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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Resposta a Marcelo Druyan: Sobre Ateísmo, Desonestidade Intelectual e Outras Coisas de Criança

Recentemente eu escrevi uma resposta a um texto escrito pelo ateu Marcelo Druyan (cujo sobrenome verdadeiro não é este) sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos. Fui ao tópico em que o texto de Marcelo foi publicado e deixei um comentário dizendo que havia escrito a réplica, porém, por algumas razões sem Razão, meu comentário não foi publicado. Pedi explicações a Eli Vieira, presidente do blog onde o texto de Marcelo foi publicado, sobre esta censura e, após suas explicações, o próprio Marcelo veio a mim se justificar. Abaixo encontram seus comentários e logo a seguir minha réplica a ele.

Mensagem do Marcelo: Meu chapa, eu mesmo lhe respondo. Seus comentários não foram publicados porque você é um TROLL! Entendeu agora? O seu blog-TROLL com suas piadinhas sobre a LiHS e seus comentários infelizes sobre os ateus, deixam evidente a sua total falta de honestidade intelectual.Você nunca quis comentar nada. Seu objetivo é provocar e incendiar. Olha, eu não tenho culpa se você tem fixação com o Eli, mas eu não tenho a paciência que ele tem para lidar com pessoas chatas como você e aqueles seus amiguinhos do orkut. Portanto, NÃO ENCHE O MEU SACO. E não precisa insistir com sua trollagem barata. Por intermédio dos meus textos, você não cria confusão no Bule. Vê se me erra!


Resposta:

Caro Marcelo Druidis (por que não “Druidis” ao invés de “Druyan”, já que nenhum deles é seu sobrenome de fato?),

Você disse que não aceitou meus comentários na postagem de seu texto, pois eu sou um “Troll”. Desculpe-me se não estou tão familiarizado assim como os jargões e clichês ateístas, mas eu não consigo entender o porquê desta acusação. O que conheço sobre estes personagens (os trolls) é o que podemos ver nas obras de Tolkien (que, aliás, estou lendo atualmente). Lá os trolls são seres não educados, que sobrevivem pelos instintos mais elementares, que não possuem ideais e que, para ter o que comer com fartura, se vendem para qualquer um. Apesar de não ter sido Tolkien a inventar este personagem (ele já existia em algumas lendas nórdicas), Tolkien foi certamente aquele que popularizou os trolls. Então, como não estou familiarizado com os clichês ateístas (e nem quero estar, pois não me enriquecem em nada), eu não aceito sua acusação muito menos sua justificativa.

A seguir você chama meu blog de “Blog-Troll” (o que quer que isto signifique) e diz que ele contém apenas “piadinhas sobre a LiHS” e “comentários infelizes sobre ateus” e infere que tais coisas atestam minha “total desonestidade intelectual”.

Ora, que tamanho disparate! Em primeiro lugar, eu jamais fiz “piadinhas sobre a LiHS”. “Piadinhas” é plural demais para um Blog que fez apenas uma única postagem sobre a referida liga com conteúdo sarcástico. Em segundo lugar, “infeliz” é um adjetivo um tanto relativo ao se falar sobre textos de outrem, uma vez que obviamente depende do contexto de quem o analisa. Apontar falhas evidentes em argumentações non-sense como a sua não é de forma alguma infeliz para mim. Pode ser infeliz para você, que foi refutado e que, para não alargar o tamanho da vergonha, teve que censurar o link do meu texto em sua postagem, mas, para mim e aparentemente aos demais que o leram, não houve infelicidade alguma.

Em terceiro lugar, mesmo que meu blog tivesse dezenas de piadinhas sobre a LiHS e mesmo que meus comentários tivessem alguma carga de “infelicidade intrínseca” (se é que isto é possível), mesmo assim, isto nada compete a favor da qualificação “desonestidade intelectual” que você atribuiu a mim. Desonestidade intelectual é a “arte” de criar conclusões prévias de algo sem levar em conta o que diz o tal algo. Como não tenho intenção alguma de defender o indefensável, vou te apresentar desonestidades intelectuais cristãs: Pr. Silas Malafaia e Pr. Adauto Lorenço em relação à Teoria da Evolução. Ambos jamais estudaram a questão; se o fizeram, fizeram com conclusões prévias; e, a despeito disto, propagam as supostas incoerências desta teoria, como se fossem experts no assunto. Quer exemplos ateístas? Está cheio de críticos de Agostinho que nunca leram Agostinho; existem muitos críticos de Lewis que nunca leram Lewis; existem muitos refutadores de Calvino que nunca leram Calvino; e, o mais comum, está cheio de especialistas sobre Bíblia que jamais colocaram a mão em uma.

Aconteceu, aliás, um caso muito divertido (“infeliz” para quem o protagonizou, obviamente) em um tópico no Orkut. O curto diálogo foi mais ou menos como se segue (desculpe, mas não consegui encontrar o tópico):

Fulano: o Eduardo comenta sobre Dawkins sem jamais ter lido Dawkins.
Eu: Fulano, tenho visto você e muitos ateus fazerem muitos comentários sobre a Bíblia, vocês já a leram?
Fulano: Para mim quem nunca leu a Bíblia foram os cristãos, para não terem percebido as claras idiotices lá presentes. [ou seja, não leu]

Quem entre os comentadores sobre a Bíblia já a leu para tirar, a partir da leitura imparcial do original, suas conclusões? E não apenas sobre a Bíblia, mas sobre qualquer coisa. Em Deus, um Delírio (Cia das Letras, p. 180) Richard Dawkins faz alguns comentários sobre um texto de Agostinho. E de onde ele leu este texto que ele comentou? Do livro original? Não! A fonte é um tal de “Freeman, 2002”. Em Carta a uma nação cristã (Cia das Letras, p. 27) temos o mesmo caso. Sam Harris comenta uma opinião de Agostinho – e de onde ele extraiu tal opinião? Dos originais? Não! De um livro de P. Johnson. Outro dia me deparei com um exemplo brazuca: comentando a resenha sobre O Delírio de Dawkins de Camilo Gomes Jr., nosso amigo (“amigo” aqui não é sarcasmo) em comum Eli Vieira diz: “Camilo, eu gostaria de ver você escrevendo depois uma refutação especial para as tolices de C. S. Lewis. Não falta gente culta por aí usando os argumentos dele”. Eli chama as obras de Lewis de “tolice”. Estou muito curioso para saber se tal adjetivo veio após uma leitura das obras do autor e, se este foi o caso, por que ele mesmo não escreve a refutação a tais tolices tão evidentes?

Isto, Marcelo Druidis, [tecer conclusões prévias sobre qualquer coisa sem análise] é desonestidade intelectual e eu não compactuo com isto. Eu só faço comentários sobre aquilo que eu já li refleti sobre. Você não encontrará neste blog comentários sobre Daniel Dennett, por exemplo, pois eu não li nada dele ainda. Tampouco você encontrará comentários sobre islamismo, ou hinduísmo, ou budismo, enfim, não teço comentários sobre aquilo que ainda não analisei. Eu já li Deus, um Delírio, já li Carta a uma nação Cristã e, portanto, considero nos meus direitos intelectuais de tecer comentários sobre estas obras. Também, eu já li seu bem mal argumentado texto sobre o “Programa Nacional dos Direitos Humanos” e, assim, escrevi uma réplica. Chame isso de “trollagem” (espero que o Eli leia esta frase sua e lembre sobre o que conversamos sobre “anglicismos aportuguesados”) se quiser, entenda como quiser, mas não venha forçar suas conclusões para cima de mim, como se eu fosse totalmente culpado por refutar um texto tão evidentemente equivocado e irrelevante como o seu.

Você diz que meu objetivo é “provocar e incendiar”. Na verdade, não vejo por que este deva ser o caso. Provocar como? Você se sentiu “provocado” com a réplica simples que eu escrevi ao seu texto? Ora! Que tamanha falta de amor próprio! E sobre “incendiar”? Incendiar o que? Incendiar o meu blog? Só pode ser isto, pois eu publiquei o texto no meu blog. (Hoje sei que seria perda de tempo se tivesse feito os comentários no link da postagem do seu texto).

A seguir você disse que eu tenho uma fixação com o Eli. Na verdade, não é fixação, é respeito. Eu considero o Eli e o que ele escreve, digamos, como as coisas mais relevantes e interessantes que têm sido produzidas no que se refere ao debate referente à questão da existência de Deus aqui no Brasil. E você está enganado se acha que poucas palavras que trocamos um com o outro se referiram até hoje apenas a esta discordância que temos. Por fim, eu acho que seria meio imbecil colocar um ateu a quem persigo como moderador de uma comunidade virtual a qual eu sou dono (a maior comunidade sobre Epistemologia do Orkut). Aliás, não poucos cristãos foram excluídos desta mesma comunidade a pedido do próprio Eli. Portanto, sua acusação não procede. Eu não comento sobre você, pois simplesmente não compensa (ainda mais agora, depois de conhecer suas imposturas). Não compensa jogar xadrez com galinhas – elas apenas derrubam as peças e saem cantando de galo a seguir, como se tivessem vencido a partida.

Terminamos aqui. Não tenho nada contra a sua pessoa, pois não te conheço. Aliás, como somos ambos de Belo Horizonte, não seria problema algum a mim te encontrar algum dia e conversar um pouco – coisa de gente civilizada. Não tenho nada de pessoal contra você, mas suas atitudes recentes foram completamente infantis, dignas do ateísmo sobre o qual eu escrevo com certa freqüência aqui neste blog.


Eliel Vieira
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domingo, 24 de janeiro de 2010

Os Ateus e o Programa Nacional de Direitos Humanos

Uma postagem interessante me chamou atenção a duas semanas no blog ateísta Bule Voador. O texto se chama “Programa Nacional de Exclusão dos Ateus”, e o autor é Marcelo Druyan.

