Mais um vídeo produzido pelo blog DESCONSTRUINDO para o deleite de vocês.

Infelizmente, a incorporação deste vídeo foi proibida pelo título do vídeo conter os nomes dos personagens do filme "Rambo". (Ao que parece haverá uma análise por parte do Youtube para averiguar se não houve violação de direitos. Até lá a incorporação será proibida).

Mas isto não impede vocês de assitir o vídeo. Vocês podem assisti-lo no próprio Youtube, clicando neste link: http://www.youtube.com/watch?v=ARtsqawbrNU


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.




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Tenho uma sobrinha de três anos que mora em minha casa. Como você deve deduzir através de sua idade, ela é muito sapeca, bagunceira e possui uma curiosa ânsia de dominação. Quero dizer, se alguém está no computador, ela insiste que a pessoa pare o que está fazendo e coloque algum episódio do Pica Pau no Youtube para que ela assista; se alguém está na TV, ela insiste que troquemos de canal para algum canal de desenhos, ou que coloquemos algum DVD dela para que ela assista. Coisa de criança. Eu mesmo era assim.

Há algumas semanas atrás, em pleno sábado ao meio dia, enquanto eu estava assistindo ao programa do pastor Silas Malafaia, ela veio a mim pedindo que eu colocasse para ela um DVD que ela queria ver. Eu não dei bola. Ela insistiu, insistiu, insistiu, até que eu exclamei, “Duda, não! Este é o único programa humorístico que eu assisto na TV! Deixa eu ver!”. A resposta fez minha mãe dar muitas gargalhadas, e até hoje, quando ela se lembra do fato, ela começa a rir por eu ter espontaneamente caracterizado o programa de TV do pastor Silas Malafaia de “programa humorístico”.

Mas esta é a verdade. Sinceramente, eu só consigo pensar no programa de Silas Malafaia como um programa de humor – um programa para me fazer rir. Aqui em casa, algumas vezes, antes de começar o programa, tentamos adivinhar qual será a peripécia da vez do nosso querido Malafaia ao pedir as esmolas que sustentam seu luxo. Será que ele vai pedir oferta especial? Será que ele vai prometer riquezas? Ou será que ele vai inovar?

Algumas vezes ele de fato inova. Após a “unção numerológica dos 900 reais”, algumas de suas peripécias mais incríveis e que me arrancaram mais risos foram:

1 - “Qualquer quantia que você doar será multiplicada em 100 vezes no prazo máximo de um ano” – Ou seja, se você doa mil, em doze vezes você passa a ter 100 mil. Vale a pena, não é?” Rentabilidade maior do que qualquer banco no mundo!

2 – “Hoje vou fazer diferente. A semente que for plantada vai frutificar na sua vida na área que você está precisando. Não falo necessariamente de dinheiro. Talvez você esteja orando por uma causa na Justiça, ela vai sair. O seu familiar para o qual você está pregando e ele não converte, Deus vai agir. Uma promoção no emprego...” – Ora, se você merecia vencer a causa na Justiça, você vai a receber ajudando Deus ou não. Deus não vai intervir se você não merecer, pois ele é justo. Sobre o caso dos familiares, parafraseando Lutero, por que Deus não os converte por amor, ao invés de esperar você comprar a salvação deles? Sobre a promoção do emprego, eu acho que seria muito injusto da parte de Deus se Ele promovesse você (não merecedor) deixando para trás quem mereceu. Mas, se você mereceu a promoção, então a promoção virá, doando você ou não.

Mas agora Malafaia veio com mais uma de suas pérolas.

Eu havia acordado comigo mesmo que não escreveria mais sobre o Malafaia depois da carta aberta que publiquei neste blog. Imagine só: se fosse escrever um texto para cada idiotice que ele fala, seria um texto por semana e meu blog ia ficar fedendo por ficar remoendo tanta (desculpe a palavra) merda! Mas desta vez não tive alternativa. Como todas as pérolas de Malafaia, a peripécia desta semana foi daquelas de, (1) dar nojo, náuseas e vergonha alheia; e (2) arrancar muitas risadas – afinal o programa é humorístico. Contudo, desta vez o Malafaia utilizou o golpe baixo de trazer um hipnotizador retórico para convencer os pobres espectadores.

Mike Murdock é um pastor americano, autor de mais de 200 livros e dono de um talento musical invejável. Sua voz é grave, penetrante e confrontadora e, junto com sua habilidade retórica incrível, Murdock possui um poder quase hipnotizador quando fala às pessoas. A maioria dos seus mais de 200 livros trata da relação entre sabedoria e prosperidade. Grosso modo, quanto mais sabedoria você almeja, mais ciente das “promessas de Deus” você estará e, consequentemente, mais se aproveitará delas.

