domingo, 6 de setembro de 2009

Resposta a Robson Cota: Sobre os Católicos e o Ecumenismo

Mensagem 1: Você tolera o ecumenismo?

Acha mesmo que os católicos servem ao mesmo Deus que os cristãos? Acha mesmo que eles clamam ao mesmo Jesus que é o Filho de Deus e encarnou?

Cristão é aquele que entregou sua vida a Cristo e segue a verdade dEle. Você acha que os católicos se enquadram nessa categoria?

A união que prega a Bíblia é a união promovida pela VERDADE. Só a verdade une. Em nenhuma passagem há alguma sugestão do tipo "se não pode com eles, junte-se a eles". Ecumenismo não é ensinado na Palavra de Deus.

Não estou dizendo que não há salvação fora dos protestantes, nem fazendo apologia a denominações. Mas para que teimar em encontrar cristianismo em um lugar que é óbvio que não tem?

E tem outra: a pregação não é por sabedoria de Palavras, mas é poder do Espírito. Os católicos podem falar tudo o que é verdade sobre Filipenses, mas isso será sabedoria de Palavras ou poder do espírito? Não digo que você é melhor do que eles e por isso não deve se misturar, só digo para não chamar "bom" o que Deus já disse que é "mau".

Mensagem 2: Oi, amigo, vi sua carta lá pro Malafaia, gostei da iniciativa. Tanto que, já que você parece ser um defensor da fé, fui ao seu blog, vi o seu outro post sobre ecumenismo, e comentei.

Você vendo o comentário pode achar que eu sou mais um fanático fundamentalista belicista, e que por isso eu seja farisaico, já que parece que eu ainda não tenha "amor" ao ponto de me unir com os católicos.

Vendo o seu relato sobre o bom estudo que tiveram sobre Filipenses, não duvido nada de que tenha sido proveitoso. Se você gostou, não deve deixar de voltar, porque de qualquer maneira é a Palavra de Deus. Mas, amigo, não é porque uma religião se diz cristã que ela é cristã de fato.

Se você os chama de "irmãos católicos", automaticamente admite que eles estão no mesmo corpo de Cristo que você, que eles vivem a mesma vida transformada que você. Não estou dizendo que os cristãos devem ser exclusivistas, mas eles não devem aceitar que as heresias invadam o corpo de Cristo. Isso eu sei que você compreende, já que fez aquela carta.

Se você admite que eles são seus "irmãos em Cristo", então eles não precisam mais ser evangelizados! Se você admite que não há nenhum problema com eles, que eles somente representam uma corrente teológica diferente, então não há mais verdade nas palavras de Jesus. Se você olhar o NT atentamente, observará que Paulo, João, Pedro, Judas gastam metade do tempo só falando para vigiar contra as falsas doutrinas, os falsos mestres. Ou seja, Deus não tolera heresias.

O ecumenismo é perigoso, pois leva-nos a tolerar as heresias. Nós não devemos entrar em guerra verbal contra eles, devemos respeitá-los, mas nunca lhes negar o evangelho. O ecumenismo é uma estratégia muito eficaz do inimigo para minar a igreja de Cristo por dentro. Porque a igreja se sustenta pela verdade que ela carrega. Se admitirmos que há outras verdades, então pra quê lutamos por Cristo?

Olha, realmente, como você disse no seu post, há aqueles crentes que se acham super-santos, e ignoram qualquer outra opinião diferente. Isso é lamentável. Um efeito colateral do cristianismo é achar que somos melhores que os outros. Mas esse efeito colateral só atinge aqueles que não compreenderam a mensagem do evangelho, que é a de que todos carecem da glória de Deus, e que Deus nos dá a graça da salvação não porque somos bons, ou porque somos melhores que o vizinho, mas por favor imerecido. Porém, o erro de alguns não é motivo para aceitar o outro erro dos católicos.

Então, o fato de ser bem recebido por católicos na igreja de Lourdes (passo lá perto todos os dias) não deve ser motivo achar que eles professam o amor de Cristo. O amor que é tanto apregoado na Bíblia não é o amor PP (permissivo e pernicioso), é um amor pelas almas perdidas tão grande, tão grande, que nós devemos defender a fé ferrenhamente, para que as almas não seja perdidas pelos enganos do inimigo. Então, se você os ama, deve amá-los como pecadores que precisam de Jesus, não amá-los para se juntar a eles em comunhão, tolerando as suas heresias.

