo: SÃO INTERESSANTES , mas não servem para mim, eu não consigo crer assim, ou, as evidencias não me levam a ver assim. Essa é uma postura correta ... Me lembro quando vc leu “Deus um delírio” pela primeira vez e ficou inquieto, ai leu de novo e disse: cara, isso aqui não me convence , esse cara é criador de espantalhos, mas ele sabe como cativar agente em seus textos...É isso meu caro que eu esperava deles, so isso...pq sabemos que a atitude para ser um cristão, está alem de razão e vontade humana ( quem está lendo entenda ). Fiquei maravilhado com seu escopo de idéias, e mais feliz ainda, por te ver respeitoso, apesar de saber que vc luta em ver pessoas tão mal intencionadas ali.... O mesmo que senti ao ver o Sottomaior em um canal Mineiro debatendo no programa Brasil da gerais com um neurocirurgião com idéias muito limitadas , e vê-lo abusando de sarcasmo e desrrespeito , coisa que me fez no mesmo dia mandar um email á emissora indicando outros nomes para momentos como esses. Acho que nosso sonho de promover um debate entre teísmo e ateísmo aqui em Minas dependerá de achar pessoas sinceramente respeitosas e que tenham no mínimo uma ética junto ás idéias apresentadas.. Você sabe da felicidade que fiquei ao saber que vc entrou em contato com o ateu : Klaus Serra,e ao estarmos verificando que ele é uma pessoa que tem se demonstrado capaz de respeito e qualidade intelectual....O que foi que te disse no dia em que vc disse que ele topou escrever algo juntamente com vc: Eu disse: já fiquei sabendo que esse cara é muito honesto e gente boa, compre um livro dele para mim pq eu quero Lê-lo .
Por fim, quero dizer que não tiro nem um til do que vc escreveu aos membros da DAWKINS BRASIL..Se por um lado temos divergências teológicas , por outro concordo com tudo que vc disse, digo tudo..
Valeu meu irmão
Eduardo Vaz seu brother...

Muito bom acompanhar seu blog.
Gosto muito de visitá-lo.

Deus abençoe.

É a primeira vez que venho até esses blogs de cristãos acéfalos mongolóides para apontar o óbvio (porque é costume de todas essas bestas fugir do escopo de discussão e ir defecar um post imenso nos seus blogs, para que os fiéis se masturbem em torpor religioso):


a) todas as refutações a respeito da análise do teorema bayes aplicado sobre deus estão lá, sem resposta



Está tudo lá, sem resposta alguma.

Eliel, paz!


Excelentes respostas...
.
Acompanho o seu blog e posso atestar o valor do mesmo... ele é muito edificante... parabéns...
.
Abraços!!
.
blogdokimos.com

boboniboni

seu comentario é desnecessario....

Eliel
desconsidere isso..

abraços

Só o nome já basta: boboniboni... Esses ateus assexuados...

Belo post.
Nunca hacia parado para pensar sobre isso.

Adoraria assistir a um debate entre esses dois aí! Pena que o Dawkins se recusou.

A melhor coisa que Dawkins fez a si mesmo foi recusar debater com Craig. Pois ele sabe que não pode vence-lo. Mas acho isso uma pena.
Certa vez eu estava assistindo um dos vídeos de Dawkins no Youtube, e no vídeo Dawkins desafia um astrólogo a fazer um teste de suas crenças, mas o astrólogo recusou, e em seguida Dawkins disse-lhe que dessa forma ele estaria com medo de comprometer sua reputação. E o que aconteceu a Dawkins agora foi a mesma coisa. Ele está com medo de perder sua "credibilidade" caso não consiga se sair bem contra Craig. Agora mais espantoso é a pressa dos discípulos de Dawkins em sair a socorro de seu mestre. Será que Dawkins não é suficiente para se defender? Ou será que seus discípulos estão finalmente percebendo quão debilitado é o seu mestre?
Isso é que dá confiar todas as suas esperanças intelectuais em apenas um homem.

