Norma Braga – tradutora, doutora em língua francesa e, de acordo com o sítio eletrônico da revista Ultimato, “missionária de idéias” – escreveu um pequeno ensaio chamado “Por que não sou de esquerda”, ao qual pretendo dar uma singela resposta nos parágrafos a seguir.

Antes de qualquer coisa eu sinceramente gostaria de saber da autora se seu ensaio caracteriza-se como uma pergunta ou uma afirmação. Pois, se o título do ensaio é uma pergunta, obviamente falta a ele o famoso e mui importante “?”; por outro lado, se se trata de uma afirmação, o “Por que” não poderia ser usado de forma “separada” – deveria ser “Porque”, como aprendemos nos primeiros anos de educação escolar.

A correção acima pode soar como implicância injustificada sobre fatores relativamente insignificantes em relação ao texto como um todo, mas sinceramente este não é este o caso. O texto da autora constitui uma reflexão (a partir de uma pergunta) ou uma afirmação? Se for uma reflexão, algumas não-rigorosidades lógicas de seu ensaio podem ser relevadas, todavia o mesmo não pode ser feito caso o ensaio de Norma se trate de uma afirmação.

Antes de começar, também gostaria de deixar claro algo muito importante aqui. Eu não sou comunista. Para não haver confusão, vou repetir: eu não sou comunista. Como pode ser evidenciado neste texto, eu questionei um amigo meu comunista sobre algumas posturas comunistas quando achei justo fazê-lo (isto para não citar os diversos debates que já tivemos sobre variantes desta controvérsia política-social). A verdade é que, na maior das controvérsias sociais, eu não sou esquerdista nem direitista. Eu sou alguém que, observando a controvérsia do “lado de fora”, busca analisar os pontos-chave da mesma, refletindo sobre algumas conclusões à luz de alguns fatos que podemos observar na sociedade. Eu também não gostaria que considerassem minha neutralidade aqui como uma posição “em cima do muro” – eu não me decidi ainda (como o fiz quando abandonei o calvinismo), pois acho que não li e refleti ainda o suficiente para tomar uma decisão equilibrada e que abranja todas suas implicações.

Pois bem, vamos à análise do texto de Norma Braga.

Primeiramente ela parece defender a existência do comunismo, que ela considera algo mal, à luz do chamado “problema do mal”. Ela argumenta que, como Cristo “satisfez essa urgência” que temos de encontrar uma resposta para a existência de sofrimento no mundo, então quem não está em Cristo necessariamente precisa externalizar esta crise existencial e é daí que começamos a presenciar os grandes males da humanidade. A autora diz,

Isso se verifica facilmente entre nós, ocidentais, quando lembramos os assassinatos em massa do século 20. Judeus, ciganos, cristãos dissidentes e povos não-alemães foram os bodes expiatórios da Alemanha hitlerista: quarenta milhões de mortos. Da mesma forma, nos países comunistas o vago conceito de “classe dominante” tem justificado a condenação à morte de mais de cem milhões. Trata-se um ciclo diabólico, pois não há sacrifícios que cheguem para a sanha dos que pensam combater o mal dessa maneira. Assim, a violência aumenta na mesma proporção do secularismo.

Bem, vamos por partes. Em primeiro lugar, o “Problema do Mal” para o cristão está longe de ser resolvido. (A não ser, é claro, que se pretenda trabalhar apenas com “respostinhas prontas” e superficiais). O “Problema do Mal” não é problema até quando o sofrimento atinge somente o visinho, mas quando é você mesmo quem o sofre o quadro muda. Que o diga C. S. Lewis, não é? O mesmo autor que disse friamente em um dos seus livros que “a dor é o megafone de Deus para o mundo” chamou-O de “Torturador Cósmico” quando sua amada Joy morreu (para ler uma resenha de “A Anatomia de uma Dor”, clique aqui). Em certo sentido o “Problema do Mal” é mais problema para um cristão do que, digamos, para um ateu. Um ateu pode simplesmente ser indiferente às mazelas sociais e adotar um estilo niilista de vida, no qual nada realmente importa. Veja por exemplo estas palavras de Andre Cancian (um ateu niilista) e veja se ele possui algum tipo de preocupação com o “Problema do Mal”. Ou, mesmo se não o ateu for niilista e de fato se compadecer com o sofrimento no mundo, ainda assim isto não se caracteriza como problema a ele, pois em sua visão de mundo, tudo o que existe nada mais é do que a maneira totalmente sem lógica e sem sentido que a existência veio a ser através do cego processo evolutivo da Seleção Natural. Portanto, quando pensamos um pouco, fica difícil não concordar com o fato de que o “Problema do Mal” é problema mesmo para os cristãos e para os outros que adotam uma visão teleológica de mundo.

Em segundo lugar, a afirmação de Norma de que “a violência aumenta na mesma proporção do secularismo”, no mínimo carece de fontes que a sustentem, e é vergonhoso fazer isto. Eu disse “no mínimo carece de fontes”, pois os dados mais recentes apontam para uma realidade completamente vergonhosa para nós, cristãos, e que contradizem sua afirmação. De acordo um estudo estatístico realizado pela ONG Vision of Humanity, por exemplo, quanto menos influenciado pela religião for um país, mais pacífico ele é. Vergonhosamente admito que eu conheço mais não-cristãos militantes em questões sócio-ambientais e éticas do que cristãos engajados nas mesmas frentes.

Estou eu defendendo o ateísmo? Não! Apenas estou sendo fiel aos fatos.

Em terceiro lugar, Norma cita alguns dados sobre a quantidade de mortos realizadas pelos regimes nazista e comunista, como se tais mortes testificassem assim a injustificada afirmativa de Norma de que “a violência aumenta na mesma proporção do secularismo”. Ora, se assim for o que dizer então do próprio cristianismo? Quantos foram mortos nas Cruzadas? Quantos foram mortos na Idade Média por serem “hereges”? Quantos foram mortos durante a Reforma? Será que Serveto, ordenado à morte pelo amigo de Norma João Calvino, sentiria alguma diferença entre os reformadores e aqueles que ela critica?

E o que dizer sobre os crimes atribuídos a Deus na Bíblia? Afinal de contas, chacina é chacina não importa em qual contexto ela aconteça. Se formos contabilizar apenas as mortes atribuídas a Deus na Bíblia (especialmente no AT), temos o número de 2.391.421 mortes [fonte]. Mas se quisermos podemos contabilizar também todas as 75 mil mortes causadas pelo terremoto no Haiti, já que o para grande amigo dos anti-esquerdistas Julio Severo (e eu devo levar em conta o que ele diz, pois os de direita são “mais cristãos” que os de esquerda) o terremoto no Haiti foi causado efetiva e soberanamente por Deus [fonte].

Novamente, não gostaria que me atribuíssem nomenclaturas. O rigor lógico me impulsiona a analisar ambos os lados da questão sob os mesmos padrões. Se o comunismo é mal porque milhões morreram, por que o tratamento deveria ser diferente quando quem mata é a Igreja de Deus, ou o próprio Deus? Agir de forma diferente é desonestidade intelectual, e não vou incorrer neste erro em nome de uma coisa tão pobre intelectualmente como o “anticomunismo”.

Aliás, permitindo-me compartilhar algo pessoal aqui, a falta de critério, a desonestidade intelectual e os argumentos “ataque o espantalho” são um repelente muito forte a mim para que eu adote a posição “direita” no que se refere à controvérsia social. A própria Norma, neste doloroso ensaio, chama o conceito de “classe dominante” de vago. Mas por que é vago? O que falta a ele? Em qual sentido é vago? Onde ele erra especificamente? Depois Norma diz que uma favela do Rio pareceria “condomínio de luxo” se comparada a Cuba. Mas será que isto ocorre por causa do comunismo em si, ou por eles (Cuba) serem embargados economicamente, impedidos de importar tecnologia e crescer, pelos EUA? Você critica Chavez, mas por que não diz sobre os crescimentos de todos os índices de desenvolvimento humano e social na Venezuela, que estão em plena ascensão?

A seguir Norma faz duas perguntas retóricas em seu ensaio. A primeira, “por que um seguidor de Jesus aderiria a um arremedo de plano da redenção?”; e a segunda, “por que um cristão se posicionaria a favor de um Estado forte que pune seus dissidentes?”

Vou tentar respondê-las: primeiro, até que me seja provado o contrário, eu não vejo tanta incoerência assim em aderir a um movimento que busca, através de uma reestruturação da sociedade, acabar com a disparidade entre classes ou, usando um termo muito conhecido por todos, acabar com a “desigualdade social”. No socialismo, pelo o que eu entendo de sua proposta, ninguém trabalha para si, mas todos trabalham para todos, como em uma sociedade de formigas. Não há, contudo, menor incoerência entre este modelo e o que era usado, por exemplo, pelos cristãos da Igreja Primitiva (leia Atos 4: 32-36). O texto bíblico destacado a seguir deixa muito claro que não havia “propriedade privada” entre os cristãos primitivos – tudo era trago aos apóstolos, que repartiam entre as pessoas conforme a necessidade de cada um.

Em “Fidel e a Religião”, escrito por Frei Betto, Fidel Castro argumenta que há “dez mil vezes mais coincidências do cristianismo com o comunismo do que as que pode haver com o capitalismo”.