Paz e Abraço!


RESPOSTA:

Caro Robson,

Primeiramente, obrigado pelos seus comentários. Apesar de ser alguém que discordou e criticou um texto meu, apreciei seus comentários. Aliás, eu (ao contrário do Silas Malafaia) fico muito feliz quando recebo comentários de pessoas que discordam de meus textos. Isto mostra que o meu texto intrigou as pessoas, que o texto instigou as pessoas a pensar. Mas vamos aos seus comentários.

Nota-se, pela quantidade de comentários e de recados que você me enviou, que você realmente ficou muito incomodado com o fato de eu aderir ao ecumenismo. Sua primeira mensagem chegou a conter até um pouco de revolta. Isso ficou muito visível nas palavras usadas. Você perguntou se eu “tolero” o ecumenismo, como se isso fosse um terrível mal, como se fosse algo que todo cristão devesse se evitar. Na outra mensagem enviada você foi mais comedido, como que tentando evitar a imagem “fundamentalista” presente em sua primeira mensagem.

Enfim, eu concordo com algumas de suas preocupações levantadas, mas discordo de outras. Ao longo desta resposta vou tentar responder a você satisfatoriamente.

Para começar, devo dizer que você tem um conceito MUITO errado do que é ecumenismo (perceba que o Lourival, que comentou no mesmo texto que você, faz a mesma confusão que você fez). Você claramente confunde ecumenismo com sincretismo. Você diz que “em nenhuma passagem há alguma sugestão do tipo ‘se não pode com eles, junte-se a eles’” e “o ecumenismo é perigoso, pois leva-nos a tolerar as heresias”. Ora, vejamos se isto é verdadeiro. Vamos pegar meu exemplo: eu participei de uma reunião ecumênica com católicos e, contrariando suas preocupações, em momento algum, eu comecei a acreditar que a mãe de Jesus merece adoração ou que os santos do passado fazem intercessão entre nós e Deus. É o sincretismo que prega que devemos acomodar nossas crenças com as crenças de outros grupos para que haja uma união, o ecumenismo prega (do contrário) que, em vista de objetivos comuns, devemos deixar as diferenças teológicas periféricas de lado. O que Constantino fez no século IV foi sincretismo, ele maquiou a fé cristã para que ela se acomodasse com as religiões pagãs de sua época e, assim, conquistasse mais adeptos; o que os teólogos da prosperidade fazem quando associam a fé cristã com princípios capitalistas é sincretismo, pois eles relacionam a fé com as heresias, para objetivo da fé (???). Agora, católicos e evangélicos deixarem suas diferenças teológicas de lado por um instante, em vista de um objetivo comum, não é sincretismo, é ecumenismo. No ecumenismo não há relação entre fé e heresia, há relacionamento entre pessoas de fés diferentes, com ambos mantendo sua mesma fé, deixado para discutir suas diferenças em momentos apropriados.

No estudo sobre Filipenses que participei, nem os católicos deixaram de acreditar que o Papa é o representante de Cristo na Terra, nem os evangélicos presentes passaram a acreditar nisto. Estávamos lá para estudar a carta de Paulo aos Filipenses, só isto. E, em vista deste objetivo comum, as diferenças teológicas que eram irrelevantes ao estudo da carta de Paulo aos Filipenses, foram deixadas de lado. Um exemplo parecido aconteceu quando o Pr. Silas Malafaia – falando contra o PLC 122/2006 – disse que nós somos um país onde 93% da população é cristã. Ora, o Malafaia não concorda com algumas práticas dos católicos, mas, em vista de um objetivo que é comum tanto a católicos quanto a protestantes, as diferenças teológicas foram deixadas de lado, e ele corretamente reconheceu que somos um país com 93% de cristãos.

Conseguiu compreender, Robson, o que é ecumenismo?

