segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Resenha: Em Defesa da Fé - Lee Strobel

Lançado no Brasil em 2002 pela Editora Vida, o livro Em Defesa da Fé é mais uma boa ferramenta para aquelas pessoas que se interessam em debates e leituras apologéticas. Escrito pelo jornalista ex-ateu Lee Strobel, Em Defesa da Fé é muito característico e particular em sua estrutura, não sendo apenas mais uma obra apologética dentre as inúmeras existentes.

O livro, bem dizer, não foi todo escrito por Strobel. Seguindo a linha do primeiro livro do autor – Em Defesa de CristoEm Defesa da Fé foi criado a partir de entrevistas que Strobel fez com alguns dos mais famosos apologistas cristãos da atualidade. Mas isto não tira os méritos do autor na obra. Muito pelo contrário, conseguimos perceber claramente a grande habilidade de Strobel em trabalhar com as palavras e em elaborar perguntas perspicazes na busca de conseguir as melhores respostas.

A proposta de Strobel em Em Defesa da Fé é responder às objeções que as pessoas têm em relação à fé cristã. Para cada objeção, um apologista foi entrevistado por Strobel.

Não vou mentir: o livro tem seus pontos fracos. A meu ver as entrevistas de Walter L. Bradley (sobre a teoria da evolução) e Norman Geisler (sobre as passagens da Bíblia nas quais Deus teria mandado matar pessoas inocentes) são pontos fracos da obra. Walter Bradley concentra suas críticas contra a teoria da evolução em argumentações sobre ignorância (a ciência não sabe como X aconteceu, logo X tem de ter acontecido pela interferência de um Designer) e Geilser, já comprometido como pressuposto de que a Bíblia é porque é um livro 100% inerrante, tentou prover respostas para as passagens “polêmicas” da Bíblia, claramente adequando-as ao seu pressuposto. Muitas das respostas de Geisler não me convenceram e, certamente, não vão convencer os ateus que lerem esta obra.

Porém, mesmo nestas entrevistas que considerei “ponto fraco” do livro, algumas boas respostas foram dadas por estes apologistas entrevistados. Além disto, o livro tem seus pontos fortes.

Os destaques são as entrevistas de Peter John Kreeft sobre o famoso problema do mal (suas respostas foram muito boas), William Lane Craig sobre a possibilidade de ocorrências de milagres (Craig, novamente, mostrando toda sua habilidade retórica), Ravi Zacharias (com reservas, algumas de suas respostas não me agradaram) sobre a particularidade cristã em relação às demais religiões e J. P. Moreland sobre o problema do inferno. A entrevista de Moreland, penso, a melhor de todas as entrevistas do livro.

Os textos escritos exclusivamente por Strobel – a introdução e a conclusão de cada capítulo e do livro – são textos muito bons, apesar de serem muito de escrita bem “apaixonada”, de caráter bem evangelístico, o que pode não agradar aos leitores ateus que venham a ler esta obra.

Enfim, tenho minhas reservas em relação a esta obra (como tenho com praticamente todos os livros que leio), mas, no fim, é uma boa ferramenta para quem gosta de ler sobre questões apologéticas. É importante destacar que Em Defesa da Fé é um livro mais introdutório à prática apologética que, penso, trará pouca novidade a você que já está acostumado a ler obras apologéticas mais extensas. Apesar de trazer poucas novidades, muitas questões interessantes são abordadas, e é um livro que valeu a pena ler – apesar de não saber se virei a tirá-lo da prateleira outra vez.


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.


5 comentários:

Eduardo Vaz 9 de Setembro de 2009 19:48  

Para mim essaé umas das obras mais importantes e de fácil acesso dos leitores. Mas claro, nas entrevistas os entrevistados defendem seus pressupostos,e quem conhece Lee Strobel sabe que ele entrevistou gente mais próxima da fé evangélica Conservadora da qual ele mesmo faz parte.
Discordo de vc Eliel, Ravi Zacharias é sem duvida um dos melhores que discute a exclusividade da salvação em Cristo. Talvez vc pense diferente da máxima Católica/Evangélica , mas eu adoro o que ele escreve sobre o assunto, e acho muito coerente..NAO HÁ OUTRO NOME PELO QUAL DEVEMOS SER SALVOS..nao quero limitar Deus, mas deixa com ele o futuro de todos os seres... não devemos ir onde a bíblia não vai..deixa isso com Deus...
Amo os 2 livros do Strobel, para mim uma das leituras mais gostosas que já fiz..

Daniel Grubba 12 de Setembro de 2009 06:41  

Este livro foi o primeiro que li sobre apologética e foi um divisor de águas. Depois de Strobel vieram outros, mas dedico a este livro minha paixão pela apologética. .

informadordeopiniao 13 de Setembro de 2009 11:09  

Me emprestaram o livro e eu resolvi ler. Tem coisas boas sim. Bem, Walter Bradley, Norman Geisler (ah não ser sua discussão sobre compatibilismo, no "Eleitos mas livres" q achei ótima) e Ravi Zacarias estão muuuuuiito longe de serem minha praia...Mas no restante encontrei muitos insights valiosos.

Anderson Faria 22 de Setembro de 2009 06:35  

Atualmente estou lendo e confesso que tem me atraído para literaturas apologéticas. Há outros livros do gênero, um deles chamado "Deus, um guia para os perplexos", de Keith Ward (ed. DIFEL). Se alguém o conhece e já o leu, anseio por mais opiniões.

informadordeopiniao 27 de Novembro de 2009 12:36  

Anderson,

Keith Ward é do segmento de Arthur Peacoke, John Polkingohrne...então, é de outro naipe, outro gabarito! Deleite-se com ele.
Infelizmente, parece que o Strobel deu uma guinada mais forte para um âmbito muuito conservador nesta obra, pensando que na outra ele trabalhou com figuras mais centradas como Craig A. Evans, Bruce Metzger, Lane Craig, etc., neste ele flertou direto com o fundamentalismo do "cinturão".

Se você continuar nessa linha de leitura, está muito bem servido.

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