O texto é em si uma reclamação sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, decretado pelo presidente Lula em dezembro do ano passado (Decreto 7037). De acordo com Druyan (será este mesmo o seu sobrenome?) o Programa exclui os ateus de seu bojo pelo fato dos artigos do Programa não mencionarem este grupo nem sua “não crença”. Sobre o artigo que diz que o Estado deve “Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das diversas práticas religiosas”, por exemplo, Druyan pergunta: “Onde estão os mecanismos que assegurem o livre exercício da não crença?”. O mesmo acontece com as demais menções.

Eu postei um comentário na postagem de Marcelo Druyan assim que li o texto. Porém, por alguma razão desconhecida, meu comentário (questionador, mas, educado) não foi publicado. Decidi então desenvolver melhor minha idéia e criar este texto.

Não será necessário entrar no mérito da controvérsia do ateísmo ser ou não uma crença (bem como que tipo de crença ele seria) para apontar a incoerência deste texto. Seja o ateísmo uma crença ou não, em ambos os casos a conclusão inevitável a que chego é que a argumentação de Druyan está profundamente equivocada.

Recentemente o ateu Greg Gaboardi traduziu um trecho de um texto muito interessante do filósofo Collin McGinn, chamado “Why I am na Atheist” (clique aqui para ler o trecho traduzido). De acordo com McGinn, o ateísmo é muito mais do que “ausência de crença” como alguns ateus parecem sugerir que é. O ateísmo seria uma crença tão positiva quanto a crença de que nosso planeta é redondo, nas palavras do autor. Se este for o caso, se “ateus” forem um grupo de pessoas que se identifica sob a crença da não-existência de quaisquer entidades sobrenaturais – se este for o caso – a argumentação de Marcelo Druyan está equivocada, pois os ateus fariam parte então do escopo “crenças” contemplado pelo Programa.

Mas e se os ateus não forem um grupo que se identifiquem sob a “crença em Deus”? E se os ateus forem pessoas que se identifiquem por sua “ausência de crença”? Bem, se este for o caso, eu deixo Richard Dawkins e Christopher Hitchens responderem por mim.

Em Deus, um delírio (Companhia das Letras, 2007), Dawkins parece acreditar que a “ausência de crença” de alguma forma leva as pessoas a uma “crença na ausência” em termos práticos. Comentando sobre a famosa parábola do Bule Voador (de Russell), Dawkins diz que “em termos estritos, seríamos todos agnósticos ao Bule: não poderíamos provar, com certeza, que não existe um bule celeste. Na prática, afastamo-nos do agnosticismo do bule na direção do a-buleísmo”. Ou seja, apenas “na prática” o a-buleísmo é uma “crença na ausência”. Se levarmos em conta a estrutura noética da “crença no bule”, chegaremos a algo como o “agnosticismo do bule”. A seguir Dawkins menciona um caso de um amigo seu que é “a-fadinheu” (ou seja, ateu em relação à existência da fada do dente) e a seguir ele cita o caso do “Monstro do Espaguete Voador”. O autor argumenta que para todos os efeitos a crença em Deus é tão similar a qualquer outras crenças em quaisquer entidades estranhas que se possa postular.

No sentido epistemológico, portanto, “ateu”, “a-fadinheu”, “a-buleu” são nomenclaturas totalmente equivalentes. O biólogo britânico ainda diz: “Eu me divirto com a estratégia, quando me perguntam se sou ateu, de lembrar que o autor da pergunta também é ateu no que diz respeito a Zeus, Apolo, Amon Rá, Mithra, Baal, Thor, Wotan, o Bezerro de Ouro e o Mostro do Espaguete Voador. Eu só fui um deus além”.

Christopher Hitchens parece concordar com isto. William Lane Craig argumentou e desafiou Hitchens em um debate dizendo que “Não existem boas razões para acreditarmos que o ateísmo é verdadeiro”. A resposta de Hitchens foi:

Existe um problema terminológico aqui, que nos traz uma dificuldade apenas terminológica. O problema está no “O ateísmo é verdadeiro” que é um mal entendido sobre o que temos que provar ou sobre o que nós acreditamos. [...] Eu não tenho uma palavra especial para minha não crença em fadas madrinhas ou bruxas, eu apenas não acho que elas existam. Eu não tenho que provar o “a-fadaísmo” ou o “a-bruxaísmo”. [...] E isto não é agnosticismo.

Partindo destes comentários ateístas, fica fácil responder a Marcelo Druyan: ora, o Programa Nacional de Direitos Humanos não citou os ateus assim com não citou aqueles que não acreditam em fadas; nem mencionou os que não acreditam em bules cósmicos; muito menos citou os que não acreditam em Monstros de Espaguete Voador; etc., etc., etc.

Se os próprios ateus consideram sua cosmovisão tão relevante quanto a não-crença em espaguetes voadores, por que o Governo deveria pensar diferente?

A conclusão a que chego sobre o texto de Druyan é: se o ateísmo for uma crença, logo ele está compreendido dentro do escopo “crenças” mencionado no Programa (logo, o texto de Druyan está equivocado e é uma perda de tempo); se o ateísmo for apenas ausência de crença, então não há nada do que reclamar, pois o Governo não citou os “ateus” assim como não citou os “afadinheus”, ou os “abuleístas” (logo, o texto de Druyan está equivocado e é incoerente sobre o ateísmo que o autor defende).

Uma resposta ateísta a esta minha réplica seria apreciada. Gostaria de saber por que em alguns aspectos os ateus são apenas "não-crentes" e em outros eles são mais do que isto. Também, gostaria de saber por que coincidentemente os ateus são mais do que meros "não-crentes" quando lhes convém e deixam de ser isto quanto também lhes convém. Gostaria de saber quais são as bases objetivas que garantem estas mudanças que tanto vêm a calhar ao ateísmo e aos seus fúteis objetivos.


Eliel Vieira
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Resenha: “A Anatomia de uma Dor” – C. S. Lewis

Onde está Deus quando vem a dor? Muitas pessoas refletem sobre esta pergunta durante algum momento de dor profunda, especialmente no luto. C. S. Lewis deveria saber a resposta para esta pergunta, afinal, ele é o autor de uma das mais famosas obras sobre esta questão, “O Problema do Sofrimento”. Lewis viu, porém, toda sua argumentação ir pelo ralo quando sua amada Joy faleceu. O problema da existência do sofrimento, que antes era intelectual, passou agora a ser real.

“A Anatomia de uma Dor” é um livro bem pequeno, com quatro capítulos, onde Lewis discorre sobre seu luto e sua revolta pela morte de sua esposa. Lewis usa palavras duras, fortes, em alguns momentos fortes demais ao se referir a Deus enquanto estava de luto. Tais palavras levaram algumas pessoas a acreditar que Lewis abandonou sua fé após a morte de sua esposa. O filme “Terra das Sombras”, que conta a história da vida de C. S. Lewis, parece defender esta visão (de que o autor abandonou a fé no fim de sua vida).

Tal pensamento, porém, não tem lógica. Não há discordância de que Lewis ficou extremamente desnorteado com a morte de sua esposa. Suas palavras no primeiro capítulo deixam isto transparecer com nitidez:

Mas, volte-se para Ele, quando estiver em grande necessidade, quando toda forma de amparo for inútil, e o que você encontrará? Uma porta fechada na sua cara, ao som do ferrolho sendo passado duas vezes do lado de dentro.

Não que eu esteja (suponho) correndo o risco de deixar de acreditar em Deus. O perigo real é o de vir a acreditar em coisas horríveis sobre Ele. A conclusão a que tenho horror de chegar não é “então, apesar de tudo, não existe Deus nenhum”, mas “então, é assim que Deus é realmente. Não se iluda”.

Tais frases se encontram no primeiro capítulo do livro, onde Lewis realmente fala tudo o que tinha no coração. No segundo capítulo, vemos um Lewis mais moderado, pensando mais sobre o que ia escrever. No terceiro e no quarto capítulos Lewis passa de acusador para defensor de Deus. Ele tenta, nestes dois capítulos finais, dar algum sentido para o sofrimento à parte das especulações filosóficas que vemos em “O Problema do Sofrimento”. No quarto capitulo de "Anatomia de uma Dor", ele escreve:

Quando apresento essas questões a Deus não deixo de ter uma resposta; mas, em vez disso, uma variável do tipo “sem resposta”. Não se trata da porta fechada. É mais como uma contemplação silente, com certeza não impiedosa. Como se Ele meneasse a cabeça não em recusa, mas deixasse de lado a pergunta. Algo como “Fique em paz, meu filho; você não entende”. É mais como um olhar fixo e silencioso, com certeza não impiedoso.

Eu não sei a quem indicar este livro. Talvez ele seja de ajuda para quem esteja em luto, talvez não. A algumas pessoas ele pode trazer conforto e revigorar a fé; a algumas ele pode trazer algum efeito contrário ao esperado, como a perda da pouca fé que ainda existia. Talvez seja melhor não haver indicações. Quem quiser lê-lo, leia. Tenho certeza que você terá o que refletir após ler este livro, desde que você já tenha alguma “maturidade espiritual”. Eu, particularmente, considero “A Anatomia de uma Dor” uma das obras primas de Lewis, e vou retirá-lo da prateleira sempre que o sofrimento bater à porta.


Eliel Vieira
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

LIZ? LiHS? Coincidência?

HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA

Curiosa coincidência...