Se você tiver familiares que não são cristãos evangélicos vai ser mais fácil ainda entender o ecumenismo. Pois toda família que possui diferentes vertentes religiosas, é uma família ecumênica. Usando como exemplo a minha família, a minha avó é católica e – independente disto – eu a amo e respeito. Sempre que acontece alguma festividade na igreja evangélica que nós a convidamos a ir, ela vai, e vice-versa. Eu jamais vou deixar de amá-la pelo fato dela não partilhar da mesma opinião teológica que a minha sobre Maria. Eu vou continuar a amando e se um dia ela me chamar para estudar a Bíblia com ela, eu jamais negaria seu convite. Até mesmo os críticos do ecumenismo não negariam participar de um estudo bíblico com um familiar católico ou espírita se esse o convidasse. Porém, se o convite vem de um católico ou de um espírita desconhecido, os críticos evangélicos do ecumenismo não iriam, e eu não entendo por qual razão. Será que devemos amar e respeitar apenas os católicos que são nossos parentes?

De forma alguma!

Portanto, acredito que respondi e desfiz seu mal entendido sobre ecumenismo e sincretismo. São coisas totalmente diferentes. Eu nego o sincretismo, mas abraço o ecumenismo. Eu não preciso abandonar os princípios que eu acredito ser verdadeiro se eu quiser sentar na mesma mesa que um católico (ou espírita, islã, hindu, budista, ou qualquer coisa) para estudar a Bíblia ou realizar qualquer tarefa. A mim me parece ser uma tremenda falta de convicção sobre aquilo que se acredita se uma pessoa evitar conversar abertamente com alguém de uma religião diferente por ter medo de deixar de acreditar em seus princípios.

Mas, vamos prosseguir em comentar sobre seus comentários.

Você diz que “A união que prega a Bíblia é a união promovida pela VERDADE. Só a verdade une” e posteriormente diz que “Se você olhar o NT atentamente, observará que Paulo, João, Pedro, Judas gastam metade do tempo só falando para vigiar contra as falsas doutrinas, os falsos mestres. Ou seja, Deus não tolera heresias”. Ora, eu discordo profundamente de você. Primeiramente, o que une as pessoas é o amor e a tolerância e não a “verdade”. Ser intolerante nunca foi uma virtude e nenhuma pessoa jamais gostou de se deparar com uma pessoa intolerante ao expor alguma opinião sua. Sobre a segunda citação sua mencionada neste parágrafo, o fato de Paulo, João e Pedro terem gastado “metade de seu tempo” pregando contra as “falsas doutrinas” não significa que Deus não tolera heresias. Primeiro porque João, Paulo e Pedro eram pecadores tanto quanto nós somos, e eles poderiam muito bem ter enfatizado algum ponto que Jesus não enfatizou muito. Aliás, isto claramente aconteceu. Jesus jamais repreenderia algum gentio que quisesse segui-lo, mas que não quisesse se circuncidar, e vários apóstolos assim agiram (ler a controvérsia que gerou o Concílio de Jerusalém, em Atos); Jesus jamais diria que era proibido às mulheres abrir a boca na congregação, mas Paulo deu esta ordem em uma de suas cartas. Em segundo lugar, a questão da “heresia”, ao que me parece quando leio a Bíblia, era indiferente a Jesus. Cristo nunca entrou em discussões teológicas profundas durante seu ministério. Ele, do contrário, jamais (pode até reler os evangelhos com isto em mente se quiser) falou contra qualquer das religiões existentes de sua época, apenas contra a sua própria: o judaísmo. Jesus constantemente falava contra as práticas hipócritas do judaísmo (como manter o exterior limpo e cultivar sujeira no interior), mas jamais falou contra as religiões romanas, nem contra as religiões egípcias, nem contra as religiões babilônicas, nem contra as filosofias gregas. A questão da “heresia”, portanto, em minha opinião, era indiferente a Jesus. Nosso mestre sabia que as pessoas discordam em várias questões, pois cada pessoa é um universo particular de pensamentos, experiências e opiniões. A um árabe não é tão fácil se tornar cristão como é fácil a um americano, pois, ao árabe, aceitar a fé cristã é abraçar a fé das pessoas que mataram seus antepassados. Em terceiro lugar, os apóstolos falavam contra as heresias, sim, mas falavam apenas contra as heresias judaicas e as heresias gnósticas, ou seja, heresias “internas” ao próprio pensamento judaico-cristão. Paulo, por exemplo, não tinham problema algum em se relacionar com a filosofia dos gregos ou com os romanos. Existem até tradições que afirmam que Paulo manteve correspondências com o filósofo estóico Sêneca (apesar de isto ser pouco provável).

