quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Validade das Especulações Acerca das Questões Obscuras da Fé

Minha namorada confessou a mim que tem preocupações sobre as minhas especulações acerca das questões “difíceis de entender” que cercam nossa existência e em particular a fé cristã que professamos. Para ela, uma atenção demasiada nestas questões, pode me conduzir à não crença em Deus, o que, na visão do evangélico comum, é o pior de todos os males.

Esta não foi a primeira vez que ouço esta advertência por parte de pessoas próximas a mim. Tanto minha mãe quanto meu pai já conversaram comigo em momentos diferentes confessando a mesma preocupação: que meu “diferentismo” um dia venha me afastar de Deus.

Sendo assim, decidi escrever um texto em defesa de mim mesmo. Desde os tempos helênicos, sempre foi garantido a qualquer acusado – por mais absurdo que tenha sido o crime praticado – o direito de se defender. Ainda nos dias de hoje é assim: uma pessoa pode ser pega fazendo o ato mais bárbaro do mundo – digamos, matando a pauladas um pequeno bebê – mesmo assim, no julgamento, será garantido a ela o direito de se defender. Vou então fazer o uso do direito que me é garantido para defender a validade das especulações sobre as questões que cercam nossa fé.

Primeiramente, as três exortações que recebi (de meus pais e de minha namorada) me ajudaram a perceber que o problema não está tanto nas especulações que faço em relações às questões obscuradas da fé, mas no fato destas especulações não serem “comuns” à prática litúrgica evangélica. Estou plenamente certo de que se “questionar a fé” fosse uma prática comum, ninguém estaria me censurando.

Como eu cheguei a esta conclusão?

Simples. As três pessoas que me exortaram, apontaram outras preocupações além das minhas especulações, e estas preocupações recaem exatamente em “peculiaridades” de meu jeito de ser: minha mãe se mostrou preocupada com minhas especulações sobre a fé e sobre as músicas de Heavy Metal que eu escuto; meu pai se mostrou preocupado com minhas especulações polêmicas, bem como com o inconformismo que eu sentia na igreja que eu freqüentava; já minha namorada, se mostrou preocupada com as especulações que faço e também com meu jeito crítico e polêmico de ser.

Ou seja, o meu problema não é, necessariamente, que eu me deleito e faço especulações sobre as questões polêmicas que envolvem a fé. Meu problema é ser diferente, é ser distante do convencional, pois tudo o que é diferente, preocupa.

Longe de querer me comparar ao meu mestre, mas, com Jesus foi do mesmo jeito. Por que Jesus foi perseguido senão porque Ele era diferente do convencional judáico de seu tempo? As mulheres não eram valorizadas na cultura judaica? Jesus possuía seguidoras dentre seus discípulos. Era proibido aos judeus se juntarem a cobradores de impostos e publicanos? Jesus comia à mesa com eles. Era totalmente reprovável se aproximar de leprosos? Jesus os abraçava. Descendentes diretos de Davi não precisavam pagar impostos ao Império Romano? Jesus pagava para dar exemplo. Não podia fazer nada no sábado? Jesus fazia tudo o que queria como se fosse um dia comum. Os samaritanos não eram pessoas de bem com quem os judeus podiam de se relacionar? Jesus ia a eles e lhes transmitia a mesma mensagem que dava aos judeus.

Jesus foi totalmente diferente do que os judeus esperavam do Messias que deveria vir (para eles, o Messias ainda virá) e, por ser diferente do convencional, Jesus foi perseguido, traído e morto cruelmente.

Está enraizada em algum lugar de nosso senso comum a idéia de que o eventual, o pragmático, e o habitual são sempre válidos. Um dos jargões mais populares do futebol é o “em time que está ganhando, não se mexe”. Recentemente eu escrevi um texto refletindo sobre a razão pela qual nós atribuímos substantivos e adjetivos masculinos a Deus. Dentre as várias respostas positivas que recebi no Orkut, uma das respostas foi algo como “se sempre chamados Deus de ‘Pai’ e se ninguém nunca se preocupou com isso, por que ficar levantando estas questões?”.

As pessoas não querem abandonar o pragmatismo, até mesmo nas suas religiões. Não é apenas no catolicismo – com seus sete sacramentos – ou no espiritismo – na prática freqüente da caridade – que a salvação é oferecida em troca da realização de práticas ou passos. No evangelicalismo também isto é observado com muita facilidade. Quem nunca viu um livro evangélico de “7 passos para X”, ou “77 maneiras de obter Y”. Ou, se você mora perto de (ou freqüenta) uma igreja evangélica, quem nunca viu uma faixa anunciando as campanhas das sete orações, ou dos sete elos da corrente da prosperidade, etc.?