(Logo da LiHS - Liga Humanista Secular do Brasil)


(Logo da LIZ, marca de cimento)


Homenagem ao meu amigo ateu Eli Vieira (presidente da LiHS), afinal, postar apenas refutações aos argumentos ateístas dele aqui cansa às vezes =)


Eliel Vieira
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Resposta a Artur Ribeiro: Sobre o Cristão e o Ato de se Tatuar

Há alguns dias Artur Ribeiro atrás teceu vários comentários sobre meu texto “Um Cristão Pode se Tatuar?”. Como a discussão não estava chegando a lugar algum (uma vez que estávamos irredutíveis em nossas posições), eu avisei que não aceitaria receber mais comentários de Artur sobre o texto, para que a discussão infrutífera não se prolongasse e tomasse o tempo que eu (e, acredito, ele também) não tenho. Artur então, decidiu consolidar todas as suas críticas sobre minha opinião acerca da tatuagem em um único texto, que ele publicou em seu blog.

Antes de analisar seu texto, porém, serei sincero: houve outro motivo pelo qual eu encerrei minha discussão com Artur: eu não discuto com alguém que não esteja disposto a assumir que esteja errado. Qualquer texto meu está aberto à crítica de qualquer pessoa. Até comentários com palavrões eu já aceitei aqui neste blog. Porém, eu apenas alimento discussões com pessoas não dogmáticas, pois assim há crescimento e aprendizado. Apenas para citar alguns exemplos: eu estou participando de dois debates frutíferos com meu amigo Glauber (sobre a onisciência de Deus e a possibilidade filosófica de existência de infinitos reais e sobre a coerência e simplicidade da cosmovisão cristã em face à simplicidade do islamismo); exemplos sobre corte de relações também existem, como eu fiz ao ver o dogmatismo, a censura e a irredutibilidade de Danilo Fernandes (do blog Genizah) que simplesmente se negou a considerar uma crítica justa e educada que fiz a uma postagem dele.

Portanto, Artur, eu apenas vou considerar discutir com você se você aceitar a possibilidade de que você pode estar enganado. Se você não aceitar esta possibilidade, eu também não vou aceitá-la e não vou perder meu tempo discutindo com você.

Então vamos lá. Você começa seu texto, Artur, de forma desastrosa e contraditória. Ao mesmo tempo em que me chama de “sedizente cristão” você diz que “nada temos contra o autor do texto” (aliás, por que você desnecessariamente conjuga os verbos na primeira pessoa do plural quando escreve?). Você deveria questionar a cristandade de quem é hipócrita, de quem diz uma coisa e faz outra, de quem “côa um mosquito e engole um camelo” (Mt 23:24). Eu não estou sendo falso comigo mesmo por não condenar o ato da tatuagem. Da forma como o Evangelho se mostra a mim, não vejo contradição alguma. Se você pensa que vou mudar de opinião ao questionar ironicamente minha cristandade, você perde seu tempo – eu tenho consciência daquilo que sou.

Feitas as considerações iniciais, vamos começar. Nota-se, Artur, que seus argumentos no geral se baseiam no que chamamos na Lógica de “argumento do espantalho”, ou seja, a ação de criar uma imagem distorcida (para menor) daquilo que se quer refutar e então “refutá-la”. Vou citar um exemplo:

Palavras do Artur: “Estará certo o raciocínio dele? Reparemos que é muito sério o que ele afirmou. Disse que NOSSA livre expressão deve se dar CONFORME nos aprouver, isto é, segundo NOSSA preferência. Nada mais biblicamente absurdo! Mas o sedizente cristão fala ter-se apoiado na Bíblia.

Ora! Quando foi que eu disse que eu sustento minhas opiniões supracitadas na Bíblia? Eu simplesmente não disse tal coisa no texto que eu escrevi! Foi um espantalho criado pelo Artur. Eu defendo que nossa expressão deve ser dar conforme nossa preferência, pois isto para mim é algo um tanto óbvio. Preferências simplesmente não mudam por que outrem desejam que ela mude – elas existem ou não. Eu posso jurar por cima de cinqüenta Bíblias que adoro o “re-te-té de Jeová” das igrejas pentecostais, mas, se tal prática não me agradar, se este modus não estiver dentre minhas preferências, eu estarei sendo um falso se adotasse tal tipo de expressão.

Logo a seguir ao argumento do espantalho (quando você sugere que eu defendi algo que eu não defendi) você me provoca dizendo que eu não respondi a algumas de suas perguntas, a saber, as seguintes: “Daí, nós o questionamos: não é mais a vontade e gosto de Deus que prevalecem? Eis a causa de Is 55.8,9. Então, é de acordo com o que NOS der prazer, com o que NOS contentar, agradar? Não é mais conforme o que der prazer ao Senhor? Não é mais Sua vontade (Jo 4.34; 6.38) que se sobrepõe?”.

Vamos por partes: primeiro, quando a vontade de Deus e a vontade do homem se contradizem, a vontade de Deus deve sim prevalecer. Concordo plenamente com você quanto a isto. Porém, quando não há rixas ou contradições, a vontade do ser humano pode muito bem ser mantida. Vou te dar um exemplo (que vou aproveitar outra vez mais à frente neste texto): é pecado mascar chicletes? As pessoas devem parar de mascar chicletes por ser este um desejo humano? Bem, eu acredito que não. Por quê? Porque não há rixa alguma entre o “mascar chicletes” e o “obedecer a Deus”. Aqui, o "desejo humano" não contradizo o desejo de Deus, por isso não há porque limá-lo. O caso é diferente, porém, do uso indiscriminado de bebida alcoólica (que é proibido pela Bíblia). Neste caso (o da bebida) um cristão deve abrir mão daquilo que lhe agrada no intuito de eliminar a rixa existente entre a sua vontade e a vontade de Deus.

A questão não é, portanto, se a tatuagem agrada ou não ao ser humano. Fazemos em nosso dia a dia várias coisas que nos agradam (como mascar chicletes) que, em suma, não contradizem ordenança alguma de Deus. A questão é, se o ato em questão que agrada o ser humano é aprovado ou proibido por Deus. Na questão da tatuagem, porém, não há qualquer menção na Bíblia. O versículo muito usado pelos cristãos contra a tatuagem (Lv 19:28), eu provei em meu texto ser uma falácia (as passagens usadas por você, também, em nada competem para justificar sua prévia conclusão de que o ato de se tatuar é pecado).

Você até que tentou apresentar uma justifica para sua crença de que Deus condena a tatuagem. E, para ser sincero com você, sua justificativa foi desastrosa.

Primeiro você faz uma afirmação duvidosa, a saber: “SÓ ESTÁ CERTO O QUE A BÍBLIA DIZ QUE ESTÁ CERTO”. Ora, “2 + 2 = 4” é algo absolutamente verdadeiro, e que não está na Bíblia. Quer mais? “Jesus nasceu por volta do no 6 a.C” é absolutamente verdadeiro, mas se encontra fora da Bíblia. Mais? “Lula é o atual presidente do Brasil” é absolutamente verdadeiro, e não se encontra na Bíblia. Existem milhões de coisas certas e verdadeiras que encontramos fora da Bíblia. Jamais foi a intenção da Bíblia dar-nos respostas a todas as questões pertinentes ou não-pertinentes em todas as áreas de estudo. Quem infelizmente faz isso são os nossos irmãos da Igreja Cristã Maranata que, para saber se devem fazer frango frito ou lasanha no almoço, eles buscam resposta na Bíblia (eu namorei uma moça da Igreja Maranata e a vivência com pessoas desta denominação comprovou isto).

Então vamos ao ápice do seu texto, seu argumento que (segundo você pensa) aponta o porquê Deus condena a tatuagem. Seu argumento toma a seguinte forma resumida (na forma de silogismo, com premissas e uma conclusão):

- A Bíblia diz que as coisas para Deus devem ser exclusivas a Deus;
- O ato de se tatuar não é exclusivo a Deus;
- Logo, não se pode ser biblicamente aceita.

Você argumenta que, pelo fato do ato de se tatuar não ser exclusivo ao louvor a Deus, ele não pode ser usado com este fim. Mas, como eu argumentei nas respostas que já dei a você, seu argumento implica a veracidade de um monte de estranhezas. Por exemplo: a impressão de papéis não é feita exclusivamente para o louvor a Deus (voltarei a este ponto mais à frente), sendo assim, não se poderia imprimir a Bíblia (pois “imprimir papel” nunca foi exclusivo ao louvor a Deus). Também não poderíamos ter um carro, pois o “dirigir um carro” nem sempre é usado por propósitos cristãos. Também não podemos ver TV, pois a grande maioria das coisas que lá vemos não louva a Deus (aliás, um monte de compatriotas assembleianos seus ainda pensam assim em relação à TV). Não podemos também mascar chicletes, pois o “mascar chicletes” na grande maioria das vezes não louva a Deus.

Por fim, um argumento óbvio: todos nós utilizamos nossa linguagem para louvar a Deus. Porém, isto não deve acontecer, pois a nossa língua portuguesa não é exclusiva de louvor a Deus e, conforme suas palavras, só se pode usar coisas exclusivas a Deus quando louvá-lo.

Eu poderia citar milhões de exemplos. Ouso te dizer que: TUDO (e absolutamente tudo) que o cristão usa quando se dirige a Deus em adoração não é totalmente exclusivo de adoração a Deus. (Tente me apresentar uma evidência em contrário)

Você comete, Artur, o gravíssimo erro de confundir o “meio” com o “objetivo”. Por que podemos usar nossa linguagem ao louvarmos a Deus? Pois ela, em si mesma, não carrega objetivo algum. Ela é apenas um “meio”. Você pode usá-la como “meio” de louvar a Deus (objetivo) ou como “meio” de ofender alguém (outro objetivo). A internet é outro exemplo: você pode usá-la como “meio” para pregar o evangelho (objetivo) ou como “meio” de acessar pornografia (outro objetivo). A internet ou a linguagem, em si, porém, não possuem nada de errado ou de certo. São apenas “meios”. São os “objetivos” que devem ser considerados santos e louváveis ou não.