Pode-se argumentar que o socialismo prega mais do que apenas melhoria social. Pode-se argumentar que, (1) o comunismo cometeu vários crimes no passado e busca de alargar suas fronteiras – bem, assim como os países capitalistas também o fizeram, e assim como os próprios cristãos também já fizeram seus assassinatozinhos; (2) o comunismo é uma ditadura – sim, mas trata-se de uma ditadura do povo, diferente de uma ditadura dos ricos sobre os pobres, como acontece no capitalismo; (3) o comunismo instaura um Estado que “pune seus dissidentes” (a segunda pergunta retórica de Norma) – sim, pois em uma sociedade do tipo comunista, passaria a ser crime qualquer ação que configurasse (ou pudesse caracterizar no futuro) exploração da mão de obra de outras pessoas. Aliás, na sociedade socialista da Igreja de Atos, Pedro rogou uma praga que matou na hora Ananias e sua esposa, que tentaram ser “dissidentes” do modelo. Portanto, a punição pela dissidência, seria normal – assim como é normal punir quem usa drogas em uma sociedade que condena este ato; (4) o comunismo é hipócrita, pois os líderes do movimento possuem luxos que proíbem o povo de ter – sim, isto acontece, mas isto só prova que a hipocrisia sempre vai existir, por causa da depravação do ser humano. Na própria Igreja do Senhor existe hipocrisia, não é?! Acaso isto prova a não-veracidade da fé cristã? Absolutamente não!; (5) o comunismo é mais do que apenas um modelo social-econômico que pensa nos pobres, ele é uma cosmovisão necessariamente ateísta – Marx era ateu, sim, bem como praticamente todos os líderes revolucionários que defenderam a bandeira do comunismo. Também é verdade que um dos principais discursos dos comunistas é de que “a religião é o ópio das massas”. Porém o fato de uma conclusão comunista não ser verdadeira não implica que toda a teoria e proposta do comunismo são equívocas. Deus existe, sim, mas ainda assim existe o problema das mazelas da nossa sociedade, da desigualdade social, da fome, etc. Se a igreja prefere permanecer de braços cruzados sobre este problema (quando ela não deseja piorar o quadro, com ensinos diabólicos como a “teologia da prosperidade”), que as pedras clamem, pois até delas Deus consegue fazer filhos de Abraão (Mateus 3: 9)! Se a igreja não se preocupa com o meio ambiente, graças a Deus pelo Green Peace; se a igreja só pensa em dinheiro e pouco está se lixando com a sociedade, graças a Deus por aqueles que se preocupam!

Por fim, quero dizer novamente que não sou comunista - ainda há muito o que pensar e refletir – mas posso dizer que estou muito mais longe de loucos direitistas crentes em um Deus terrorista como Julio Severo do que dos militantes comunistas. O apelo social deles é relevante, e quanto a isto não parece haver dúvidas. Apesar de não ser comunista, entretanto, quis mostrar nesta resposta que as mui superficiais e falaciosas palavras de Norma não convencem a mim e, espero e confio, à Igreja de Cristo no Brasil.


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org


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DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.



46 comentários:

Oi, Eliel,

O "por que" está certo (oração interrogativa indireta). O restante será respondido no meu blog a partir da semana que vem!

Obrigada pela discordância respeitosa.

Abraços!

Na verdade, não existe ditadura boa, seja de esquerda, seja de direita, religiosa ou secular, sendo ditadura, é ruim. Qualquer tentativa de impor um sistema de dominação, que passe por cima das liberdades individuais, é ruim (inclusive quando se quer impor uma religião - ou a ausência de religião).

O problema principal que vejo quando pessoas defendem ideologias (direita ou esquerda, secular ou religiosa), é quando se perde a racionalidade e passa-se a agir passionalmente, colocando a ideologia acima de qualquer coisa, inclusive acima dos fatos. Nega-se a realidade dos fatos, para manter a reputação imaculada da ideologia. Sacrificam-se pessoas em nome da ideologia. Perde-se o senso crítico, para pintar uma imagem bonita e perfeita da ideologia. Nenhuma ideologia é perfeita, mas pessoas fanatizadas por qualquer uma delas, não enxergam os seus defeitos e limitações; e além disso, todos que não concordam (mesmo tendo bons motivos para tal), são vistos como inimigos da "causa". Transforma-se numa luta do "bem" contra o "mal", onde "bem" e "mal" são relativos. Um radical de esquerda, acha que a direita é o mal, e um radical de direita, por sua vez, acha que é o contrário. Quando na verdade, tanto um quanto o outro possuem o bem e o mal em si mesmos.

Assim como religiões podem ser usadas tanto para o bem quanto para o mal, o mesmo acontece a qualquer ideologia, quando as pessoas perdem o foco e o senso critico e se deixam dominar por visões extremistas de mundo.

Excelete!

Interessante...
não se citou o massacre de 8milhões de congoleses por Leopoldo, da Bélgica; de milhões de pessoas na Síria, pela França; de árabes e turcos pela Inglaterra, por Churchill; a tragédia de Hiroshima e Nagazaki; o espalhamento de generais nazistas no pós-guerra, pelo DEpartamento de Estado dos EUA, mundo afora; o apartheid na África do Sul; a desgraça imposta ao continente africano pelas potências ocidentais e corporações econômicas; massacres mundo afora pelas corporações econômicas, na América Latina, África, Ásia; o salazarismo; as ditaduras na América do Sul; o fatod e que pela Christian Aid, 65% dos desterrados de grandes contingentes no mundo se dão devido a empreedimentos capitalistas; Guantánamo,
Abu Ghraib; as milícias de direita estadunidense cujo crescimento dispara em reação à eleição de Obama; etc. etc. Seletiva, hein?

Sabe por quê?

Porque faz parte do grupo "cristãos Fox News", que faz a cabeça do mundo evangelical aqui, vendendo que a constituição do Reinado de Deus é o estatuto do Partido Republicano. E o povo engole e vomita o discurso de que isso é "cosmovisão cristã".

Defendem plutocracia e boderlinismo social manipulando símbolos cristãos. Não é à toa que quando Richard Horsley viera ao Brasil, na palestra, os embaixadores desses "macacos-chefe" do sul estadunidense, não tendo a mínima, mínima condição de dialogar no nível acadêmico-exegético-histórico, usaram do velho subterfúgio tacanho do truque do constrangimento, para evitar que muitos abrissem a mente; começaram a interpel-alo quanto se "aceita Jesus como Salvador", se " a Bíblia é espiritual", etc., para apanhá-lo em armadilha. E um deles é blogueiro muito popular...

Não é à toa que grande parte dos líderes de denominações tradicionais tiveram fluência no período da ditadura, passando pela ESG.

No Brasil, é comum atacarem a T.L. dizendo que manipula a fé para um programa ideológico-político (muitas vezes isso é verdade). Mas não aplicam isso à propaganda de boderlinismo social sul-estadunidense. VEjam isso:ttp://blog.beliefnet.com/bibleandculture/2010/01/the-conservative-bible-project.html

No caso acima, foi o esculacho: nem se preocuparam em critérios linguísticos, exegéticos, históricos, etc. Nua e cruamente assumiram que o evangelho vai contra a visão cínica, plutocrata e ultraindividualista deles e arbitrariamente atacam as passagens bíblicas.

Eliel, por experiência própria, digo que a coisa vai além. Na verdade, no campo engajado em prol dos Direitos Humanos Econômicos, Políticos, Sociais, Culturais, Ambientais, até que se vê católicos, luteranos, anglicanos, presbiterianos da IPU ou IPI, alguns metodistas. Mas raro, muito raro, evangelicais.

Agora, quando alguém se engaja pela Justiça Social e Ambiental, mesmo num campo específico, infelizmente constata que não só não recebe apoio de cristãos, como frequentemente se é perseguido ou tem de lutar contra eles.

"BRasil pra Jesus"...se for o "Jesus" deles, Jesus nos proteja!

O Socialismo falhou completamente. Faliu grande parte da Europa e vai falir os EUA mais cedo ou mais tarde.

Pelo contrário, o Capitalismo está a tornar a China na maior potência mundial. É irónico que hoje em dia haja menos regulação para se criarem novos negócios em grande parte da China, do que no Ocidente.

Os EUA devem voltar às suas origens de pequeno (ou mesmo inexistente) governo para se poder tornar mais uma vez um país rico.
Mas parece que Obama quer meter ainda mais fundo o seu país.

Antes de mais é preciso parabenizar o Eliel por mais este ótimo texto.

Essa Norma Braga, doutora em falar bobagens, entende de política o mesmo tanto que eu entendo de motor de aviões: nada.

Eu a conheci pela internet há alguns anos, quando ela fazia parte de um mesmo grupo de discussões que eu sobre "filosofia" "reformada".

O seu surto psicótico, ao que parece, ocorreu em sua adolescência, depois que ela leu a obra "1984", do trotskista George Orwell. Já tive o dissabor de vê-la falando sobre o comunismo em outras ocasiões, e sempre percebe-se que seu discurso consiste principalmente de citações abertas ou mal disfarçadas deste livro, confundido a ficção com a vida real.

E isso mostra o seu "expertise" em falar bobagens. Orwell, apesar de trotskista, estava criticando muito mais do que apenas a forma com que Stálin conduzia a construção do socialismo na URSS. Sua crítica ao capitalismo, às ditaduras e às guerras que ocorreram neste sistema são sua principal preocupação. (Lembrem-se que Orwell, apesar de trotskista, era socialista.)

Mas enfim, vamos ao texto. A este simplório texto. A este texto infantil.
O que logo no início nos chama a atenção é a forma alienada com que ela tenta fazer uma interpretação religiosa do socialismo. Gente religiosa como ela só sabe pensar em termos religiosos. Tentam trazer para o campo da religião qualquer tipo de discussão, pois essa é a única arena na qual eles tem alguma chance de apanhar menos.

O que tem a ver o comunismo com o "problema do mal"? Para essa gente de mente estreita, qualquer tentativa de trazer justiça social é um "arremedo de redenção". Claro, pois o "céu", isso é, uma vida boa para todos é coisa para o além, para depois da morte. Enquanto estamos vivos o que impera é o fatalismo, ou a filosofia do "deixe tudo como está". Vida boa é coisa para o céu, aqui na terra é lugar de sofrimento, pois o homem é "pecador", está "caído"...