A seguir, Robson, você diz que eu não devo “chamar ‘bom’ o que Deus já disse que é ‘mau’”. Eu gostaria de saber onde foi que Deus disse que o ecumenismo é essencialmente mal. Na Bíblia, tal afirmação certamente não está, uma vez que lá somos incentivados até a “provar de tudo e reter o que é bom” (I Ts 5:21).

Prosseguindo, você questiona a “cristandade” da Igreja Católica Romana. Você pergunta: “para que teimar em encontrar cristianismo em um lugar que é óbvio que não tem?”. Mais adiante: “se você os chama de ‘irmãos católicos’, automaticamente admite que eles estão no mesmo corpo de Cristo que você, que eles vivem a mesma vida transformada que você. (...) Se você admite que eles são seus "irmãos em Cristo", então eles não precisam mais ser evangelizados!”. Bem, aqui chegamos a um ponto crucial de discordância entre eu e você: a “cristandade” dos católicos. Para você, claramente, eles não são cristãos (engraçado é que para os católicos fundamentalistas, nós evangélicos é que somos aqueles que não são cristãos). Eu discordo de você. Confesso que demorou muito para que eu chegasse a esta conclusão, mas hoje eu enxergo um católico da mesma forma como eu enxergo um evangélico.

Vamos começar por definir o termo “cristão”, afinal, se não se tivermos bem definido o que queremos dizer com “cristão”, logo não vamos chegar a lugar nenhum. “Cristão”, para mim, é aquele que reconhece que Deus, na forma de Jesus Cristo, nasceu em carne e pagou o preço que a humanidade deveria ter pago por causa do pecado, com o intuito de redimir a humanidade. Os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez em Antioquia (Atos 11:36), e eles foram chamados assim, pois aqueles discípulos acreditavam em um tal de Jesus Cristo, que era, nas palavras de Paulo, escândalo para os judeus e loucura para os gentios (I Co 1:23).

Ora, mas se a definição de cristão é esta mencionada acima, então os católicos são sim cristãos. Independente de suas crenças periféricas que não condizerem com a Bíblia, eles acreditam que Jesus Cristo é o filho de Deus que nasceu para redimir a humanidade, e este é o núcleo da fé cristã. Você pode ler, Robson, qualquer credo, encíclica papal ou documento oficial católico, jamais um documento católico questionou o fato de Jesus ser o filho de Deus. Os católicos reconhecem que Jesus é o filho de Deus e, assim, eles são cristãos.

C. S. Lewis concorda comigo. Em suas palavras:

Ora, se permitirmos que as pessoas comecem a espiritualizar e refinar, ou, como elas diriam, “aprofundar” o sentido da palavra “cristão”, este termo também vai rapidamente se tornar inútil. (...) Não cabe a nós dizer quem, no sentido mais profundo, está próximo do espírito de Cristo, pois não temos o dom de sondar os corações humanos. (...) Quando um sujeito segue uma vida indigna da doutrina cristã que professa, é muito mais claro dizer que se trata de um mau cristão do que chama-lo de não-cristão.

Os evangélicos não estão nem aí para a preocupação de definição logo e levantam coro: Ah, mas eles são idólatras! Eles acreditam que a palavra do Papa jamais erra! Eles acreditam em outros mediadores entre Deus e os homens!

Minha resposta a isto é simples: se estas coisas são capazes de tirar a “cristandade” dos católicos, não tirariam também a “cristandade” dos evangélicos? Os católicos são idólatras, e os evangélicos também. Dá nojo ver os ídolos evangélicos da música gospel, ou os pastores das mega-igrejas, isso sem falar das idolatrias denominacionais que são muito comuns. Os católicos acreditam que a palavra do Papa é a palavra de Deus, mas os evangélicos também. Ouse questionar seu pastor dentro da Igreja, Robson, e veja o que acontece. Os católicos acreditam em outros mediadores da graça de Deus, e, para variar um pouco, os evangélicos também. Quantas pessoas não acreditam que em culto de pastor X os milagres acontecem, como se fosse este pastor X fizesse algo que os outros não fazem?