Com a tatuagem, Artur, é o mesmo. Ela não é um “objetivo”, ela é um “meio”. Não há nada de intrinsecamente errado ou profano nela. Tatuagem simplesmente é colorir a pele. O que de intrinsecamente profano tem nisto? Ela é apenas um “meio”. Você pode usá-la para honrar a Deus, como também pode usá-la para outros fins. Mas o “tatuar” em si, nada tem de correto ou de errado.

O que “não agrada” a Deus, Artur, são alguns objetivos específicos que temos. Em contrapartida, o que “agrada” a Deus também são outros objetivos específicos que temos. Os “meios” (como a linguagem, o acesso à internet, a impressão de papel, o uso de automóveis, ou o ato de se tatuar) em si não são nem bons nem ruins.

Após apresentar seu argumento falacioso, você aconselha seus leitores a abandonar “a tatuagem com desculpas esfarrapadas, dizendo que deixar de aceitá-la é sinal de preconceito, de tradição, disso ou daquilo”. Eu não entendi o que você quis dizer, pois, em suma, tatuagem não se abandona. Quem for tatuado não pode virar para sua tatuagem e falar “oi tatuagem, sabe de uma coisa?, eu me cansei de você, não me acompanhe mais”. E quem não for tatuado, não há o que abandonar. Muito confuso o que você disse.

A seguir você cita o Ciro Zibordi, para os escritos do qual minha opinião é ambígua. Li seu livro “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” e, ao mesmo tempo em que gostei de alguns trechos, em outros eu pude apenas rir, tamanha são as idiotices que ele escreveu. Apenas para ser breve, a “crítica” dele sobre Filosofia pode ser refutada com facilidade por um aluno que estudou Filosofia no Ensino Médio. E mais, se por um lado você pode apresentar pastores que corroboram o que você diz, por outro lado eu também posso apresentar pastores que sustentam a minha opinião.

A seguir você conduz a questão da “tatuagem” para outros ritmos musicais, dizendo que “Da mesma forma que não devemos nos apropriar do rock, samba, MPB para o louvor a Deus em Sua casa, não devemos nos tatuar. Isso por quê? Por uma única razão: o que fazemos para Deus realizemos com exclusividade, SE QUISERMOS QUE DEUS RECEBA NOSSA OFERTA COMO CHEIRO SUAVE!”. Minha resposta é a mesma: o samba, o rock, a MPB ou qualquer outro estilo musical, em si mesmo, não é ruim ou bom. Os estilos musicais são “meios”, não “objetivos”. João Alexandre é um dos compositores cristãos com maior história no Brasil e toca MPB; a maior influência musical do Grupo Logos, é a musica brasileira popular. Acaso são estes grupos e cantores (cujas músicas são muito cantadas até mesmo nas "assembléias") servos do diabo, ou "sedizentes" cristãos?

Qualquer estilo musical é um “meio”, e os meios em si não são bons ou ruins. São os “objetivos” (aquilo que se faz com o meio) que são definidos como “sacro”, “humano” ou “profano”. Vou te dar um exemplo: o mesmo estilo (Rock) pode trazer em seu conteúdo letras profanas como “Você segue a seu Deus como um cachorro” (Gorgoroth), letras comuns e humanas como “Não sei se sou caça ou caçador” (Angra) e letras de adoração a Deus, como “As vestes ficaram limpas, pelo sangue que escorreu da Destra do Pai: Santo Filho de Deus” (Post Trevor). O que isto me diz? Simples: que o estilo musical em si não diz nada. Ele pode ser usado de forma santa ou de forma profana. O que Deus condena é o que você faz com a música, não a música em si.

E nem adianta vir com sua ladainha de exclusividade. Já mostrei N exemplos de que as coisas que utilizamos (como a própria linguagem, como exemplo mais óbvio) não são exclusivas de louvor a Deus. Vale lembrar, aliás, que nem a Bíblia foi composta totalmente para louvor a Deus. O livro de Cantares, por exemplo, não possui nem de longe o intuito de louvar a Deus. (ou você acha que Salomão estava se referindo a Deus quando ele falou dos “peitos tão deliciosos como o fruto da videira”?)

A seguir você assevera que “a Bíblia condena, sim, a tatuagem da forma como ele acha ou 'crê' que Deus se alegra ao ver alguém usando uma”. Por qual razão? Pelo argumento falho da “exclusividade” – que eu já provei ser falso.

Depois de algumas coisas nonsense ditas por você, você diz algo interessante que eu concordo: “Entendemos que, a partir disso, algumas perguntas devem ser feitas acerca do uso de tatuagem (com ou sem mensagens "cristãs"): é conveniente?, é edificante?, é pura?, possui virtude? é de boa fama?, é amável?, traz louvor a Deus? etc.”.

Não apenas sobre se tatuar, mas sobre qualquer coisa que vamos fazer temos antes que nos fazer estas perguntas. Eu mesmo que estou defendendo a não-pecaminosidade da tatuagem não tenho tatuagem alguma. Por quê? Porque eu sei que ter uma pode me prejudicar profissionalmente. Eu não tenho uma tatuagem porque não me convém, agora, ter uma.

Depois de dizer algo produtivo, no entanto, você “pisa na jaca” e diz besteira novamente. Olha só o que você diz: “Antes de continuar, se alguma resposta a essas questões (baseadas nos versículos por último citados) for não, ISSO JÁ SERÁ MAIS QUE SUFICIENTE PARA A BÍBLIA CONDENAR A TATUAGEM outra vez, isto é, além da falta de exclusividade.

Você está simplesmente errado. Leia atentamente o trecho de I Coríntios cap. 8. Lá Paulo deixa claro que comer alimentos consagrados a ídolos não é pecado, mas enfatizou que não convinha comer tais alimentos caso algum irmão inexperiente na fé estivesse por perto. Ou seja, um caso de “não convém” que não é “pecado”. A ato de se tatuar (assim como o "comer alimentos consagrados a ídolos) pode não ser conveniente de ser feito, porém, isto não implica que o ato é pecado de forma alguma.

Por fim, sobre a parte “Louvor” do seu texto, você apenas defende o mesmo argumento da exclusividade, que já provei ser errôneo. Mas você comentou meu contra-argumento da impressão do papel (que eu já havia citado nos comentários ao meu primeiro texto), porém, como vemos, você apenas atacou um espantalho, novamente. Veja o que você diz:

O irmão veio então com uma comparação no mínimo esquisita, perguntando: já que Deus quer exclusividade, o papel que usamos para as coisas, inclusive para a impressão da Bíblia, é pecaminoso. Procuramos lhe responder: de onde você tirou a ideia de que o papel é pecaminoso?

Novamente: eu não disse tal coisa. Eu não disse que o papel é pecaminoso. Isto ou você inventou, ou você se fez de bobô, ou você não me compreendeu por falta de inteligência, pois eu fui muito claro. Vou apresentar o argumento novamente. Você disse que só pode ser santo aquilo que é EXCLUSIVO a Deus. A impressão de papel, porém, não é exclusiva a Deus. Nunca foi. Imprime-se hoje desde Bíblias a cartões da Mega-Sena; de revistas de escola dominial a revistas pornográficas. O ato de se imprimir papel não é exclusivo a Deus, portanto, eu argumento, como podem nossas Bíblias santas serem forjadas sobre tão não-exclusivo (e, de acordo com sua lógica, profano) ato?

A seguir vi outro erro tendencioso no que você escreveu: “Dissemos: o irmão sabe ler mesmo? Vemos que o amado extrai da leitura apenas o que lhe apraz, como os comentários elogiosos que nos precederam. Atitude triste!”.

Muito pelo contrário, caro Artur. Quem parece ler apenas o que lhe apraz é você. Pois neste texto você apenas colou o que você já tinha escrito quando comentou meu texto sobre a tatuagem. E para a maioria de seus questionamentos eu já havia provido resposta. Além de ter feito questionamentos a você que você simplesmente ignorou. Isso sem contar que você atacou espantalhos quando “analisou” minhas argumentações.

Quer mais desonestidade? Peguemos a seguinte frase: “Por favor, fiquemos com a Bíblia, e não com certos autores que querem mais é vender e agradar ao próprio umbigo do que louvar a Deus!”. Você insinuou que quem escreve à favor da tatuagem ou a favor do uso de estilos musicais culturais para louvor a Deus são pessoas que querem apenas “vender e agradar ao próprio umbigo”. Ora, que tamanho julgamento! Você acaso leu alguma das obras? Se não, simplesmente cabe a boca (neste caso, cale o dedo). Não se comenta aquilo que não se leu (lembre-se que você me acusou de ter feito exatamente isto). Em minha opinião, o Ciro Sanches se enquadra muito mais nesta definição do que qualquer outra pessoa, afinal, ele vive à custa de escrever livros criticando e contando piadinhas sem graça sobre os evangélicos. Ciro critica um monte de "Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria", mas ele mesmo vive um “Evangelho Criticocêntrico”, que só sabe criticar quem está “no alto” para ganhar IBOPE. (Detalhe: eu já li obras do Ciro. Eu posso criticar).

Aqui termina meu texto. Ele ficou maior que o seu, e abrangeu todo o seu conteúdo. Não deixando escapar ponto algum e, ainda por cima, não atacando espantalhos. Espero que você reflita e pergunte a si mesmo se o Deus para o qual o exterior nada conta (I Sm 16:6-7), que não julga conforme as aparências (Jo 7:24) se preocupa tanto assim com desenhos coloridos que possamos vir a fazer em nossa pele (ainda mais quando tais desenhos glorifiquem Teu nome, com mensagens de adoração!).