Quando a "missionária de idéias" fala sobre o Estado mostra que caiu no velho canto da sereia burguesa, pensando ser o Estado um órgão que está "por cima" da sociedade, como um "paizão" a solucionar conflitos e divergências.

Sua teoria do Estado é burguesa travestida de espiritualidade. Ela cita o burguês Kuyper, um "filósofo" de gueto que alguns colonizados "reformados" estão tentando a todo custo panfletar no Brasil. Mas isso nada mais é do que "capitalismo reformado", que a Norma jura ser o modelo mais justo que Deus criou para o homem "caído".

Ela cita no mesmo texto os socialistas e os nazistas. Mas Hitler foi financiado pela burguesia alemã, pelos capitalistas e pelos industriais que viam nele a "salvação" de sua propriedade privada, já que eles temiam uma revolução socialista na Alemanha, tamanha era a influência dos comunistas nesta época. A plataforma de Hitler era essencialmente anticomunista - tudo o que a burguesia da época precisava.

Mas depois que Hitler ascendeu ao poder e fez o que fez, a burguesia, não querendo arcar com a vergonha e o peso na consciência, precisavam construir alguém igual ou pior a Hitler. E tentaram fazer isso com Stálin.

Eu desafio a "missionária de idéias" a mostrar citações diretas, fontes atualizadas e confiáveis para confirmar a "morte de 100 milhões de pessoas".

Isso é uma mentira, uma das maiores mentiras que se construiu sobre o socialismo para difamá-lo e desqualificá-lo como uma alternativa ao capitalismo.

A forma como essas "estatísticas" foram elaboradas não provinham de nenhum documento oficial e não obedeciam a nenhum critério científico. Depois da abertura dos arquivos soviéticos toda essa mentira foi jogada por terra. Mas quem irá corrigir toda essa literatura anticomunista defasada, panfletada desde a época da II Guerra?

Norma e seu amigo Júlio Severo são expressão de um fundamentalismo evangélico direitista vazio e realmente preocupante.

Olá, Eliel!

Assim como você eu não tenho posicionamento firme quanto à questão comunismo vs. capitalismo. Tudo que eu sei sobre esse diálogo é fruto de uma leitura não muito atenta do Manifesto e alguns livros sobre Marx.

Mas vejo alguns pontos na sua crítica que que eu gostaria de comentar. São eles:

(1) Quantos foram mortos nas Cruzadas? Quantos foram mortos na Idade Média por serem “hereges”? Quantos foram mortos durante a
Reforma?


Tenho minhas dúvidas quanto aos números concernentes aos crimes do Cristianismo. Eu sei é que estou certo que ao comparmos os crimes do cristianismo ao longo de 1900 anos contra os crimes dos regimes ateístas ao longo de menos de 100 anos, aquele fica devendo muito a este.

Veja este vídeo do Dinesh D'Souza:
http://www.youtube.com/watch?v=mvTxQukraiQ&feature=player_embedded

(2) No socialismo, pelo o que eu entendo de sua proposta, ninguém trabalha para si, mas todos trabalham para todos, como em uma sociedade de formigas. Não há, contudo, menor incoerência entre este modelo e o que era usado, por exemplo, pelos cristãos da Igreja Primitiva (leia Atos 4: 32-36).

Este socialismo não me parece o socialismo descrito por Marx, se é que eu me lembro bem das minhas leituras. O Socialismo seria apenas uma prévia do comunismo. Seria uma fase onde o poder do Estado seria subvertido à força pelo proletariado, instaurando, assim, a ditatura do proletariado para, só a partir daí, ser abolido definitivamente o poder Estatal dando origem ao comunismo.

Isso exige sangue - a história mostra - e não parece dar muito certo - a história mostra. Acho que tal coisa está longe do Cristianismo de Atos.

(3) O comunismo é uma ditadura – sim, mas trata-se de uma ditadura do povo, diferente de uma ditadura dos ricos sobre os pobres, como acontece no capitalismo

Agora eu pergunto, mas que ditadura dos ricos é essa? Que há ricos que oprimem não há dúvidas, mas há pobres que fazem o mesmo e eu arrisco dizer que a proporção é a mesma. Isso sim é pra mim atacar um espantalho, o que os esquerdistas sabem fazer de forma brilhante. Estes veem os ricos como inimigos, gente má e opressora. A verdade não é essa. Eu conheço gente rica e muitos deles "ralaram" muito para conquistar o que tem. Isso é algo que o capitalismo recompensa: o esforço próprio. O esquerdista vê todo rico como um alvo a ser combatido, o que é patético. Desconfio que, muitas das vezes, o comunismo se torna uma desculpa para o fracasso pessoal e a preguiça. Além de ser um sistema que atravanca o progresso nacional já que pretende conformar todos no mesmo padrão. Não há incentivo ao crescimento pessoal como há no Capitalismo. E, repito, o Capitalismo dá oportunidade a todos. Para uns a vida é mais difícil do que para outros, mas não faltam exemplos de gente que saiu do 0 para 1.000.000 devido ao seu esforço próprio.

Eu trabalho com pessoas que sequer terminaram o Ensino Fundamental e são pobres. Alguns são mais novos do que eu. Eu insisto para que elas voltem a estudar, fazer uma faculdade ou algo assim. Eles querem? Não, a maioria não quer. Muitos dos pobres simplesmente não querem empreender o esforço necessário para mudar de vida e, assim, conquistar aquilo que a liberdade capitalista proporciona.


(4) o comunismo instaura um Estado que “pune seus dissidentes” (a segunda pergunta retórica de Norma) – sim, pois em uma sociedade do tipo comunista, passaria a ser crime qualquer ação que configurasse (ou pudesse caracterizar no futuro) exploração da mão de obra de outras pessoas. Aliás, na sociedade socialista da Igreja de Atos, Pedro rogou uma praga que matou na hora Ananias e sua esposa, que tentaram ser “dissidentes” do modelo. Portanto, a punição pela dissidência, seria
normal – assim como é normal punir quem usa drogas em uma sociedade que condena este ato


Vejo um baita problema aí, Eliel.

Ananias e Safira não foram punidos por dissidência! Em nenhum momento houve obrigação para que eles dessem tudo que tinham.
Eles foram punidos porque disseram ter dado tudo, enquanto na verdade não deram. Foram punidos por terem mentido "a Deus" (At 5.4). Jamais por serem dissidentes de um sistema social! Além disso, Pedro não lhes rogou praga alguma. Pedro falou, Ananias ouviu e "expirou" (At 5.5)

O problema com o comunismo é que ele não pune aquele que peca contra a Constituição do Estado, pune aquele que emite opiniões
contrárias ao regime vigente. É este o problema. Não há liberdade de expressão, antes há censura punível com prisão ou morte. Não é punir um criminoso. È tolher o cidadão de seu direito a livre-expressão.


(5) o comunismo é hipócrita, pois os líderes do movimento possuem luxos que proíbem o povo de ter – sim, isto acontece, mas isto só prova que a hipocrisia sempre vai existir, por causa da depravação do ser humano. Na própria Igreja do Senhor existe hipocrisia, não é?! Acaso isto prova a não-veracidade da fé cristã? Absolutamente não!;


Não prova. Mas prova que os interesses daqueles que tanto veementemente atacam a "classe dominante" é outro que não o desejo por igualdade social. Eles atacam o mesmo que cobiçam. Isso mostra a fraqueza da ideologia comunista.

É isso que eu tinha para dizer.

E ah! Gostaria de ver um artigo seu sobre suas razões para deixar o Calvinismo.

Grande abraço,

Vitor.

Caro Eliel,

A Andrea disse tudo no comentário dela.

A Norma Chantilly sabe até bastante coisa, o problema dela está só na presunção causada pela passionalidade: Ela presume saber mais do que sabe e acaba confundindo tudo.

Estou super curioso para ver a resposta dela na semana que vem. Com certeza ficará no mesmo nível que ela fez aqui, sobre a questão do "por que".

Explico: embora o "por que" esteja mesmo correto e não falte o "?", a razão é bem simples e outra do que ela disse.

Nesse caso "por que não sou de esquerda" o "que" é um pronome relativo, portanto vem separado e sem interrogação. Semelhante à frase "por isto não sou de esquerda". Assim, geralmente em títulos e manchetes o por que vem separado e sem "?": por que (isto) o Brasil não vai para frente. Por que (isto) o prefeiro foi preso. e etc.

Oração interrogativa indireta é outra coisa e todo mundo conhece: "ele me perguntou por que eu não vou na praia."


Ou seja o texto é baseado em uma afirmação e carece, sim, das rigorisidades lógicas.

Mas, para variar não podemos exigir muito da pena da dotora, coitada.

Só mais duas ou três coisas:

1. Legal encontar o Vítor aqui! Mas veja Vítor que o Eliel está (a meu ver) usando de "certo" exagero para contra argumentar e mostrar que os exageros da Norma, são não somente gratuitos mas ilusórios.

2. Morri de rir com o que o Glauber escreveu. Pela minha pouca esperiência com a Norma, assinaria embaixo de tudo sem medo nenhum de cometer uma injustiça.

3. Eu sei que cometo erros de português, e jamais exigiria isso de alguém. Como o Eliel bem colocou no texto dele, o conteúdo é que importa. Mas a Norma arroga e exige tanto rigor que não me envergonho nem um pouco de cobrar isso dela também.

Rodrigo,

Você listou diversos massacres supostamente ligados ao Capitalismo. Admito que jamais ouvira falar de muitos deles, por isso quero lhe perguntar: [b]qual é a ligação deles com a ideologia capitalista?[/b]

Pelo que sei, e se estiver errado me corrijam, o comunismo proposto por Marx exige algum derramamento de sangue e ditadura, isso faz parte da transição do capitalismo ao comunismo.

Nunca li Adam Smith e nenhum outro teórico capitalista, mas não vejo como o Capitalismo pode ser diretamente culpado por qualquer tipo de massacre.