Robson, eu critiquei os católicos muito em minha adolescência, mas, no fim, percebi que os evangélicos cometem as mesmas coisas que os católicos praticam que eu considero “heresia”. E, se não os devo considerar cristãos porque existem erros em sua liturgia ou Teologia, porque deveria considerar os evangélicos como cristãos, uma vez que eles cometem os mesmo erros? É como eu sempre digo: se acreditar honestamente em algo errado fizesse Deus amar menos as pessoas, os evangélicos seriam os primeiros no ranking dos odiados por Deus. Os católicos erram? Sim, mas não há entre os cristãos aqueles que demonstram mais o amor “ágape” do que os católicos. Se por um lado os católicos erram “teologicamente”, eles de outro lado, realizam muitíssimas obras sociais em suas comunidades. Já do lado protestante, enquanto os evangélicos também erram “teologicamente” em muitas questões, eles estão pouco se lixando para as pessoas que estão morrendo de fome diariamente em nossas cidades e pregam a Teologia da Prosperidade, preocupando-se mais com seus umbigos do que com o amor ao próximo.

Lembre-se: a salvação é pela fé, mas atinge-se a fé apenas pelas obras, pois a fé sem obras é morta (Tg 2:17). Portanto, Robson, “heresia” mesmo não é errar o alvo quando se vai acreditar em algo espiritual, mas não praticar aquilo que se acredita ser verdadeiro. Cristo manifesta isto claramente na parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37). De acordo com esta parábola, um homem ia descendo de Jerusalém a Jericó e foi pego e maltratado por assaltantes. Aí passaram por ele sacerdotes, levitas e outros integrantes da “fé verdadeira” judaica. Se esta parábola tivesse sido escrita por Jesus nos dias de hoje, ele usaria “pastores e ministros de louvor” ao invés de “sacerdotes e levitas”. Enfim, as pessoas da “fé verdadeira” passaram e não fizeram nada para ajudar ao homem caído. Aí passou um samaritano – os samaritanos eram odiados pelos judeus, era os maiores hereges, os maiores inimigos da fé, no contexto da época – e o samaritano ajudou o homem caído. Então Jesus perguntou: qual dos três praticou o mandamento de Deus de amor ao próximo?

Isto é evidente demais! Como os evangélicos não conseguiram perceber isto?

Quem tem valor para Deus: aquele que bate no peito orgulhoso por ter a “fé verdadeira”, ou aquele que, independente de ter alguns errinhos em sua crença (ou, como o contexto de “samaritano” nos diz, ser um profundo herege), mas que pratica os mandamentos de amor de Deus na medida em que pode?

Portanto, questões doutrinárias são pontos secundários e, os católicos, por acreditarem e aceitarem o núcleo da fé cristã – Jesus Cristo, filho de Deus – e, ainda mais, por terem uma “prática cristã” muito mais efetiva e freqüente que os evangélicos, são sim, em minha opinião, cristãos, participantes do corpo de Cristo, e meus irmãos na fé.

Por fim, Robson, você chegou a mencionar em um de seus comentários os links de algumas pessoas que discordam do ecumenismo, dentre eles, um link do blog do Ciro Sanches Zibordi. Eu já li o livro “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” do Ciro Sanches. Eu concordei com muitas afirmações de Ciro neste livro em relação à hipocrisia evangélica, mas em absoluto eu não concordei com suas opiniões sobre o Ecumenismo, sobre a Filosofia (seu comentário sobre Filosofia e Lógica chega a ser patético, capaz de ser refutado por um estudante do ensino médio que teve a disciplina “Filosofia” na grade) e sobre o Rock n’ Roll. Mencionei isso apenas para te dizer que eu não aceito sua menção ao Ciro não por pré-conceito, mas por ter conceito formado sobre a opinião dele sobre o ecumenismo.