Caso você venha a me responder, Artur, favor fazê-lo na forma de texto. Poste abaixo apenas uma notícia do tipo “Escrevi uma resposta a você, o link...”. Comentários em excesso de uma mesma pessoa em uma mesma postagem atrapalham a contabilidade dos comentários no blog, e a estética do mesmo.

Um abraço,


Eliel Vieira
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O Deus de Einstein

Albert Einstein acreditava em Deus ou não? Lembro que há algum tempo alguns (lê-se "muitos") ateus da Comunidade Virtual Richard Dawkins Brasil estavam defendendo com unhas e dentes que Einstein era ateu em um tópico que rendeu mais de 150 respostas. Ainda na época deste debate, eu prometi aos ateus que escanearia e disponibilizaria uma reportagem especial da revista Galileu (que de cristã, nada tem) sobre as opiniões religiosas de Einstein. Esta reportagem curiosamente aponta para conclusões completamente diferentes das conclusões ateístas.

O tempo foi passando e eu simplesmente me esqueci de escanear a reportagem.

Enquanto eu traduzia a resenha que Antony Flew fez sobre o livro Deus, um delírio, vi que uma das queixas de Flew foi exatamente o fato de Dawkins ter abordado alguns pensamentos de Einstein, sem ter abordado o mais interessante de todos: que Einstein acreditava na existência de um Deus Criador (apesar de discordar com as religiões de que este Deus e nós humanos possamos nos relacionar de alguma forma). Então, ainda em tempo, decidi escanear e postar esta reportagem sobre as concepções de Einstein sobre Deus.

Para fazer o download, clique aqui. (O arquivo está em PDF, caso você não tenha o Adobe Reader instalado em seu computador, baixe o programa aqui)


Eliel Vieira
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domingo, 10 de janeiro de 2010

Ajude Eliel e o Blog DESCONSTRUINDO

Olá pessoal!

No ano de 2009 o Blog DESCONSTRUINDO apresentou um grande crescimento, especialmente no número de visitantes, seguidores, comentários recebidos, etc. Parte disto se dá em razão do aumento do conteúdo produzido pelo próprio Blog (textos, resenhas, respostas a dúvidas dos leitores, traduções, etc).

Tal trabalho demanda não apenas preparo (para traduzir textos é necessário bom conhecimento de inglês e de português, por exemplo), mas principalmente dedicação – o que eu, Eliel Vieira, sempre tive e sempre vou ter. Diferentemente de outros blogs por aí, os materiais postados pelo DESCONSTRUINDO são produzidos única e exclusivamente por mim. Todos os textos e resenhas são escritos por mim, e todas as traduções são feitas por mim. Isto (para quem ainda trabalha e faz faculdade) chega a ser desgastante. Não estou reclamando – eu gosto de manter este blog. Este é meu meio social e vocês, leitores, são meus amigos.

Mas, enfim, talvez você que sempre (ou talvez às vezes) nos visita queira contribuir ou ajudar este blog e, se este for o caso, aqui vão algumas formas pelas quais você pode nos ajudar.

1) Você pode ajudar o blog financeiramente -> Ajude o Eliel a pagar sua faculdade de Filosofia. Qualquer tradutor cobraria algo em torno de 2 mil reais para traduzir um texto tão grande como o debate entre William Lane Craig e Bart Ehrman, e eu o fiz de graça. Portanto, não estou sendo hipócrita em nenhum sentido em pedir alguma colaboração financeira por parte daqueles que leêm do conteúdo aqui.

Se você quiser contribuir financeiramente com o blog (qualquer quantia), entre em contato pelo e-mail: eliel@elielvieira.org.

2) Você pode ajudar o blog doando livros para serem sorteados -> Um plano que eu tenho é presentear via sorteio os leitores do blog. Entrei em contato com algumas editoras evangélicas, mas nenhuma demonstrou interesse em fechar uma parceria conosco e doar livros para sorteio. Infelizmente não ganho o suficiente para bancar do meu bolso livros para sorteio aqui. Então, se você quiser doar livros para serem, sorteados entre os participantes do blog, entre em contato (eliel@elielvieira.org) . Se você quer doar um livro para sorteio, mas não sabe que livro doar, entre em contato assim mesmo.

3) Você pode ajudar o blog doando livros para o autor –> Como bom leitor adoro ganhar livros de presente. Se por algum acaso você quiser me doar livros, aceitarei com prazer. Se você quiser comprar para mim algum livro que eu esteja precisando, também aceitarei com prazer. Se você quiser ajudar desta forma, também entre em contato (eliel@elielvieira.org).

4) Você pode ajudar o blog divulgando os textos que você ler aqui –> Leu um texto e gostou? Mande o link do texto para sua lista de e-mails, Orkut, Twitter, enfim, divulgue! Nada me agrada mais do que ver que os textos aqui estão causando inquietação nas pessoas de alguma forma.

5) Sugira textos a serem escritos –> Um problema que todo escritor enfrenta, às vezes, é não encontrar temas para serem abordados. Se existe algum tema que você gostaria que eu escrevesse um texto sobre, entre em contato (eliel@elielvieira.org) e nos comunique. Desta forma o conteúdo do blog se identificará mais com o que vocês, leitores, querem ler.

No mais, orações sempre serão muito bem vindas!

Um abraço,


Eliel Vieira
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sábado, 9 de janeiro de 2010

Conheça a Banda POST TREVOR

Conheço o pessoal da banda POST TREVOR desde desde 2004 quando os vi tocarem pela primeira vez. De lá para cá acompanhei o trabalho da banda de perto e criamos uma amizade bastante sólida.

Além de fazerem um bom Death Metal, esta banda mineira possui como objetivo principal a pregação do Evangelho - todos os integrantes se consideram missionários, que levam às pessoas de sua tribo a mensagem do Evangelho. A história da banda (contada rapidamente nos vídeos abaixo) é bastante curiosa: a banda era secular, acabou e, depois que todos os integrantes se converteram, resolveram todos voltar com a banda - desta vez com intuito missionário.

Todos integrantes possuem curso teológico e alguns são consagrados como pastores.

Publiquei estes vídeos no Youtube em 2007. Hoje, posto-os aqui novamente para que mais pessoas conheçam o trabalho da banda. Caso queiram entrar em contato com a banda, procure a comunidade deles no orkut ou me mande um e-mail. Viva o underground!








Eliel Vieira
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Filósofo Antony Flew Comenta Sobre o Livro "Deus, um Delírio" de Richard Dawkins

No dia 01 de Novembro de 2007, o novo livro de Antony Flew Deus Existe foi publicado pela editora HarperOne (lançado no Brasil pela Ediouro em 2008). Professor Flew já foi chamado de “o filósofo ateu mais influente do mundo”, bem como “um dos mais renomados ateístas do século XX”. Em seu livro, Antony Flew relata como ele passou a acreditar em um Deus Criador a partir da evidência científica e do argumento filosófico.

Como era de se esperar, seu livro causou um grande rebuliço – como pode ser observado nas resenhas dos leitores no site Amazon. Alguns destes comentários (e outros presentes em outras fontes) sugerem que Antony Flew foi usado pelo co-autor do livro, Roy Varghese, e que Flew não sabia de fato o conteúdo que estava no livro. Esta é uma acusação muito séria para a qual o Professor Flew respondeu e reiterou em uma carta recente (4 de Junho de 2008) a uma amigo da UCCF que nos mostrou-a. Professor Flew escreve:

Eu já refuto estas criticas com a seguinte afirmação: “Meu nome está no livro e ele representa exatamente minhas opiniões. Eu não colocaria meu nome em um livro cujo conteúdo eu não concordasse 100%. Eu precisei de alguém para escrevê-lo, pois eu estou com 84 anos e esta foi a tarefa de Roy Varghese. A idéia de que alguém me manipulou porque eu estou velho está completamente errada. Eu posso estar velho, mas é difícil me manipular. Este é meu livro e ele representa meu pensamento”.

Recentemente Professor Flew escreveu suas opiniões sobre o livro de Richard Dawkins Deus, um Delírio. Seu artigo, reproduzido abaixo, mostra as razões-chave do Professor Flew para sua crença na Inteligência Divina. Ele também deixou claro em Deus Existe que é possível a um ser onipotente escolher se revelar ao ser humano, ou agir no mundo de outras maneiras. O artigo do Professor Flew é mostrado aqui como um testemunho do desenvolvimento do raciocínio de alguém que está preparado para considerar a evidência e seguir suas implicações – aonde quer que elas o conduzam.

Sobre Deus, um Delírio, Professor Antony Flew escreve:

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Deus, um Delírio, do escritor ateu Richard Dawkins, é notável em primeiro lugar por ter alcançado alguns recordes, vendendo mais de um milhão de cópias. Mas o que é muito mais notável que este alcance financeiro do livro é que seu conteúdo – ou melhor, a falta de conteúdo – mostra que o próprio Dawkins se tornou aquilo que ele e seus amigos secularistas consideram tipicamente ser uma impossibilidade: um fundamentalista secular. (Minha cópia do Dicionário de Oxford define “fundamentalista” como “um obstinado ou um partidário intolerante de um ponto de vista”).