Dizer "A nação X buscando maiores lucros financeiros praticou o crime Y" não serve para condenar o capitalismo, já que o crime Y não é uma implicação lógica do capitalismo.

Mas quando a situação envolve os crimes do comunismo, neste caso sim podemos atribuir culpa ao comunismo já que este implica o derramemento de sangue.

Se eu estiver errado quanto ao meu entendimento dos dois sistemas gostaria sinceramente que me corrigissem.

Um abraço,

Vitor

Olá, Roger!

Entendo que essa possa ser a estratégia do Eliel, porém acredito que ele fez uso de algumas comparações que julgo inválidas tais como a comparação dos crimes do comunismo com os da história do Cristianismo; ou quando nos apresenta um suposto socialismo nas páginas dos Atos dos Apóstolos; ou quando insinua uma suposta ditadura dos ricos que, para mim, é ilusória; ou quando compara a punição por dissidência de um regime comunista com uma condenação criminal num país capitalista.

Grande abraço,

Vitor

Grande Vítor,

certamente você está correto em muitas coisas. Eu jamais gostaria de viver sob um ditadura comunista.

Porém após a vergonha dessa crise financeira do ano passado e em face do disparate da distribuição de renda no Brasil, votei sem medo nenhum no partido comunista alemão. Um voto de protesto. Também sabia que eles não teriam chances de conquistar algum poder significante. rs

O comunismo segundo Marx é conquistado através da revolução armada isso é claro, e não é nosso desejo como cristãos. Nesse sentido penso que as mudanças chegarão através de uma luta desarmada como Gandhi conseguiu na Índia e Paquistão.

O melhor exemplo de "socialismo" na Bíblia está em Neemias, com os ricos perdoando as dívidas e ajudando os irmãos pobres e isso sob a pressão do governo. Tem que haver limites para o acúmulo de Capital, para o lucro (mais valia), para os juros e dívidas (empréstimos) (ano do jubileu!).

Por isso eu penso como Glauber, evangelho é bem mais do 4 leis espirituais.

No capitalismo (especialmente no neo-niberalismo) a coisa corre solta e de forma imoral. Não pode.

Quer exemplo melhor de uma guerra capitalista cristã do que a do Iraque? Quais os reais motivos do EUA invadirem o Iraque e matarem tantos inocentes?

Sobre o socialismo: Olhe o exemplo de Obama, com o plano de saúde. Anos afim a população pobre americana não possuía apoio nenhum nessa área. Agora a sociedade (o governo) dão certa garantia.

Assim entendo o socialismo, ou seja, tem de haver um compromiso social com as classes desprivilegiadas. Porque o problema e a solução não são individuais. O cara não quer estudar muitas vezes porque não tem o exemplo em casa, no grupo social dele! Dependendo da escola para onde for, ele só vai ser mais humilhado ainda. E os ricos ainda que existam exemplos notáveis, geralmente não farão muito de livre e expontânea vontade. Principalmente os que saíram do 0. Ou será que estou errado?

Abraços para ti também,

Roger

Vítor,

a questão de "ideologia" é o programa para administrar o sistema. No caso dos crimes do capitalismo, foram engendrados umbilicalmente ligado ao modus operandi e feitos para que possam funcionar as estruturas fundamentais dele Neste sentido, não tem significância que uma corporação destrua habitantes em nome da "acumulação primitiva", do controle sobre matérias primas e recursos naturais, mão-de-obra barata, rotas comerciais, etc., não diga "faço isso em nome do capitalismo". Embora grande parte das vezes dizem que é em nome do "desenvolvimento" (as milícias dos Eua dizem estarem combatendo a "ameaça comunista").

Então, sim, definitivamente o capitalismo é culpado de muito, muito mais massacres (ou o que citei é mentira).

O princípio vital do capitalismo é a privatização de lucros e socialização de custos, a externalização de custos. O Estado geralmente internaliza estes custos, com a sociedade bancando. É assim que funciona. As bravatas quanto a "mercado livre" são só isso, bravatas, pois num mercado realmente livre, com livre acesso de vendedores e compradores, de informações, transparência, etc., não permitiria os "lucros extraordinários", que movem o sistema em seu processo cíclico. O capitalismo precisa do Estado para protegê-lo do mercado livre.

Um sistema assim não se conseguiria sustentar ante as reações e contrapressões sociais. Por isso, os "benefícios" que muitos citam são oriundos de um lado, das lutas e conquistas de trabalhadores e movimentos sociais, para se implantar políticas públicas de saúde, trabalhistas, previdenciárias, educacionais, etc., cuja sustentação advinha do salário retido no lucro extraordinário, e demais políticas sociais, de cunho civil também, e ambiental, etc.; por outro lado, de concessão desta "esfera superior", a esfera dos grandes tubarões, o encontro do grande poder econômico com o político, para que o sistema não entrasse em colapso (como na célebre frase do livro "Leopardo", do Di Lampedusa - é preciso que tudo mude para que tudo fique igual); muitos avanços na "bélle époque" do capitalismo se deram para evitar que se implantasse socialismo (que se deu em países num processo inicial de total descapitalização e com infra-estrutura arrasada) e através de política econômica pró-ativa. Com o colapso dos países do socialismo clássico, a grande ara dos tubarões para atacar os direitos sociais e democráticos (sim, a democracia é perigosa para o capitalismo, frequentemente precisam de proteção contra a democracia) é dizer "não há alternativa".
O "capitalismo puro" nunca existiu. A lógica de diversas políticas sociais é diametralmente oposta aos princípios capitalistas.

Então, a questão hoje não é de discutir "capitalismo puro" vs "socialismo puro". Isso é bate-boca de orkut e para quem vive de spams. A questão é que vivemos num período de instabilidade caótica (tal qual nas ciências da complexidade), em estágio de bifurcação. O somatório dos vetores das pequenas forças de influência determinarão o sentido e estrutura básica da evolução do sistema. Então, o foco é quais vetores estamos empregando. Se dão num sentido de maior Democracia Política, Econômica, Social, Cultural, e Justiça Ambiental? Ou opostos a este sentido? Queremos um sistema-mundo RELATIVAMENTE mais democrático e igualitário, ou mais hierárquico e desigualitário?

Não engulam estes apelos cínicos que invocam um mundo idílico centrado em "família" que nunca existiu, introjetando sentimentos plutocratas e demófobos e idolatrando Mamón.

Outra coisa: não é só por Marx que podemos entender essa discussão. Marx proporciona ainda alguns constructos úteis para a análise científica, e outros nem tanto. Ele mesmo disse que não era marxista; e falou sério.

Há muito mais por aí. Isso é papo dos livros que pregam a visão do sul-estadunidense conservador (herdeiros da mentalidade do ambiente das "Bruxas de Salém" e da Ku Klus Klan), enganando dizendo que aquilo ali que é o cristianismo, algo que não se sustenta pela crítica histórica. Estes "evangelistas" de FoxNews manipulam em nome de uma tal "cosmovisão cristã" que não passa de certos interesses econômicos bem delineados neste setor nos EUA.

Há muito mais na praia. Querem umas dicas? Procurem Karl Polanyi, Immanuel Wallerstein, Noam Chomsky, Edward Said, Naomi Klein, como exemplos, para ver que a coisa é muito mais fecunda do que discussão "capitalismo x comunismo". Não estamos no filme Rock IV.

Aliás, ninguém comentou sobre a desgraça que este setor tenebroso da direita estadunidense está promovendo com a tradução bíblica, postada no link.

Eliel
Esse é um tema que temos conversado muito...Bom, não conheço da Norma, apenas um texto onde ela fala de caio Fabio. Mas sobre sua replica ao texto dela tenho algumas considerações : o fato de vc conhecer mais não-cristaos engajados nisso ou naquilo não prova nada, e quanto ao critério sobre um pais ser ou não pacifico também careceu de dados, ou pelo menos umas 10 fontes para garantir alguma relevância estatística, pq pegar dados de apenas uma ONG seria cometer o mesmo erro..
Eliel, quando o comunismo mata, ele mata quanto ideologia social, e quando a religião mata eu sou levado a pensar o mesmo, mesmo que não consiga concordar que religiao , principalmente crista, seja essa porcaria que fazem em nome de Deus.....
A mim so resta dizer que não seria de esquerda , pq odeio perder a liberdade de ser.... regimes totalitários fazem isso..Elimina o direito de ser...
Ate para ser cristão , o individuo tem que ser livre para ser.Sem domar o impecto individual não existe comunismo . Podem as pessoas considerar o comunismo parecido com o cristianismo, mas eu sou resistente a pensar assim. Um diz, seja livre para amar, o outro reprime e obriga... não vejo ranço de comunismo pra essa vida , nas palavras de Jesus...nao esse comunismo pregado por ai, mas sim verdadeira liberdade de amar...que só é possível aos livres de coração....
abraços\
\\

obs? acho que andreia falou tudo na resposta a seu texto..
o vitor tambem foi bem real , e conseguiu relatar algo que eu por nao ter tanto conhecimento nao consegui...

Roger,

Se o que descreveste é um socialismo, então não tenho nada contrário a declarar. Acredito que o que descreveste é um sistema ideal.

Tem que haver limites para o acúmulo de Capital

Aqui eu faço uma pergunta sincera: Uma limitação ao acúmulo de capital não poderia acabar por frear o desenvolvimento de uma sociedade, já que a partir de um certo ponto não haveria motivo para um mega-empresário continuar a produzir, e assim acabar por diminuir a oferta de empregos?

Quer exemplo melhor de uma guerra capitalista cristã do que a do Iraque? Quais os reais motivos do EUA invadirem o Iraque e matarem tantos inocentes?

Acho que isso foi uma resposta ao que eu disse acima. Mas veja, Roger, tal guerra não é uma implicação lógica do capitalismo! Se os EUA promoveram tal guerra por motivos finaneiros, a culpa não é do capitalismo, pois este sistema não exige tal coisa. A culpa é da natureza gananciosa daqueles que dirigem a maior potência econômica do planeta. Já no que diz respeito ao Comunismo, este sistema exige o uso de força para alcançar os seus fins. Aí que está a grande diferença.