E, claro, se existem aqueles que discordam do ecumenismo, existem aqueles que concordam. Algumas sugestões, para você ler depois, de ecumenistas são:

- C. S. Lewis: que além de ter sido “evangelizado” pelo seu amigo católico Tolkien, disse em “Cristianismo Puro e Simples que “O leitor deve saber desde já que não oferecerei ajuda a ninguém que esteja hesitante entre duas denominações cristãs. Não sou eu que vou lhe dizer se você deve seguir a Igreja Anglicana, a Católica Romana, a Metodista ou a Presbiteriana. Essa omissão é intencional (mesmo na lista que acabei de elaborar, a ordem é alfabética)”.

- Philip Yancey: leia seu livro “Alma Sobrevivente”, onde ele diz quais foram seus mentores espirituais ao longo de sua vida. Não apenas católicos estão lá (como C. K. Chesterton, Annie Dillard e o padre Henri Nouwen), mas como também o hindu Mahatma Gandhi.

- Ana Paula Valadão: veja vídeo abaixo:



Vou terminar minha resposta aqui. Caso algum ponto levantado por você não tenha sido comentado por mim, poste um comentário logo abaixo e eu te respondo.

Novamente, obrigado pelos seus comentários sobre meus textos.

Um abraço!


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

Creative Commons License
DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.


10 comentários:

Robson 8 de Setembro de 2009 13:56  

Da mesma forma que você pediu tempo, também você vai me dar uns dias pra treplicar.

Lourival 9 de Setembro de 2009 16:14  

Caro Eliel,
Seus argumentos são eloquentes, no entanto, por mais palavras que se escreva, não dá para mudar a verdade. Tenho o maior respeito pelas pessoas, seja de quais credos forem. No entanto, mesmo com todos os seus argumentos, não consigo ver o ecumenismo como algo viável. Sei perfeitamente bem a diferença entre ecumenismo e sincretismo e afirmo que todo sincretismo começa no ecumenismo. Por mais que que se afirme que somente pessoas sem convicção acabam introduzindo em suas doutrinas, doutrinas de outras religiões.
Não considero católicos como genuinos cristãos.Considero-os cristãos nominais, mas na essencia não. Teria muitos argumentos, mas não vou me delongar, deixarei para o Robson a tréplica.
Abç

Eduardo Vaz 9 de Setembro de 2009 19:58  

O problema é que ecumenismo tem sido encarado de forma diferente. O que talvez o Eliel tenha feito é respeitar que ele não seja dono da verdade plena..e que essa pode sim estar em outros grupos..pq não? Batemos nas teclas dos erros clássicos do catolicismo e esquecemos da trave que tem em nossos olhos ( meio evangélico ). Eu tenho muita simpatia pelos católicos, o fui por 21 anos, mas confesso que a maioria deles não são de fato convertidos e sim culturalmente inseridos erradamente na fé quando crianças sem noção e nem arrependimento. Mas mesmo assim respeito muito os que La vivem uma vida piedosa ,e parecida com a de Jesus..se isso é ecumenismo to dentro...risos

Robson 13 de Setembro de 2009 08:52  

No meu último comentário no post que originou todo esse debate, eu

fiz mais comentários, mas parece que vc não os levou em consideração. Leia-os, por favor. Agora vou usar os pontos que vc tocou em sua resposta.

SINCRETISMO

Na verdade eu sei a diferença entre sincretismo e ecumenismo.

Sincretismo acontece quando há uma mistura entre as práticas

religiosas. Sicretismo é o perigo do ecumenismo. Eu entendo ecumenismo

como uma união momentânea, não sicrética, mas não necessariamente em

torno de objetivos externos, porém pressupõe que as duas ou mais

crenças levam ao mesmo Deus. Portanto acho que nunca seria tolerada uma reunião ecumênica entre uma igreja cristã e uma igreja satânica, por exemplo.

UNIR FORÇAS

Não sou contra unir as forças em torno de um objetivo comum. Desde que

eles não tenham nada a ver com evangelho, com igreja, com cultos

ecumênicos, etc.

DIFERENÇAS TEOLóGICAS

As diferenças entre os católicos não são tão periféricas assim. Se eles

dizem que a salvação é por obras, já contrariaram o principal argumento

do apóstolo Paulo. Eles dizem também que a salvação não é por

intermédio de Jesus Cristo, mas sim por intermédio da Santa Igreja.