A falha de Dawkins como acadêmico (o que ele ainda era durante o período em que ele escreveu este livro, embora ele já tivesse anunciado sua intenção de se aposentar) foi sua escandalosa e aparentemente deliberada recusa em apresentar a doutrina que ele parece acreditar que refutou em sua forma mais forte. Assim, nós encontramos no índice remissivo do livro cinco referências a Einstein: a máscara de Einstein; Einstein sobre a moralidade; sobre um Deus pessoal; sobre o propósito da vida (a situação humana e sobre como o homem se importa com os demais, principalmente para com aqueles dos quais sua própria felicidade depende); e finalmente sobre as opiniões religiosas de Einstein. Mas (eu acho difícil escrever com moderação sobre esta obscura recusa por parte de Dawkins) ele não faz nenhuma menção ao relato mais importante de Einstein: a saber, que a complexidade integrada do mundo da física o levou a acreditar que é necessário haver uma Inteligência Divina por traz de tudo isto. (Eu particularmente penso que é óbvio que se este argumento é aplicável ao mundo da física, então ele deve ser imensamente mais poderoso se aplicado ao imensuravelmente mais complicado mundo da biologia).

Na página 118, Deus, um delírio é notável. Assim diz: “Talvez estejamos observando algo semelhante hoje em dia nas trombeteadas tergiversações do filósofo Antony Flew, que anunciou, já idoso, ter sido convertido à crença em algum tipo de divindade (desencadeando um frenesi de repetições em toda a internet)”.

O importante nesta passagem não é o que Dawkins está dizendo sobre Flew, mas o que ela está dizendo sobre o próprio Dawkins. Porque se ele tivesse tido qualquer interesse na verdade sobre o assunto que ele estava tratando [a conversão de Flew, N.T.], certamente ele teria me escrito uma carta com suas questões. (Quando eu recebi uma torrente de questionamentos depois de minha conversão ao Deísmo ser relatada na publicação trimestral do Royal Institute of Philosophy eu respondi – acredito – todas as cartas).

Tudo isto nos mostra que Dawkins não está interessado na verdade, antes, está primeiramente preocupado em desacreditar um oponente ideológico por quaisquer meios disponíveis. Isto por si só constituiria razão suficiente para eu suspeitar que todo o empreendimento de Deus, um delírio não é, como pelo menos pretende ser, uma tentativa de explorar e propagar o conhecimento sobre a existência ou a não-existência de Deus, antes, é uma tentativa – de extremo sucesso – de propagar as próprias convicções do autor nesta área.

Um ponto menos importante que precisa ser citado nesta resenha é que embora o índice remissivo de Deus, um delírio aponte seis referências ao Deísmo, a obra não provê nenhuma definição deste termo. Isto permite que Dawkins, em suas referências ao Deísmo, sugira que os deístas são uma miscelânea de crentes nisto ou naquilo. A verdade, que Dawkins deveria ter aprendido antes que este livro fosse enviado para as gráficas, é que os deístas acreditam na existência de Deus, mas não o Deus de qualquer revelação. Na verdade, a primeira aparição pública notória da noção de Deísmo foi na revolução americana. O jovem rapaz que rascunhou a Declaração da Independência e que depois se tornou o presidente Jefferson era um deísta, assim como era um grande número dos pais fundadores desta importantíssima instituição, os Estados Unidos da América.

Nesta desnaturada nota de rodapé daquilo que eu estou inclinado a descrever como um livro desnaturado – Deus, um delírio –, Dawkins me censura por aquilo que ele chama de “decisão ignominiosa” de aceitar, em 2006, o “Prêmio Phillip E. Johnson para a Liberdade e a Verdade”. O prêmio é concedido pelo Instituto BIOLA, The Bible Institute of Los Angeles. Dawkins não é sincero em dizer que sua objeção à minha decisão repousa unicamente no fato de BIOLA ser uma instituição especificamente cristã. Ele obviamente assume (mas se abstém de dizê-lo abertamente) que isto [o fato da instituição Biola ser confessadamente cristã, N.T.] é incompatível com a produção de trabalhos acadêmicos de primeira classe em qualquer departamento – não uma tese que seria aceitável em minha própria universidade, ou Oxford ou Havard.

Durante o meu tempo em Oxford, durante os dias que sucederam à segunda guerra, Gilbert Ryle (então Professor Waynflete de Filosofia Metafísica na Universidade de Oxford) publicou um livro muito influente chamado The Concept of Mind [O Conceito da Mente]. Este livro insinuou, apenas insinuou, que mentes não são o tipo de entidades sobre as quais se pode coerentemente dizer que vão sobreviver à morte.

Ryle se sentiu responsável pela perseguição ao ensinamento filosófico e à publicação de descobertas de pesquisa filosófica na universidade e ele sabia, naquele tempo, que haveria um alvoroço se ele publicasse suas próprias conclusões de que a idéia de uma segunda vida, após a morte, era autocontraditória e incoerente. Ele ficou contente por eu fazer isto algum tempo depois e em outro lugar. Eu disse a ele que se eu fosse alguma vez convidado a escrever para a Gilfford Lecture Series, meu assunto seria “A Lógica da Mortalidade”. Quando fui convidado eu escrevi e tudo foi publicado pela Blackwell (Oxford) em 1987. Ainda está sendo impressa pela Prometheus Books (Amherst, NY).

Finalmente, sobre a sugestão de que eu estou sendo usado pela Universidade BIOLA. Se a maneira pela qual eu fui convidado pelos estudantes e pelos membros da faculdade que eu conheci durante o curto tempo que eu permaneci na BIOLA equivale a ser “usado”, então eu apenas posso expressar minha mágoa por não poder racionalmente esperar que aos 85 anos eu possa fazer outra visita a esta instituição.

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Antony Flew foi um dos filósofos ateus mais influentes do século XX. Em 2004, ele anunciou que passara a acreditar em Deus. Segundo suas palavras, ele se tornou deísta, porém, também nas palavras de Flew, "o cristianismo é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe que foi São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes".

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Para o texto original em inglês, clique aqui.

Tradução e Adaptação por: Eliel Vieira
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sábado, 2 de janeiro de 2010

Resposta aos Ateus Orkutinianos: Sobre Richard Dawkins se Recusar a Debater com William Lane Craig

Recentemente Richard Dawkins se negou a participar de um debate sobre a existência de Deus a convite do filósofo William Lane Craig. Suas justificativas foram as mais nebulosas e estranhas possíveis: “eu não debato com cristãos que não sejam bispos, cardiais ou arcebispos”, “eu não debato com criacionistas” e “eu não debato com debatedores profissionais”. Ele disse tudo isto apesar de já ter debatido com John Lennox (que não é sacerdote de nenhum tipo e também é criacionista), com David Quinn (que é criacionista) e com Alister McGrath (que também não é sacerdote de nenhuma espécie).

A conclusão que podemos chegar é que Richard Dawkins (o “brilhante”, o rei, o máximo!) fugiu covardemente feito uma galinha garnisé da possibilidade de enfrentar William Lane Craig em um debate e, obviamente, nós cristãos estamos rindo de orelha a orelha diante de tamanha “mariquisse”. Mas, por favor, que não venham aqui demagogos ateus dizendo que teriam uma atitude diferente caso o inverso ocorresse (se fosse Craig quem tivesse negado participar de um debate com Dawkins).

Outra coisa óbvia também ocorreu: os seguidores de Dawkins sentiram-se afrontados com as acusações de que seu mestre seria covarde. Vendo alguns comentários na Comunidade Virtual “Richard Dawkins Brasil”, percebemos que alguns tomaram as críticas e as gozações contra Dawkins como se estas tivessem sido proferidas contra a mãe deles, ou contra eles próprios.

O tipo de reação no intuito de defender o “mestre” é imediato: vamos justificar a atitude de nosso mestre. Ele não poderia estar errado, não é? Afinal, ele sempre está certo!

A estratégia inconsciente dos defensores do “brilhante” foi óbvia: “vamos atacar William Lane Craig e qualquer coisa que dê credibilidade a ele!”. E então começaram as acusações: “Craig é falacioso”, “Craig é um teólogo retardado mental”, “Craig é um mestre em falácias”, “Craig é uma maquina de falar besteira”, “Craig é um desonesto falacioso” e também alguns espantalhos como “Craig tentou provar que Cristo ressuscitou dos mortos usando como evidência a tumba vazia” e “Craig usou uma matemática pós-apocalíptica altamente obscura para provar matematicamente a existência de Deus”. Um dos debatedores lá disse que Craig, no debate com Ehrman, contrariou “todas as teorias sobre informação, complexidade e estatística e até definições lógicas e metafísicas sensatas”. Obviamente eu não recebi nenhuma resposta deste filhote de Dawkins quando eu lhe perguntei quais eram estas "teorias sobre informação, complexidade e estatística" e quais eram estas "definições lógicas e metafísica sensatas” e como tudo isto junto compete para a conclusão de que Deus é um ser de existência improvável.

Depois da última vez em que postei no tópico, vários comentários foram postados por aqueles que ficaram extremamente ofendidos com a acusação de Dawkins (o “brilhante”, o rei, o máximo!) ter fugido covardemente da possibilidade de debater com William Lane Craig. Este texto é uma resposta às últimas questões levantadas naquele tópico.

Começo respondendo ao César Augusto – alguém que pouquíssimo contribuiu para o debate. De acordo com ele a atitude de Dawkins não é covardia, é “bom senso”, afinal, Craig é um “mentiroso profissional”. Deixando de lado o fator ad hominem que por si só tornaria seu argumento digno de não-análise, responder a ele é muito fácil: no mesmo tópico, quando me despedi dos debatedores dizendo que me ausentaria por alguns dias em virtude de uma viagem eu fui acusado (pelo próprio César) de ter “fugido”. Mas, será que eu poderia me defender da acusação de fuga com a seguinte frase: “Eu não fugi do debate! Afinal, qualquer pessoa com bom senso não aceita debater com mentirosos profissionais”? Claro que não! Se eu entrei publicamente em um debate sobre um assunto X, eu não posso fugir de quaisquer possibilidades dentro deste debate afirmando que meus oponentes são “mentirosos profissionais”. Da mesma forma, se Dawkins faz parte de um debate público sobre a questão da existência de Deus (e ele faz), o mesmo não pode justificar uma fuga dizendo que o seu oponente é um mentiroso profissional (como César tentou justificar seu mestre) nem dizendo que não vai debater porque seu adversário é apenas um “debatedor profissional” (como ele fez).