As pessoas são habituadas com o prático, com “o que funciona”, com modelos. Se modo X de evangelização tem mostrado resultados, porque gastar tempo pensando em outra? Se temos compreendido bem a Bíblia com a maneira Y de interpretação, por que levar em consideração outra maneira?

As críticas que recebi das três pessoas que mais amo, portanto, surgiram a partir de uma certeza do senso comum que é comum a todas as pessoas, em todas as questões. Confesso que até mesmo eu sou pragmático em algumas (muitas) questões.

Proponho, para continuidade deste texto, uma questão-chave: a prática de se especular sobre as questões polêmicas que envolvem nossa fé, é valida?

Segundo minha namorada, em sua exortação a mim, não é proveitoso gastar tempo lendo e pensando sobre questões que, definitivamente, não possuem respostas e que só servem para dar nós em nossa cabeça. Sua grande preocupação é de que uma atenção muito grande a estas especulações pode me afastar de Deus, que deve ser o centro de minhas atenções.

Enquanto escrevia este texto, veio a mim o exemplo da Novalgina. Trata-se talvez do remédio mais popular em nosso país e serve, dentre outras aplicações, para regularizar a temperatura corporal quando estamos com febre. Apesar de milhões de pessoas fazerem uso deste medicamento, uma parcela muito pequena da população sabe como ele de fato age no nosso organismo. O fato de ninguém saber como ele funciona, porém, não o torna menos eficaz. Ele faz mesmo efeito tanto naquele que conhece seu funcionamento no corpo humano, como naquele – como eu – que não tem a mínima idéia de como ele consegue regular a temperatura de nosso corpo. Podemos usar como exemplo também o Sol. Ele vai jogar sua luz do mesmo modo sobre as pessoas que sabem que o astro brilha por causa da queima de hidrogênio, quanto para quem não tem a mínima idéia do que seja hidrogênio.

Os exemplos acima são análogos à fé. Saber se Deus é do gênero masculino ou não, ou se os sete dias de Gênesis são literais ou simbólicos, ou se Jesus era rico ou pobre não muda em nada a nossa fé. Deus não vai ser mais benéfico a uma pessoa que conseguiu entender o mistério da Santíssima Trindade (1 + 1 + 1 = 1) do que seria a quem não faz a mínima idéia de como isso pode ser possível.

Da mesma forma como uma pessoa pode fazer uso da Novalgina sem saber como ela funciona, uma pessoa pode usufruir de Deus sem necessariamente ter respostas para as questões que cercam toda a fé.

Você não pode, porém, dizer que estudar as questões que cercam a fé seja uma tarefa inválida, da mesma forma que você não pode dizer a uma pessoa que decide estudar Química que ela é uma pessoa que “perde seu tempo”.

Imagine se toda criança que tem um desejo apaixonado de estudar Química ouvisse o seguinte incentivo de seus pais:

- Filho, não perca tempo com isso. Você vai se dar muito melhor na vida fazendo um curso mais prático (e que paga mais) como Administração ou Ciências Contábeis. Deixa as questões complicadas da vida para outras pessoas se preocuparem. Eles estudam e você se beneficia comprando os remédios necessários quando precisar.

Se todos os pais dissessem isso aos seus filhos, não teríamos nenhum pesquisador e a ciência não teria feito tantas descobertas importantes quanto ela fez. Se uma pessoa deseja estudar química porque a Novalgina o fascina, ou se uma pessoa deseja estudar astronomia porque ela quer entender como o sol funciona, todas desejam boas coisas. Acredito, portanto, que da mesma forma, eu estou imerso em uma boa empreitada estudando e refletindo sobre as questões que rondam nossa existência e nossa fé.

Junte a isso também o fato de que a Bíblia recomenda que pensemos sobre estas questões. Em I Pe 3:15, Pedro diz que devemos estar sempre preparamos para apresentar as razões da esperança que nós temos. Ora, isto implica necessariamente que tenhamos conhecimento suficiente da fé que temos.

Em certo episódio do seriado Chaves, acontece em sala de aula um diálogo entre o Professor Girafales e a aluna Chiquinha:

- Chiquinha, o que é necessário para se ensinar um cão?

- Saber mais que o cachorro, ora!

Óbvio, não!? Porém, como vamos ter capacidade de explicar ao mundo sobre nossa fé se nós não podemos estudar e refletir sobre as questões polêmicas e confrontadoras que a cercam? Para ensinar algo a alguém, temos que - no mínimo - conhecer mais que esse alguém naquilo que se pretende ensinar.

Claro, não afirmo aqui que todos devem a partir de amanhã começar a perder os cabelos se perguntando por que um Deus bom permite a existência de mal no mundo ou qualquer outra questão polêmica que cerca a fé. De acordo com a Bíblia, Deus separou seus filhos conforme os dons que cada um tem (dons que Ele mesmo concedeu a cada um conforme a Sua vontade). Eu, por exemplo, não tenho o dom de cantar (que, diga-se de passagem, minha namorada tem de sobra). Meu dom é de questionar, de refletir, de pensar criticamente, de escrever... não posso enterrar meu dom. Não posso negar o que sou.