Assim entendo o socialismo, ou seja, tem de haver um compromiso social com as classes desprivilegiadas.

Dizer alguma palavra contra isso é se declarar não-cristão. O que eu duvido e muito é que seja o socialismo/comunismo a solução para o descaso social. Acho que a solução é outra.

Lembro-me de que ao ler O Manifesto do P.C. eu não deixava de concordar com muitos dos fins propostos pelo livro, mas eu discordava profundamente dos meios sugeridos para alcançar os fins propostos. Aí que está minha discordância com tal sistema.

Uma das poucas certezas que tenho em relação a esse debate é que a verdade não está nem na extrema-direita nem na e extrema-esquerda. Dizia C.S.Lewis, "O Diabo está sempre tentando nos levar aos extremos."

Grande abraço,

Vitor

Rodrigo,

Desculpe-me, amigo, mas não fui convencido da culpa que tem o capitalismo dos crimes citados.

No caso dos crimes do capitalismo, foram engendrados umbilicalmente ligado ao modus operandi e feitos para que possam funcionar as estruturas fundamentais dele

Se isso é verdade, é algo ruim. Mas, leigo que sou, não entendo a necessidade de tais genocídios para manter as estruturas do sistema capitalista. Se puderes me explicar, eu agradeceria sinceramente.

Queremos um sistema-mundo RELATIVAMENTE mais democrático e igualitário, ou mais hierárquico e desigualitário?

Não é preciso resposta. Mas será que a pergunta exige uma escolha entre capitalismo ou comunismo?

Um abraço,

Vitor

Vítor,

sua observação vai de fato ao cerne do problema:

"guerra não é uma implicação lógica do capitalismo[...] a culpa não é do capitalismo, pois este sistema não exige tal coisa."

Será?

Foi Keynes quem defendeu a teoria capitalista de maiores gastos públicos (veja aqui http://omundodeprometeu.blogspot.com/2009/06/guerras-mantem-o-capitalismo.html) e esses gastos públicos encontram na indústria bélica um parceiro ideal.

Vejamos, por exemplo, a história da II Guerra Mundial. Primeiramente a indústria bélica fomentou a economia alemã nazista, de extrema direita. Depois com a vitória dos aliados a guerra impulsionou a economia americana, que já havia lucrado na I Guerra.

Bem antes disso o Império Britânico, na revolução industrial, valeu-se bem de materias primas baratas de suas colônias, que foram conquistadas não sem guerra. (aliás, esta desvantagem econômica foi em parte causa da I Guerra Mundial).

Lembremos que foram as ditaduras **militares** quem tomaram conta da America Latina Capitalista nos meados do século passado.

Ainda que não exista um manifesto capitalista com um dizer claro sobre isso, as evidências são claras.

Será que a "guerra" do tráfico no Rio e grandes cidades brasileiras também não teria suas raízes fortemente ficadas na desigualdade social causada pelo capitalismo? Ainda que a desigualdade social não seja o objetivo do capitalismo será que ele não a causa indiretamente e não preocupa-se em saná-la?

Abrçs,

Roger

Caro Eliel!

Desculpa, meu querido, mas você bateu com a cabeça na parede antes de escrever esse texto? Perdeu o juízo?

Que texto é esse?

Tanto erro básico de argumentação. Nem parece um texto seu.

Lembra daquela regrinha básica a cerca das estatísticas? Correlação não é causação. Lendo o site da visions of humanity e a cerca do que é o índice GPI. A conclusão "quanto menos influenciado pela religião for um país, mais pacífico ele é" nunca foi dia por tal estudo. Tal conclusão é dita apenas pelo jornalista que vc sitou.

E tal jornalista não tira tal conclusão de outros estudos. E sim do velho mito ateu. E uma ideia que pelo visto você andou comprando. Provas?

Que tal olhar para as estatísticas demográficas dos países mais seguros do mundo.
O top 5 é:
Nova Zelândia. 55,6% da população se declara cristã.
Dinamarca. 80% da população faz parte da igreja luterana dinamarquesa. Que é a oficial do pais. Sim. Oficial!
Noruega. 86%. Mesmo caso da Dinamarca. Fazem parte da igreja luterana norueguesa. Que é a oficial do pais.
Islandia. Mesma coisa denovo. 80% luterano. Igreja é oficial do estado.
Austria: 74% de católicos.

Se seguir a lista. O primeiro pais secular é a Holanda. Com apenas 39% da população religiosa. Mas a Holanda é apenas 22 da lista. Atras de dois países árabes.

Os fatos não apontam para a conclusão de que menos influenciado pela religião são países seguros. Muito pelo contrario. Países com tradição cristã são os mais seguros.

Eu fico muito triste em ver que vc engoliu tão facilmente tal argumento falacioso. Nada fiel aos fatos.

Caro Eliel, alguns pontos que considero que você pisou na bola antes de fazer essa crítica ao texto da Norma Braga.

1-
i- Ela não defendeu o comunismo à luz do “problema do Mal”, ela mostrou como comunismo responde ao problema do mal diferentemente da resposta dada pelo cristão. Comunismo aqui é um exemplo para “o mecanismo do bode expiatório” do Girard

ii- Meu caro, primeiro que ela não disse que “quem não está em Cristo necessariamente precisa externalizar esta crise existencial.” O problema aqui é bem mais complexo e você não entendeu a chave de leitura dela para o problema do Mal dada a partir da idéia de “bode expiatório” do René Girard. Recomendo ler o próprio Girard: http://www.franciscorazzo.com.br/?p=254#more-254

2-
i- Problema do Mal para o cristão está longe de ser resolvido? Santo Agostinho, Tomas de Aquino e Leibniz, Pascal, Kierkegaard etc são "respostinhas prontas"? E a própria Morte e Ressurreição de Cristo? Não é "respostinha pronta"?

3-
i- Opa, como assim o problema do Mal é mais problema para o Cristão? O problema do Mal é um problema da natureza humana e percorre toda história da humanidade. Filosoficamente, a tradicional formulação do problema do Mal, surgiu com Epicuro, mas já encontramos entre os gregos, sobretudo Platão. Dizer que é um problema que faz mais sentido para um cristão do que para um ateu carece de fundamento, inclusive psicológico. Veja em Albert Camus –que era ateu – se o problema do Mal não faz tanto sentido assim!

ii- O problema do Mal não diz respeito simplesmente “às mazelas sociais”, mas muito mais ao drama da vida humana como um todo. É um problema muito mais existencial em todo seu horizonte! Depois dizer que “estilo niilista de vida” é sinônimo de alguém que vive uma vida onde “nada realmente importa” é desconhecer o problema do niilismo. Recomendo você dar uma estudada em Nietzsche, ou, sei lá, Cioran. Franco Volpi, o italiano historiador da filosofia, tem um imporante livrinho chamado "O Niilismo", recomendo você dar uma lida!

4-
i- O Andre Cancian, como não? Dê uma olhada nos títulos de suas reflexões pessoais: tédio, solidão, infelicidade, morte, livre-arbítrio etc.
http://niilismo.net/reflexoes/

ii- Quando se afirma que a existência não tem lógica e não tem sentido, de alguma forma não é um modo de dialogar também com o problema do mal?

iii- O problema do mal é um problema do drama humano. Quando você diz que o problema do mal só é um problema para o cristão ou para quem adota uma visão teleológica de mundo, você está esquecendo que essas visões de mundo, grosso modo, são de alguma forma respostas ao problema do Mal e não o contrário. O problema do mal não parte delas!

Depois venho com a segunda parte!

Oi Eliel,

só para reforçar sua argumentação ela está, infelizmente, baseada em dados corretíssimos:

Dinamarca: só 31% da população diz acreditar em Deus. veja página 9 aqui http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_225_report_en.pdf
ou aqui http://cnho.wordpress.com/2009/11/06/el-ateismo-en-europa/

Este ranking também é interessante:

http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=74&materia=837

Basta lembrarmos do conflito na Irlanda para ver a influência negativa da religião.

Você tem toda razão, e digo ainda, a influência de um Gandhi foi capaz de envergonhar 2 milênios de experiência cristã.

Abrçs,

Roger

O bom desses comentários idiotas, como o daquele cara que trata sobre o "problema do mal", é que eles nos fazem ler teu texto com mais atenção.

Tua linha de raciocínio é ótima.

O cristão, normalmente está (ou deveria estar) preocupado com ética. Para o ateu a coisa é normalmente bem solta ou relativa.


O problema não é localizar o mal ou a solução fora ou dentro de si, ambos estão tanto dentro como fora! (Puro sofisma para tentar opor "esquerda" contra "Jesus", na solução de problemas ou males sociais).

Essa turma é presunçosa um tanto! Leram meia dúzia (ou quem sabe um caminhão de livros) e não são capazes de compreender um texto de alguns parágrafos como o teu.

Por essas e outras que cada vez mais eu descubro e respeito o ateu que há em mim.

forte abraço,

Roger

O Puro Sofisma de Girard e meus idiotismo:


"Não é demasiado tarde para remediar?
Chegamos a um mundo no qual nos encontraremos colocados diante da alternativa cristã, o reino de Deus ou a destruição total, a reconciliação ou nada. Os homens procuram escapatórias para não ver o que se lhes impõe, para não ser pacíficos, para não encontrar o outro. O cristianismo é a única utopia que diz a verdade sobre esta situação. Ou os homens a realizarão, renunciando à violência, ou se autodestruirão. Será a violência absoluta ou a paz."

http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=15787

IHU 7/8/2008

Parabéns pelo texto Eliel, no entanto, lamentavelmente, você não entendeu o texto que criticou!

