sexta-feira, 14 de agosto de 2009

[7/8] Existem Evidências Históricas para a Ressurreição de Jesus?

Parte 7 de 8.
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Dr. Craig – Conclusão

Em meu discurso de abertura eu comentei que existem duas maneiras de saber sobre a ressurreição de Jesus: a histórica e a experimental. Nesta noite nós nos detemos quanto à histórica. Eu argumentei, primeiro, que existem quatro fatos históricos que precisam ser explicados por alguma hipótese histórica e que, segundo, a melhor explicação para estes fatos é que Jesus ressuscitou de dentre os mortos.

Agora, eu não acho que vimos qualquer destes quatro fatos serem refutados nesta noite. A maioria dos estudiosos concorda com os argumentos que eu dei para o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia, para o fato de a tumba ter sido encontrada vazia, para as aparições de Jesus a vários indivíduos e grupos de pessoas, e para a origem da fé dos discípulos na ressurreição de Jesus. Dr. Ehrman baseou seu argumento nas inconsistências presentes nas narrativas; como eu mostrei, estas inconsistências se encontram em detalhes periféricos, não em relação ao coração das narrativas e que nós temos relatos extraordinariamente harmoniosos para estes quatro fatos fundamentais. Seu único ponto que permaneceu no seu último discurso foi a respeito do caso das mulheres à tumba, e novamente eu simplesmente sugiro que, como discípulas de Jesus, que eram fiéis a Jesus e envolvidas com sua obra e seguidoras dele, elas não representavam pessoas marginalizadas. E, além disto, este fato é multiplamente atestado. Esta não é uma característica de Marcos; lembrem-se: nós temos fontes múltiplas e independentes no papel das mulheres no descobrimento da tumba de Jesus.

E sobre o segundo ponto, e crucial, sobre a ressurreição de Jesus ser a melhor explicação para os fatos? Eu mostrei como o argumento baseado na probabilidade que ele deu por várias vezes em seus livros é falacioso. E ele diz, “Bem, Hume não está falando sobre meu argumento; ele está falando sobre a impossibilidade de milagres”. Isto é simplesmente um engano. O argumento de Hume é contra a identificação de milagres baseado em sua improbabilidade. E isto não responde ao meu ponto fundamental de que ele não pode dizer que a ressurreição de Jesus é improvável porque ele diz que historiadores não podem fazer julgamentos sobre este tipo de acontecimento. E mesmo que este evento fosse improvável, ele precisa considerar todas as outras evidências que contrabalançariam esta improbabilidade.

Agora, ele diz, “Bem, olhe para estas outras hipóteses. Talvez, por exemplo, familiares de Jesus roubaram seu corpo. Isto não é mais provável?“. Eu não acho. Observe que não há nenhum motivo neste caso para se roubar o corpo; os familiares de Jesus não acreditavam nele durante sua vida. Ninguém mais além de José e seus servos e as discípulas de Jesus sabiam onde o corpo havia sido sepultado. O tempo foi insuficiente – entre a noite de sexta e a manhã de domingo – para que tal conspiração fosse planejada e executada. Também, as roupas encontradas na sepultura desaprovam a hipótese do saque na tumba; ninguém iria despir o corpo antes de levá-lo.

Conspirações como estas sempre vêm à tona; os soldados romanos que guardavam a tumba ficariam felizes em informar aos líderes judeus o que aconteceu. E esta hipótese não explica as aparências de Jesus nem a origem da fé cristã na ressurreição de Jesus. Então, por todas estas razões, esta é uma hipótese improvável.

Em contraste, eu não acho que ele mostra nenhuma improbabilidade ao dizer que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos. Tudo o que ele diz é que esta hipótese apela a Deus e que historiadores não podem inferir Deus. Mas lembrem, eu dei três respostas a esta questão. Primeiro, como na física, você não tem acesso direto às entidades explanatórias a fim de inferi-las. Segundo, todo o projeto do historiador é lidar com o passado inacessível, onde você tem que inferir acontecimentos baseando-se na evidência presente, mesmo que você não tenha acesso direto. E terceiro, este não é um debate sobre o que os historiadores podem fazer profissional-mente e sim um debate sobre se existem evidências históricas para a ressurreição de Jesus e as conclusões que nós podemos traçar. E mesmo que um historiador não possa fazer esta conclusão em uma publicação histórica ou uma sala de aula, ele pode aceitar esta conclusão enquanto ele volta para casa com sua esposa. E nós podemos aceitar esta conclusão se nós acharmos que as evidências são melhor explicadas desta forma, também. Em resumo, eu não acho que exista qualquer boa razão para pensar que as evidências históricas para a ressurreição de Jesus não sejam mais bem explicadas pela ressurreição.

Finalmente, eu quero concluir agora dizendo que existe outra forma de saber sobre a ressurreição: o experimento. Veja, se Jesus realmente ressuscitou de dentre os mortos como as evidências apontam, então isto significa que Jesus não foi somente uma figura antiga da história ou uma imagem desenhada nos vidros de uma catedral. Isto significa que ele está vivo hoje e que ele pode ser conhecido pela experiência. A mim, o cristianismo deixou de ser apenas uma religião ou um código de vida quando eu entreguei minha vida a Cristo e experimentei um renascimento espiritual em minha própria vida. Deus se tornou uma realidade viva em mim. A luz entrou onde antes só havia escuridão, e Deus se tornou uma realidade que eu posso experimentar, junta-mente com a grande alegria, paz e sentido que Ele concedeu à minha vida. E eu diria apenas que se você está procurando por este tipo de sentido e propósito à sua vida, então não olhe apenas para as evidências históricas, mas também pegue o Novo Testamento e comece a lê-lo e perguntar a si mesmo se o que está escrito ali pode ou não ser verdadeiro. Eu acredito que isto pode mudar sua vida da mesma forma que a minha vida foi mudada.