Você não tem obrigação de se preocupar com a questão polêmica X, mas, algum dia, um amigo seu de trabalho ou de escola pode levantar esta mesma polêmica X a você e, convenhamos, seria muito proveitoso poder chegar em sua casa, pegar um livro de algum cristão que tenha estudado exaustivamente a questão, ler, anotar alguns pontos e, no dia seguinte, responder satisfatoriamente a seu amigo, não é?

Chego à conclusão aqui, portanto, que especular sobre as questões que envolvem nossa existência e nossa fé, é uma tarefa válida e até necessária a algumas pessoas. A própria saúde de nossa fé exige que estejamos sempre ligados sobre as dúvidas que são levantadas frequentemente em relação à fé, afinal, Deus disse que o povo dele morre porque lhe falta conhecimento.

Desejo terminar este texto com um pequeno comentário sobre a maior preocupação de minha namorada: a de que estas especulações me afastariam a cada vez mais de Deus.

Bem, falando de modo geral, eu desconheço a história de algum cristão que tenha começado a estudar demais e tenha deixado de acreditar e confiar em Deus. Conheço sim, diversas histórias de pessoas que estudaram muito e começaram a sentir nojo das coisas absurdas que as pessoas fazem em nome de Deus nas igrejas (eu sou uma destas). Em contrapartida, conheço também diversas histórias de ateus e céticos que passaram a acreditar em Deus depois de analisarem a fundo as questões que assombram a humanidade. Mas, cristão que tenha abandonado a fé após o estudo, sinceramente, não conheço nenhum.

Agora, falando de forma pessoal, posso dizer que sinto certo receio em alguns momentos de um dia me extraviar ou se, de fato, não já me extraviei da fé, e aí me apego mais firmemente à mão protetora de Deus. O fundamento de minha fé é Cristo, e é na Rocha Inabalável que um cristão deve estar. Se minha fé estivesse fundamentada em mim mesmo, vacilante como sou, uma hora dessas eu nem sei o que estaria fazendo. Cristo é o fundamento. Ele também é um grande conforto intelectual que tenho: apesar de não dar imediatamente respostas exatas a todas as perguntas que temos – a verdade é que a grande maioria de nossas dúvidas serão respondidas na eternidade – Cristo dá sentido às perguntas e às dúvidas. E este sentido é um grande conforto (e incentivo) para aquele que busca respostas.

Em um mundo sem Deus, aquele que faz perguntas tem de ser contentar com a verdade de que ele jamais terá as respostas, pois existirá apenas um vazio após a morte. Já em um mundo com Cristo, aquele que pergunta sabe que, mesmo em meio à ignorância do tempo presente, um dia as respostas virão.

Portanto, de forma sincera, a especulação sobre as perguntas que cercam nossa existência, me leva de alguma forma para mais perto de Deus. Tento entendê-Lo e acredito que Ele olha para mim e dá umas risadas pensando “olha que coisa mais absurda o que esse menino está pensando” ou “ele está pensando corretamente”. É como disse Rubem Alves, a questão não é pensar de forma certa ou errada, afinal, quem sabe dizer o que é certo ou o que é errado? A questão, diz Alves, é simplesmente pensar, voar nas asas do pensamento.

Estas especulações, claro, às vezes geram desconforto, tristeza, solidão, desespero... porém, estamos sujeitos a estas coisas em todas as áreas de nossa vida e, a verdade, é que no fundo no fundo, todo pensador deseja ser confrontado por estas coisas, vencê-las e depois ensinar aos outros a como não teme-las.

E assim vamos vivendo...


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

Creative Commons License
DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.


2 comentários:

Glauber Ataide 3 de Julho de 2009 10:38  

Uma outra forma de responder à questão da "necessidade" de se refletir sobre questões teológicas é efetuar a distinção aristotélica entre as diferentes formas de conhecimento. O chamado "saber prático" (aquele saber direcionado para o agir) é apenas uma forma de conhecimento dentre outras, e não é, de forma alguma, a superior.

A citação abaixo foi extraída de um trabalho que apresentei à disciplina "Computador e Sociedade", do curso de Sistemas de Informação, no 5º período, e se encontra disponível no link ao final deste comentário.

"Aristóteles categoriza o conhecimento humano em três diferentes tipos: o saber produtivo, o saber prático e o saber que se refere à realidade (SELL, 2008, p. 143).

"O saber produtivo ou poiético é aquele que consiste em saber construir ou elaborar algo concreto. Nessa categoria se enquadra o conhecimento tecnológico.

