terça-feira, 15 de setembro de 2009

Uma Experiência Interessante: Sobre a Música Cristã (Antiga e Contemporânea)

Todos que me conhecem sabem que sou, assumidamente, um crítico fervoroso dos (des)caminhos adotados pela músicos evangélicos atuais Como já disse em outros textos presentes neste blog, falta à música cristã atual a simplicidade e a beleza que podemos encontrar, por exemplo, nos salmos. Estou tão desiludido a este ponto que atualmente acredito que exista uma relação intrínseca entre “música evangélica atual” e “ruindade”, apesar, claro, de existirem algumas poucas (e boas) exceções.

Algumas pessoas, no entanto, dizem que o que eu tenho na verdade é preconceito. Minha namorada, por exemplo, por mais de uma vez já me disse que eu sou “muito crítico” e que analiso as coisas com conceitos pré-estabelecidos. Segundo a opinião subliminar dela, eu considero a música evangélica atual ruim não porque ela seja necessariamente ruim, mas simplesmente porque ela é “atual”. Do mesmo modo, eu consideraria as músicas velhas “boas”, não por serem “boas” de fato, mas por serem antigas e por não serem do gosto da maioria das pessoas.

Esses comentários são feitos entre nós em conversas esporádicas sobre a questão da musicalidade evangélica, e, confesso, o que ela disse até tem um pouco de lógica. Eu, de fato, tendo a gostar mais das coisas que a maioria das pessoas não gosta. O porquê exatamente eu não consegui identificar ainda, mas eu sinceramente tenho a tendência de rejeitar tudo o que é “popular” (a não ser música popular brasileira que, para dizer a verdade, já não é mais popular), especialmente tudo o que os jovens da minha idade de hoje em dia acham “legal”. E isso não é apenas em relação à música, mas filmes, livros, hábitos, enfim, se me deparo com duas coisas para serem analisadas eu naturalmente tendo meu gosto para aquilo que não é “legal” para o gosto da maioria.

Então, sabendo deste meu “defeito”, estava até pensando: será que eu tenho pré-conceitos sobre a música evangélica? Será que eu não gosto delas apenas porque elas são “atuais”?

No último domingo (13/09/09) aconteceu algo muito interessante na igreja onde eu freqüento que me ajudou a responder a esta questão. Antes de contar o que aconteceu, devo situar você no contexto do culto desta igreja. Na igreja onde eu freqüento o “período de louvor” é curto – geralmente três músicas – e não há outros instrumentos além de violão e (algumas vezes) guitarra, além da voz dos que cantam. Não há bateria, baixo nem teclado, apenas violão e voz. Lá, também, a maioria das músicas tocadas é “atual” (músicas de cantores e grupos evangélicos como Fernandinho, A-pá-sentar, uns plágios do Hillsong United, etc) e músicas velhas nunca foram tocadas lá (pelo menos não nestes quase um ano que estou lá). Porém, as músicas são executadas apenas em violão-voz, o que,dificultaria muito a diferenciação entre estilos atuais e antigos (as batidas de bateria são as diferenças mais identificáveis entre músicas de diferentes eras).

No último domingo (13/09/09), após a pregação, algo diferente aconteceu. O pessoal do “louvor” começou a tocar uma música que ainda não tinha ouvido lá. Aliás, eu nunca a tinha ouvido em minha vida, e a letra, para meu espanto, era belíssima. Leia a letra da música:

Ó meu Criador,
Quando grande amor Tu tens por nós
Ao ponto de morrer na cruz para nos salvar.
O homem não quer reconhecer.

Ó Jesus, quase ninguém fala de Ti,
Meu Senhor.
Parece que te esqueceram
Não querem mais saber de Ti
Nem de Ti ouvir falar.

Mas, Jesus, falo de Ti
Mesmo não sendo ouvido.
O Teu amor é muito grande
Tu sabes que eu preciso de Ti
Eu sou Teu, sim, sou só Teu.

Como eu nunca tinha visto uma música velha sendo executada lá e, ainda, sabendo que o povo lá gosta mesmo é das músicas evangélicas atuais, pensei: “Puxa! Até que enfim algum cantor evangélico compôs algo que presta!”.

Então, após a execução da música, virei para minha namorada e perguntei a ela: “Está música é de quem?”.