A habilidade (demoníaca?) de Murdock impressiona. Conheço alguns amigos (até pastores) que caíram nas lábias deste enganador – literalmente, lobo vestido de ovelha – e que doaram a ele não menos que R$10.000 cada na esperança da “prosperidade do Senhor”.

E qual foi a pérola do Malafaia (desta vez em conjunto com Murdock) desta vez?

Se preparem...

A promessa foi de que, ao doar R$1.000 durante 12 vezes, Deus liberará três milagres para sua vida! São eles: (1) Salvação de todos os familiares de todos os contribuintes em 12 meses; (2) Deus restituirá sete vezes mais tudo aquilo que o Satanás levou em 90 dias; (3) Alguém demonstrará favor financeiro para cada contribuinte.

Bem, para não dizerem que eu ataquei um espantalho, vamos olhar rapidamente qualquer um destes “milagres”:

(1) Salvação de todos os familiares de todos os contribuintes em 12 meses – Que tipo de Deus é este? Se Deus tem o poder efetivo de converter quem Ele quer por que Ele não faz simplesmente por amor? Pagar para que familiares sejam salvos é exatamente o que a Igreja Católica ensinava na Idade Média na época das indulgências. Que disparate! E se o familiar não quiser reconhecer o senhorio de Cristo, Deus vai convertê-lo à força? Será que quem pagar as esmolinhas para bancar o luxo do Malafaia (e o cachê do Murdock, claro) vai poder furar a fila de acesso ao Espírito Santo? O Espírito Santo vai priorizar na ação de salvação aos familiares daqueles que doarem?

(2) Deus restituirá sete vezes mais tudo aquilo que o Satanás levou em 90 dias – Novamente, como todo evangélico que se preze, temos que falar do Diabo. Ele não fica em paz um segundo. Em qualquer culto, em qualquer programa, em qualquer coisa, ele tem de ser lembrado. Aí se uma pessoa perde o que tinha no vício do jogo, foi o Diabo; se tem dívidas por ser descontrolada financeiramente, é o Diabo; se não arruma um emprego, é o Diabo; se não gosta de estudar e não cresce profissionalmente, é o Diabo; unha encravada?, impotência sexual?, internet sem velocidade?, você não consegue vencer aquele Chefão e zerar o jogo?, é o Diabo! Tudo é o Diabo! Então, se qualquer destas obras do Capiroto te alcançou, então dentro de 90 dias (nem um dia depois, já que Deus é um empregadinho muito fiel) a restituição virá! Aleluia!

(3) Alguém demonstrará favor financeiro para cada contribuinte – Em outras palavras. Alguém vai te dar dinheiro. Se você não conseguir, é só fazer igual o Malafaia. Basta sair pedindo e prometendo prosperidade para outros “trouxas”. Tire o seu da reta e deixe o de outro no lugar! Esta é a filosofia!

O mais engraçado destas promessas é ver que o próprio Malafaia nunca é abençoado. Ele diz (implícita ou explicitamente), “Você vai ser abençoado e nunca mais vai passar dificuldades financeiras”, mas o mesmo pede desesperadamente dinheiro todos os finais de semana, quase chorando. Ora Malafaia, você precisa doar! Plante uma semente – assim você vai prosperar e enfim não vai mais precisar se humilhar na TV pedindo dinheiro!

Que tal vender seu jatinho particular e doar esta “semente”?

Em um dos episódios do desenho animado Pica Pau a história se passa em uma pequena ilha onde vive um homem totalmente isolado do mundo. Como na ilha só tem coqueiros, o homem se alimenta apenas de coco: guisado de coco, ensopado de coco, doce de coco, água de coco, suco de coco. Enfim, qualquer alimento que ele ingira é alguma variação de coco. O programa de humor de Silas Malafaia está assim: “sempre variações do mesmo tema” (como diz a música “É proibido pensar”, de João Alexandre). Não importa quem é o convidado ou quais as peripécias que ele inventa – a mensagem do fim do programa é sempre a mesma: doe, doe, doe, doe, doe, pois eu preciso da sua ajuda e preciso pagar minhas contas (e a prestação do meu jatinho)!

E entre estas variações sobre o mesmo tema surge agora a “Quitanda do Malafaia”.