"O saber prático engloba a ética e a política, e está ligado 'à prática na qual o agente, o ato ou a ação e o resultado são inseparáveis' (Ibid.).

"O saber referente à realidade é o que diz respeito às peculiaridades de cada coisa e também o conhecimento da realidade como ela é. Aqui se encontra o conhecimento filosófico e metafísico, que, segundo Aristóteles, é superior a todos os outros, embora qualquer um possa ser mais necessário que este."

http://glauberataide.blogspot.com/2008/11/incluso-digital-e-educao-tecnolgica.html

Eduardo Vaz 5 de Agosto de 2009 12:20  

É legal ver os meus amigos se relacionando com idéias..isso para mim e um sonho.Eliel é um Ra paz talentoso e inteligente , mas que nos esbarramos pelo puro amor ao metal pesado cristão . Já Renato, foi, e sempre será, um dos meus maiores amigos, pessoa essa que, sem duvida perpetuou um dos melhores momentos da minha vida, quando de fato entendi o evangelho do Reino sem os moldes evangélicos tradicionais.
Entendo os 2 nesse texto. Renato ao meu ver está certíssimo, assim como a namorada do Eliel e seus pais. Uma advertência dessa poderia ser levada a cabo de outra forma, ou seja, pelo menos encarada com importância.
Na verdade Eliel, não tente encarar isso tudo como acusação, a ponto de se ter um necessidade de se defender, entre irmãos, podemos antes de mais nada ver tais sugestões como toques importantes ou quem sabe até uma exortação de quem nos vê de frente. Sei do que se trata, sou pelo menos 50% igual a vc, sou inquieto e quero respostas.
Eu sou daqueles que acha que a verdade é cristo, e, se cristo é a verdade, não temos o que temer. Mas as fontes onde buscamos tais verdades, podem sim conter equívocos e em ciência e filosofia estão cheios de tais exemplos , visto os próprios pragmatismos da nomenklatura cientifica , não tenha duvida, ela tem La seus preconceitos e suas mentiras. Então em quem, ou no que buscar a verdade? Pé no chão!!!!!!!!!!Eu tenho pé no chão .
Com certeza o nosso meio ( vou dizer nosso ok? ) não tem La algumas das nossas questões , mas o medo deles pode ser pelo fato de vc estar transmitindo a eles uma idéia de que não ta dando conta de lhe dar com as questões, e ai entra o amor de quem nos cerca, no caso, sua noiva e pais.. Se eu abro coisas mais profundas em formato de questões á pessoas que não tem tais questões, elas logicamente vão nos questionar. Por isso digo que adorei ver vc e o Renato juntos. São 2 dos grandes inteligentes amigos que tenho. Nesse contexto eu já vejo mais abertura para tal.
Seu texto começa com a premissa dos questionamentos dos amigos, mas depois descamba por caminhos eclesiásticos , mas lembre-se , a igreja não é a academia, e nos escombros desse hospital temos pessoas que nem se quer sabe o que é um DNA, ou ao menos que isso exista. De fato isso não é o mais importante para eles, e nem deveria Ser, afinal de contas a igreja é um lugar onde o importante é estar de volta ao proprosito de Deus e ter salvação.
Não sei os motivos das questões de sua namorada , assim como não sei quais as questões de seus pais. Mas Jesus questionava não para conhecer, pois é Deus que criou tudo e todos, mas questionava para fazer com os seus não tivesse uma fé religiosa medíocre.
Se assim forem seus questionamentos, levantando do senso comum questões que apurem a fé comum e a pratica da vida que Cristo nos deu, Concordo com vc, mas se suas questões apenas levantam a poeira das questões menos importantes vc está no lugar errado. Volto a dizer, não vejo perigo em questionar qualquer coisa, mas seus próximos estão te questionando: Eliel, isso vai fazer bem para vc?se é senso comum deles , não sei, mas creio que vc deveria ouvi-los ao menos.
Eliel, o mundo precisa de pessoas questionadoras, não concebo um mundo sem essas pessoas, mas o que mais me intriga é ver que estudando um mesmo assunto, ou seja, a ressurreição de Jesus, Willian lan Craig não se perdeu, mas Bart Ehrman se tornou agnóstico. Renato tem razão, na busca corremos risco sim,e isso me intriga sim. Meus critérios são partir d casa pra fora, mato a coisa aqui dentro primeiro , ou seja, escuto conselhos dos calejados acadêmicos cristãos para depois ver o que rola La fora.;É a lei do saber o que te espera..isso tem me ajudado..nao sei o que seria de mim se buscasse sobre ressurreição de Jesus em obras liberais...talves me perderia..mas por conselho fui em outros obras antes.
Acho que outras questões não afetam a fé comum direta, e essas sim podem ser levantadas sem problemas, e vc tem feito isso com maestria..
Abraços..

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