As grandes desgraças atuais nos fóruns virtuais são os extremos, os "olavetes" e os "dawkinetes". Os dois bandos só existem para fomentar histeria e diálogos de surdos. É impossível uma conversa sóbria, que sempre é levada para o barraco nu e cru, respostas de adolescentes em pátio de escola, afirmações gratuitas que acham que se firmam apenas a emoldurando em ofensas gratuitas. E o pior é o clima das pessoas fazendo tudo isso e se julgando inteligentes, e algumas vezes, regurgitando ciência no máximo a nível de comentários de HQ's.
Não tenho mais paciência com isso não.

Putz, colocar Olavo e Dawkins no mesmo saco é uma heresia. No mais, toda essa balela do Eliel continua sendo, e sempre será, choradeira teísta para provar o impossível. Dawkins não debater com Craig não significa absolutamente nada: Dawkins já debateu com inúmeras pessoas e debaterá com Craig mais cedo, ou mais tarde. Não se desesperem: nós, Dawkinetes (sic!) e vocês (crentes teístas senhores da razão imposta por um zumbi) teremos a opotunidade de assistir a um debate deles. Quem ganhará? Mas que importa? A verdade é uma só, independente de quem vença: ou usamos a razão e a lógica para produzir conclusões acerca dos fatos, ou usamos o belo e inefável salto de fé! Quem der o salto mais belo, vence! Combinado?

Não vejo muita diferença assim entre Olavo de Carvalho e Richard Dawkins. Um (Olavo) é um não-cientista que se mete a falar sobre ciência, e o outro é um não-filósofo e não-teólogo que se mete a falar de Filosofia e Teologia. Ambos são prepotentes e, não raro, falaciosos.

Sobre o restante do seu comentário, eu não comento - Dawkins (até que me provem o contrário) é covarde e pronto! Ele provou isto ao fugir de uma posssibilidade de debate.

Quanto aos adjetivos "balela" e "choradeira", acho que eles são mais adequados se usados para definir seus amiguinhos ateus, que se sentiram profundamente provocados com este.

Um abraço!

Eliel

A questão do confronto entre os escritores é de pouca importância. Contudo, é brilhante a argumentação do Eliel na controvérsia com o Sr. Vieira. Parabéns.
Lamentável algns comentários ofensivos feitos por alguns. Prendamo-nos aos argumentos, esqueçamos as pessoas.

Há muita perda de energia na avaliação de "personalidades", esta questão é muito infantil.
É muito bom ouvir o Sr. Eliel discorrendo apologeticamente. Os contrários sempre existirão, caso estejam considerando no âmbito dos argumentos, que escrevam, a eternidade lhes servirá de aio.
Se forem quetões de pessoas e personalidades, ofensas... não valerá a pena seguir adiante.
Mais uma vez parabéns pelo arranjo apologético mostrado.

A Deus toda honra, glória e louvor.

Olá!
Primeira vez que vejo seu site...e ri muito com o que disse sobre Dawkins..e não é que é verdade mesmo o que disse sobre ele..rsrs

Mas, parabéns pelos textos e por ajudar o teismo a refutar afirmações atéias.

Dawkins percebeu que não são todos os teistas que ficam sem respostas as questões atéias....
Depois de ver Hitchens(o adorado de Dawkins) ser massacrado por Dinesh D'Souza...não será mais surpresa ver ateus desistindo de debates com cristãos/teistas em geral...
A fé atéia não é tão forte assim para quererem ser ridicularizados pelos cristãos em debates novamente...

Não gosto de discutir a existência de um deus, pois acho que isso não se explica racionalmente, é desde sempre uma questão de fé! Mas não consigo me ver acreditando na ressureição de alguém, por exemplo!
Dawkins realmente se tornou um fundamentalista, mas sempre vou achar louvável a atitude de alguém que incite a dúvida! Assim como acho brilhante ver alguém como Flew assumir que passou a acreditar em um deus, mesmo que de maneira "racional"!
Dawkins deve estar cansado desses debates em que o empate prevalece!!!

Entendo que há muito personalismo envolvendo estas controvérsias: Dawkins, Flew, Craig etc. Percebo que as pessoas - mentes ateístas -fogem da questão central, e saem em busca da aridez da periferia. A questão deveria estar concentrada onde cada - questão pessoal - um estará na eternidade.
Não se deixem enredar pelos rudimentos do mundo e pela sabedoria dos homens é a advertência da palavra.

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