Por outro lado, vai ser aplaudido por grandes comentários, como os do Roger e suas pérolas:

"Por essas e outras que cada vez mais eu descubro e respeito o ateu que há em mim."

"Você tem toda razão, e digo ainda, a influência de um Gandhi foi capaz de envergonhar 2 milênios de experiência cristã."

Depois meus comentários que são idiotas.

A todos os que comentaram.

Primeiramente, obrigado.

Vou esclarecer algumas coisas aqui. Eu não sou comunista (e eu deixei isso bem claro no meu texto), portanto não estou defendendo nada no meu texto. Aparentemente vocês tomaram o meu texto como uma defesa do comunismo, o que ele não é. Trata-se - e há uma grande diferença aqui - em questionar a alegação de que existe uma incompatibilidade (intrinseca?) entre o "ser cristão" e o "ser de esquerda", ou o "ser socialista".

Eu levantei questões, não argumentos (mesmo que eu tenha feito uso, sim, de argumentos para apontar o erro do texto superficial de Norma Braga.

Eu não estou argumentando, por exemplo, que a sociedade de Atos era comunista (como alguém levantou aí), eu estou questionando, não seria a sociedade cristã de Atos mais similar ao socialismo do que ao capitalismo? Eu não estou argumentando, por exemplo, que quanto mais ateu for um país mais pacífico ele é, eu estou questionando, não é isto que os dados mais confiáveis estão nos dizendo? [Aliás, mesmo que os dados que eu apresentei não sejam conclusivos, eu pelo menos citei-os, diferente das afirmações voadores de Norma, que não possuem sustentação alguma.

Enfim, infelizmente parece que, até entre os "apologistas" (que na frente dos ateus defendem a bandeira do "abra sua mente, considere esta opção") existe "proibições" ao pensamento, ao questionamento.

Como o número de pessoas que estam postando aqui é grande, e como sei que não teria tempo de levar a cabo um debate com cada um, não vou entrar em nenhum debate aqui. Vou continuar lendo todas as respostas e, quando tiver tempo, escrevo um "Resposta a..." sobre as questões mais pertinentes levantadas (Por exemplo, o Vitor me perguntou porque eu abendonei o calvinismo, se respondesse aqui, imagina o tamanho do debate).

Abraço a todos.

Eliel

"Desculpe-me, amigo, mas não fui convencido da culpa que tem o capitalismo dos crimes citados"

Uai, Vítor. Foram crimes (e podemos citar muitos outros) feitos para que ele pudesse se desenvolver, necessários para a manutenção do sistema. E justificados como tal.

"Se isso é verdade, é algo ruim. Mas, leigo que sou, não entendo a necessidade de tais genocídios para manter as estruturas do sistema capitalista. Se puderes me explicar, eu agradeceria sinceramente"

Foram feitos para tirar as amarras estruturais; pra desbloquear qualquer limite para a lógica da acumulação auto-replicante do capital - caráter social do capitalismo. Para possibilitar os lucros extraordinários, reorganizações organizacionais, abrir mercados, baratear a mão de obra e aumentar o percentual de ganho em cima dela, possibilitar monopólios estratégicos para dar maior escala de ganhos de capital e daí efetivar o aumento de escopo; para dar sustentação política; dar os meios de produção para os capitalistas; expropriar aqueles cujas lógicas econômicas entravassem o lucro extraordinário e a lógica da acumulação auto-replicante e exponencial de capital. Nem teria havido uma economia-mundo, nem o capitalismo histórico teria sido o primeiro Sistema Mundial.

Quanto à escolha: penso que devemos transcender os dois. Seria algo diferente; e tal possibilidade se confere após as bifurcações de fases caóticas dos sistemas.

Uma coisa: quem milita em algum campo específico de atuação dos Direitos Humanos Políticos, Econômicos, Culturais, Sociais, Ambientais, se depara com os desafios da lógica capitalista para tal, sem também enxergar no comunismo A alternativa. Não ser comunista não é pretexto.

Agora, algo que preciso esclarecer: não confundo economia com mercado, com capitalismo. Eu indicaria um historiador chamado Fernand Braudel para iluminar tal questão.

Abraços a você e a galera

Sem eles, não haveria capitalismo.

"inda que não exista um manifesto capitalista com um dizer claro sobre isso, as evidências são claras."

Schumpeter escreveu sobre os benefícios da guerra para o capitalismo, rsrs.

Importante ressaltar: Bastiát, Herbert Spencer, Friedman, Hayek, Mises, eram ateus radicais e militantes; o último escreveu que a idéia de Deus era a última barreira que deveríamos nos livrar, uma idéia que estagna o indivíduo e o transforma em escravo.

Roger,

Pelo que me parece, sugeres que a indústria bélica (doravante IB) seria algo necessário à manutenção do sistema capitalista?

Disseste "esses gastos públicos encontram na IB um parceiro ideal."

Mas o parceiro não poderia ser outro? Ou é necessário que seja a IB? Não seria os EUA que, infelizmente, escolheram tal "parceiro"?

Talvez sejam os Estados Unidos algum tipo de "bode expiatório" citando o mecanismo discutido acima. Outras potências como Japão, Alemanha, Suiça, Dinamarca, Noruega escolheram também a IB como parceira? Não teriam eles outros parceiros que não a IB e, assim, invalidando a tese proposta?

Lembremos que foram as ditaduras **militares** quem tomaram conta da America Latina Capitalista nos meados do século passado.

No mesmo período as ditaduras comunistas não tinham o mesmo poderio militar?

Será que a "guerra" do tráfico no Rio e grandes cidades brasileiras também não teria suas raízes fortemente ficadas na desigualdade social causada pelo capitalismo?

Você pode estar certo.

Mas por que Alemanha, Suiça, Dinamarca, Noruega, França, Espanha, dentre outros, que também são capitalistas não apresentam a mesma desigualdade social presente no Brasil? Ora, isso parece sugerir que a gritante desigualdade brasileira não seja uma exigência do sistema capitalista, não é mesmo?

Ainda que a desigualdade social não seja o objetivo do capitalismo será que ele não a causa indiretamente e não preocupa-se em saná-la?

Talvez o capitalismo desenfreado cause essa desigualdade toda. Mas, repetindo, por que tal desigualdade não é presente em outras nações capitalistas?

Algum meio de controlar essa desigualdade deve haver. Eu, que não sou conhecedor do assunto, desconheço qual meio seja, mas acredito que há.

Abraços,

Vitor


Para poder responder seu questionamento. Primeiro teríamos que deixar claro o que é "ser de esquerda" ou "ser socialista".

A Norma Braga em seu texto deixa claro que o seu que o "ser de esquerda" não é ser aquele que se importa com o social. E sim aquele que compartilha as ideias de Marx.

Com o primeiro. Não é apenas compatível. Mas é dever de qualquer um que chama Jesus de senhor trabalhar ativamente em prol do social. Já com o segundo. Temos sim uma incompatibilidade intrínseca entre o cristianismo e o marxismo.

Como bem dito pela Norma. O Marxismo vai muito mais alem do que a defesa do explorado. É uma cosmovisão que dita todos valores do mundo. Do que é passado. Do que é sociedade. Do que é o individuo. O que é certo e errado. São nesses quesitos ele vai contra direta e indiretamente ao cristianismo.

Se considerarmos o "comunismo cristianizado" representado pela teologia da libertação. Continuamos tendo diferenças. Mas mais sutis.

A teologia da libertação apresenta Cristo como um revolucionário social. Ve o NT como simbologia da luta de classes. Tem como meta a revolução. E como causa final. A implementação do "paraíso" na terra através da libertação da prole.

Mas não é isso que o evangelho nos ensina. Cristo não é um revolucionário social. Ele é Deus. Sua meta não era elevar a classe dominada acima da dominante. E sim morrer pelos salvos. E nossa causa final é Ele. Não um paraíso na terra.

As diferenças são de cosmovisão. Não precisamos ser de esquerda ou comunistas para nos preocuparmos com o social. Nós precisamos de cristãos. Se preocupar com o social como Cristo nos ensina como devemos nos preocupar.


Existe diferenças fundamentais entre os cristãos primitivos e uma sociedade comunista. E essas diferenças vem justamente da cosmovisão diferente.
Para os cristãos. O foco era Cristo. E sua mensagem. Eles cooperavam entre si por necessidade. E não eram obrigados. Isso fica claro quando Pedro diz a Ananias que o pecado dele foi mentir ao espirito santo. Que ele tinha a liberdade de manter o valor com ele. Mas pecou ao mentir. (Sem contar que não teve praga nenhuma. Nos dois casos ele apenas deixa claro que o casal pecou contra o espirito santo. E foi Deus que os condenou.

Mas para o marxista. O alvo é um ente teórico chamado povo. E o indivíduo não tem valor perante a coletividade. Os bens não pertencem a todos. E sim ao povo. Chagando ao ponto de nem a vida ser um direito individual. E sim do povo.


Estatísticas, mesmo sendo números, não são exatos. Eles dizem o que queremos que eles digam.
E no caso dos números de GPI podem dizer inúmeras coisas. Depende apenas como se olha para eles.

Não acho correto chamar de ateu, ou com forte influencia secular países com cerca de 80% da população pertencente a uma igreja. A cultura. A ética. E a moral seguida por essa população é muito mais próximo a cosmovisão cristã do que qualquer ideal ateu.

Também é flagrante que antes da religião. O histórico da região é muito mais influenciador. Como regiões africanas. Que sua violência é muito mais fruto de ditaduras e a exploração de riquezas, como diamante e ouro. Do que da religião.

Também podemos apontar vários países que adotaram o ideal marxistas. E que hoje não são nenhum exemplo de prosperidade.

Em minha opinião. No minimo. Devo afirmar que não existe relação entre os dois fatores. Já que nos índices encontramos os “tipos” de pais misturados.