Quer um milagre e ele precisa acontecer até dia 31 de Dezembro? Ele sai a você por R$900 e você ainda leva de brinde a “Bíblia da Vitória Financeira”. Precisa de multiplicação financeira? Bem, faça qualquer doação aqui e dentro de um ano você terá 100 vezes mais. Precisa vencer uma causa impossível na justiça? Bem, ligue para a gente e negociamos o valor de alguma oferta para você resolver seu caso. Quer três milagres, incluindo tudo o que você precisa e com prazos? Eles saem o conjunto todo a 12 parcelas de R$1.000. Super promoção!

Quanta idiotice! E pior é que muitos infelizes acabam doando dinheiro para aquele humorista!

Que Deus tenha piedade de nós!


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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A depender dos meus pré-conceitos eu jamais iria ler este livro. Jamais sequer chegaria perto dele. O título do livro inequivocamente lembra aquele livro evangélico escrito por Charles Sheldon de grande sucesso mundial, “Em seus passos, o que faria Jesus?” e, como a produção evangélica intelectual e artística não tem me agradado ultimamente, certamente eu proativamente não leria este livro.

“Em seis passos...” chegou a mim por pura coincidência. A Garimpo Editorial, ao me mandar as unidades do livro “O Cristianismo é bom para o mundo?” para sorteio, achou por bem enviar também algumas cópias do “Em seis passos...”, também para análise e sorteio. E foi assim que o livro chegou a mim.

Ao abrir o pacote com os livros me surpreendi com o acabamento do livro. A edição é diferente de todos os livros que já vi antes. A capa do livro é distinta de seu miolo e funciona como uma “caixinha” para guardar o miolo após a leitura. É sensacional! À primeira vista o acabamento causa estranhamento e logo pensamos que o livro foi editado assim para economizar custos na edição. Contudo, quando observamos a qualidade do papel no qual o livro foi impresso logo descartamos esta possibilidade. Novamente, a exemplo de “O Cristianismo é bom para o mundo?”, a Garimpo Editorial me surpreendeu com a qualidade de edição de seus livros. Enquanto as editoras grandes com “Mundo Cristão” e “Editora Vida” (apenas para citar duas conhecidas) têm imprimido suas obras em materiais cada vez de pior qualidade visando baratear o custo de edição e, assim, aumentar seus lucros, a Garimpo Editorial tem feito o contrário.

Pois bem, o livro coincidentemente chegou a mim, gostei do seu acabamento e edição, mas ainda faltava o conteúdo. De nada adiantaria o livro ter um bom acabamento final – mesmo que tivesse sido impresso em papel de ouro – se o conteúdo fosse ruim. E o problema é que, à primeira vista, o conteúdo parecia de fato ser ruim (por causa do título). Então o abri, comecei a ler e me surpreendi por só ter conseguido parar duas horas depois, quando iria começar a aula na faculdade.

Diferentemente do que pensava, o livro contém críticas e propostas de reflexões sobre “o que faria Jesus”. O trocadilho com o famoso livro evangélico da década anterior não era aprovação, mas uma espécie de sarcasmo, mostrando – através de uma análise de seus passos – o quanto Jesus seria diferente dos evangélicos ou de quaisquer religiosos do dia presente.

Para ser fiel ao trocadilho, Paulo Brabo condensou sua obra em “seis passos”, a saber: “Viva a Intolerância contra os religiosos”, “Faça o que os outros não esperam”, “Desfrute sem possuir”, “Viva inteiramente inserido no seu mundo” (este “passo” aqui foi sensacional!), “Permaneça disponível para o momento” e “Sensualize a sua espiritualidade” (sim, você leu corretamente, é “sensualize” mesmo).

Usando as mesmas palavras que usei ao definir o livro à minha namorada: Das centenas de livros que já li, trata-se da análise mais incrível das atitudes de Jesus que eu já li. E falo sem exagero algum – os leitores do meu blog sabem o quanto eu sou crítico. Paulo Brabo – que logo depois fui descobrir que tinha um excelente blog – esmiuçou algumas formas de Jesus se posicionar ante determinadas situações e mostrou o quão distante delas (e dEle) nós estamos hoje em dia.

Particularmente penso que todos os cristãos deveriam ler este livro. Trata-se de um livro recomendadíssimo – especialmente nos tempos atuais em que a igreja evangélica perdeu seu sal – que eu tenho orgulho e prazer em sortear aqui entre os leitores. (O sorteio começará na próxima semana, fique atento!).