Paulo já falou em Gálatas, se alguém pregar outro evangelho, seja

anátema. Por um acaso ele deu a entender que esses outros evangelhos

poderiam ser considerados cristãos porque eles só tinham divergências

teológicas periféricas? Para você então todas as seitas pseudo-cristãs

são cristãs? Todas elas divulgam "O Evangelho", ou "Um Outro

Evangelho"?

Robson 13 de Setembro de 2009 08:53  

continuação...

CHAMAR O MAU DE BOM

Quando disse sobre chamar de bom o que Deus já disse que é mau, estava

me referindo especificamente à doutrina católica, não ao ecumenismo.

CRISTANDADE DOS CATÓLICOS

Esse ponto crucial entre as nossas idéias é difícil de argumentar, já

que antes você mesmo pensava como eu, mas depois chegou à outra

conclusão. Por isso eu acho que qualquer argumentação que eu fizer é

vã. Mas vamos tentar.

Incialmente, eu diria que vc generalizou demais a sua definição de

"cristão", pois se é assim até mesmo os demônios podem ser considerados cristãos (Tg 2:19). Na verdade nem os evangélicos menos polêmicos, a saber, os batistas, podem ser considerados cristãos simplesmente por serem batistas, ou qualquer crente pode ser cristão por frequentar igrejas, ter sido batizado, etc. Isso não faz de ninguém um cristão.

Cristão é aquele que professa uma fé verdadeira, viva, em Jesus, mas se

essa fé não se expressar em uma vida arrependida, não é fé verdadeira.

O arrependimento é o principal sintoma de que agora vc é um cristão. Se

a pessoa continua idólatra se dizendo cristã, então não é cristã. Digo

isso tanto dos católicos quanto dos "gospels". Percebe como eu acho que

os evangélicos estão tão errados quanto os católicos? Percebe que

quando eu questiono a cristandade dos católicos, eu NÃO estou afirmando

a cristandade dos evangélicos?

O BOM SAMARITANO

Bem, na minha visão, quando Jesus disse essa parábola, ele estava se

dirigindo àqueles que achavam que somente os judeus ortodoxos são

capazes de fazer o bem. Ele não estava dizendo que os erros

doutrinários devem ser ignorados, mas sim que o conceito de "fazer o

bem" deles estava distorcido.

E, POR FIM

Não conheço a obra de CS Lewis, a única coisa que sei dele é o péssimo

filme adapatado de sua obra: "Crônicas de Nárnia: O Príncipe, A

Feiticeira e o Guarda-Roupa".

Sobre a AP Valadão, não dá pra responder por ela, o DT já caiu em

apostasia faz tempo. As declarações dela sobra a ICAR são absurdas.

Sobre isso, falam melhor os links:

http://www.pulpitocristao.com/2009/09/andre-valadao-e-rosa-de-sarom.htm

l

http://teophilo.info/analises/afogadoseafundando.php

http://teophilo.info/analises/abaixodalinhadagua.php

http://teophilo.info/analises/afogados.php



Paz e abraço.

Robson 13 de Setembro de 2009 08:52  

continuação...

AMOR

Eu deixei bem claro em minha mensagem que não devemos deixar de amar os

católicos, mas vc deu a entender que eu insinuei o contrário. Além

disso, não respondo pela "falta de amor" de outros críticos do

ecumenismo, respondo apenas pela Bíblia. Não respondo também por outros

cristãos hipócritas, que não tiraram a trave do olho. Esses existem aos

montes, então não dá pra eu justificar a atitude de cada um deles.

CONVERSAR COM ELES

Nunca se deve ter medo de conversar com alguém que professa um outro

credo por que ele pode te "desencaminhar". Mas acho que a pessoa se

torna omissa se deixa apenas a outra pessoa falar e não aproveita a

oportunidade de evangelizar o outro. Mas há de se ter critério quando

for participar de "estudos bíblicos ecumênicos". Vocês estudaram

Filipenses, mas será que continuariam tão unidos se estudassem Romanos

ou Gálatas? Ou mesmo III João?

TOLERÂNCIA

Não aceitar o ecumenismo é intolerância? Não aceitar o ecumenismo quer

dizer não dar ouvidos a nada que os outros queiram dizer? ser

intolerante é mesmo um mal, mas se eu acho que os católicos não são

cristãos de verdade, então sou intolerante? Claro que não, pois se você

disser que sim, eu sou intolerante também em achar que os hindus seguem

um caminho errado. Ou não?