Não existe proibição a questionamento. Mas não podemos achar que nossos questionamentos não podem ser questionados. Principalmente, em minha opinião e compartilhada por muitos. Não foi das mais felizes e bem fundamentadas.

Ainda continuo surpreso com algumas coisas no texto. Tudo bem achar semelhanças entre Atos e comunismo. Mas dizer que Pedro joga praga em dissidentes. Que Deus cometeu chacinas. Serio. É de ficar bem triste um cristão dizer tais coisas.

Olá, Eliel,

De fato, quando escrevi "discordância respeitosa", havia lido o texto parcialmente e somente por alto, para verificar o tom.

Na verdade, você insulta Julio Severo duas vezes e escreve coisas abomináveis para um cristão, como comparar o Deus Todo-Poderoso a um ditador comunista. Partilho da tristeza que alguns expressaram aqui e também venho deixar um post que responde grandemente ao seu texto:

http://neoateismodelirio.wordpress.com/2010/03/30/o-comuteismo-de-eliel-vieira/

Que Deus o ajude a construir sua cosmovisão em Cristo.

Abraço.

Pô Roger, olha a trave... vc "corrige" a gramática da norma mas escreve esperiência?

Alguém ressuscite o Emanuel!

Oi Vítor,

acho que primeiro tenho que confessar que compartilho também de suas perguntas (ou dúvidas). Se fôssemos transportar todo esse debate para a situação política atual do Brasil, ou seja, para uma situação mais real, mais próxima e mais prática, muita dessas teorias, talvez, perderiam para mim o sentido.

Na minha época de estudante e militante no movimento estudantil e membro do DCE de minha universidade tive oportunidade de participar de um congresso da UNE em Brasília e fiquei escandalizado com a contra produtividade da política partidária (de ambos os lados) na entidade. Tínhamos em nossa chapa colegas do PT e do PSDB e combatíamos a todo custo o PCdoB (pois os caras só faziam cagadas). Na época, como hoje, eu respeitava as mudanças implementadas por FHC mas votei no Lula, embora não fosse petista de carteirinha como meus colegas ou alguns professores.

A questão da IB (imagino) é que ela gera uma demanda fictícia, se o governo investir por exemplo na construção civil (como quer e deveria fazer) isso pode vir de certa forma a distorcer o mercado imobiliário já existente, teoricamente maior oferta faz com que os preços caiam. E isso poderia se aplicar em outras áreas. Mas macroeconomia é complexa e eu não entendo muito e nem sei se esses economistas também entendem! rs.

Como eu citei, a IB impulsionou a economia alemã durante a Guerra. Ela gera empregos. Hoje a IB alemã tem um valor significativo na pauta de exportações. Você tem razão acho que poderíamos dizer que a IB, infelizmente, ajuda qualquer economia seja ela de mercado ou não.

Mas por que Alemanha, Suiça, Dinamarca, Noruega, França, Espanha, dentre outros, que também são capitalistas não apresentam a mesma desigualdade social presente no Brasil?

Existe para isso uma explicação que acho bem plausível. Após a segunda guerra deu-se início ao famoso plano Marshall. Toda essa verba veio de algum lugar! Uma das fontes foi o calote que os USA deu no mundo ao tirar o lastro do dólar (antes ele era lastreado no ouro). O principais países que financiaram esse calote foram os que já tinham reservas de dólar (como o Brasil), mas que não se beneficiaram do Marshall.

Já aquelas nações, foram reconstruídas e continuaram incrementando seu parque industrial e nós (atrasados tecnologicamente) só pudemos participar do jogo fornecendo matéria prima barata e comprando produtos industrializados caros (hoje ainda vale, de forma menos acentuada, essa regra).

Sem dúvida a desigualdade escandalosa na distribuição de renda no Brasil tem outras origens, pois esses índices não se encontram em países afins como Argentina ou Chile. A análise é complexa e a solução do problema também. Mas acho muito positivo essa oportunidade que temos hoje em dia de refletir e trocar idéias via postagem e Blogs como esse.

Abraços,

Roger
PS: Quanto a ti, Eliel, tenho que novamente parabenizá-lo pela coragem em confrotar o nosso cristianismo com a visão ateísta comunista, de forma bem neutra e imparcial. Creio que Jesus também, em sua época, conseguiu achar os valores do Reino, com mais facilidade, não na religião oficial, mas nos redutos tidos como seculares ou profanos.

Olha Charles,

não corrigi a gramática da Norma. Por que não tenho competência para isso. Além desse erro que você achou cometi e cometo outros. Procure e você achará outros erros meus, como por exemplo ir na praia, acho que o certo seria ir à praia. Eu já havia alertado para isso em um comentário acima.
***
3. Eu sei que cometo erros de português, e jamais exigiria isso de alguém. Como o Eliel bem colocou no texto dele, o conteúdo é que importa. Mas a Norma arroga e exige tanto rigor que não me envergonho nem um pouco de cobrar isso dela também.
****
Não seja preguiçoso e leia com mais atenção antes de vir dizer abobrinhas.

Repito:

Não estou corrigindo nada de ninguém.

Mas alertando para, que assim como a explicação dela – oração interrogativa indireta - nessa singela questão que ela deveria dominar por obrigação pois é tradutora, é falsa, quanto mais ainda é toda argumentação do texto que é de uma área que foge completamente a competência dela.

O problema é que ela entra aqui e em uma única sentença consegue dizer tamanha besteira, se isto é um cisco ou uma trave não sei. Mas achei que fazia sentido denunciar e não deixar passar em branco.

O “Problema do Mal” não é problema até quando o sofrimento atinge somente o visinho, mas quando é você mesmo quem o sofre o quadro muda. Que o diga C. S. Lewis, não é?

Parei aqui.

E vc ainda encrencou com o "por que", hein campeão.

Grande Eliel,

foi legal descobrir-te lá na Trilha do Tuco Egg.
Estarei com certeza vindo aqui mais vezes e aguardando novas reflexões suas.

Vou me despedindo, porém, desses comentários, pois já falei demais e o problema é que comentários como o último dão uma preguiça, com essas frazes boiolas "hein campeão", que ele mesmo já deve ter ouvido do próprio pai, do tio ou avô umas 500 vezes.

É sempre a mesma história com o "parei aqui" e "havia lido o texto parcialmente e somente por alto".

Essa turma não está interessada em diálogo. Nunca esteve. Por isso eu já parto logo para o tom agressivo, pois sei que eles não conhecem e nem respeitam outro.

Te desejo tudo bom, paz e graça,

Roger

Eliel, paz!

Sinceramente, fiquei surpreso com o conteúdo desse seu texto. Tenho visitado seu blog com frequência e tenho encontrado coisas boas. No entanto, esse seu texto é espantoso... espantoso quanto aos "desvarios". Não me leve a mal.
*
Primeiramente, quero tecer comentários à parte teológica do seu texto.
.
1 - Deus mata e manda matar; os regimes comunista e nazista mandam matar e matam.
.
Que paralelo há entre tais ações? Nenhum! São diametralmente opostos entre si. Aqui há um reducionismo que beira a blasfêmia. Pensemos sobre o argumento axiológico.
.
Esse é um dos argumentos em favor da existência de Deus. Dele entendemos que 'existem graus de perfeição'. Pensemos sobre a JUSTIÇA, por exemplo.
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Axiologicamente falando, a JUSTIÇA exige um grau máximo - um "maxime ens" ou "ens realissimus". De todos os atos de JUSTIÇA seguimos em direção a 'graus' até satisafzer-mo-nos com o ápice. Que ápice seria esse? DEUS! Logo, sendo Ele tal ápice de todos graus de perfeição, compreendemos que todos os Seus atos -- POR MAIS INCOMPREENSÍVEIS QUE SEJAM A VOCÊ -- baseiam-se na plenitude da JUSTIÇA. Ele manda matar e mata sabendo o que faz e sem se colocar na condição de réprobo.
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Esse seu raciocínio, daqui a pouco questionará a Deus pelo fato dele "lançar no inferno", como diz os Evangelhos, a alguns.
Disso, pergunto-lhe: o que há de JSUTIÇA nos atos dos comunistas e nazistas quando mataram e mandaram matar? Não vejo nenhum. Você vê algum? Se sim, perguntolhe : poderiam tais atos, no que tange a JUSTIÇA, se alinharem aos atos daquele que é o ápice de toda a JUSTIÇA? Evidente que não. Então meu caro, alinhar os atos de Deus, plenamente JUSTOS, porque Ele é o ápice da JUSTIÇA, aos atos de comunistas e nazistas é um erro grotesco. É incorrer em uma análise teológica deformada do caráter e dos atributos de Deus. Esse reducinismo é espúrio e temeroso.
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Essa sua ponderação a seguir é deveras esdrúxula meu irmão [me desculpe]:
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"Se o comunismo é mal porque milhões morreram, por que o tratamento deveria ser diferente quando quem mata é a Igreja de Deus, ou o próprio Deus? "

Continuando
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2 - Sobre Atos 4:32-36.
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A sua fala seguinte sobre essa referência é eisegética:
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"O texto bíblico destacado a seguir deixa muito claro que não havia “propriedade privada” entre os cristãos primitivos – tudo era trago aos apóstolos, que repartiam entre as pessoas conforme a necessidade de cada um."
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1 - A propriedade privada existia sim. O que ocorria é que, de acordo com as necessidades da Igreja, os crentes acabavam por agir com vistas ao suprimento de tais necessidades. Veja essa Escritura:
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"José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé... como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos" v 36-37.
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Ora, vender um capom, não é vender tudo o que tem. Onde está a casa de barnabé, por exemplo. O texto campo. Será que a casa de Barnabé ficava nesse campo? Então ele ficou sem moradia e, com isso, passou a esperar que outro cristão lhe desse uma casa para ele ter a sua propriedade privada?
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Saiba que nunca foi uma condição formal para os crentes primevos o vender os seus bens. À medida da necessidade, eles se esforçavam por suprir tais necessidades. Mas isso era feito mesmo de tempos em tempos [2:45.] O verbo VENDER no grego em 2:45 é, no grego, EPIPRASKON que significa "vendiam de tempos em tempos". Ou seja, de um tempo pra outro, quem tinha bens, continuavam adquirindo-os, evidentemente, e, tendo-os, não negava a ajuda ao corpo eclesial. Esse negócio de comunismo nesse contexto é, para mim, um exercício interpretativo duvidoso. Sinto muito.
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Bom, teologicamente, seu texto é um desastre meu irmão. Digo isso, não pro mal, mas pro bem.
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Agora, em relação à política internacional.
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Gostaria de saber quais as fontes que lhe sustentam quando você faz a seguinte afirmação:
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"Você critica Chavez, mas por que não diz sobre os crescimentos de todos os índices de desenvolvimento humano e social na Venezuela, que estão em plena ascensão?"
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Pesquise e veja se a inflação na Venezuela não está por atinger o patamar de 40%. E quanto a questão energética?
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Meu irmão, infelizmente, esse seu texto está eivado de problemas... e problemas sérios como a falta de uma boa interpretação bíblica e de uma contextualização real quanto ao cenário político internacioal [refiro-me à Venezulea].
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Abraços!