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Links úteis:
- Hotsite do livro: http://www.garimpoeditorial.com.br/hotsite_em6passos/index.html
- Leia um Trecho do Livro: Clique aqui.
- Blog de Paulo Brabo: http://www.baciadasalmas.com/

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Eliel Vieira
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Certa vez eu ouvi de meu pai algo bastante interessante: as moscas fazem cocô nas lâmpadas. Sim, isto mesmo! Sabe estas lâmpadas elétricas redondinhas comuns que temos em casa? As moscas adoram aliviar seus ventres lá por alguma razão desconhecida à leiga pessoa que vos escreve. Esta é a razão, ele disse, da luminosidade da lâmpada ir ficando mais amarelada com o passar do tempo.

Eu sinceramente não sei se a informação que ouvi de meu pai é verdadeira ou se se trata apenas de alguma sabedoria popular equivocada, mas fato é que com o passar do tempo a luz de uma lâmpada realmente começa a ficar cada vez mais amarelada e, quando você a retira da boquilha (cujo nome predial correto é “receptaco”), você consegue observar uma série de pontinhos de sujeira no entorno da lâmpada.

O engraçado é que o ciclo de vida de cada mosca comum é relativamente pequeno (cerca de oito dias), e mesmo assim sua influência é grande sobre a aparência externa da luz da lâmpada: mosca após mosca, cocô após cocô, a lâmpada vai se amarelando progressivamente.

A certeza sobre a veracidade deste hábito das moscas não é necessário para a analogia que vou propor neste texto. Aliás, a dúvida é até benéfica neste caso.

Quando lemos o livro de Atos percebemos que o Evangelho irradiou clara e fortemente por todo o mundo antigo. A despeito de toda perseguição que os discípulos de Cristo sofreram por parte dos judeus e do Império Romano, o Evangelho brilhou! Sua mensagem continha algo que fazia as pessoas abandonarem todo o conforto que tinham, toda a tradição cultural e religiosa que defendiam, para viver sob o risco de não ver a luz do sol no dia seguinte.

A luz brilhante do Evangelho foi tão forte que cegou o brilhante pensador Saulo de Tarso por alguns dias, e o fez posteriormente considerar tudo o que antes considerava valoroso como refugo (lixo)!

Mas atualmente a luz do Evangelho não brilha mais no mundo como brilhava antigamente. Escândalos e mais escândalos pulam feito pipoca na mídia semanalmente: desde os mais “comuns” como pedofilia, corrupção e desvio até casos mais absurdos, como de pastores contrabandeando armas para traficantes brasileiros.

O problema não está com o Evangelho, como muitos pensam. O problema está exatamente em nós e o que fazemos com ele. Nós, assim como as moscas, sujamos o Evangelho todos os dias com pequenos pontinhos, a ponto de, depois de algum tempo, sua luz não causar mais o mesmo efeito brilhante de outrora. A luz do Evangelho – que antes era irradiante, clara, bela e confrontadora – por causa dos seres humanos começa a ficar (aos olhos do mundo) amarelada, desagradável e fosca.

Será que os grandes avivamentos são os períodos em que Deus limpa a lâmpada do Evangelho, retirando as caquinhas que nós freqüentemente depositamos lá? Como este texto é uma analogia, pode ser. Todo momento de avivamento é precedido por uma forte limpeza da Igreja, onde inevitavelmente muitos a deixam.

As igrejas clamam sobre o “avivamento” do Brasil, mas clamam um “avivamento” que se identifica apenas por números. Um avivamento aos moldes capitalistas: resultados, metas, "prosperidade". A se levar em conta apenas o “avivamento” dos números, as coisas na África devem estar indo de vento em poupa! Há apenas um século atrás menos de 10% da população africana se dizia cristã, hoje este total já alcança 50% da população do continente (D’SOUZA, A Verdade Sobre o Cristianismo, Thomas Nelson, 2008). Que grande avivamento devemos ter lá, não!?

Para acompanhar o “avivamento” africano é só abrir os jornais...

O país pode estar do jeito que estiver: fome, desigualdade, corrupção... nada disso precisa mudar. Não importa se a luz da lâmpada esteja fosca com nossas bostinhas. Basta apenas ao mundo estar aos “pés de Cristo”. Nada mais deve nos preocupar além de “salvar” as pessoas de modo integral a"alma" das pessoas, afinal viveremos mesmo é na Glória, não é?!

A analogia da lâmpada é limitada, sim, a criei em poucos minutos. Mas o importante é que reconheçamos que somos nós (eu e você) aqueles que têm sujado a Lâmpada da Verdade. Neste ponto não há como atribuir culpa a Fulano ou Sicrano: todos nós somos responsáveis por tornar o Evangelho cada vez mais amarelo e sem relevância para a sociedade.

Que Deus nos ajude!


Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

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