Sobre a questão de Craig ser apenas um debatedor profissional, duas considerações precisam ser feitas. A primeira é que Craig não é apenas isto, como Dawkins fez parecer em suas palavras (“e não debato com pessoas que apenas se dizem famosos por serem debatedores profissionais. Eles têm que ter mais do que isso”). William Lane Craig possui dois doutorados e várias congratulações nas mais conceituadas universidades do mundo (curriculum). A segunda consideração é sobre a afirmação feita pelo André de que é possível se vencer um debate sem ter a razão e, sendo assim, a questão não se resume meramente a “vencer o debate”. Isto está perfeitamente certo. Dawkins, por exemplo, já venceu e já perdeu debates discutindo a mesma questão. Se “vencer debates” fosse conclusivo para alguma coisa, Dawkins estaria correto e enganado sobre a mesma questão - o que seria uma contradição. Todavia, o fato de “vencer debates” não ser algo conclusivo como justificação epistemológica para dada questão não torna os debates infrutíferos ou eventos obsoletos. Debates, pelo contrario, são muito elucidativos. É nos debates que vemos as verdadeiras faces dos escritores que, nos livros, dispõem de tempo suficiente para maquiar as lacunas de suas argumentações. Eu não consigo imaginar alguém que esteja correto sobre um tema sempre perder debates contra os que estão enganados. E, também, o fato de ser possível vencer um debate sem ter a razão sobre um tema não significa que, se alguém venceu um debate, este alguém necessariamente não esteja com a razão. Craig pode ter tido mais do que retórica nos debates que venceu – ele pode ter tido a razão; ele poderia estar certo. Mas, se vocês afirmam que Craig vence os debates apenas por causa de sua retórica, cabe a vocês o ônus de provar por que ele está errado, e onde ele errou.

A seguir vem o Alan, pessoa que – em razão do tratamento altamente depreciativo e desrespeitoso que ele teve para comigo alguns meses atrás durante um debate – eu desejaria não o responder, mas decidi mudar de idéia por causa da questão pertinente que ele levantou. O argumento dele é que “só há debates entre iguais”. Se você está em um “nível superior”, porque se dar ao trabalho de debater com quem está lá embaixo – se você não tem nada a ganhar (e tudo a perder) e ele tudo a ganhar (e nada a perder), porque se arriscar? A questão, Alan, é que William Lane Craig não convidou Richard Dawkins para participar de um debate “Darwinismo x Criacionismo” como você supôs. O convite de William Lane Craig a Richard Dawkins foi para que debatessem sobre a questão da existência de Deus. Ilustrando (para o caso de você não ter entendido): Craig convidou Dawkins para um debate concernente às argumentações existentes no livro “Deus, um delírio”, não para as argumentações existentes em “The Greatest Show on Earth”. O primeiro livro citado é sobre a questão da existência de Deus; o segundo, sobre a as evidências a favor da teoria da evolução. O próprio Dawkins deixa claro no início de “The Greatest Show on Earth” que o livro não é anti-religioso (ele inclusive cita diversos bispos que assinaram um documento junto com ele no que se refere ao ensino do evolucionismo na Inglaterra). O próprio Dawkins faz questão de diferenciar os enfoques de suas argumentações: argumentações contra a existência de Deus e contra a religião são uma coisa; argumentações defendendo a existência de evidências a favor da evolução são outra. Craig convidou Dawkins a defender suas posições ateístas em um debate, portanto, não se trataria de um debate “Darwinismo x Criacionismo”, mas de um debate “Deus existe?” ou “A existência de Deus é provável ou improvável?” e, para este caso, não existe nenhuma evidência observável de que o ateísmo esteja “acima” do teísmo – muito pelo contrário, uma vez que o ateísmo não consegue prover nenhuma argumentação positiva para seu caso, além de sustentar a maioria das argumentações negativas em ataques a espantalhos.

E por último vem Eli Vieira. Eu não gostaria de entrar em um debate com você, Eli, além daquele que já estamos participando (para o qual, estou esperando uma resposta sua desde o mês de Maio de 2009). Mas, vamos lá, pontos interessantes foram levantados.

Tentando minar a credibilidade de Craig você começa “refutando” as argumentações do filósofo em relação à historicidade da ressurreição de Jesus. Você apresentou algumas hipóteses que, de acordo com você (e apenas por você), são mais “parcimoniosas” do que a ressurreição. Todas elas, obviamente, explicam a tumba vazia de Jesus (que era seu objetivo, uma vez que, para você, Craig tentou “provar que Deus existe por causa do túmulo vazio). Mas nenhuma das alternativas “parcimoniosas” expostas por você diz algo sobre as aparições post-mortem de Jesus nem a origem surpreendente da fé dos discípulos – que enfrentaram a ira dos imperadores de Roma (como Nero, que incendiou Roma e pôs a culpa nos cristãos) em nome de sua convicção de tinham visto Jesus ressurreto.

Em nome de tal fé, muitos abandonaram suas famílias, suas terras e a tradição de seu povo. Não há lógica acreditar que os discípulos, sabendo que seu principal líder estava morto, abandonaram tudo o que tinham e tenham ido de cara contra o maior poder do mundo da época em nome de algo que sabiam, deliberadamente, ser uma mentira. Apenas uma convicção forte de que tinham visto algo milagroso e incrível (como a ressurreição) os faria agir da forma como agiram. Este fator nos diz que é bastante provável que os discípulos experimentaram visões de Jesus ressuscitado. Se isto aconteceu ou não, não podemos inferir apenas com o fato deles terem visto Jesus ressuscitado – mas que ao menos eles acreditaram com extrema convicção de que viram Jesus ressuscitado, a mim não parece ter dúvidas. Qualquer teoria sobre Jesus deve dar conta destas possibilidades – e não apenas do fato do túmulo vazio.

Você levantou uma questão interessante sobre minha fé me cegar quanto a isto (quanto a levar outras possibilidades em conta, além da hipótese da ressurreição). Será que o mesmo não acontece com você, Eli? Responda a si mesmo se você chegou a considerar alguma vez a possibilidade de a ressurreição ser a hipótese que melhor explica os fatos que cercam a história de Jesus.

Responda-me: em um mundo possível no qual uma pessoa tivesse ressuscitado sobrenaturalmente há dois mil anos atrás, que tipo de evidências as pessoas do presente poderiam encontrar sobre este fato a não ser as mesmas evidências que dispomos em mãos hoje? Neste mundo possível, provavelmente encontraríamos relatos sobre tal evento (relatos que, como a Bíblia, não são concordantes em aspectos periféricos da questão, mas no que se refere à questão da ressurreição, são unânimes); encontraríamos uma seqüência de eventos históricos que são melhor explicados pela hipótese da ressurreição (como a origem da fé cristã, no contexto e na forma como ela surgiu) do que pelas demais; e também encontraríamos – como em qualquer análise sobre o passado – graus de incerteza sobre o que aconteceu. Portanto, Eli, não deixamos de ter nada do que, em um mundo possível no qual uma ressurreição tivesse ocorrido no passado distante, teríamos em mão.

Mas, se a possibilidade de existência do sobrenatural for descartada de antemão por aquele que analisa uma hipótese, não importa a quantidade de evidências que se tenha, a conclusão será a mesma. Nas palavras de C. S. Lewis:

Se nossa filosofia de vida exclui o sobrenatural, sempre afirmaremos isso. O que aprendemos pela experiência depende do tipo de filosofia que adotamos em nossa experiência. É inútil, portanto, apelar para a experiência antes de estabelecer, da melhor forma possível, nossa posição filosófica. Se o milagroso não pode ser provado ou refutado pela experiência imediata, menos ainda o será pela História. Muitos acreditam ser possível saber se um milagre de fato ocorreu no passado investigando as evidências 'de acordo com as regras comuns da pesquisa histórica'. Essas regras, todavia, não poderão ser aplicadas até que determinemos se é possível acontecer milagres e, em caso afirmativo, quão prováveis eles são. Pois, se forem impossíveis, não há evidência histórica capaz de nos convencer. [...] Desse modo, o resultado da pesquisa histórica depende do ponto de vista filosófico que adotamos, antes mesmo de analisar as evidências. [...] Os que partem do pressuposto de que milagres simplesmente não acontecem perderão seu tempo investigando os textos. Sabemos de antemão a que resultados chegarão, pois já negaram tal possibilidade no início.

A questão não é, portanto, se argumentação de Craig foi pífia (como você já a definiu uma vez) ou não. Sendo pífia ou sendo majestosa, se a possibilidade de existência de milagres não puder ser levada em consideração pelos pressupostos existentes, no fim das contas dá no mesmo. Como mostrei, dispomos em nossas mãos do mesmo tipo de evidência que as pessoas teriam em um mundo possível onde um evento de ressurreição tivesse acontecido no passado. A questão é o tipo de pressuposto que você tem quando analisa a questão da ressurreição e, também, se tal pressuposto impede de antemão que a possibilidade de ressurreição seja verdadeira. No caso do pressuposto naturalista dos ateus (que É pressuposto, pois não há nenhuma justificação epistemológica para ele), tal pressuposto impede de antemão que a hipótese de Jesus ter ressuscitado sobrenaturalmente de dentre os mortos seja levada a sério. Ela não deixa de ser levada a sério por falta de evidências ou por incoerência interna – ela deixa de ser levada a sério, pois o pressuposto naturalista de vocês impede que ela sequer seja considerada. Portanto, mesmo que a argumentação de Craig esteja majestosa e ainda que ela esteja em perfeita concordância com o que aconteceu a dois mil anos atrás, mesmo assim seu pressuposto impedirá que você acredite no que é verdadeiro. Como chamo isto? Desonestidade intelectual.