Dr. Ehrman – Conclusão

Bem, eu aprecio muito seu testemunho pessoal, Bill. Contudo eu penso que o que nós vimos é o que Bill realmente é, no fundo, um evangelista que deseja que as pessoas compartilhem de sua crença em Jesus e que ele está tentando se passar por um historiador. Eu aprecio isto, mas não se trata de um historiador profissional poder ou não argumentar alguma coisa, se trata sobre a história poder ser usada para demonstrar afirmações sobre Deus. Eu tenho, na verdade, discutido sobre os quatro fatos aos quais Bill continuamente se refere. Sobre o sepultamento por José de Arimatéia eu argumentei que poderia ter sido uma invenção posterior. A tumba vazia também poderia ser uma invenção posterior. Nós não temos uma referência a estes fatos em Paulo; você só tem estas referências posteriormente nos evangelhos. As aparições de Jesus podem ter sido visões de Jesus porque pessoas tinham e tem visões todo o tempo.

E um dos primeiros pontos levantados por Bill é de que os discípulos estavam dispostos a morrer por sua fé. Eu não ouvi nenhum tipo de evidência para isto. Eu ouço esta afirmação com freqüência, mas lendo todas as fontes cristãs do primeiro aos quinto século da cristandade, eu gostaria que ele nos dissesse qual evidência ele tem de que os discípulos morreram por sua crença na ressurreição.

Prosseguindo em sua análise sobre porque minha explicação alternativa não funciona, ele diz que a possibilidade dos familiares de Jesus terem roubado seu corpo é mais implausível do que a possibilidade de Deus ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos. Por que? Eles não tinham motivo para isso. Bem, a verdade é que as pessoas agem por uma série de motivos, e motivos são coisas das mais difíceis de se estabelecer. Historicamente, talvez sua família quisesse que ele fosse sepultado em uma tumba da própria família. Ninguém sabia onde ele havia sido sepultado, ele diz. Bem, isto não é verdade; a verdade é que os evangelhos dizem que as mulheres observaram o sepultamento de longe, junto com a mãe de Jesus. Não havia tempo suficiente para isto acontecer. Aconteceu à noite. De quanto tempo alguém precisa? Isto não explica as roupas na caverna. Bem, as roupas na tumba provavelmente são um acrescimo posterior, uma lenda. Isto não explica as aparências de Jesus. Sim, pessoas têm visões o tempo todo. Uma vez que as pessoas começaram a acreditar que a tumba de Jesus estava vazia, eles começaram a pensar que ele ressuscitou dos mortos, e eles tiveram visões. Não estou dizendo que penso que isto aconteceu. Eu acho que é plausível. Isto poderia ter acontecido. É mais plausível do que afirmar que Deus deve ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos. A ressurreição não é a explicação histórica mais provável. Notem que Bill teve mais cinco minutos para responder às minhas questões, e ele se recusou a fazê-lo; alguém poderia perguntá-lo por quê.

Vou concluir dizendo a vocês o que eu realmente penso sobre a ressurreição de Jesus. A única coisa que nós sabemos sobre os cristãos após a morte de Jesus é que eles analisaram suas escrituras no intuito achar algum sentido aos eventos que haviam ocorrido. Eles acreditavam que Jesus era o Messias, mas então ele morre crucificado, então ele não poderia ser o Messias. Nenhum judeu, antes do cristianismo, pensava que o Messias seria crucificado. O Messias era para ser um grande guerreiro, um grande rei ou um grande juiz. Ele deveria ser uma figura de grandeza e poder, não alguém que fosse esmagado por seus inimigos como um mosquito. Como poderia Jesus, o Messias, ser morto como um criminoso comum? Os cristãos se voltaram às suas escrituras e tentaram entende-las, e eles encontraram passagens que faziam referências à sofrida morte do Justo de Deus. Mas nestas passagens, como Isaías 53 e Salmos 22 e 63, aquele que é punido ou morto é também exaltado por Deus. Os cristãos acreditaram que Jesus era o Justo e que Deus deve ter o exaltado. E então os cristãos começaram a pensar que Jesus era aquele que, mesmo sendo crucificado, foi exaltado nos céus, como Elias e Enoque nas escrituras hebraicas. Como Jesus pode ser o Messias se ele foi exaltado aos céus? Bem, Jesus deve voltar em breve para estabelecer seu reino. Ele não era um Messias terreno; ele é um Messias espiritual. Esta é a razão pela qual os primeiros cristãos pensavam que o fim estava chegando em breve. Este é o motivo pelo qual Paulo ensinou que Cristo foi o primeiro fruto da ressurreição. Mas se Cristo foi exaltado, ele não está mais morto, e então entre os cristãos começaram a circular histórias sobre sua ressurreição. Isto não foi três dias depois dos eventos; talvez um, dois anos. Cinco anos depois eles não sabiam mais quando as histórias começaram. Ninguém podia mais ir à tumba para conferir a veracidade das histórias; o corpo estava decomposto. Crentes que sabiam que ele ressuscitou de dentre os mortos começaram a ter visões dele. Outros contaram histórias sobre estas visões, como Paulo. Histórias destas visões circularam. Alguns tiveram visões como a que Paulo teve, outros contaram histórias sobre visões de Jesus como um a um grupo de 500 pessoas que o viram de uma só vez. Com base nestas histórias, narrativas foram construídas e espalhadas e finalmente tivemos os evangelhos do Novo Testamento, que foram escritos, 30, 40, 50, 60 anos depois.


Clique aqui para ler a parte 8

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Traduzido por Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.



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