HERESIAS

Deus não tolera heresias. O livro de Jó é um exemplo disso. As opiniões

dos amigos de Jó funcionam como diferentes correntes teológicas. Veja o

que Deus achou disso em Jó 42:7:

"Sucedeu que, acabando o SENHOR de falar a Jó aquelas palavras, o

SENHOR disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e

contra os teus dois amigos, porque não falastes de mim o que era reto,

como o meu servo Jó."

Nós devemos ser tolerantes com eles, em termos de respeito e amor, mas

Deus não. Se Deus fosse tolerante com tudo, não haveria aquela matança

toda no VT, não é? Deus Pai é um Deus intolerante por definição, pois

ele não tolera pecado. Nesse sentido ele é intolerante conosco também,

já que continuamos pecando. O amor de Deus só se manifesta na pessoa de

Jesus. Mas Ele é o mesmo eternamente, então ele continua não gostando

nada, nada de heresias.

HERESIAS INTERNAS E EXTERNAS

Não entendi por que o fato de Jesus ter falado do judaísmo e não das

outras religiões revela que ele não falou de heresias. Quer dizer que

só é heresia se ela vier de fora? Os apóstolos também falavam de

heresias internas. Qual o problema? Se você chama os católicos

cristãos, então eles são uma heresia interna também!

Você citou Paulo como se ele tolerasse tudo que vinha de fora, e só

falava mal das heresias cristãs-judaicas. Bem, então quer dizer que vc

desconsidera o capítulo 1 de Romanos, certo?

informadordeopiniao 13 de Setembro de 2009 11:02  

Robson,

o mais engraçado é que se pusesse você num círculo de debates teológicos para discutir esses temas, seria muito engraçado; veríamo-lo simplesmente com o dedo em riste anatematizando todo mundo sem saber se colocar e nem arguir. Geralmente as pessoas com tais posturas são assim. Só conseguem fazer valer seu discurso dessa forma. Mas agora, a forma como expôes que lê a Bíblia diz tudo. Acho que tem gente que é paga por alguma sociedade ateísta para ridicularizar a fé cristã por dentro. Fazem questão de cair justamente na caricatura montada no documentário do Dawkins, e pra piorar, dizendo "só assim é a religião autêntica". Foi assim que se sucedeu o episódio das "Bruxas de Salém"...

Pra quê que serve uma religiosidade dessa?

Kadu Ayers 13 de Setembro de 2009 11:43  

A salvação é por FÉ... não se chega a fé por OBRAS.... mas se chega as OBRAS por intermedio da FÉ

Fomos salvos para realizar obras... e não realizar obras pra sermos salvos....

Robson 13 de Setembro de 2009 16:45  

Olha que %&$#%@. O texto saiu todo quebrado todo quebrado!

Espero que não canse a leitura!

WRamiro 18 de Setembro de 2009 20:04  

Muito bom
É sempre saudavel que opiniões sejam expostas, criticadas e defendidas, mesmo que após intenso debate as posições pouco se alterem.
Pelo nível do vocabulário utilizado e pela sintaxe empregada, podemos imaginar cada participante como personagem de pequenos planetas onde alguns imperam e outros sequer são notados.
Neste diálogo que seria de religião, utiliza-se de argumentos mais indicados para confrontos entre clubes e/ou associações. Religião é um meio para se aproximar de Deus, apenas uma ferramenta.
Quando iniciássemos uma discussão seria de bom tom deixar claro nossa opinião e como esta é embasada, e sempre que possível iniciar de uma posição comum, onde houvesse acordo pleno sobre uma condição inicial.
Mesmo que a cultura geral não seja objeto da discussão é preciso ter humildade em admitir que ao longo dos anos encontramos pessoas iluminadas pelo Espírito Santo e com mentes privilegiadas às quais é sempre bom ouvir mesmo que que não concordemos. A pessoa tacanha sempre será esquecida de Deus.
Para um diálogo ecumênico, que tal começar com uma afirmação:

A existência do Inferno é a maior prova do amor de Deus.

Na Paz.

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