A questão da existência de evidências para a existência de Deus entra no mesmo caso das evidências para a ressurreição. Dispomos da mesma quantidade de evidências que as pessoas em um mundo possível teriam sobre a existência de um Deus que não quer as pessoas o sigam por obrigação, mas por gratidão. A questão é se seu pressuposto exclui ou não a possibilidade da existência de Deus de antemão – o que o naturalismo metafísico obviamente faz. Eu apenas gostaria de fazer um comentário sobre sua frase “O questionamento do meu ateísmo é diretamente proporcional ao número de evidências que você apresenta para a existência do seu deus”. É uma excelente resposta retórica! Parabéns! Com sua permissão eu gostaria de passar a fazer uso dela em meu cotidiano: quando algum ateu vier a mim e perguntar se eu já questionei minha fé em Deus, vou responder-lhe “O questionamento da minha crença em Deus é diretamente proporcional ao número de evidências que você apresenta para a inexistência do mesmo”. É perfeito! Muito obrigado pela dica!

Agora, vou citar e trocar as palavras de uma frase sua: “O Eliel não pode ser cético porque aceita a existência de uma entidade gigantesca que ele chama de Deus sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência)”.

- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que qualquer evento da história do universo DEVE ser ter uma causa natural que o explique sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que a mãe dele o ama sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que o evidencialismo é uma estrutura epistemológica válida sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita que o único tipo de substância (no sentido metafísico do temo) existente no universo é a matéria sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita na existência do mundo externo sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).
- O Eli não pode ser cético porque que ele acredita na existência de valores morais objetivos (como “a violência contra mulher” é errado) que devem ser seguidos pelas pessoas sem nenhuma condição universalmente verificável e aceitável racionalmente (ou seja, evidência).

Eli, todos nós temos crenças não verificáveis universalmente e não conclusivamente evidenciáveis. Como eu argumentei na minha tetráplica a você, “racional” trata-se mais de uma proposição que não contradiz a experiência do que aquela que pode ser evidenciada pela mesma, portanto, se seus termos estão corretos, você também não é cético. Você acredita em muitas coisas à parte de sua evidenciação.

A seguir você diz que: “Não há modo justificável de separar uma categoria distinta para um deus para dizer que não é necessário evidência para afirmar sua existência”. Sua frase peca já internamente, pois existem muitas questões em nossa existência que aceitamos à parte de evidências e que, a despeito desta lacuna de evidências, não nos achamos irracionais em acreditar. Acontece que Deus, se existe, Ele está sim em uma categoria completamente distinta das demais, simplesmente pelo fato de que Ele seria sobrenatural, e as demais que tentam explicá-lo naturais. Se Deus existe, Ele está além e aquém de todos nossos limites de investigação. Você mesmo disse, Eli, que a hipótese da existência de Deus “não é tratável cientificamente”. Ora, o que isto significa? Significa que, existindo Deus ou não, a ciência nada dirá sobre Ele. O que isto significa? Significa que a não existência de evidências conclusivas sobre a existência de Deus na natureza não compete, pelo mínimo que seja, a favor da “improbabilidade” da existência de Deus. Ou seja, existindo um Deus sobrenatural, a coisa mais normal a se acontecer e que nós apenas especulemos sobre Ele – sem nenhuma evidência conclusiva de sua existência na natureza. Como disse Ludwig Wittgenstein, “se as palavras humanas não são capazes de descrever o aroma do café, como poderiam ter sucesso a respeito de algo tão sutil quanto Deus?”.

Em seguida você “pisa na jaca” citando o site GodFinder.org. Deixando de lado o fato de que esta lista não possui nenhum vínculo acadêmico respeitável, e que qualquer pessoa sem tempo poderia criar uma lista assim e publicá-la na internet, é notável a desonestidade da mesma. Peguemos apenas os “deuses” brasileiros da lista: “Apolonia”, “Asima Si”, “Badb”, “Beru”, “Calounger”, “Ceiuci”, “Iae”, “Ina”, “Ituana”, “Janaina”, “Jandira”, “Jarina”, “Jubbu” “Jang Sangne”, “Kuat”, “Luandina”, “Mariana”, “Oshossi”, “Perimb”, “Por”, “Rainha Barba”, “Schetewuarha”, “Top’tine”, “Yansa” e “Yemanja”.

Dos nomes citados acima, conheço apenas “Janaina”, “Oshossi” e “Yemanja”. Os demais citados jamais ouvi qualquer menção sobre. Estes três supostos deuses, todavia, não são deuses de fato. Basta ser brasileiro e conhecer um pouco sobre Candomblé para saber disto! Estes são entidades sobrenaturais de, digamos, “menor importância”, mas que de acordo com sua religião merecem adoração. São tão “deuses” quanto os “anjos” são para o cristianismo – ou seja, não são deuses. “Ochossi” é um orixá da caça que vive nas florestas, filho de “Oxalá” (este sim, Deus, conforme o candomblé). “Yemanjá” é a mulher de “Oxalá” e também não é deusa, é uma entidade sobrenatural que reina sobre os mares. Um aspecto muito interessante é que “Janaina” é apenas outro nome atribuído para “Yemanjá” nos cultos afros, sendo assim, a mesma entidade – não entidades distintas. O Godfinder.org propõe que ambas são entidades distintas quando, na verdade, ambos são nomes de uma mesma entidade. Ainda dá para acreditar nesta lista?

Você a seguir diz que “ao mesmo tempo que fingem que não precisam de evidência, teístas como o Eliel e o William Lane Craig são famintos por evidência para existência de ressurreição e deus”. Ora, eu não sou faminto por nada disto e nunca deixei isto transparecer no que escrevo (no mínimo o ônus está com você para mostrar porque este é o caso). Ainda mais agora que descobri sua tática do “questiono minha crença apenas na proporção de que as evidências contrárias a ela virem”, não há necessidade alguma de evidência além das que já temos. Simplesmente nós cristãos não temos culpa se nós dispomos do mesmo tipo e quantidade de evidências que as pessoas em um mundo possível em que Deus existe e uma pessoa ressuscitou miraculosamente teriam. Também não temos culpa se vocês ateus são exigentes demais a ponto de demandar mais evidências além das que Deus sutilmente deixou na natureza.

Sobre o vídeo que você mostrou de Craig “refutando seu próprio Deus”, ele apenas mostra até onde chega a desonestidade ateísta quando eles têm um intuito de retirar a credibilidade de alguém que humilhou publicamente um dos 4 porquinhos do neo-ateísmo (Christopher Hitchens). Craig chegou a responder sobre esta questão (antes deste vídeo ateísta sair). Existem aplicações diferentes do termo “infinito”. No sentido mais comum, o matemático, “infinito” tem uma conotação quantitativa. Em relação a Deus, porém, o termo não possui aplicação quantitativa, como se propusesse o “quanto” Deus é, ou o “quanto” Ele pode fazer. A aplicação do termo “infinito” a Deus, é “qualitativa”. Nas palavras de Craig (fonte), “‘infinito’ é apenas um ‘termo guarda-chuva’ usado para cobrir todos os atributos superlativos de Deus. Se você retirar a abstração de todos os atributos, então não haverá nenhum atributo chamado ‘infinidade’. Nenhum dos atributos de Deus precisa envolver um número infinito de coisas”.

O argumento ateísta do vídeo (Infinitos reais não existem / Deus é infinito / Logo, Deus não existe) é tão verdadeiro quanto o argumento abaixo:

O dono de um banco é uma pessoa muito rica;
Conheço um mendigo que tem um banco;
Logo, tal mendigo é rico


O argumento acima peca exatamente no mesmo ponto onde o argumento ateísta peca: ele não leva em conta as diferentes aplicações que os termos-chave do silogismo (“banco” e “infinito”) possuem aplicações diferentes nas premissas dos argumentos. Se duvidar de mim, apresente o silogismo ateísta a qualquer professor de Lógica bem intencionado (isto é, não ateu e nem cristão) e pergunte a ela se a argumentação é válida.

Por fim (para não me estender mais do que me estendi), meu amigo Eduardo Vaz pediu que você citasse uma falácia do Craig, e sua resposta foi “Falácia da falsa dicotomia quando ele diz que o universo ou foi criado ou existiu para sempre”. Eu tenho que confessar que fiquei muito desapontado com suas posturas “vamos atacar espantalhos!” neste tópico. Você fez isso quando “analisou” a argumentação de Craig sobre a ressurreição, e também fez o mesmo agora. William Craig JAMAIS propôs tal “falsa dicotomia”. A argumentação de Craig é que “ou o universo teve um início ou ele sempre existiu” (não há falsa dicotomia aqui, as coisas ou sempre existiram ou tiveram um início), a seguir ele mostra que temos boas razões para acreditar que ele teve um início. A partir daqui começa outra argumentação, na qual Craig mostra que temos boas razões para acreditar que o início do universo é mais bem explicado como efeito de uma causa e, a partir daqui, que esta causa é Deus. Não há nada de “ou o universo sempre existiu ou ele foi criado”. Você novamente atacou um espantalho.

Depois disso o debate seguiu para outras questões e os seguidores do “brilhante” conseguiram o que queriam: tirar o foco da fuga covarde de seu mestre. Não tenho, portanto, motivo algum para voltar ao tópico em questão. Quem quiser postar comentários aqui será bem vindo. Quem quiser escrever réplicas, idem. Um abraço a todos os participantes da comunidade do “brilhante” covarde!


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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