Sua resposta: “Ela nunca foi gravada. É de um compositor antigo aqui da Igreja, o irmão Jackson”.

Estava explicado! A música era velha, eu apenas não a havia identificado porque, até onde eu sabia, apenas músicas evangélicas recentes eram tocadas na igreja. Mas como fui me iludir! Uma música tão bela assim ter sido composta pelos grupos evangélicos (ou seriam EU-vangélicos?) atuais era bom demais para ser verdade.

Esta experiência serviu para mostrar que, ao contrário do que minha namorada dizia e que eu estava quase me convencendo ser absolutamente verdade, eu não acho que as músicas atuais evangélicas sejam ruins apenas porque são atuais. Não! Eu acho que elas são ruins porque elas de fato são ruins! Eu achei linha a letra da música diferente que eu ouvi no domingo, mesmo pensando que ela era uma música atual, gospel, ou sei lá como se chama.

Acho que esta experiência é uma forte evidência de que eu e todos os críticos da música evangélica atual estamos certos em criticar a falta de criatividade, beleza e simplicidade das músicas evangélicas atuais. É triste ver o caminho que os evangélicos decidiram tomar. Pelo menos ainda temos as músicas velhas...


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

Creative Commons License
DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.


5 comentários:

Sou blogueiro - INDICOESSE 15 de Setembro de 2009 16:32  

Pode ser!
Precisa ficar aberto a outros ritmos, muitas vezes menos solenes. É que geralmente as músicas mais antigas são clássicas, elas foram de tal forma melhoradas, apreciadas até chegar no dia de hoje.
As músicas de agora vaão ser selecionadas pelas pessoas pelo tempo. E por fim, daqui uns 20 anos, talvez uma seleção das músicas evangélicas de agora sejam montada! É questão de tempo!
além do mais, tem muita música evangélica de qualidade sendo criada:
vc já ouviu Jennifer Avalon!

Tudo de bom pra vc!

NATANAEL TUSSINI 15 de Setembro de 2009 19:03  

MANO,
PARECE QUE ESSA MESMA CONVERSA QUE VOCÊ OUVE E OUÇO TAMBÉM...PORÉM PARA MIM O GRANDE PROBLEMA SÃO AS LETRAS ABSURDAS QUE O POVO CRENTE INVENTA.EU NÃO ESTOU LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO NEM A ZOADA DA BATERIA, OU AS GUITARRAS GRITANTES, NEM OS VOCAIS CHOROSOS,É CERTO QUE EU GOSTO DE BONS MUSICOS TOCANDO SEU INTRUMENTOS,DISPENSO OS VOCAIS CHOROSOS...MAS O PROBLEMA SÃO AS LETRAS...ERROS TEOLOGICOS GRAVES...MAS AI VEM A DESCULPA:NÃO SÃO ERROS, ISSO É LICENSA POÉTICA....
POR ISSO CONTINUO A ESCUTAR "EMBAIXADORES DE SIÃO"
ESCREVI UM TEXTO SOBRE MÚSICAS HERETICAS, DE UMA OLHADA SE QUISER.

ttp://penseteologicamente.blogspot.com/2009/09/tu-es-fiel-senhor-fiel-mimtu-e-fiel.html

Camila Santana 16 de Setembro de 2009 17:56  

Acho que esta é a primeira vez que comento um texto seu no blog. Sempre leio tudo o que você escreve aqui, mas me restrinjo a comentários pelo orkut ou pessoalmente.

Entretanto, este texto que tanto menciona a mim, merece um comentário 'oficial'.

Reconheci este fim de semana que as minhas críticas a respeito do seu gosto musical estavam equivocadas. E fiquei muito feliz com isso!

Tenho conhecido e aprendido a apreciar estilos musicais que antes eu não valorizava. Mas, continuo achando, que nem tudo o que é novo é ruim!

Te amo!


P.S.: O texto, para variar, está ótimo!

Robson 27 de Setembro de 2009 09:56  

Eliel, não sei se o seu problema é com o ritmo ou com as letras. Mas aqui vai uma dica, é rock, mas pelo menos sai da síndrome de chuva e fogo pelo qual passam os ministérios de louvor:

http://www.myspace.com/palavrantiga

http://www.myspace.com/lucassouza

Edson Macedo 14 de Novembro de 2009 14:36  

A revolução dos anos 60 desempenha um enorme papel nas músicas gospel e secular. Infelizmente as "cantatas cristãs" atuais (influenciadas pelo soul, pop, rock e outros estilos musicais) com o seu desejo de "sentir" aquilo que alguns chamam de música têm manifestado uma marcação errática, superposição do rítimo sobre a harmonia e melodia e trazendo ensinos totalmente estranhos através de conteúdo fraco de mensagem.