ERRATA:

"Esse negócio de *comunismo nesse contexto é, para mim, um exercício interpretativo duvidoso."
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*LEIA-SE - socialismo

"Mas por que Alemanha, Suiça, Dinamarca, Noruega, França, Espanha, dentre outros, que também são capitalistas não apresentam a mesma desigualdade social presente no Brasil? Ora, isso parece sugerir que a gritante desigualdade brasileira não seja uma exigência do sistema capitalista, não é mesmo?"

Vítor,

as políticas sociais que propiciam o bem-estar dessas populações não seguem a lógica capitalista; elas devolvem à população o que fica no capital do trabalho socialmente necessário da produção. Não é a toa que os panfletistas do capitalismo costumam atacá-las.

Agora, quanto ao "Cristo docetista" que apologetas do fundamentalismo colocaram aqui: o método é o mesmo sempre - fazem um recorte da pregação do evangelho e dizem que é tudo. P. wx., a visão satisfacionista e expiatória é uma, UMA, das diversas imagens apresentadas no Novo Testamento. E é uma, uma, das diversas que foram exploradas pela tradição cristã. P. ex., na rica, importante, e numericamente maior do que a evangelical, a tradição ortodoxca oriental, ela praticamente não aparece. Eles enfatizam mais a participacionista. A teósis.

Outra: o método exegético deles apenas se vale da análise de palavras isoladas, mas não o fazem - por medo - análise literária comparativa com o judaísmo do Segundo Templo e textos contemporâneos; com a geografia humana, com análise sócio-econômica e política, etc. E nisso, estrategicamente, produzem um "Cristo desambientado", conveniente com aqueles que querem empurrar o estatuto do Partido Republicano estadunidense como Constituição do Reinado de Deus. E praticamente escondem das pessoas o que o resultado da pesquisa exegética aponta como confronto, desde João Batista, sequenciado por Jesus, confronto sobretudo embuído na mensagem escatológica, com as estruturas econômicas do seu tempo. COm a estrutura do estado do TEmplo da Judéia, com a exploração pelos magistrados, a questão fundiária, etc. Sei que neste ponto entra um componente intelectual, sim, pois o fundamentalismo se afirma como subcultura, e também não se preocupa - na verdade teme - em acompanhar o nível acadêmico especializado dos estudos biblistas.
Mas por detrás dos exorcismos há o fator econômico; por detrás das características do Reinado de Deus há a confrontação econômica; na tradição do "dai a César" há a confrontação econômica -a apesar de ser tanto desgastada com o anacronismo da "separação política/religião".
E isso se deu como herança da tradição profética em Jeremias, Miquéias, Amós, etc.

Sim, o evangelho não endossa qualquer regime político. MAs seus valores confrontam o capitalismo e o socialismo clássico; valores de justiça social não são valores capitalistas nem estiveram presentes nos estados intitulados socialistas; e são valores da Mensagem do Reino. Valores de democracia econômica são da Mensagem do Reino. Valores antiimperialistas (inclusive embutidos em escalas variáveis de cabo a rabo nos termos dos evangelhos, no Kerigma paulino, etc.) são valores do Reino. Solidariedade social, valores do Reino, contra o "egoísmo cínico".

PAra vocês que estão acompanhando o tópico e as discussões: libertem-se do fundamentalismo. Ele é antagonista do Espírito. Ele joga com o macCharthismo religioso para fazer lavagens cerebrais com sub-valores do que há de mais mesquinho no sul-estadunidense. MAteus 25 não fala que Jesus é encotnrado na lógica do "acumulai, acumulai, assim manda a lei e os profetas", mas estes falsos pastores engendram seus discursos para escravizr o evangelho a valores de individualismos tacanhos, valores plutocratas e demófobos.

Também: mandem eles às favas e percam o medo de lerem obras de nível acadêmico bom. PAREM, parem, de ir na onda deles e só consumir lixos do sul-estadunidense e lixos que impõem o que Bonhoeffer denunciava, um cristianismo que só se vale para momentos críticos da vida privada. Eles fazem de tudo para impedi-los de terem acesso aos estudos de biblistas que se valem da arqueologia (não-filtrada por amadores fundamentalistas), geografia humana, economia, antropologia, sociologia das idéias, etc. Leiam acima o que falei da estratégia de terror feita por um dos blogueiros preferidos deste movimento, quando da visita do Richard Horsley (estudioso o qual, se juntar todos os exegetas fundamentalistas, não amarram nem a sandália do cabedal dele). Indico a vocês: "Arqueologia, História e Sociedade na Galiléia"; um estudo acadêmico sério e de qualidade, sem lavagem cerebral e convencimento pelo medo e obscurantismo. Vocês imergirão no mundo da Palestina sob o Império Romano no século I, e verão o quanto está anacrônica e desambientada a mensagem docetistas desses lobistas da direita sul-estadunidense tenebrosa. Acompanharão as realidades das vidas dos camponeses, dos pescadores, do povo pobre daquele tempo. E entenderão porque JEsus foi ao lago de Genesaré fazer discípulos dali; pensarão se fora coincidência ele fazer sua "marcha triunfal" no jumentinho enquanto Pilatos fazia sua marcha pomposa no outro lado da cidade. Entenderão o quão subversivo era associar-se com o "Filho do Homem" e as expressões simbólicas sobre o juizo final...etc.

E outra: não fiquem nisso de discursos do MacCharthismo, ou de Rock Iv. Procurem temas específicos com os quais podem atuar e refletir com pautas concretas, como direitos sociais, justiça ambiental, relacionados a direitos de comunidades aviltados por corporações ou o Estado a serviço delas; sobre istribuição de recursos nos orçamentos; sobre reforma carcerária; procurem conhecer o Censo Agropecuário e vejam a temática do mundo rural, e pensem criticamente o que a imprensa veicula a respeito. Se envolvam com temas concretos, como políticas públicas para mulheres, etc.Acompanhem indivíduos, como dizia Camus, "cujos atos e trabalhos, diariamente, confrontam o rosto sangrento da História". E depois, vocês verão quem estará ao seu lado, quem será seus adversários. E quando voltarem para debates como esses, vocês verão o que sujaz realmente em certos discursos. Verão com outros olhos reais intenções e pretextos.

"Sim, o evangelho não endossa qualquer regime político."

Leiam essa frase até ela entrar na mente de vocês. O evangelho não existe para apoiar estes ou aqueles regimes políticos, e sim para ser a voz que clama contra as injustiças que existem em todos eles, sejam quais forem. O evangelho não existe para propagar ou endossar vertentes políticas. O Reino sobre o qual o evangelho fala, não é como os "reinos" ou "Estados" existentes no mundo, e o poder, nesse Reino do evangelho, não se exerce da mesma forma, pela força das armas ou pela força do poder econômico. Usar versículos fora do contexto para defender tanto uma quanto a outra posição, é perverter o evangelho. Nós cristãos, não estamos aqui para ser garotos propaganda de sistemas políticos, e sim para denunciar ambos, quando promoverem a injustiça.

Ser cristão não implica em ser defensor do capitalismo ou do socialismo (por mais malabarismo que se faça com a bíblia nessa tentativa), e sim, defensor da JUSTIÇA, e de um Reino que nada tem a ver com qualquer regime político. Vc vive o evangelho, ou serve a agendas políticas e castas religiosas e econômicas?

Eliel e todos os outros participantes da discussão,
Também muito intrigado por este levante de direita, ou de legitimação de posição política usando o evangelho como escudo, postei no meu blog já alguns textos em reação ao texto da Norma Braga e a um comentário do Francisco Razzo.
www.andrevhs.blogspot.com

> Eliel,
>
> Você reclama de "loucos direitistas crentes em um Deus terrorista" mas
> fala dos "assassinatos de Deus" - uma concepção de Deus tão antropomórfica
> que raia a cretinice: você parece não entender que Deus, sendo criador do
> mundo e da vida, tem direito soberano sobre esses, como um escritor tem
> direito sobre os textos que escreve - direito de publicá-los ou não,
> de corrigî-los, de joga-los para a lata do lixo... se as mortes
> são "crimes de Deus", o que são os nascimentos? "Crimes às avessas"?
>


> Você parece também muito preocupado com conciliar as palavras "cristão"
> e "comunista". Se você quiser meu conselho, lhe digo: não se esforce
> inutilmente por tão
> pouco. Se a palavra "comunista" tem sentido preciso e contundente hoje, é
> exatamente
> o contrário para a palavra "cristã". Até satanista pode autodenominar-se
> "cristão diferente" hoje sem que ninguém fique muito surpreso.
>
> Atenciosamente,
>
> Ewan
>
>

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