Desde quando o Espírito Santo ora por alguém como canta a Fernanda Brum? E se Ele é Deus por que cantar "Leve pra Deus tudo aquilo que eu preciso... Estou clamando, estou pedindo (ao Espírito Santo, mas) só Deus sabe a dor que eu estou sentido"?

Ao cantar como a Jamily "Acredite. É hora de vencer. ESTA FORÇA VEM DE DENTRO DE VOCÊ" parece mais ser a mensagem da Nova Era do deus interior do que a do cristianismo puro e simples (desculpe o "furto", Lewis). É mero positivismo e triunfalismo neopentecostal barato.

Por que cantar como Regis Danese "como Zaquel eu quero subir o mais alto que eu puder... e chamar sua atenção para mim" se Deus por ser Onisciente nunca está desatento? Seria eu tão bom ao ponto de chamar a atenção de Deus ou é esta fruto de SUA bondade apenas? E o que se dizer então de "eu quero amar somente a Ti"? Romantizar a música cristã e desprezar a doutrina bíblica é algo abominável. A Bíblia não diz que devemos amar somente a Deus, mas amá-lo acima de todas as coisas e amar o nosso próximo como a nós mesmos. Ele (Deus) até afirma que aquele que diz amá-lo e não amar o seu próximo é mentiroso!

Eu me recuso a cantar música sem sentido.

Não há sinal mais claro do surgimento de um falso cristo do que o surgimento de um falso cristianismo. Não quero fazer parte de um falso reavivamento religioso e de uma falsa adoração!
Nada de shows, fãs, ídolos, famosos, glamour, beets, baterias, "louvorzão" e altas somas de dinheiro de um cristianismo capitalista.

Eu quero que sejamos simplesmente o Senhor e o seu povo!

As bandas Novo Som, Oficina G3, Catedral, Toque no Altar e toda a sua apelação emocional medíocre entre outros infindáveis grupos e cantores caíram na maldita onda musical oriunda dos escravos norte-americanos que não criam em Deus e sim no sexo, drogas e rock in roll como forma de libertação.

A música cristã atual não passa de mera exibição instrumental comparada com os hinários e com as músicas de Lutero, dos irmãos Carlos e John Wesley e outros músicos de verdade que respeitavam a sacralidade da música cristã distinguindo-a das músicas secular e mundana.

Por anos amei a batida pop-rock até descobrir o plano de Satanás com este estilo maldito e toda a sua história com nomes como Robert Johson, Elvis Presley, The Beatles, Rolling Stones, Aleister Crowley, KISS, Chili Peppers, Black Sabbath, Raul Seixas e outros com suas ideologias novaeristas.

O pop, o rock, o rap, o funk e todas as músicas que nascem no blues, jazz e swing (independente de serem seculares ou evangélicas) ao superpor o rítimo sobre a melodia além de secundarizar a letra causam hipnose. Elas priorizam as batidas e carregam uma marcação errática (sempre nos segundo e quarto tempos da música ao invés de no primeiro e no terceiro).

A nossa sociedade a partir da revolução dos anos 60 passou a produzir música hipnótica que atrofia o lobo frontal (parte do cérebro responsável pela razão, moralidade, religiosidade, vontade, crítica e decisão) e passou a estimular tálamo hipotálamo e a produção de hormônios incluindo os sexuais.

Não é à toa que logo após uma enxurrada de música pesada muitos envolvidos com a popular "macumba" e até mesmo os evangélicos com as suas faneróses entram em estado de transe. Este mesmo fenômeno se manifesta nos amantes do rock e o vício musical com toda a tensão mental, psicológica e guitarras quebradas.

Para quem não entende do assunto gostaria de deixar como referencia o livro "o Cristão e a Música Rock" do já falecido Samuelle Bacchiocchi e a série de palestras "Guerra dos Sentidos" do português Daniel Spencer.

Related Posts with Thumbnails

  © Blogger template 'A Click Apart' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP